quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

A triagem está feita!

Apesar do FC Porto ainda não ter encontrado o rumo, estes primeiros 5 meses da época já permitiram tirar algumas conclusões sobre o plantel 2009/10. Conforme tínhamos referido aquando da sua transferência para Marselha, Lucho Gonzalez seria o jogador mais difícil de substituir no «onze». Perante o que vimos até agora, chegamos à conclusão que talvez Jesualdo Ferreira não tenha planeado da melhor forma a substituição do médio argentino.
Para nós, o Professor tinha duas soluções: ou pedia à SAD um jogador que logo fizesse esquecer ‘El Comandante’ (o que seria sempre uma opção caríssima!), ou alterava o sistema de jogo. As opções por Belluschi (um clássico nº 10 que seria perfeito para jogar nas costas de dois avançados ou de um único ponta-de-lança) e por Valeri (um clone de Lucho, mas ainda sem ritmo e intensidade para o futebol europeu) foram quase como um ‘esperar para ver’.
Entretanto, a insistência de Jesualdo Ferreira em jogadores como Freddy Guarín e Mariano Gonzalez também permitiu fazer uma espécie de selecção entre aqueles que podem verdadeiramente chegar ao «onze» e os que serão apenas suplentes úteis.
Agora, Jesualdo tem duas opções: - se optar por privilegiar o ‘4-3-3’, o Professor tem que abdicar de um meio-campo de força e músculo, ou seja, tem que prescindir de jogadores como Tomás Costa, Freddy Guarín e Mariano Gonzalez (será que podem regressar os 3 à América do Sul já em Janeiro?!) e entregar a titularidade a Belluschi ou Valeri, neste momento os únicos centro-campistas do FC Porto com qualidade para “alimentar o ataque” ; - em alternativa, o Professor pode mudar de sistema de jogo, passando a utilizar o ‘4-4-2 losango’, mas para isso teria que abdicar de 2 dos 4 avançados de qualidade que o FC Porto possui no seu plantel (Varela, Rodriguez, Falcão e Hulk).
Perante as virtudes do adversário, deveria ter sido esse o sistema utilizado no Estádio da Luz, no jogo de Domingo passado (e também deverá ser esse o sistema táctico a utilizar nos dois jogos frente ao Arsenal, que joga num ‘4-4-2’ com muita criatividade e posse de bola a meio-campo). Se a triagem até agora realizada nos mostrou que Tomás Costa, Freddy Guarín e Mariano Gonzalez não servem, chegamos à conclusão que sobram Fernando, Meireles, Belluschi e Valeri (os 4 centro-campistas que Jesualdo deveria ter utilizado na Luz, num sistema de ‘4-4-2 losango’).
Frente a equipas fortes, e que privilegiam a posse de bola e o preenchimento do centro do terreno, é com esse sistema que o FC Porto melhor pode neutralizar os adversários. Foi dessa forma que Jesualdo Ferreira quebrou recentemente um pequeno ciclo de maus resultados frente ao Sporting de Paulo Bento (aquelas duas vitórias consecutivas em Alvalade, para a Taça de Portugal e para o campeonato, foram obtidas com um ajuste no sistema e a inclusão de Tomás Costa no meio-campo, em detrimento de um dos extremos). No entanto, também é verdade que o ‘4-3-3’ é o único sistema que permite potenciar os 4 bons avançados que o FC Porto possui no plantel.
Conclusão: sem Lucho Gonzalez, e enquanto Valeri não “cresce”, o FC Porto 2009/10 terá de adaptar o seu sistema de jogo ao adversário (estamos curiosos para perceber como vai Jesualdo abordar os dois jogos frente ao Arsenal).
Do calendário é que o FC Porto não se vai poder queixar, pois na 2ª volta do campeonato vai ter apenas duas saídas complicadas: à Madeira, para defrontar o Nacional, e a Alvalade, para defrontar o Sporting. Ou seja, independentemente do sistema, os 4 pontos que nos separam do primeiro lugar são perfeitamente anuláveis até ao clássico frente ao Benfica, na 29ª jornada.
PS: O FC Porto já deveria estar preparado para as incoerências desta Comissão Disciplinar da Liga. Independentemente de terem sido provocados, Hulk e Sapunaru não podem perder a cabeça e sujeitar o treinador, e a equipa, a duas ausências prolongadas.
Sapunaru já nem é a primeira vez que apresenta uma conduta menos própria. Além de estar a perder uma grande oportunidade (um jogador com a sua fisionomia, alto e possante fisicamente, tinha todas as condições para ter sucesso no FC Porto), o lateral romeno também revela falta de empenho e postura imprópria fora dos relvados. Quanto a Hulk, esperemos que não esteja a acusar (pela negativa!) o facto de ser agora um jogador mais mediático e estar a ser cobiçado por grandes clubes europeus.

