domingo, 29 de novembro de 2009

Melhorou,... mas pouco!

Ainda não foi desta que o FC Porto deu o salto para as boas exibições. Assim, não admira que a impaciência vinda das bancadas continue. A exibição do FC Porto acabou por ser uma espécie de anti-climax depois do frenético Barcelona-Real Madrid realizado um pouco antes. Ainda assim, o FC Porto conseguiu jogar um pouco melhor e com mais alegria do que nos últimos jogos. Foi, digamos assim, uma exibição menos má!
Apesar do golo da vitória ter surgido muito perto do final da partida, a verdade é que o FC Porto não merecia ter esperado tanto tempo para ganhar vantagem no marcador. Algo surpreendentemente, a equipa conseguiu manter a lucidez perante a ansiedade que já se fazia sentir nas bancadas. A prova disso foi que desta vez não se viu o FC Porto a recorrer ao 'pontapé prá frente' que tinha caracterizado as segundas-partes dos jogos anteriores. Ou seja, mesmo não jogando bem, o FC Porto justificou a vitória por um golo de diferença (2-1).
Relativamente ao «onze» que entrou em campo, merece destaque a ausência de Rolando (não tem comprometido, mas talvez o desgaste físico e mental lhe tenha retirado alguma concentração) e a justificada titularidade de Fucile (o inadaptado Sapunaru tem cada vez menos espaço no plantel).
Quanto ao homem (Belluschi) em quem os adeptos depositam maiores esperanças para resgatar o meio-campo do FC Porto da vulgaridade, não foi tão influente como no jogo frente ao Chelsea. Vamos lá ver se o médio argentino melhora os indíces físicos durante os próximos jogos. Sendo um jogador frágil fisicamente, Belluschi está mais exposto às quebras de forma e às pequenas lesões.
Neste momento, Jesualdo Ferreira não tem muitas opções, ou mantém o ex-jogador do Olympiakos no «onze» ou abdica do '4-3-3', pois o FC Porto não tem outro jogador no plantel que possa complementar o futebol rectilíneo e geométrico da dupla Fernando-Meireles (Valeri continua a sua «travessia do deserto» na adaptação ao futebol europeu).
Mas enquanto a equipa não encontra o rumo certo, será importante não deixar o nosso maior rival voltar a cavar uma diferença superior a 3 pontos na classificação, pelo menos até ao clássico a disputar dentro de 3 semanas no Estádio da Luz. Até lá, o FC Porto visita Guimarães e recebe o Vit. Setúbal. Conclusão: o jogo da próxima jornada vai marcar o FC Porto 2009/10.
Positivo (+):
- as oportunidades que, mesmo não jogando bem, o FC Porto conseguiu criar;
- a dinâmica que Álvaro Pereira deu ao flanco esquerdo;
- o ritmo constante do FC Porto durante os 90 minutos (a equipa não se ressentiu do esforço da jornada europeia);
- a entrada de Farías, que obrigou o Rio Ave a recuar ainda mais;
Negativo (-):
- a má colocação dos centrais do FC Porto (e a permissividade de Fucile) no lance do golo de João Tomás;
- Fernando, por duas perdas de bola em zona proibida, que poderiam ter proporcionado outros tantos golos ao Rio Ave;
- Falcão, pela ineficácia na finalização (e já desperdiçou duas grandes-penalidades!);

«Curiosidades FCP» - Os prémios individuais do «99»

O 'Paixão pelo Porto' vai continuar a recordar algumas curiosidades associadas a jogadores que no passado representaram o clube. Hoje, recordamos os prémios/distinções individuais daquele que é o futebolista com mais títulos conquistados a nível mundial (32!), Vítor Baía.
No final da carreira, Baía descreveu o que foi o seu percurso com uma frase que ilustra bem a quantidade de troféus, individuais e colectivos, que foi acumulando ao longo dos anos: “Mourinho dizia que só me faltava marcar um golo”, ironizou o «99» numa entrevista concedida à imprensa portuguesa depois de terminada a sua carreira.
Mas além de ter sido um dos melhores guarda-redes de sempre do futebol mundial, o 'Balizas' também marcava a diferença no balneário. O ex-guarda-redes do FC Porto confessou que, para conquistar tantos prémios/distinções individuais, também foi importante o seu perfil ganhador. "Só revejo os golos que consinto uma ou duas semanas após o jogo. Vivo muito o futebol. Sou um ganhador nato e o facto da equipa não vencer mexe muito comigo. Fico insuportável, e nessas alturas só quero espairecer", afirmou aquando do adeus aos relvados.
Aqui ficam os prémios que lhe foram sendo atribuídos ao longo da carreira:
- 1988/89: Troféu "Foot-Reuch" - Melhor Guarda-Redes do Campeonato Nacional
- 1989: Troféu Jornal "Record" - Revelação do Ano
- 1989: Dragão d'Ouro do FC Porto - Futebolista do Ano
- 1989: Futebolista do Ano do CNID
- 1989/90: Melhor Jogador 'Hummel'
- 1989/90: Prémio Regularidade do Jornal "A Bola"
- 1990: Prémio Trevo de Ouro 'Adidas'
- 1990: Melhor Jogador do Torneio 'Phillips Cup'
- 1990/91: Troféu "Foot-Reuch" - Melhor Guarda-Redes do Campeonato Nacional
- 1991: Futebolista do Ano do CNID
- 1991: Prémio 'Gandula' para Melhor Guarda-Redes
- 1991/92: Troféu Jornal "Público" - Melhor Guarda-Redes do Ano
- 1991/92: Troféu Jornal "Público" - Melhor Jogador do Ano
- 1992: Prémio 'Gandula' para Melhor Guarda-Redes
- 1992: Troféu Jornal "Record" - Melhor Guarda-Redes do Ano
- 1992/93: Troféu Jornal "Público" - Melhor Guarda-Redes do Ano
- 1993: Melhor Futebolista do 'Torneio Centenário do FC Porto'
- 1993: Prémio 'Gandula' para Melhor Guarda-Redes
- 1993: Prémio Jornal "Público" - Melhor Guarda-Redes do Campeonato Nacional
- 1993: Melhor Guarda-Redes do Mundo - Jornal L´Equipe
- 1993/94: Troféu Jornal "Público" - Melhor Guarda-Redes do Ano
- 1994/95: Guarda-Redes mais valioso do Campeonato Nacional
- 1994/95: Guarda-Redes do Ano da "European Sports Magazine"
- 1996: Troféu Jornal "Record" - Melhor Jogador do Ano
- 1996/97: Troféu Jornal "A Marca" - Melhor Guarda-Redes do Ano
- 2002: Figura Nacional do Ano na III Gala Nacional do Desporto
- 2003: Prémio Carreira na Gala do Desporto
- 2004: Prémio UEFA "Best Goalkeeper 2003/04" - Melhor Guarda-Redes da Europa
- 2004: Medalha de Mérito Desportivo
- 2004/05: Melhor Guarda-Redes do Campeonato Nacional
- 2004/05: Troféu Jornal "Público" - Melhor Guarda-Redes do Ano
- 2004/05: Troféu Carreira da Superliga/Jornal Notícias
- 2008: Condecorado com a Ordem do Infante D. Henrique (República Portuguesa)
- 2008: Prémio "Alto Prestígio" pela Confederação do Desporto de Portugal

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Com Belluschi é outra coisa!

