
No final da época passada houve um desabafo de Jesualdo Ferreira que nos deixou intrigados e que não terá sido apenas um ‘mea culpa’ na época menos conseguida do FC Porto. «Este ano não fomos tão competentes», confessou o ex-treinador do FC Porto ao fazer um balanço da época 2009/10. Nesse desabafo, pareceu estar implícito apenas um parcial assumir de responsabilidades. Julgamos que, entre outras coisas, se estaria a referir à constituição do plantel, pois Jesualdo Ferreira pareceu sempre condicionado quando lhe pediam para abordar o tema das contratações e das dispensas. Ou seja, ficou sempre implícito que o ex-treinador do FC Porto nunca foi o maior responsável pelas contratações que a SAD realizou. Isso deu-lhe a cobertura de Pinto da Costa nos períodos mais difícieis, mas também o fragilizou na altura de assumir as suas preferências (estamos a recordar-nos de uma entrevista de Pinto da Costa que, no final da época, deixou um “recado” a Jesualdo quando confessou que Prediger, um jogador proposto pela SAD, teve poucas oportunidades). Nesse sentido, seria interessante ver André Villas-Boas assumir o risco por todas as escolhas do plantel 2010/11.

Só reforçando os poderes do treinador poderemos ter um FC Porto com total harmonia entre jogadores, técnicos e dirigentes.
Uma nota importante: Villas-Boas conhece a história e a cultura do clube. Assim, a SAD do FC Porto não corre o risco de ter de satisfazer alguns caprichos ao dar demasiados poderes ao treinador para escolher os reforços. No passado, já houve experiências com outros técnicos (estamos, por exemplo, a recordar-nos de Luigi Del Neri, que queria reforçar o plantel com jogadores italianos) que exigiram jogadores de perfil e nacionalidades que pouco têm a ver com o ADN e a história recente do FC Porto. Villas-Boas não cometerá esse erro! A chegada de Souza (em cima, na foto) parece pressupor que o FC Porto vai finalmente deixar de adquirir jogadores no sempre imprevisível campeonato argentino e vai voltar a privilegiar o mercado português e brasileiro (e também seria interessante voltarmos ao mercado de Leste, que nos trouxe boas surpresas nos anos 90).
No entanto, Villas-Boas tem que começar primeiro por abdicar de alguns “caprichos argentinos” que a SAD do FC Porto nos impingiu nas últimas épocas. Se vamos privilegiar a “posse e a criatividade”, podemos começar por emagrecer a ‘armada argentina’ (Diego Valeri, Tomás Costa, Sebastian Prediger, Mariano Gonzalez,…).