sábado, 29 de agosto de 2009

Foi melhor o resultado!

Depois da boa exibição e da alegria colocada em campo no jogo com o Nacional, as expectativas para o 3º jogo do FC Porto na Liga passavam não só pela vitória mas também pelo bom futebol.
No jogo frente aos madeirenses, houve exibições (Álvaro Pereira, Belluschi, Falcão,...) que nos deixaram com "água na boca" e sem compromisso europeu a meio da semana, era previsível que o FC Porto se voltasse a apresentar forte frente à Naval. No entanto, exigia-se uma exibição mais segura, especialmente durante a primeira parte.
Hoje, depois de ter entrado forte no jogo e de se ter colocado muito cedo em vantagem, o FC Porto permitiu que a Naval ficasse com demasiada posse de bola até se atingir o intervalo. Foram 30 minutos em que o FC Porto foi pouco prudente, o que lhe podia ter custado o golo do empate, que só não surgiu porque Bruno Alves e Rolando se mostraram sempre muito concentrados perante os demasiados cruzamentos que Fucile e Álvaro Pereira consentiram durante essa fase do jogo (e também perante uma ou outra desconcentração de Helton).
A verdade é que os dois laterais do FC Porto também não tiveram muita ajuda dos homens do meio-campo e dos extremos, o que lhes valeu terem de enfrentar muitas vezes os adversários em desvantagem numérica.
Na segunda-parte, o FC Porto fez algumas correcções que lhe permitiram ficar um pouco mais consistente defensivamente. No entanto, o segundo golo foi mais consequência do espaço que começou a surgir nas costas dos defesas da Naval do que dos méritos do FC Porto a nível defensivo. Nesse aspecto, a exibição frente ao Nacional pareceu-nos mais bem conseguida.
Além disso, logo depois da Naval reduzir para 1-2, o FC Porto "matou" o jogo com o terceiro golo. Ou seja, a Naval, mesmo fazendo uma exibição agradável, acabou por nunca conseguir discutir o resultado. Aqui, muito por mérito daqueles pressupostos que faziam do FC Porto 2008/09 uma equipa temível: rápida circulação de bola e agressividade no ataque.
Individualmente, merecem destaque as exibições de Bruno Alves (neste momento, o 'capitão' é o protótipo do «jogador à FC Porto»), Varela (joga com alegria e entreajuda) e Falcão (além do faro pelo golo, tem um óptimo sentido colectivo).
Com o regresso de Hulk, esperemos que Jesualdo não cometa a injustiça de relegar para o banco de suplentes o motivadíssimo Varela. Seria interessante ver como funciona uma frente de ataque constituída por Hulk, Varela e Falcão (e ainda há Cristian Rodriguez...). Mas como Mariano Gonzalez mantém aquela aura de "jogador-fetiche" do Professor...
Agora, a Liga vai parar 2 semanas para os jogos da Selecção. Depois, começam os ciclos de jogos que os jogadores gostam de enfrentar e que motivam clubes como o FC Porto. No regresso, começamos por receber o Leixões. Seguem-se o Chelsea (fora), o Braga (fora), o Sporting (casa) e o At. Madrid (casa). Estimulante!