Se há derrotas que são menos dolorosas que outras, a de hoje foi uma delas. Tendo em conta que tinha o apuramento para os Oitavos-de-final garantido e vinha de uma série de más exibições, o FC Porto até nem fez um mau jogo. Perdeu (0-1), mas provou que tem condições para continuar a ser uma equipa competitiva e ambiciosa na Europa. No entanto, o momento não era o ideal para defrontar o Chelsea, pois foi evidente que, para serem superiores, os ingleses nunca necessitaram de forçar em demasia, no ritmo e na entrega ao jogo.
Ainda assim, foi pena o FC Porto não ter chegado primeiro ao golo ainda durante a primeira parte, pois teve duas oportunidades flagrantes para o conseguir, num remate de Belluschi à barra e numa recarga deficiente de Falcão (Petr Cech foi rapidíssimo a tapar a sua baliza).
Hoje, o FC Porto foi quase sempre uma equipa unida e organizada. O mérito dos ingleses acabou por contribuir mais para a derrota do que os defeitos do FC Porto. O Chelsea é de facto uma grande equipa. Além de ser muito difícil marcar golos aos ingleses (Ricardo Carvalho e John Terry formam uma dupla de centrais quase intransponível), também é complicado responder àquele jogo ao mesmo tempo agressivo e seguro da equipa de Ancelotti.
Impressionante a forma como a equipa do Chelsea consegue conciliar o seu grande poderio físico com uma seguríssima posse de bola. Nesse aspecto, os ingleses são, a par do Barcelona, a equipa mais forte da Europa. Para o FC Porto, fica o consolo de não vir a encontrar o Chelsea nos Oitavos-de-final.
O FC Porto até conseguiu anular as virtudes do seu adversário com um bom posicionamento em campo e com entreajuda entre todos os sectores, mas neste momento a equipa não tem pulmão para dividir um jogo com o Chelsea durante 90 minutos (e o jogo nem sequer teve um ritmo alto). Belluschi ainda manteve a ilusão...
Perante o resultado de hoje, a visita do FC Porto a Madrid deixa de ter efeitos no apuramento do primeiro classificado do grupo. No entanto, haverá sempre o estímulo de tentar rectificar aquele injusto 2-2 da época passada e, ao mesmo tempo, garantir mais 800 mil euros por uma possível vitória.
Agora, esperemos que o esforço físico que o FC Porto realizou não tenha efeitos no jogo do próximo Domingo, frente ao Rio Ave. Houve jogadores (Fernando, Raúl Meireles, Rodriguez, Falcão, Belluschi,...) que correram quilómetros e esta época o FC Porto tem sentido mais dificuldades em abordar as jornadas da Liga portuguesa que se seguem a jogos da 'Champions'.
Positivo (+):
- Belluschi, claro! (será que é desta que convenceu o Professor?);
- a forma organizada como o FC Porto abordou o jogo;
- as exibições de Rolando e Bruno Alves (não deve ser nada fácil defender Drogba e Anelka);
- o espírito de sacrifício de Fernando e Varela;
- o longo aplauso que o público do Dragão ofereceu a Deco;
Negativo (-):
- Sapunaru, que nunca conseguiu travar Malouda;
- os primeiros 20 minutos do FC Porto;
- a dificuldade da equipa em manter a posse da bola;
- a quebra física do FC Porto na segunda-parte;

«Curiosidades FCP» - "A flecha azul-e-branca"

Hoje, nas «Curiosidades FCP», voltamos a recordar um dos símbolos portistas das décadas de 60 e 70, Nóbrega. Este antigo extremo-esquerdo do FC Porto - que muito jeito daria a Jesualdo Ferreira nos dias de hoje - foi um dos jogadores que tiveram o privilégio (e o mérito!) de ver a sua biografia ser publicada na «Ídolos do Desporto», uma revista muito popular em Portugal durante os anos 50, 60 e 70.
Nesta edição da «Ídolos», que na altura custava a módica quantia de 3$ (três escudos!), o destaque foi todo para o antigo extremo-esquerdo do FC Porto e da Selecção nacional. "A flecha azul-e-branca", foi o título que a «Ídolos do Desporto» trouxe à capa. No interior, é dado pormenorizado destaque ao percurso profissional de Nóbrega: a estreia pelo FC Porto, em 1962/63, o golo que marcou ao Vit. Setúbal, na final da Taça de Portugal, em 1967/68 (vitória do FC Porto, por 2-1), a estreia pela Selecção nacional, em Novembro de 1964 (vitória sobre a Espanha, por 2-1), e outros momentos que marcaram a sua longa carreira.
A «Ídolos do Desporto» marcou uma geração no jornalismo desportivo português. Durante o período (entre 1956 e 1972) em que esteve disponível nas bancas, não abordou apenas temas relacionados com o desporto rei, pois houve sempre outras modalidades (o Hóquei em Patins, o Ciclismo, o Atletismo,...) a merecerem destaque desta histórica publicação desportiva. E além dos ídolos portugueses, também houve jogadores estrangeiros, como Pelé, Di Stefano, Puskas e Gento, entre outros, a verem a sua biografia reproduzida pela «Ídolos do Desporto».
Quanto a Nóbrega, manteve-se como jogador do FC Porto até ao final da época 1973/74 (representou o clube durante 12 (!) épocas consecutivas), numa altura em que a «Ídolos do Desporto» já não estava disponível nas bancas. O fantástico extremo-esquerdo do FC Porto acabou por ser um dos últimos jogadores da sua geração a deixar de vestir a camisola azul-e-branca (Nóbrega tinha 31 anos quando deixou as Antas).
Em cima, recuperámos uma foto de um «onze» do FC Porto, da época 1973/74, onde Nóbrega surge em primeiríssimo plano (é o primeiro, em baixo, a contar da direita).
Em cima (da esq. p/ dta): Rolando, Rodolfo, Guedes, Tibi, Ronaldo e Cubillas;
Em baixo (da esq. p/ dta): Abel, Oliveira, Celso, Béné e Nóbrega;

domingo, 22 de novembro de 2009

A incompetência venceu o profissionalismo!