«Curiosidades FCP» - A fé do Juary

No Natal de 2008 tínhamos aqui recordado algumas curiosidades associadas ao jogo da Taça Intercontinental de 1987, disputada entre o FC Porto e os uruguaios do Peñarol. Este ano, recuamos à final da Taça dos Clubes Campeões Europeus 1986/87, disputada entre o FC Porto e o Bayern de Munique, para recordarmos o momento em que o brasileiro Juary marcou o segundo golo do FC Porto nessa partida.
O suplente mais influente de toda a história do FC Porto foi determinante na caminhada que nos levou a Viena, pois além de ter marcado ao Bayern, Juary também foi decisivo, e novamente como suplente utilizado, no jogo da 2ª mão dos Quartos-de-final da competição, frente ao Brondby (marcou a Peter Schmeichel o golo do empate do FC Porto nessa partida, qualificando a equipa para as meias-finais).
Ou seja, o avançado brasileiro tinha uma apetência especial para marcar golos sempre que saía do banco (na época anterior, havia sido autor de um «hat-trick», frente ao Barcelona, na 2ª mão da TCE 1985/86, depois de ter entrado em campo apenas aos 58 minutos de jogo!).
Na final de Viena, a sua entrada em campo foi determinante para o FC Porto dar a volta ao jogo. Além de ter assistido Madjer para o 1-1, Juary foi o autor do golo da vitória do FC Porto nessa partida. Recordamos esse momento com algumas fotos que ilustram bem a alegria e a fé do jogador brasileiro. Ficou célebre a forma como Juary festejou esse golo. Depois de ser congratulado pelos seus colegas, o brasileiro trocou a exuberância de um festejar de golo por uma oração junto à bandeirola de canto.
O brasileiro resolveu abdicar da forma peculiar como festejava os seus golos ao serviço do Avellino (Juary dançava um samba à volta da bandeirola de canto sempre que marcava um golo ao serviço daquele modesto clube italiano) e optar por uma prece cheia de fé. Uma mini-cerimónia religiosa em pleno relvado do Pratter!
Apesar dos golos decisivos que marcou ao longo dessa época, Juary acabaria por ser cedido à Portuguesa dos Desportos no início de 1988. Em virtude de ser muito pouco utilizado no «onze» (nessa altura, o FC Porto dispunha de uma frente de ataque com Fernando Gomes, Madjer e Rui Barros), Juary optou por regressar ao futebol brasileiro, estreando-se com a camisola da Portuguesa a 23 de Março de 1988.
Um ano depois, o FC Porto cederia definitivamente o seu passe ao Santos, clube que Juary representou no início da sua carreira e onde se sagrou campeão paulista em 1978, fazendo parte da célebre equipa do Santos denominada "Meninos da Vila" (por ter sido uma das mais jovens equipas de sempre da história do clube).
A edição da revista Placar, de 1 de Abril de 1988, descrevia assim o regresso de Juary ao Brasil: “O moleque habilidoso retorna ao Brasil e promete mostrar na Portuguesa o mesmo toque de bola que exibiu em oito temporadas européias”.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Um FC Porto de trazer por casa!

Começo a escrever este 'post' às 0h45, depois de mais uma vez ter estado presente no Estádio da Luz a acompanhar o nosso mágico FC Porto (julgo que assisti a todos os clássicos disputados na Luz nos últimos 15 anos, pelo menos os respeitantes a jogos do campeonato, e o Benfica venceu poucas vezes!).
Apesar do frio cortante e da chuva persistente que foi necessário suportar, continua a ser um prazer ir à Luz assistir a estes clássicos com tanta tradição e rivalidade (espero que o Benfica continue a ser o nosso maior rival nas próximas épocas, pois esta tensão, que paira no ar sempre que os dois clubes se defrontam, é única no futebol português). No entanto, confesso que nestes últimos 10/15 anos nunca tinha visto o FC Porto abordar tão mal um clássico disputado no Estádio da Luz. Foi só equívocos!
Como é possível Jesualdo repetir aquela fórmula (um '4-3-3' puro) que tão maus resultados deu sempre que em épocas anteriores o FC Porto enfrentou o '4-4-2' losango de Paulo Bento (idêntico ao que Jesus privilegia no Benfica)?
E como é possível deixar que uma equipa cheia de remendos no seu «onze» (o Benfica jogou sem 4 habituais titulares) e com vários jogadores esgotados fisicamente (Ramires, Urreta, Carlos Martins,...) consiga controlar o jogo durante largos períodos?
E como é possível que depois de refrescar o seu «onze» com outros dois remendos (Weldon e Filipe Menezes), o Benfica consiga estar mais perto do 2-0 do que o FC Porto da igualdade?
Sejamos coerentes e justos: o teimoso Jesualdo Ferreira levou um banho de táctica e de estratégia do astuto Jorge Jesus. O Benfica esteve sempre por cima!
A verdade é que os acontecimentos das últimas semanas (vitórias esclarecedoras do FC Porto em Guimarães e em Madrid, e alguma perda de entusiasmo do Benfica, que entretanto desperdiçou alguns pontos) fizeram com que o FC Porto passasse a ter mais responsabilidades sobre o jogo de hoje. Uma derrota, frente a um Benfica menos confiante do que há uns meses atrás e privado de alguns habituais titulares, seria sempre um péssimo resultado, independentemente das contingências do jogo.
Aliás, perante o discurso confiante de adeptos e comentadores desportivos ligados ao FC Porto, até um empate seria considerado um mal menor.
Conclusão: além de ter sabido lidar melhor com as expectativas que se criaram à volta do jogo, o Benfica também soube explorar melhor as insuficiências e limitações do seu adversário.
Agora, na segunda-volta do campeonato, o FC Porto terá que reduzir a diferença de 4 pontos que o separa dos dois primeiros classificados de forma a garantir que, aquando da recepção ao Benfica (penúltima jornada!), depende apenas de si próprio para chegar ao 'Penta'. Não sendo fácil, também não me parece que seja utópico!
Nota: quando estava a caminho de casa, ouvi Jesualdo Ferreira dizer no 'flash interview' que o FC Porto continua empenhado em vencer todas as provas. Esperemos que o discurso do «estar em todas as frentes» não seja para adoptar sempre que o FC Porto perca pontos no campeonato. Não é essa a cultura do clube, e o Professor sabe-o!
Positivo (+):
- o inconformismo de Fernando;
- os primeiros 15 minutos do FC Porto na segunda-parte;
- o esforço do desapoiado Falcão;
Negativo (-):
- o mau posicionamento táctico do FC Porto (a opção por um '4-4-3' rígido levou a que o meio-campo estivesse sempre em inferioridade numérica);
- Guarín, que teima em desperdiçar consecutivas oportunidades (será que o colombiano se vai transformar na nova obsessão do Professor, uma espécie de 'novo Mariano Gonzalez'?);
- a insistente e previsível solução de juntar Farías e Falcão no ataque sempre que a equipa não joga bem;
- a ausência de Varela no «onze»;