Aquando da eliminatória do FC Porto frente ao Sertanense, tinhamos aqui referido que, mais do que escolher um possível adversário, nos interessava que o sorteio da próxima eliminatória nos reservasse novo jogo no Estádio do Dragão, precisamente para evitar que o FC Porto tivesse que jogar num estádio sem condições. Assim, foi com apreensão que recebemos a notícia da visita do FC Porto a Oliveira de Azeméis.
E não é que depois do sorteio nos ter colocado perante a possibilidade de jogarmos na "horta" da Oliveirense, e depois do FC Porto ter alertado atempadamente para a falta de condições do estádio, ainda tivemos que aturar a indiferença da Federação Portuguesa de Futebol (limitou-se a emitir um comunicado 24h antes do jogo!) e o provincianismo da Oliveirense e do seu presidente.
Completamente ridículo o discurso do Sr José Godinho quando diz "compreender" e "concordar" com a posição do FC Porto, relativamente às más condições do campo, e depois nada fazer para alterar o local da partida (como se o Estádio de Aveiro, a primeira alternativa colocada, fosse o único com melhores condições que o Estádio da Oliveirense!). Aliás, o Sr. José Godinho chegou ao cúmulo de dizer que retirou as cadeiras do estádio para garantir maior segurança. Inacreditável! Este senhor, só por ser portista, julga que tem legitimidade para colocar em causa os direitos do FC Porto. «Eu até sou portista», diz ele!
Assim, chegamos à conclusão que a Oliveirense e o seu presidente só queriam protagonismo. Fizeram-no à custa do FC Porto mas... conseguiram! Será que se promoveu o futebol ao permitir que o jogo pudesse ser disputado num relvado em péssimo estado e num estádio sem condições para receber uma qualquer equipa da primeira liga?
Sejamos realistas, a Oliveirense nem sequer se preocupou em realizar uma boa receita ou em proporcionar aos espectadores boas condições, a única motivação do clube foi a de tentar eliminar o «tetracampeão» a qualquer custo, nem que para isso fosse necessário jogar onde o gado pasta!
O mais ridículo é que os responsáveis da FPF e da própria Oliveirense resolveram colocar toda a responsabilidade em São Pedro. "Se não chover haverá condições minímas para o jogo se realizar", foi o que fomos ouvindo ao longo da semana. Ao que isto chegou! Um clube que já foi duas vezes campeão da Europa e tem um orçamento para o futebol superior a 80 milhões de euros vê-se obrigado a estar sujeito à meteorologia!
A Oliveirense tentou obter os seus 90 minutos de fama à custa da balbúrdia que, de quando em vez, vem ao de cima no futebol português. Agora, esperemos que o FC Porto tome uma posição perante os oportunistas que tudo fizeram para manter o jogo no Estádio Carlos Osório (se aquilo é um estádio, o campo de treinos do Olival é uma catedral!).
Quanto ao maior responsável pela organização da competição, a FPF, nem uma palavra se ouviu do seu presidente. Mais uma vez, o Dr Gilberto Madaíl preferiu "assobiar para o ar". O habitual quando é preciso tomar decisões e assumir responsabilidades!
Perante tudo isto, é fácil concluir que o maior prejudicado pelo adiamento do jogo foi, naturalmente, o FC Porto. Com um calendário apertadíssimo, é lamentável que a equipa portuguesa com mais prestígio e responsabilidade na Europa tenha que se sujeitar aos caprichos desta gente. Depois não se admirem que o FC Porto coloque a possibilidade de apresentar a equipa júnior ou, numa decisão mais drástica, não comparecer ao jogo.
Felizmente, daqui a 4 dias vem aí a 'Champions', o nosso 'habitat' natural!

«Curiosidades FCP» - O adeus de Sérgio Conceição

Hoje, o ‘Paixão pelo Porto’ presta homenagem a Sérgio Conceição, o último de uma geração de amigos e ex-jogadores do FC Porto (que incluía, entre outros, Vítor Baía, Jorge Costa, Fernando Couto, Folha e Domingos) a dar por terminada a carreira de jogador. Este ex-extremo-direito do FC Porto e da Selecção nacional foi um dos jogadores que ficou ligado ao único «pentacampeonato» da história do futebol português.
Sérgio Conceição representou 10 (!) clubes ao longo da sua carreira, no entanto, o FC Porto e a Lazio foram os únicos aos quais acabou por regressar. Penafiel, Leça, Felgueiras, Parma (Itália), Inter de Milão (Itália), Standard de Liége (Bélgica), Al Qadisiya (Emirados Árabes Unidos) e PAOK (Grécia) foram os outros clubes que o dedicado e corajoso ex-jogador do FC Porto representou.
Além de ter sido um excelente profissional, Sérgio Conceição também será para sempre recordado como um homem de perfil genuíno e autêntico. O estilo frontal e irreverente que sempre cultivou ficou bem demonstrado numa das últimas entrevistas que concedeu à imprensa portuguesa. Recordamos aqui essa entrevista (publicada no jornal “i”) e aproveitamos também para recuperar algumas fotos e curiosidades que marcaram a sua carreira.
- Faz hoje 11 anos que se estreou no estrangeiro. Qual a diferença de 1998 para 2009?
- Já foi há tanto tempo, mas não senti o tempo passar. Ou seja, sei que foram 11 anos e também sei que os aproveitei bem. Estive em grandes equipas. E a estreia ninguém esquece, não é? Foi pela Lazio, em Turim, e marquei o golo da vitória (2-1) sobre a Juventus aos 90'+3. Naquela altura, a Supertaça decidia-se no estádio da equipa campeã. A Juventus, nesse caso. Está a ver? Uma diferença de 1998 para 2009: este ano, a Supertaça italiana jogou-se fora de Itália, em Pequim.
- Foi o herói do jogo mas a imprensa italiana trocou o seu nome...
- É verdade! Entre Sérgio e Flávio Conceição, vai uma grande diferença. Eu sou português, ele brasileiro. Eu jogava em Itália, ele em Espanha (Deportivo). No dia seguinte, quando li isso, fiquei... Imagina? Mas demonstrei o meu valor aos italianos ao longo dos tempos. Na Lazio, fui campeão nacional, levantei a Taça das Taças. Joguei no Inter, o que por si só já é uma vitória, e também no Parma, que ficou em segundo lugar naquele ano (2000-01). Sou Sérgio e eles (jornalistas) já sabem disso, à conta de vitórias.
- Naquela altura, em 1998, trocou o Porto por Roma. Sentiu a diferença?
- Muito, muito, muito. Foi difícil. Não a adaptação à língua, à comida, ao país e aos costumes. Foi difícil sair do núcleo do FC Porto, onde tudo é uma família, que comia junta, pelo menos uma vez por semana.
Quando cheguei à Lazio, percebi logo que o ambiente era mais frio. Era cada um por si. Atenção que isto não é uma crítica. É normal em toda a parte do mundo - e já andei por muitos clubes (Lazio, Inter, Parma, Standard, Al Qadisiya e PAOK). A família do FC Porto é que é diferente, para melhor.
- Escolha onze jogadores com quem jogou no estrangeiro. Comecemos pela baliza.
- (sem hesitar) Buffon. Convivi com ele um só ano no Parma e deu para perceber a qualidade futebolística e humana. Comparo-o ao Baía. Sabe o que tinha o Buffon dentro do cacifo no Parma? Nem vai acreditar! Um poster dos adeptos do Carrarese, o clube da sua terra (Carrara). Ia ver os jogos deles nas folgas.
- Na defesa.
- Na direita, Zanetti, 'il capitano' do Inter. Que classe, dentro e fora do campo. No meio, Cannavaro e Nesta. Fui companheiro deles no Parma e na Lazio, respectivamente. A Itália concorda com esta dupla. Na esquerda, quem há-de ser? Quem há-de ser? Meta aí o Córdoba (central colombiano do Inter). É boa gente. Atenção: Thuram (Parma) é suplente.
- E os três do meio-campo?
- Outra pergunta difícil. Matías Almeyda, o argentino. Fomos juntos da Lazio para o Parma, em 2000. Depois, o Roberto Mancini, que jogou comigo na Lazio e até chegou a ser meu treinador, e o Verón, também da Lazio. Deste meio-campo, só o Almeyda é boa gente. Mancini era sensacional mas nunca gostei dele. Tinha cá umas manias... Ao Verón também ninguém lhe ensinava nada, mas não era boa onda. Um filósofo, bem-falante, mas nada bom companheiro. Desses três, dois não prestam para nada e só jantaria com o Almeyda. No banco, Seedorf e Pirlo (ambos Inter, hoje ambos Milan). - Falta o ataque.
- Escolho Vieri, Ronaldo Fenómeno e Boksic, que andava sempre lesionado mas quando jogava, vai lá vai. Tinha cá uma força. Deixo de fora, Adriano, Salas, Crespo...
- E quem treinaria esta equipa?
- Tive tantos bons. Cúper, responsável pela minha chegada ao Inter, Malesani, Sacchi. Escolho o Sacchi, que treinou o Parma, por tudo aquilo que representa para o futebol mundial, por tudo aquilo que ainda é para os italianos. É o Sacchi, definitivamente.
- E o Eriksson?
- Sim, pensei nele. É um 'gentleman'. Mas prefiro o Sacchi. Com Eriksson, joguei a época inteira e fui suplente na final da Taça das Taças. Sabe porquê? Porque ele gostava muito do Mancini e este andava quase de braço dado com o Mihajlovic, ao ponto de ter sido seu adjunto no Inter. Ora, o Mihajlovic era o melhor amigo do Stankovic, agora no Inter. Nessa final, adivinhe quem jogou? Stankovic, pois claro! Eu, banco! Eriksson é um 'gentleman' mas não alinho com pessoas que fazem panelinha com os outros. É igual ao Scolari.
- Então?
- Agora, não tenho tempo para isso.
- Para isso, o quê?
- Para o Scolari. Se lhe contasse coisas sobre ele, nunca mais saía daqui.
- Diga só uma, então.
- Só uma? Não posso! Não consigo! Como é que vou falar de um homem que chegou a Portugal, saiu daí sem ganhar nada e ainda é bem-visto? Dou valor é ao Queiroz, que ganhou dois títulos mundiais com os juniores. E também ao Humberto Coelho. Bolas, com ele, ganhávamos a dar espectáculo. Mas alguém duvida de que o Euro-00 foi o expoente máximo da geração de ouro? Alguém duvida? Não brinquem comigo!
- Com Scolari...
- Estive nove meses, mas a primeira reunião dos capitães - eu, Couto, Figo e Rui Costa - foi suficiente para o entender. Chamou-nos à parte e disse-nos que estava ali para treinar a Selecção e dar o salto para um grande europeu. Mas estamos a brincar ou quê? Mas que é isto? Um homem na Selecção, que deve ser um privilégio, o maior privilégio, e ele só pensava em sair para um grande da Europa. Mas brincamos ou quê? Falava em seriedade e disciplina. Aliás, afastou carismáticos, como Baía e João Pinto, com base na disciplina. Isso é tudo muito bonito, mas ele não aplicava a regra. Nos almoços da Selecção, a mesa dos jogadores é sempre maior que a dos treinadores, porque há mais jogadores que treinadores. Com o Scolari, não! A nossa tinha 18/20 pessoas. A dele era maior. Mas estamos a brincar? Mas estamos onde? Ele levava os amigos brasileiros, os amiguinhos da Nike. Sim, porque ele é patrocinado pela Nike e entre um jogador da Nike e um da Adidas, escolhia sempre o da Nike. Mas depois, lá vinha com a lengalenga da disciplina. Então mas eu, que nasci em Coimbra, em Portugal, deixo-me ficar? Numa situação destas, deixo de agir? Mas estamos onde, pá? Que é isto? Ele ganhou o quê? Foi a uma final em casa e perdeu-a (Euro-04). Mas há mais.
- Quem?
- O Dr. Merdaíl. Disse Merdaíl? Enganei-me. É Madaíl, Madaíl. Depois do fiasco do Mundial-02 (Portugal eliminado na fase de grupos por EUA e Coreia do Sul), escondeu-se atrás de uma carcaça, atrás de um campeão do mundo (o Brasil venceu esse Mundial-02, com Scolari a seleccionador). Isso é atirar areia para os olhos dos outros. Desculpe lá, mas apetece-me partir a loiça toda. Nasci aí, em Portugal, e não aceito que arruínem o nosso futebol.
«10 Curiosidades»:
- ganhou a Bota d’Ouro do campeonato belga, depois de ser considerado o melhor jogador da época 2004/2005;
- estreou-se na Selecção nacional em Novembro de 1996, num jogo em que Portugal ganhou (1-0) à Ucrânia;
- fez um «hat-trick» no jogo em que Portugal derrotou a Alemanha, no Euro 2000;
- em sua homenagem existe o Estádio Sérgio Conceição, em Taveiro, Coimbra;
- foi lançado pelo actual treinador do Benfica, Jorge Jesus, na estreia do Felgueiras na Primeira Divisão, em 1995;
- foi titular numa Lázio campeã de Itália, e onde despontavam nomes como Alessandro Nesta, Sensini, Fernando Couto, Simeone, Almeyda, Nedved, Stankovic, De la Peña, Mihajlovic, Boksic, Mancini, Vieri, Véron, Marcelo Salas ou Ravanelli...
- protagonizou um caso polémico de agressão a um árbitro, que lhe valeu uma punição de alguns meses quando representava o Standard de Liége;
- passou 11 anos da sua carreira a jogar no estrangeiro;
- no jogo de estreia pela Lazio, foi o grande responsável pela vitória sobre a Juventus, na Supertaça italiana, marcando o golo da vitória aos... 93 minutos!
- o seu treinador preferido é o italiano Arrigo Sacchi;
Em cima, recuperámos algumas fotos que ilustram alguns momentos do percurso de Sérgio Conceição enquanto jogador. Destaque para 3 fotos: onde surge com a Bota d'Ouro (melhor jogador do campeonato belga); ao lado de Michel Preud'homme, no dia da sua apresentação como jogador do Standard; e na última, a despedir-se dos adeptos do PAOK, com uma vénia!