«Curiosidades FCP» - Artur Jorge e o búlgaro que aterrorizava a Luz

Aproveitamos o clássico entre Benfica e FC Porto para recordar duas figuras que foram protagonistas de muitos jogos disputados entre os dois clubes: Artur Jorge (disputou clássicos do lado Benfica e do FC Porto, enquanto jogador e enquanto treinador) e Emil Kostadinov, o búlgaro que no início dos anos 90 deixava os estádios da Luz e de Alvalde em pânico com as suas famosas arrancadas.
Começamos por recordar Artur Jorge (que hoje confessa ser portista!) numa entrevista que o treinador que levou o FC Porto ao seu primeiro título europeu concedeu ontem ao jornal 'i'. Aqui ficam alguns interessantes excertos:
Como treinador, Artur Jorge deu nas vistas no FC Porto, campeão europeu em 1987, e ajudou a afundar o Benfica na maior crise de títulos. É o único homem à face da terra que jogou no FC Porto e no Benfica, e que treinou os dois rivais. O 'i' entrevistou-o a propósito do clássico de amanhã. «Sou portuense e portista», apresenta-se o treinador, nascido na cidade do Porto há 63 anos.
- Como jogador e como treinador, soma 42 clássicos. Lembra-se da estreia?
- Sim, em 1964/65, na minha única época sénior pelo FC Porto. Empatámos (1-1) e o Eusébio foi expulso. E na primeira-parte (38 minutos). Se não me engano, foi a única expulsão da carreira dele.
(...)
Repare, eu sou portuense e portista. Como a minha família. Nasci no Porto e cheguei a ver, veja lá bem, jogos na Constituição (campo do FC Porto, de 1912 a 1952). Lembro-me nitidamente de um FC Porto-Oriental e eu lá todo espremido entre os adeptos, que, não sendo muitos, entre 4 a 5 mil, enchiam aquele campo e conferiam uma atmosfera especial. Também vi jogos no Estádio do Lima (só utilizado para jogos grandes por ter mais lugares que o da Constituição).
Nessa altura, o FC Porto nem sempre era a terceira potência do futebol português. Agora, com o passar dos anos, com o Estádio das Antas, com o Dragão, com o centro de estágio do Olival, percebemos a real dimensão do clube. No meu tempo de criança ninguém sonhava sequer que o FC Porto pudesse ser campeão europeu. Quando muito campeão nacional e...
Agora é uma máquina que não vai parar. Se for travada, será um dano insignificante como uma folha de papel contra um 'Fórmula 1'.
Num futuro próximo, de 10, 20 anos, o FC Porto nunca perderá com o Benfica como em 1972 (6-0!). Posso dizer que ao jogar nessa tarde dos 6-0 fiz parte de uma história irrepetível.
- Sendo adepto do FC Porto, como era marcar ao clube do coração pelo Benfica?
- Na altura, a rivalidade entre os dois não tinha o peso de agora. Aliás, os Benfica-FC Porto dos últimos anos são como os Benfica-Sporting de há 30 anos, em importância. São esses os jogos grandes da Liga. Na altura em que marcava golos ao FC Porto, pelo Benfica, preocupava-me com outras coisas.
(...)
- Como é que leva o FC Porto ao paraíso, com o título europeu, e desce ao inferno no Benfica?
- Ahhh isso,... Sabe, não gosto muito de falar nisso. Para mim, uma equipa precisa de tempo e organização. O FC Porto deu-me isso. Havia jogos em 1984 ou 1985 em que pressentia que aquela equipa ía ser imbatível a todos os níveis, como aconteceu em 1987. O Benfica pediu-me isso,... para ontem!
Quis fazer uma equipa e comecei pela baliza. Trouxe o Preud'homme, mas a engrenagem não funcionou. Há pessoas boas e más. Há dirigentes competentes, outros nem tanto. Há os que remam para a mesma direcção e os da contracorrente. Enfim,...
- Mas essa estrutura aconselhável no FC Porto também lhe deu dissabores. Naquele FC Porto-Benfica, em Abril de 1991, resolvido pelo César Brito, nunca vi o Artur Jorge tão fora de si.
- Por mais calmos que estejamos, acabamos por perder a cabeça. Vi um cartão amarelo (de Carlos Valente) porque estava nervoso com o fiscal-de-linha, mas ele portou-se mal durante todo o jogo, assinalando foras-de-jogo indevidamente. Mas são já situações antigas que não vale a pena esmiuçar agora. Tudo isso pertence à história e nem vale a pena falar, porque é uma porcaria.
- O clássico dá a volta à cabeça?
- Sem dúvida. Lembro-me de um jogo na Supertaça (1994) em que houve cinco expulsões (Nelo, Abel Xavier e João Vieira Pinto, para o Benfica, mais Rui Filipe e Secretário para o FC Porto). Por isso, só peço correcção e bom futebol neste encontro. Os espectadores merecem isso. É o mínimo.
Quem ainda chegou a ser orientado por Artur Jorge foi Emil Kostadinov. O rapidíssimo avançado búlgaro já fazia parte do plantel em 1990/91, aquando da segunda passagem de Artur Jorge pelo FC Porto como treinador.
Em cima, recuperámos duas fotos, do clássico disputado naquela época no antigo Estádio da Luz, onde surge o fantástico avançado do FC Porto.
Os dois clubes defrontaram-se na Luz na primeira volta do campeonato, tendo o FC Porto "arrancado" um empate (2-2) no estádio do seu eterno rival. O Benfica, de Sven-Goran Eriksson, esteve por duas vezes em vantagem, mas o FC Porto conseguiu empatar o clássico já muito perto do final. Os encarnados começaram por marcar primeiro, ainda durante a primeira-parte, num cabeceamento do central brasileiro Ricardo Gomes. Na segunda-parte, Domingos empatou o jogo, mas Rui Águas, que representara o FC Porto nas duas épocas anteriores, colocaría novamente o Benfica em vantagem. Tudo terminou com o golo de Kostadinov, que voltou a igualar o jogo perto do final.
Nessa partida, Artur Jorge já apostou na célebre sociedade Domingos-Kostadinov, um dupla que marcou uma época no FC Porto e no futebol português.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Assalto ao primeiro lugar!