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

À espera do FC Porto 2009/10

Fez na passada semana (dia 5 de Novembro) um ano que o FC Porto venceu (1-2) em Kiev, em jogo da 4ª jornada da Liga dos Campeões 2008/09, e afastou definitivamente os receios que colocavam em causa o percurso da equipa no início da época.
Um ano depois, o que mudou? Pouco, mas o suficiente para haver agora muito mais dúvidas sobre o valor da equipa do que havia há um ano atrás. Naquela altura, o futebol que o FC Porto praticava também não entusiasmava (a equipa vinha de 3 derrotas consecutivas!) e parecia não haver saída para a depressão que se seguiu às derrotas com Dinamo de Kiev, Leixões e Naval. A solução para regressar às vitórias passou por 3 jogadores: Lucho Gonzalez, Lisandro Lopez e... Pedro Emanuel (Raúl Meireles tinha razão quando dramatizou a sua saída)!
A cumplicidade entre os dois argentinos garantiu os golos, enquanto que a voz de comando do central português garantiu o equilíbrio defensivo (apesar de durante esse período Pedro Emanuel ter sido adaptado a defesa-esquerdo). Foi com esses alicerces que o FC Porto 2008/09 entrou numa dinâmica de vitória que só terminou no Jamor, na final da Taça de Portugal.
Este ano, Jesualdo Ferreira está convencido que esse "renascimento" voltará a acontecer e que «a equipa atingirá patamares superiores». No entanto, os pilares do FC Porto 2008/09 já cá não estão. Resta o inconformismo de Bruno Alves e... pouco mais!
Além disso, o tempo não corre a favor de Jesualdo Ferreira, pois a concorrência está mais forte do que na época passada, ou seja, a margem de erro é agora muito menor.
Neste momento, é no meio-campo que residem os maiores problemas do FC Porto 2009/10. Para essa zona do campo, a falta de soluções (e de qualidade!) é gritante. Freddy Guarín, Mariano Gonzalez e Tomás Costa (custaram mais de 3 milhões de euros cada um!) não têm capacidade para fazer esquecer um jogador como Lucho Gonzalez. Ainda assim, é um pouco incompreensível que, no seu conjunto, a equipa (e o treinador!) não consiga camuflar a saída de 'El Comandante'.
Actualmente, Belluschi (em baixo, na foto, ao serviço do Olympiakos) é o único que pode retirar o meio-campo do FC Porto da vulgaridade. Mesmo sendo um jogador fisicamente frágil (os barcelonistas Messi, Xavi e Iniesta também são!) e que é "obrigado" a desgastar-se em tarefas defensivas, o médio argentino pode ser muito útil se jogar no seu 'habitat' natural, naquela zona próxima da área adversária onde melhor pode aplicar o seu remate fácil e precisão de passe.
Curiosamente, foi com o ex-jogador do Olympiakos em campo que o FC Porto realizou as melhores exibições da época até ao momento (vitórias sobre Nacional, Leixões, Sporting, At. Madrid e Olhanense). Sendo assim, para quê insistir nos "pesos-pesados" Freddy Guarín e Mariano Gonzalez?
Mesmo sabendo que o FC Porto não tem o hábito de recorrer ao mercado de Inverno para resolver problemas imediatos, essa solução começa a ganhar cada vez mais consistência (fala-se de Quaresma, para nós um "remendo" caro e com caprichos difíceis de tolerar!).
A titularidade de Belluschi (Valeri, em défice físico, ainda não conta) não vai resolver todos os problemas da equipa, pois o argentino não pode substituir de uma assentada 4 jogadores: três que garantiam qualidade superior (Lucho Gonzalez, Lisandro Lopez e Cissokho) e um que garantia o carisma e o equilíbrio no balneário (Pedro Emanuel).
Há uma responsabilidade a assumir - e não apenas da parte do Professor - de quem é «tetracampeão» e realiza boas campanhas na 'Champions'. Neste momento, é fácil concluir que o FC Porto não se reforçou à medida das suas ambições e prestígio.

«Curiosidades FCP» - A estreia da dupla Futre-Gomes no 'México 86'

Aproveitando a presença de Portugal no «play-off» de acesso ao próximo Campeonato do Mundo, recordamos hoje a estreia da dupla Futre-Gomes no «onze» inicial da Selecção portuguesa que disputou a fase final do Mundial 'México 86'.
O seleccionador nacional de então, José Torres, começou por utilizar apenas Fernando Gomes na frente de ataque de Portugal, com o Bi-Bota d'Ouro a ter o apoio de 5 (!) médios: André, Sousa, Carlos Manuel, Diamantino e Jaime Pacheco. Curiosamente, e apesar de terem sido ambos utilizados logo no jogo de estreia na competição, frente à Inglaterra (de Bobby Robson), Futre e Gomes não se cruzaram no relvado do Estádio Tecnológico (Monterrey), pois o antigo nº 9 do FC Porto cedeu o seu lugar precisamente a Paulo Futre, aos 73 minutos de jogo, um pouco antes de Carlos Manuel apontar o único golo dessa partida (vitória de Portugal, por 1-0).
No segundo jogo, Futre e Gomes voltaram a não ter oportunidade de jogar em simultâneo, pois Torres optou por fazer exactamente a mesma substituição que tinha efectuado no jogo frente à Inglaterra. A única diferença é que a troca entre Gomes e Futre se deu logo ao intervalo.
Gomes ficou no balneário e Futre ficou sozinho na frente de ataque portuguesa. Nessa ocasião, a troca acabou por não resultar, pois a Polónia (de Mlynarczyk) venceu essa partida (1-0, golo de Smolarek, aos 68 minutos), que marcou a primeira derrota de Portugal na prova.
A estreia no «onze» da fantástica dupla do FC Porto ocorreu no último jogo de Portugal na competição, frente à Selecção de Marrocos. Nesse jogo, disputado em Guadalajara, a mais de 1600 metros acima do nível do mar, o seleccionador nacional optou por retirar do «onze» um centro-campista (Diamantino) e colocar Paulo Futre ao lado de Fernando Gomes.
Apesar de um empate ser suficiente para garantir a qualificação das duas selecções para os Oitavos-de-final, Portugal deixaria fugir a possibilidade de avançar para a fase seguinte ao ser derrotada (1-3) frente à frágil selecção marroquina.
Lamentavelmente, as derrotas portuguesas na prova não tiveram apenas como causa os maus desempenhos em campo, pois o célebre 'caso Saltillo' (uma rebelião, seguida de ameaça de greve, que marcou a estadia dos jogadores portugueses na cidade mexicana de Saltillo) terá condicionado toda a preparação da equipa para o jogo decisivo frente a Marrocos.
Além de terem ameaçado fazer greve se os prémios de jogo não fossem aumentados, os jogadores portugueses também se queixaram de serem obrigados a fazer publicidade para empresas (a Adidas e a cerveja Cristal, entre outras) que tinham contratos com a Federação e não receberem qualquer remuneração adicional em troca.
Apesar da polémica, todos os jogadores portugueses mantiveram o propósito de participar nos 3 jogos da 1ª fase. Contudo, a dupla Futre-Gomes só seria utilizada no «onze» inicial de Portugal no jogo que marcou o adeus da Selecção ao Mundial.
Segundo relatos da época, José Torres pretendia que Futre assumisse o papel de «arma secreta», ou seja, o seleccionador deixou logo bem claro que a dupla do FC Porto não teria muitas oportunidades de repetir no México as exibições que encantavam os adeptos portistas na liga portuguesa e na Europa. Mais tarde, veio-se a saber que a dupla Futre-Gomes não jogava junta para se obter um equilíbrio entre os jogadores dos 'três grandes' e evitar conflitos no balneário.
De facto, é um pouco inexplicável que Futre e Gomes não tenham sido utilizados mais cedo no «onze» da Selecção. A dupla do FC Porto coleccionava golos na liga portuguesa e havia sido fundamental nos dois títulos (1984/85 e 1985/86) que o FC Porto conquistara durante a fase de qualificação para o 'México 86'.
Depois do regresso a Portugal, José Torres acabou por se demitir e ser substituído por Rui Seabra, enquanto que a maior parte dos jogadores que ameaçaram fazer greve foram excluídos dos jogos seguintes da Selecção, incluindo os jogos de apuramento para o Campeonato da Europa de 1988.
Felizmente, a dupla Futre-Gomes ainda teve oportunidade de realizar mais uma época ao serviço do FC Porto. A extraordinária cumplicidade entre os dois jogadores foi fundamental na caminhada que levou o FC Porto à final da Taça dos Clubes Campeões Europeus, em Viena.
Em cima, recuperámos duas fotos onde surgem Fernando Gomes e Paulo Futre em acção nos jogos frente a, respectivamente, Inglaterra e Marrocos.
Em baixo, recuperámos o «onze» que defrontou a selecção marroquina no último jogo de Portugal no 'México 86'.
Em cima (da esq. p/ dta): Frederico, Jaime Magalhães, Oliveira, Álvaro e Vítor Damas;
Em baixo (da esq. p/ dta): Inácio, Jaime Pacheco, Sousa, Fernando Gomes, Paulo Futre e Carlos Manuel;

domingo, 8 de novembro de 2009

O Rei vai nu!

Pela primeira vez nesta época estive tentado a mudar de canal durante uma transmissão televisiva de um jogo do FC Porto. Motivo: a equipa não conseguia construir uma jogada com princípio, meio e fim. Foi só biqueirada prá frente!
«A onda está a crescer» e «a equipa vai atingir patamares superiores», foram estas as principais frases a reter do discurso de Jesualdo Ferreira nas últimas conferências de imprensa que antecederam os jogos do FC Porto. Percebe-se que o Professor queira motivar e contagiar os jogadores com este tipo de discurso. No entanto, a equipa neste momento parece precisar mais de treinar e ganhar automatismos do que ouvir um discurso optimista do seu treinador. Ou seja, talvez Jesualdo Ferreira se deva antes concentrar naquela que é a sua grande aptidão e virtude, o treino diário! E mesmo assim isso pode não ser suficiente, pois como se viu hoje, até uma equipa do meio da tabela, como o Marítimo, tem um meio-campo mais criativo que o do FC Porto.
E adivinhem a quem recorreu hoje o Professor para tentar mudar o rumo dos acontecimentos? A Mariano Gonzalez! O FC Porto tinha apenas 45 minutos para alterar um resultado que lhe era desfavorável e recorreu a um jogador com fisionomia de guarda-redes de Andebol. Está tudo doido!
Tal como tinhamos referido após o jogo frente ao APOEL, a vitória do FC Porto a meio da semana ficou mais a dever-se às fragilidades do seu adversário do que a uma suposta evolução no jogo da equipa. Aliás, a derrota (0-3) do Belenenses nesta jornada da Liga prova que a exibição e o resultado (1-1) da semana passada no Dragão se ficou totalmente a dever ao futebol cheio de equívocos do FC Porto. E quando se pensava que esse jogo tinha marcado a pior exibição da época, eis que a equipa nos brinda com um jogo a roçar a mediocridade. Agora sim, Lucho Gonzalez está mesmo a deixar saudades. E pensar que 'El Comandante' foi vendido por apenas 18 milhões de euros! O 'Paixão pelo Porto' não exagerou quando dramatizou a sua saída. Mas mais grave do que isso é o facto do FC Porto não ter encontrado um substituto que possa assegurar a posse de bola a meio-campo (mas continuamos a julgar que Belluschi tem esse perfil).
Neste momento, o lugar (3º) que a equipa ocupa na tabela classificativa começa a ser lisonjeiro tendo em conta o (mau) futebol que tem apresentado. O FC Porto joga feio!
A verdade é que começam a ser demasiados pontos desperdiçados para quem quer discutir o título com um Benfica cheio de entusiasmo e um Sp. Braga super-consistente.
Este FC Porto só melhora o seu jogo se for ao mercado de Inverno contratar um ou dois jogadores que se sintam à vontade na posse da bola. Com um meio-campo cheio de "operários" e com pontapé prá frente não vamos lá!
Positivo:
- o inconformismo de Bruno Alves;
Negativo:
- Jesualdo Ferreira (aquela inovação táctica de colocar, em simultâneo, Falcão e Farías dentro da área é a melhor solução que o Professor tem para oferecer?);
- a postura do FC Porto durante a primeira-parte;
- Sapunaru (nunca teve a ajuda de Guarín!), pelos inúmeros cruzamentos que permitiu aos seus adversários;
- Hulk, por insistir em não querer aprender os 'timings' de prender/largar a bola;
- Rodriguez e Guarín, por recorrerem demasiado à força e ao individualismo quando o jogo pedia lucidez e clarividência;

«Curiosidades FCP» - A estreia de Cubillas no 'Argentina 78'