Pois é, quase sem se dar por isso, o FC Porto está a 1 ponto da liderança. E se na próxima jornada o Sp. Braga não vencer em Paços de Ferreira, o FC Porto chegará ao primeiro lugar do campeonato se vencer a batalha da Luz.
Hoje, a única dúvida seria a de saber quantos golos marcaria o FC Porto ao último (e débil) classificado da Liga. Uma dúvida legítima, perante as fragilidades do Vit. Setúbal (será um milagre se Manuel Fernandes mantiver a equipa na primeira liga), mas que Jesualdo Ferreira resolveu tornar menos aleatória ao promover várias alterações no «onze» e ao permitir que os seus jogadores imprimissem ao jogo um ritmo baixo. A verdade é que a postura do Vit. Setúbal "convidou" o FC Porto a abusar de um ritmo de treino, que foi ainda mais evidente depois da equipa "matar" a partida por volta da meia-hora de jogo.
Ao contrário do Benfica de Jorge Jesus, que nestes jogos assume uma postura exibicionista, tentando quase humilhar o seu adversário, o FC Porto de Jesualdo Ferreira é bem mais moderado e sóbrio quando se trata de controlar jogos frente a adversários mais frágeis. Estas posturas de FC Porto e Benfica também definem bem o perfil de cada um dos seus treinadores.
Depois de uma desgastante e brilhante jornada europeia, o Vit. Setúbal acabou por ser o adversário perfeito para quem realizou um jogo de intensidade média/alta na Terça-feira anterior, em Madrid. O FC Porto não tinha qualquer necessidade de se desgastar ao tentar golear o seu adversário, pois quem ainda vai realizar tantos jogos exigentes, e quer vencer todas as competições em que está envolvido, não pode desperdiçar energias em jogos que estão quase resolvidos. Se o Vit. Setúbal não quis jogar, para quê forçar?
A história da primeira-parte resume-se aos dois golos que o FC Porto marcou e àqueles dois remates à barra (de Belluschi e Raul Meireles), enquanto que o segundo tempo foi demasiado aborrecido para merecer análise (o Vit. Setúbal nem um remate à baliza conseguiu em 90 minutos!).
Agora, surgem duas dúvidas no «onze» que o FC Porto vai apresentar na Luz: quem acompanha a dupla Fernando-Meireles no meio-campo (Belluschi é a nossa aposta) e quem ocupa os três lugares na frente de ataque (que podem ser apenas dois se o FC Porto se apresentar num elástico 4-4-2). Neste momento, o FC Porto tem quatro avançados (Rodriguez, Hulk, Falcão e Varela) potencialmente titulares no seu plantel. Não vai ser nada fácil adivinhar qual deles vai Jesualdo deixar de fora do «onze» no jogo da Luz.
A nossa aposta é Falcão, porque o recuo de Rodriguez para zonas interiores retira profundidade ao jogo do FC Porto, sendo mais difícil "alimentar" o colombiano. Assim, é provável que o Professor aposte em Rodriguez, Hulk e Varela (o trio de ataque mais potente do futebol português).
O final da próxima semana será cheio para o FC Porto. Na sexta-feira conhecemos o nosso adversário nos Oitavos-de-final da 'Champions' e dois dias depois vamos à Luz atacar o primeiro lugar da Liga. Excitante!
Positivo (+):
- a confiança e tranquilidade que o FC Porto exibiu (apesar de ter defrontado um adversário demasiado frágil);
- os golos de Varela e Farías (o ponta-de-lança argentino mantém uma marca excepcional na relação golos/tempo de jogo);
- a rotatividade e poupança que Jesualdo promoveu;
Negativo (-):
- o ritmo de treino que o FC Porto impôs na segunda-parte;

domingo, 13 de dezembro de 2009

«Curiosidades FCP» - Yustrich exigiu o «flecha negra»

Hoje, voltamos a recuar à histórica época de 1955/56 para recordarmos aquela que foi a maior exigência de Yustrich no que a reforços do plantel do FC Porto diz respeito: contratar o avançado brasileiro Jaburu.
O «flecha negra» foi recomendado pelo técnico que ficou associado ao regresso do FC Porto aos títulos, depois de um longo jejum de 16 anos, e acabou por se tornar num dos maiores protagonistas do FC Porto naquela edição do campeonato, ao marcar 21 golos na prova (foi o 3º melhor marcador do campeonato).
Jaburu chegou ao FC Porto com apenas 22 anos e logo nos primeiros jogos deixou os adeptos impressionados com a sua potência. Era um jogador alto, fisicamente possante e muito móvel, ou seja, tinha aquelas características que o actual técnico do FC Porto, Jesualdo Ferreira, muito aprecia num avançado. Mal chegou a Portugal, o avançado brasileiro foi logo confrontado pela imprensa desportiva sobre o motivo da sua alcunha (o seu verdadeiro nome era Jorge de Sousa Mattos): «Jaburu é um pássaro sorumbático, todo branco e com cabeça e bico negros. Um bico compridíssimo. É uma ave que se move com atitudes descontraídas e um tanto melancolicamente – como eu…», confessou o goleador brasileiro aos jornalistas portugueses.
Os 21 golos que o avançado brasileiro apontou naquela edição do campeonato foram decisivos para a fantástica média de golos (2,9 por jogo) que o FC Porto registou em 1955/56.
No entanto, e apesar de ter sido o melhor marcador do FC Porto nessa edição da liga portuguesa, Jaburu foi apenas terceiro na lista dos melhores marcadores da prova, ficando atrás de José Águas (Benfica), que marcou 28 golos, e Matateu (Belenenses), que apontou 22.
No FC Porto de Yustrich, Jaburu partilhava a frente de ataque com Perdigão e António Teixeira, formando um privilegiado trio que era servido pelos extraordinários centro-campistas Gastão e Hernâni.
Curiosamente, estes cinco jogadores quase monopolizaram os golos da equipa nessa edição do campeonato, marcando 61 dos 77 golos que o FC Porto apontou na prova.
Os golos e as constantes boas exibições que Jaburu realizou com a camisola do FC Porto foram pretexto para um célebre desabafo de Yustrich: «Jaburu tem o futebol dentro dele como Stradivarius tinha a música quando construiu os seus famosos violinos. E nada mais é preciso acrescentar…».

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

«Show» de bola!