O 'Paixão pelo Porto' vai continuar a recordar determinados momentos da carreira de alguns jogadores que representaram o FC Porto. Hoje, recuamos à estreia de Teófilo Cubillas no Campeonato do Mundo de 1978, disputado na Argentina. Apesar de nessa altura o perúano já não representar o FC Porto (Cubillas deixou as Antas dois anos antes, precisamente numa altura em que a sua selecção iniciou a disputa das eliminatórias sul-americanas de acesso à competição), a sua passagem pelo clube foi tão marcante que manteve os adeptos do FC Porto atentos à sua carreira.
Com a ajuda de uma crónica de um jornalista perúano, vamos recordar o jogo de estreia de Cubillas naquela competição. O Perú defrontou a favorita selecção escocesa (de Kenny Dalglish!) logo na 1ª jornada da prova. Aqui ficam alguns excertos do texto do cronista perúano que assistiu a essa partida:
«Estábamos concientes que algo muy importante se estaba desarrollando en la Argentina, Perú volvía a participar en un Mundial de fútbol después de ocho largos años, en un partido contra Escocia televisado para todo el mundo. Debo ser sincero: fui al estadio de Córdoba totalmente convencido de que Escocia le ganaría a Perú.»
«...Paulatinamente se fue parando Kenny Dalglish en su rotación por el frente del ataque y Teófilo Cubillas comenzó a tomar confianza, haciendo un juego más corto en base a paredes con Cueto y La Rosa.»
«...Todo el mundo vio y se dio cuenta que Teófilo Cubillas era el hombre de más peso en el equipo peruano. No entiendo cómo el señor Mac Leod no hizo algo por anularlo.»
«...La solvencia de Quiroga, el talento de Cubillas, la inteligencia de Cueto, la frialdad de todo el equipo. Perú asombraba al mundo futbolístico otra vez, como ya lo había hecho en México 70.»
«...Y dejo para lo último al mejor jugador del campo: Teófilo Cubillas. Hizo todo. Desde generar fútbol hasta concretarlo en gol. Podría escribir muchas líneas sobre él y su actuación. Pero creo que hay una frase que lo define mejor: volvió a ser el Cubillas del 'Mundial 70', un jugador de toda la cancha que hasta ahora cumplió la mejor actuación que he visto en este Mundial.»
«...Teófilo Cubillas es su nombre. 29 años. Del Alianza Lima. Y lleva en su espalda el número que desde siempre ha venido identificando a los grandes: el 10. Entero, fuerte, sereno, imaginativo,...»
«...Y el hamaque, la finta, la pisada, el toque, la viveza para estar paradito alli donde no hay nadie, la firmeza para aguantar el choque. Todo. Hasta el remate maravilhoso del segundo gol. Hasta el derechazo impecable, sorprendente, poco menos increible del tiro libre que se convirtió en el tercero. Es peruano. Es latinoamericano. Pero es del mundo porque juega al fútbol. Teófilo Cubillas es su nombre.»
Depois de vencer (3-1) a Escócia, a Selecção do Perú empatou (0-0) com a Holanda e venceu (4-1) o acessível Irão, terminando a 1ª fase da competição no primeiro lugar do Grupo 4. No entanto, a aventura perúana terminaria logo na fase seguinte, pois o Perú seria sorteado no mesmo grupo das super-favoritas selecções do Brasil e da Argentina. Como consolação, os perúanos viram Teófilo Cubillas sagrar-se um dos melhores marcadores da prova, com 5 golos (o ex-nº 10 do FC Porto só foi superado pelo argentino Mario Kempes, que apontou 6 golos na competição).
Em cima, nas fotos, recuperámos alguns momentos da estreia de Cubillas nesse Mundial. A 1ª foto capta o preciso momento em que o ex-nº 10 do Perú ultrapassa o guarda-redes Alan Rough e empurra a bola para a baliza escocesa, concretizando o segundo golo do Perú nessa partida («La pose dominante de Teófilo Cubillas con el arquero Rough en el suelo. Sus dos golazos le dieron una victoria resonante al Perú»);
Na 2ª foto, o perúano surge abraçado aos seus companheiros após o magnífico livre directo que marcou e do qual resultou o terceiro golo do Perú nessa partida; E na última foto, vemos o histórico ex-jogador do FC Porto a trocar de camisola com o mítico Kenny Dalglish, no final do jogo.
Aqui ficam os «onzes» e os marcadores dessa partida:
Estádio Olímpico de Córdoba (37 927 espectadores), 3 de Junho de 1978
Árbitro: Ulf Eriksson (Suécia)
Perú: Ramon Quiroga, Jaime Duarte, Rodolfo Manzo, Hector Chumpitaz, Toribio Diaz, Jose Velasquez, Cesar Cueto (Percy Rojas aos 82'), Juan Munantem, Teofilo Cubillas, Juan Oblitas e Guillermo La Rosa (Hugo Sotil aos 62');
Escócia: Alan Rough, Martin Buchan, Stuart Kennedy, Thomas Forsyth, Kenneth Burns, Bruce Rioch (Archie Gemmill aos 70'), Don Masson (Lou Macari aos 70'), Asa Hartford, Kenny Dalglish, Joe Jordan e William Johnston;
Golos: Joe Jordan aos 14', Cesar Cueto aos 43', Teófilo Cubillas aos 72' e aos 77';

terça-feira, 3 de novembro de 2009

O regresso da ave de rapina!

São 4 épocas de Jesualdo no Dragão e 4 qualificações consecutivas do FC Porto para os Oitavos-de-final da Liga dos Campeões. E desta vez, foi logo à 4ª jornada. Nada mau!
A jornada de hoje da 'Champions' acabou por ser bem generosa para o FC Porto. Além de não ter realizado uma grande exibição (o resultado foi bem melhor!), o FC Porto ainda viu o At. Madrid empatar com o Chelsea (o efeito Quique Flores ainda não é suficiente para derrotar os londrinos), ou seja, esse resultado garante-lhe a qualificação para a próxima fase e, ao mesmo tempo, deixa-lhe margem para discutir o primeiro lugar do grupo com o Chelsea.
Hoje, a exibição do FC Porto não foi muito diferente das dos últimos jogos. Houve um pouco mais de entrega e alegria, mas isso terá ficado mais a dever-se às características da competição e ao perfil do adversário do que às alterações que Jesualdo promoveu no «onze». A máquina continua pouco oleada! O que não deixa de ser irónico é que, mesmo assim, o FC Porto já está qualificado para os Oitavos da 'Champions' e mantém o objectivo do 'Penta' bem ao seu alcance, ou seja, continua a haver margem para melhorar.
Quanto ao APOEL, apesar de ser uma equipa demasiado previsível para competir numa prova como a 'Champions', mostrou que é uma formação organizada e unida. No jogo de hoje, só não criaram mais dificuldades ao FC Porto porque os níveis físicos da equipa não o permitiram. O APOEL só durou 60 minutos!
Agora, o FC Porto pode colocar todas as energias na discussão da Liga portuguesa e enfrentar o Chelsea sem qualquer pressão adicional.
É curioso que, durante o 'reinado' de Jesualdo Ferreira, o FC Porto tem discutido sempre a liderança do grupo com equipas inglesas. Na época passada e em 2006/07 discutiu o primeiro lugar do grupo com o Arsenal, enquanto que em 2007/08 o adversário foi o Liverpool. E a verdade é que o FC Porto não se tem dado nada mal com essa discussão, pois foi duas vezes primeiro classificado do grupo e apenas uma vez segundo (em igualdade pontual com o Arsenal). Desta vez, será o Chelsea a pôr à prova o (bom) hábito dos «tetracampeões».
Mas também haverá outros motivos de interesse na visita dos londrinos à Invicta, pois além de possibilitar o reencontro com 5 (!) jogadores (Hilário, Ricardo Carvalho, Paulo Ferreira, Bosingwa e Deco) que já representaram o FC Porto, esse jogo também vai marcar o regresso de Deco ao Dragão com a camisola de outro clube vestida (estamos certos que o público lhe vai dispensar uma grande ovação!). Por tudo isso, venha daí o Chelsea!
Positivo (+):
- o espírito de sacrifício de Raúl Meireles;
- a lucidez e serenidade de Sapunaru a defender;
- a confiança e forma física de Guarín;
- Falcão, não só pelo golo mas também pela contagiante entrega ao jogo;
- a forma autoritária como Bruno Alves e Rolando defenderam;
- a entrada de Tomás Costa;
Negativo (-):
- a falta de eficácia de Hulk na finalização;
- as dificuldades do meio-campo do FC Porto em servir os avançados;