Nove meses depois daquele frenético jogo da 1ª mão dos Oitavos-de-final da Liga dos Campeões 2008/09, o FC Porto voltou ao Vicente Calderón para acertar contas com o At. Madrid: 0-3! Aquele injustíssimo empate (2-2) da época passada foi hoje corrigido com uma 'noite europeia à FC Porto'.
Mais uma vez, somos "convidados" a elogiar o trabalho de Jesualdo Ferreira. Comparando com a equipa do FC Porto que na época passada se apresentou no Vicente Calderón, verificamos que faltaram Rolando, Cissokho, Lucho Gonzalez e Lisandro Lopez. Com 4 ausências de peso em relação ao «onze» da época passada, e frente a um At. Madrid que não deixou sair nenhum dos seus craques, o FC Porto conseguiu novamente deixar o Vicente Calderón em sentido (e com 'olés' durante a segunda-parte!). Isto é bem demonstrativo da cultura de vitória que o FC Porto incute nos seus (novos) jogadores e do trabalho que Jesualdo desenvolve nos treinos.
Hoje, o FC Porto apresentou-se com uma meia-surpresa no «onze»: Valeri. O argentino esteve a ser trabalhado no laboratório do Olival e agora parece um jogador que necessita apenas de maior fulgor físico e confiança, pois o talento está lá. A rever nos próximos jogos...
No resto, foi um FC Porto que nos dois últimos jogos já nos tinha dado a sensação de estar em crescimento, só não julgávamos é que esse crescimento fosse exponencial. Em apenas 8 dias, a equipa venceu de forma sofrida (mas justíssima) o Rio Ave, mostrou ao Vit. Guimarães quem é o «tetracampeão» e deu um banho de bola ao At. Madrid!
Em 4 jogos com o FC Porto, realizados no espaço de 9 meses, o At. Madrid perdeu dois e não venceu nenhum! Um registo algo embaraçoso para quem tinha ficado tão optimista com o adversário que o sorteio dos Oitavos-de-final da 'Champions' lhe tinha destinado na época passada.
Agora, nos Oitavos-de-final, o ideal seria o FC Porto evitar ingleses e espanhóis, o que vai ser complicado, pois Arsenal, Manchester United e Real Madrid já garantiram o primeiro lugar dos respectivos grupos, enquanto que Barcelona e Sevilha vão, ao que tudo indica, ser primeiros classificados dos seus grupos. No entanto, ainda haverá por onde escolher, pois vão sobrar dois primeiros classificados teoricamente menos fortes: Bordéus e Fiorentina (ou Lyon).
De qualquer forma, a teoria já nos pregou duas partidas: quando nos deixou demasiado optimistas, em 2006/07, e fomos eliminados por uma equipa teoricamente mais fraca, o Schalke 04, e quando nos deixou algo apreensivos, em 2003/04, e eliminámos uma equipa teoricamente mais forte, o Manchester United. Por isso, venha quem vier!
Positivo (+):
- o futebol descomplexado e personalizado de toda a equipa do FC Porto;
- a atenção e concentração de Helton;
- a elevação de Bruno Alves no lance do primeiro golo: BRUTAL!
- a «bomba» de Hulk, que fechou uma bela noite;
- o futebol altruísta de Valeri (apesar de um ou outro passe mal direccionado);
- o bom posicionamento da equipa na segunda-parte;
- a actuação do árbitro, que não vacilou perante os protestos e a pressão dos jogadores do At. Madrid;
Negativo (-):
- o espaço que por vezes o FC Porto concedeu, durante a primeira-parte, naquela zona entre Fernando e o quarteto defensivo;
- a lesão de Maicon;

«Curiosidades FCP» - Quando Rush impediu o ‘tri’ de Gomes

Hoje, nas «Curiosidades FCP», vamos recuar à época 1983/84 para recordarmos o “nosso” Fernando Gomes e o conceituado Ian Rush, o homem que impediu o eterno nº 9 do FC Porto de conquistar a sua segunda Bota d’Ouro consecutiva e que, ao mesmo tempo, retirou a Gomes a possibilidade de vencer o troféu em 3 épocas consecutivas (Gomes foi o melhor marcador da Europa em 1982/83 e 1984/85).
Curiosamente, este dois míticos pontas-de-lança são ainda hoje os maiores goleadores da história dos dois clubes que mais tempo representaram nas suas carreiras, FC Porto e Liverpool. Ian Rush apontou 346 (!) golos ao serviço do Liverpool, enquanto que Fernando Gomes marcou 288 (!) golos com a camisola do FC Porto. Notável!
Foi na época em que o Liverpool se sagrou pela quarta vez campeão da Europa, em 1983/84, que Ian Rush conquistou o título de melhor marcador da Europa e retirou a Gomes a possibilidade de vencer o troféu por três vezes consecutivas.
O avançado galês venceu um troféu que no ano anterior tinha sido pela primeira vez conquistado por Fernando Gomes. Rush conquistou a Bota d'Ouro ao apontar 32 golos com a camisola do Liverpool, uma marca que ficou abaixo dos dois registos com que Gomes venceu o troféu em 1982/83 (36 golos) e em 1984/85 (39 golos), mas que nessa época foi suficiente para ultrapassar o nosso carismático ex-nº 9.
Apesar de ter sido um dos melhores avançados da sua geração, o histórico ponta-de-lança do Liverpool só conquistou a Bota d'Ouro nessa época. Para o excelente registo de Rush, muito contribuiu a restante frente de ataque do Liverpool, pois Graeme Souness, Kenny Dalglish e Michael Robinson eram o complemento perfeito à fantástica capacidade goleadora do ponta-de-lança galês.
No FC Porto, Gomes era apoiado por um trio de jogadores mais modesto: Jaime Magalhães, Vermelhinho e Jacques (Costa e Mike Walsh também eram muito utilizados).
Apesar de Gomes ter sido o melhor marcador do campeonato português em 1983/84, com 21 golos (igualou Néné e superou, entre outros, Manniche, Manuel Fernandes e Jordão), ficou um pouco distante das marcas que lhe permitiram conquistar a Bota d’Ouro em duas ocasiões.
Ainda assim, os 21 golos que marcou ao serviço do FC Porto permitiram-lhe superar os melhores marcadores da liga espanhola (Juanito, do Real Madrid, com 17 golos) e da liga italiana (Michel Platini, da Juventus, com 20 golos).
Curiosamente, os clubes que Gomes e Rush representaram em 1983/84, FC Porto e Liverpool, respectivamente, estiveram ambos presentes em finais europeias. O Liverpool conquistou a Taça dos Clubes Campeões Europeus (venceu a AS Roma, de Nils Liedholm, na final), enquanto que o FC Porto foi derrotado pela Juventus, na final da Taça dos Vencedores das Taças, em Basileia.
As carreiras destes dois coleccionadores de golos também foram muito semelhantes, pois ambos interromperam ciclos nos clubes da sua vida (FC Porto e Liverpool) para experimentarem outros campeonatos. Enquanto que Gomes representou o Sp. Gijón (Espanha) durante duas épocas, o avançado do Liverpool mudou-se para a Juventus em 1987, umas semanas depois do Liverpool ter defrontado a ‘Vecchia Signora’ na final da Taça dos Clubes Campeões Europeus, no Heysel Park, em Bruxelas (vitória da Juventus, por 1-0).
No entanto, o conceituado ponta-de-lança galês não se adaptou ao 'Calcio' e regressou a Liverpool logo no ano seguinte. No total, Ian Rush vestiu a camisola do Liverpool durante 15 (!) temporadas.
Quanto a Fernando Gomes, voltaria a reconquistar a Bota d'Ouro em 1984/85, sagrando-se o melhor marcador da Europa com uma das melhores marcas dos anos 80 a nível europeu: 39 golos!
Se Rush não tivesse impedido o nosso ex-nº 9 de conquistar o troféu em 1983/84, Gomes seria hoje apelidado de... Tri-Bota d'Ouro!
Este troféu, que começou a ser atribuído a partir da época 1967/68, já foi conquistado pelo FC Porto em três ocasiões: 1982/83 (Fernando Gomes), 1984/85 (Fernando Gomes) e 1998/99 (Mário Jardel).