«Curiosidades FCP» - O FC Porto de Fernando Riera

Hoje, nas «Curiosidades FCP», vamos recuar a uma das épocas do longo jejum de 19 anos que o FC Porto atravessou sem vencer o campeonato nacional. Recordamos a época 1972/73, que ficou marcada por nova tentativa de, através de mais um treinador conceituado, devolver o FC Porto aos títulos.
Nessa época, o escolhido da direcção já liderada por Américo de Sá foi o chileno Fernando Riera (em cima, na foto). Este carismático técnico sul-americano chegou ao FC Porto depois de já ter orientado outros dois clubes portugueses, o Belenenses e o Benfica (levou o nosso maior rival a uma final da Taça dos Clubes Campeões Europeus, em 1962/63).
No FC Porto, a «travessia do deserto» já se prolongava por 13 anos (desde o título com Béla Guttmann, em 1958/59) e as experiências com técnicos conceituados sucediam-se sem qualquer sucesso. Otto Glória, Flávio Costa, Elek Schwartz e Tommy Docherty, entre outros, foram alguns dos treinadores que entretanto tinham passado pelo clube sem conseguirem o tão desejado título nacional. Assim, as esperanças dos adeptos portistas viraram-se para o homem que orientava o Boca Juniors (Argentina).
Riera havia sido o primeiro futebolista chileno a jogar na Europa (Stade de Reims e FC Rouen) e a sua experiência como técnico era uma garantia para os responsáveis do FC Porto, que estavam dispostos a oferecer cerca de 1000 contos por ano ao chileno para orientar a equipa.
No entanto, para reconquistar o título, ao FC Porto não bastava contratar um técnico conceituado, pois necessitaria também de superar o Benfica, de Humberto Coelho, Toni, Simões, Nené, Artur Jorge e Eusébio, entre outros.
Para responder a esse fortíssimo plantel encarnado, o FC Porto também teve necessidade de ir ao mercado. Flávio (em cima, na foto) tinha chegado ao clube na época anterior e, nessa altura, era uma das estrelas da Selecção do Brasil. O avançado brasileiro havia sido contratado ao Fluminense, por 2375 contos, um valor altíssimo para a época, mesmo para os mais abastados clubes europeus. Ainda assim, a sua influência foi notória, sagrando-se o melhor marcador do FC Porto no campeonato, com 21 golos, e formando com Abel (em baixo, na foto) uma das melhores duplas de ataque do FC Porto durante toda a década de 70.
A época do FC Porto começaria de forma auspiciosa com uma surpreendente dupla vitória sobre o Barcelona, em Setembro, na 1ª eliminatória da Taça UEFA. Na 1ª mão, o FC Porto superiorizou-se aos catalães com uma vitória por 3-1 (2 golos de Abel e 1 golo de Flávio), enquanto que no segundo jogo, o 'Barça' seria surpreendido no 'Camp Nou' com nova vitória do FC Porto, desta vez por 1-0 (golo de Abel).
No entanto, tudo mudou quando o FC Porto visitou a Luz, a 5 de Novembro de 1972. Depois de estar a vencer por 0-2, o FC Porto permitiria que o seu maior rival desse a volta ao marcador e vencesse por 3-2! No final, Fernando Riera não continha a insatisfação com o trabalho do juiz da partida: «só fomos derrotados pelas incongruências do árbitro!».
Depois disso, o FC Porto nunca mais se encontrou, acabando por perder preciosos pontos que o Benfica, de Jimmy Hagan, tratou de aproveitar. Ainda assim, ficou a consolação do FC Porto ter sido a primeira equipa a obrigar o Benfica a perder pontos na prova. Foi na 24ª jornada, quando os benfiquistas visitaram as Antas e não foram além de um empate (2-2).
Depois do descalabro no campeonato (o FC Porto terminaria a prova no 4º lugar, atrás de Benfica, Belenenses e Vit. Setúbal), seguiu-se a eliminação das provas europeias. Apesar de ter eliminado o Barcelona e o Brugge, nas duas primeiras eliminatórias da Taça UEFA, o FC Porto deixaria a competição nos Oitavos-de-final, com uma dupla derrota frente ao Dynamo de Dresden, da ex-RDA.
Consumada a eliminação das provas europeias e o afastamento precoce da luta pelo título, para o 'FC Porto de Fernando Riera' sobrava apenas a Taça de Portugal, que terminaria em Maio, com uma embaraçosa eliminação nos Quartos-de-final da prova, frente ao Farense (1-0).
No final da época, acabou por haver muito pouco que o FC Porto pudesse recordar. De consolação, sobrou apenas a fantástica cumplicidade que a dupla Flávio-Abel conseguiu atingir. No campeonato, estes dois avançados foram responsáveis por 38 dos 56 golos que o FC Porto apontou na prova (Flávio marcou 21 golos e Abel apontou 17).
Uma curiosidade: Abel e Flávio foram responsáveis por todos os golos que o FC Porto marcou naquela edição de 1972/73 da Taça UEFA. Abel marcou 3 golos ao Barcelona, 3 golos ao Brugge e 1 golo ao Dynamo de Dresden, enquanto que o seu colega de sector marcou por uma vez ao Barcelona e por duas vezes ao Brugge. No total, a dupla de ataque do FC Porto apontou 10 golos naquela edição da prova. Notável!
Apesar da época do FC Porto ter sido sofrível, também foi nesse ano que o clube começou a ver o talento de Pavão reconhecido no estrangeiro. Algo surpreendentemente, o Manchester United colocou o centro-campista do FC Porto na lista de futebolistas que eram hipóteses para substituir o carismático Bobby Charlton (julgo que nos dias de hoje, o perfil de Pavão seria certamente muito apreciado pelo actual técnico do United, Sir Alex Ferguson).
Quanto a Fernando Riera, deixaria o FC Porto no final dessa época para representar o Deportivo da Corunha. Bela Guttmann, o responsável pelo último título, foi o escolhido para substituir o chileno.
Em cima, na foto, recuperámos um dos «onzes» que Fernando Riera utilizou naquela época.
Em cima (da esq. p/ dta): Guedes, Pavão, Valdemar, Rolando, Gualter e Rui;
Em baixo (da esq. p/ dta): Celso, Abel, Flávio, António Oliveira e Malagueta;