sábado, 5 de dezembro de 2009

O regresso do bom velho FC Porto

Após a partida frente ao Rio Ave, tínhamos referido que o jogo frente ao Vit. Guimarães poderia marcar o FC Porto 2009/10. Por duas razões: - por ser o teste mais exigente que o FC Porto enfrentaria num momento em que a equipa parecia andar numa espécie de fronteira entre o arranque para as boas exibições e o descarrilar definitivo ; - e por ser o último jogo do FC Porto fora de casa antes de visitar o Estádio da Luz, havendo, dessa forma, o perigo da diferença pontual para o Benfica (e para o Sp. Braga!) aumentar novamente;
Hoje, veio-nos à memória aquele inesquecível jogo de Kiev, relativo à Liga dos Campeões 2008/09. Foi com uma atitude idêntica à do jogo de hoje que o FC Porto venceu os ucranianos durante aquela fase da época passada em que a equipa demorava a encontrar-se. Agora, só os próximos jogos é que vão mostrar se estamos perante um novo ciclo, idêntico ao que se iniciou na época passada após o jogo frente ao Dinamo, ou se a vitória de hoje foi apenas um intervalo nas últimas más exibições.
Este era o jogo ideal para avaliarmos o que vale o FC Porto 2009/10, pois o discurso da «equipa estar a crescer» não se podia eternizar. Mais de 5 meses depois do início da época, não era suposto continuar a haver hesitações e equívocos no sistema e na forma como o FC Porto se apresenta em campo.
Ontem, ficámos algo apreensivos com o discurso de Jesualdo Ferreira, que perdeu metade da conferência de imprensa de antecipação do jogo a deixar recados para dentro do balneário. Afinal, esse discurso teve repercussões positivas.
O modo como alguns jogadores abordam um jogo é uma boa forma de avaliar a sua cumplicidade com o treinador. Sabendo que nas actuais circunstâncias não seria nada fácil vencer em Guimarães, os jogadores do FC Porto mostraram a Jesualdo Ferreira que continuam ao lado do seu treinador. Além de ter jogado de forma unida e em bloco, o FC Porto assumiu que tinha que vencer e nunca esperou pelo adversário.
Os «tetracampeões» não fugiram à sua responsabilidade! Foi aquele FC Porto que nós tanto gostamos de ver: agressivo, dominador, autoritário, empolgante,...
Do outro lado estava uma boa equipa, que atravessa um bom momento, e um treinador astuto, mas nem isso foi suficiente para parar esta pequena demonstração de força dos «tetracampeões». O Vit. Guimarães levou um banho de bola (e de humildade!), principalmente nos primeiros 45 minutos.
Não fosse o golo do Vitória ter surgido em cima do intervalo (numa altura em que o FC Porto já justificava uma vantagem superior a dois golos) e não teríamos assistido àqueles titubeantes 15 minutos iniciais da segunda-parte, período em que o FC Porto se deixou levar pelos acontecimentos (o reduzir de desvantagem deu força anímica ao Vitória). Passado esse período, o FC Porto voltou a apresentar aquele futebol massacrante que atropelou o Vit. Guimarães durante a primeira-parte. 4-1 no final!
Numa coisa o Professor tem razão: ter o plantel todo à disposição é meio caminho andado para um FC Porto mais forte e consistente.
Agora, e em caso de vitória sobre o Vit. Setúbal na próxima jornada, o FC Porto apresentar-se-á na Luz muito menos pressionado pela desvantagem de 3 pontos relativamente ao Benfica. Ou seja, é muito mais estimulante para o FC Porto chegar à Luz sabendo que, com uma vitória, alcançará o seu maior rival na classificação. Assim, o ‘élan’ será outro. Vai começar a Liga!
Positivo (+):
- o sentido de missão do FC Porto, que sentiu que o jogo era importante;
- a potência de Varela e Cristian Rodriguez;
- o excelente momento físico de Raúl Meireles;
- Bruno Alves, por mais uma vez ter mostrado porque é o nº 2 e ostenta a braçadeira de 'capitão';
- a pressão altissíma do FC Porto durante toda a primeira-parte;
- a forma agressiva e determinada como a equipa defendeu durante esse período;
Negativo (-):
- aquela perda de bola de Belluschi (fez um excelente jogo!), em cima do intervalo, que deu origem ao livre do qual resultou o golo do Vitória;
- os primeiros 15 minutos do FC Porto na segunda-parte;

«Curiosidades FCP» - FC Porto - Barcelona, Taça UEFA 1972/73

Com o FC Porto a defrontar o At. Madrid já na próxima Terça-feira, em jogo da última jornada da fase de grupos da 'Champions', aproveitamos para antecipar esse confronto recordando uma histórica eliminatória da Taça UEFA disputada entre o FC Porto e outra conceituada equipa espanhola, o Barcelona. Os dois clubes encontraram-se pela primeira vez em competições europeias na época 1972/73, tendo o jogo da 1ª mão marcado uma melhores noites europeias de toda a história do antigo Estádio das Antas.
Com a ajuda da imprensa desportiva espanhola, vamos aqui recordar o jogo da 1ª mão da eliminatória, disputada nas Antas, a 20 de Setembro de 1972, que terminou com uma estrondosa vitória do FC Porto sobre o 'Barça', por 3-1.
O sorteio da 1ª eliminatória colocou logo no caminho do FC Porto um dos favoritos a vencer a competição (Liverpool, Borussia de Monchengladbach, Inter de Milão, Tottenham e Dynamo de Dresden eram os outros candidatos a vencer a prova). Para os espanhóis, o jogo frente ao FC Porto marcava o primeiro grande teste para um 'Barça' que liderava a liga espanhola: «el choque de Oporto es un buen test para juzgar las posibilidades del nuevo Barcelona, encaramado en el liderato de la Liga».
Uns dias antes do jogo, jornalistas espanhóis deslocaram-se à Invicta para sentir o pulsar da cidade e dos adeptos antes do jogo frente aos catalães.
Inevitavelmente, as crónicas da imprensa espanhola foram consensuais ao referir que os adeptos se mostravam esperançados após a contratação de Fernando Riera, mas, ao mesmo tempo, descrentes com a equipa depois de vários anos a ver o FC Porto adiar a desejada vitória no campeonato nacional (o jejum do FC Porto durava há 13 épocas): «Oporto va ahora vivir una nueva aventura al mando del conocido entrenador chileno Fernando Riera. Pulsado el ambiente futbolístico de la ciudad, se percibe un cierto conformismo con tintes de fatalismo, porque el equipo no acaba de dar de si lo que tanto esperan sus millares de seguidores», lia-se no 'El Mundo Deportivo' nas vésperas do jogo da 1ª mão.
Assim, não foi surpreendente que os espanhóis se mostrassem moderadamente optimistas com o jogo das Antas: «Un empate no seria mal resultado para el Barcelona con vistas al partido de vuelta del miércoles próximo en el Camp Nou, pero más interessante seria la victoria cuando el Barcelona necesita de nuevos incentivos para mantener alta la moral con vista a los partidos de Liga».
No dia anterior ao jogo, também houve oportunidade para os espanhóis publicarem uma pequena entrevista com os dois treinadores. Para Fernando Riera, o favorito era o Barça, pois além do jogo não chegar num bom momento para o FC Porto (havia empatado com o Barreirense na jornada anterior da liga portuguesa), todos os esforços da equipa estavam concentrados no campeonato português.
O técnico chileno também acabou por revelar à imprensa espanhola - quem sabe, fazendo 'bluff'! - que os dois avançados do FC Porto, Flávio (contratado ao Fluminense, por 2375 contos) e Abel, não estavam a atravessar um bom momento (nota: foram eles os autores dos 4 golos do FC Porto na eliminatória!): «Hombres clave, como Flávio y Abel no han alcanzado su linea de juego habitual. Nos defendemos bien, creamos buenas jugadas de contraataque pero fallamos en el remate. Flávio está bajo de forma y es posible que le haga descansar para tenerio a punto el Domingo» (nota: o FC Porto defrontava o Belenenses 3 dias depois do jogo com o 'Barça'), confessou o chileno na entrevista.
Quanto ao técnico do Barcelona, o holandês Rinus Michels, também reconhecia favoritismo à sua equipa, mas deixava alguns elogios ao FC Porto e ao belo Estádio das Antas: «Reconozco que el Oporto ha empezado mal el campeonato, pero esto no quiere decir nada. Hay equipos que en las eliminatórias de Copa UEFA parecen otro conjunto. El Estádio das Antas? Muy bonito. El terreno de juego está en perfectas condiciones. Creo que podrá realizarse un buen fútbol.»
Apesar de ter ido para o intervalo a perder por 0-1 (golo de Barrios, aos 33 minutos), o FC Porto daria a volta a esse histórico jogo em apenas 4 minutos (golos de Flávio, aos 48', e de Abel, aos 51').
E quinze minutos depois do seu primeiro golo, Abel (formou com Flávio uma das melhores duplas de ataque do FC Porto e do futebol português durante a década de 70) deixava o 'Barça' com uma perigosíssima desvantagem de dois golos na eliminatória, depois de marcar o terceiro golo do FC Porto nessa partida.
Para um dos jornalistas espanhóis que assistiu ao jogo, «el vendaval de Oporto llegó al comenzar el segundo período. Fernando Riera, que movió sus piezas con excesso de cautela en el primer tiempo, parece que en el descanso logró sacudir a su equipo del complejo de inferioridad en que se había visto envuelto. Los dos puntas de lanza, Flávio y Abel, movidos en profundidad por Béné, crearon problemas que la defensa barcelonista no supo resolver. El juego de los brasileños del Oporto quebró a la defensa del Barcelona como en los últimos tiempos no lo había conseguido ningún equipo española. El fútbol en el terreno internacional está lleno de contrastes, y hoy, ante el Oporto, el Barcelona mostró sus defectos y debilidades».
«Sí quedan 90 minutos de juego, pero el Barcelona tendrá que jugar mucho en la vuelta para doblegar a este Oporto que por fin encontró su dia», concluiram os jornalistas espanhóis presentes nas Antas.
Algo surpreendentemente, o recentemente falecido Armando Manhiça foi eleito pelos espanhóis um dos melhores em campo, tendo recebido a nota máxima (5) do jornalista do 'El Mundo Deportivo' que acompanhou o encontro.
Além de Manhiça, também Abel foi considerado um dos melhores portistas em campo (ver notas, de 0 a 5, na ficha técnica, em anexo).
Na sala de imprensa, os dois técnicos apresentavam discursos completamente distintos.O treinador do 'Barça', Rinus Michels, ao mesmo tempo que deixava uma espécie de aviso ao FC Porto para o jogo da 2ª mão, também se mostrava irritado com os seus jogadores: «estoy seguro que los superaremos en nuestro estadio. Sólo hace falta que los jugadores se empleen con más fuerza para evitar nuevas decepciones», enquanto que Fernando Riera colocava alguma moderação na euforia portista: «Insisto en que es la Liga lo que nos interessa. Pero no desaprovecharemos la oportunidad de eliminar al Barcelona si se presenta. De todas formas no me fio, es un gran equipo que simplemente hoy no ha tenido su noche. Pero pienso que podemos seguir adelante en la Copa UEFA.»
No final, a imprensa espanhola também ouviu o eufórico presidente Américo de Sá comentar o que tinha acabado de presenciar no relvado das Antas: «Este es uno de los mayores triunfos del Oporto en su história, comparable al que se anotó hace muchos años ante el Arsenal. La verdad es que no lo esperaba, el equipo no andaba bien y el Barcelona es un club puntero. Ahora he decidido viajar a España para el partido de vuelta, la proeza está a nuestro alcance».
Num próximo 'post', e novamente com a ajuda da imprensa desportiva espanhola, vamos recordar o jogo da 2ª mão, disputada em Camp Nou (em cima, recuperámos o anúncio promocional ao jogo, publicado no 'El Mundo Deportivo'), que confirmou a superioridade do FC Porto sobre os catalães e marcou o nosso acesso à 2ª eliminatória da competição (o FC Porto venceu em Barcelona por 1-0, com um golo de Abel).
Aqui ficam os «onzes» e os marcadores do jogo das Antas (nota: destaque no «onze» do 'Barça' para as presenças de Miguel Reina, pai do actual guarda-redes do Liverpool, Pepe Reina, e de Carlos Rexach, que foi adjunto de Johan Cruyff e chegou a treinador principal do Barça em 2001):
FC Porto: Rui, Gualter, Armando Manhiça, Valdemar, Guedes, Pavão, Celso, Béné, Flávio, Abel (Lemos aos 69') e Malagueta;
Treinador: Fernando Riera
Barcelona: Miguel Reina, Rifé, Gallego, Torres, De la Cruz, Zabalza, Carlos Rexach (Pérez aos 65'), Martí Filosía, Barrios, Juan Manuel Asensi e Marcial Pina;
Treinador: Rinus Michels
Golos: Barrios aos 33', Flávio aos 48', Abel aos 51' e aos 66';

domingo, 29 de novembro de 2009

Melhorou,... mas pouco!

Ainda não foi desta que o FC Porto deu o salto para as boas exibições. Assim, não admira que a impaciência vinda das bancadas continue. A exibição do FC Porto acabou por ser uma espécie de anti-climax depois do frenético Barcelona-Real Madrid realizado um pouco antes. Ainda assim, o FC Porto conseguiu jogar um pouco melhor e com mais alegria do que nos últimos jogos. Foi, digamos assim, uma exibição menos má!
Apesar do golo da vitória ter surgido muito perto do final da partida, a verdade é que o FC Porto não merecia ter esperado tanto tempo para ganhar vantagem no marcador. Algo surpreendentemente, a equipa conseguiu manter a lucidez perante a ansiedade que já se fazia sentir nas bancadas. A prova disso foi que desta vez não se viu o FC Porto a recorrer ao 'pontapé prá frente' que tinha caracterizado as segundas-partes dos jogos anteriores. Ou seja, mesmo não jogando bem, o FC Porto justificou a vitória por um golo de diferença (2-1).
Relativamente ao «onze» que entrou em campo, merece destaque a ausência de Rolando (não tem comprometido, mas talvez o desgaste físico e mental lhe tenha retirado alguma concentração) e a justificada titularidade de Fucile (o inadaptado Sapunaru tem cada vez menos espaço no plantel).
Quanto ao homem (Belluschi) em quem os adeptos depositam maiores esperanças para resgatar o meio-campo do FC Porto da vulgaridade, não foi tão influente como no jogo frente ao Chelsea. Vamos lá ver se o médio argentino melhora os indíces físicos durante os próximos jogos. Sendo um jogador frágil fisicamente, Belluschi está mais exposto às quebras de forma e às pequenas lesões.
Neste momento, Jesualdo Ferreira não tem muitas opções, ou mantém o ex-jogador do Olympiakos no «onze» ou abdica do '4-3-3', pois o FC Porto não tem outro jogador no plantel que possa complementar o futebol rectilíneo e geométrico da dupla Fernando-Meireles (Valeri continua a sua «travessia do deserto» na adaptação ao futebol europeu).
Mas enquanto a equipa não encontra o rumo certo, será importante não deixar o nosso maior rival voltar a cavar uma diferença superior a 3 pontos na classificação, pelo menos até ao clássico a disputar dentro de 3 semanas no Estádio da Luz. Até lá, o FC Porto visita Guimarães e recebe o Vit. Setúbal. Conclusão: o jogo da próxima jornada vai marcar o FC Porto 2009/10.
Positivo (+):
- as oportunidades que, mesmo não jogando bem, o FC Porto conseguiu criar;
- a dinâmica que Álvaro Pereira deu ao flanco esquerdo;
- o ritmo constante do FC Porto durante os 90 minutos (a equipa não se ressentiu do esforço da jornada europeia);
- a entrada de Farías, que obrigou o Rio Ave a recuar ainda mais;
Negativo (-):
- a má colocação dos centrais do FC Porto (e a permissividade de Fucile) no lance do golo de João Tomás;
- Fernando, por duas perdas de bola em zona proibida, que poderiam ter proporcionado outros tantos golos ao Rio Ave;
- Falcão, pela ineficácia na finalização (e já desperdiçou duas grandes-penalidades!);