«Curiosidades FCP» - A desavença entre Pinto da Costa e Américo de Sá

Hoje, nas «Curiosidades FCP», recuamos a um dos momentos mais marcantes da história do FC Porto: a desavença entre Américo de Sá (em cima, na foto) e Pinto da Costa, que deu origem à saída do segundo do cargo de Chefe do Departamento de Futebol, isto por alturas da segunda passagem de Pedroto pelo clube, como treinador.
Estávamos no início da década de 80 e o bi-campeonato (1977/78 e 1978/79) conquistado pelo FC Porto provocou algum incómodo e apreensão nos clubes de Lisboa, sobretudo por terem sido colocados em causa alguns interesses que, nessa altura, favoreciam os clubes da capital.
O FC Porto há muito que deixara de ser visto apenas como um clube simpático e a dupla Pedroto/Pinto da Costa tinha consciência que só seria possível continuar a vencer se as denúncias contra os 'lobbies' de Lisboa se intenssificassem. Contudo, o Presidente do FC Porto, Américo de Sá, não aprovava esse espírito conflituoso da dupla que mudou o rumo do futebol português.
A ruptura entre o Presidente e o Chefe do Departamento de Futebol teve início quando o FC Porto se deslocou ao Jamor para disputar a final da Taça de Portugal 1979/80 (vitória do Benfica, sobre o FC Porto, por 1-0).
Esse jogo ficou marcado por vários incidentes, não só nas bancadas mas também junto da comitiva do FC Porto, o que levou Pinto da Costa a desabafar: «A falta de cobertura do Presidente à minha luta contra as forças da capital, o vir a saber que, enquanto cercados por uma multidão enfurecida, na Tribuna de Honra do Estádio Nacional, Américo de Sá confraternizava, entre outros, com o Dr Martins Canaverde, influente deputado do CDS e dirigente histórico do Benfica, leva-me a pensar que não valerá a pena continuar, quase sozinho, a luta contra os interesses do centralismo».
É também por esta altura que surgem as primeiras referências ao dragão presente no emblema do FC Porto. Em entrevista à RTP, Pinto da Costa afirma que «o dragão era símbolo de uma cidade adormecida, mas que poderia a qualquer momento levantar-se em defesa do seu clube».
O discurso de Pinto da Costa leva Américo de Sá a alertar o homem responsável pelo Departamento de Futebol para não fazer mais referências ao Dragão, pois isso «poderia representar um espírito muito guerreiro».
É também devido a essa postura algo submissa do Presidente que Pinto da Costa perde a vontade de continuar a "guerra", acabando por deixar o Departamento de Futebol. O actual Presidente da SAD do FC Porto comunicou a Américo de Sá que não estaria disponível para continuar como Director num novo mandato, sugerindo, ao mesmo tempo, um nome para lhe suceder: Luís Telles Roxo (Director do Andebol).
Quem não se conformou com a renúncia de Pinto da Costa foi a equipa técnica de Pedroto, que atacou violentamente o Presidente. A relação entre Américo de Sá e Pedroto tornou-se tão tensa que acabou por desunir a própria equipa, levando alguns jogadores a ficar ao lado do Presidente e outros (a grande maioria) a acompanhar o seu treinador.
Esse "braço de ferro", entre jogadores/equipa técnica e o Presidente, deu origem ao célebre «Verão Quente», de 1980.

A «foto do dia» - Um postal de Stamford Bridge

Com o FC Porto a defrontar o Chelsea na estreia da 'Champions' 2009/10, aproveitamos para recuperar um postal alusivo ao primeiro jogo europeu entre os dois clubes.
O postal (em cima) foi uma forma da 'London's Postal Service' homenagear o Chelsea pela primeira vitória obtida em Stamford Bridge na fase de grupos da Liga dos Campeões 2004/05.
O jogo de Londres marcou o reencontro de Mourinho com o FC Porto após a sua saída para Inglaterra. No final, uma vitória do Chelsea, por 3-1 (Smertin aos 7', Drogba aos 50', McCarthy aos 68' e John Terry aos 70'), garantiu aos ingleses a primeira posição do Grupo H, com 6 pontos, enquanto que o FC Porto contabilizava apenas 1 ponto, resultante do empate (0-0), no Dragão, com o CSKA de Moscovo.
A desforra do FC Porto, que coincidiu com o regresso de José Mourinho ao Estádio do Dragão, surgiu na última jornada da fase de grupos. Uma vitória por 2-1 (Damien Duff aos 34', Diego aos 61' e McCarthy aos 86') garantiu o nosso apuramento para os Oitavos-de-final da 'Champions' 2004/05.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Falcão 'no perdona'... e Lisandro também não!

Chegou ao FC Porto com a responsabilidade de substituir o inigualável Lisandro Lopez (marcou um «hat-trick» em 15 minutos, no último jogo do Lyon) e, mesmo sendo já uma certeza do futebol colombiano, ninguém esperaria que Falcão ultrapassasse com tanta facilidade aquele natural período de adaptação que os jogadores sul-americanos sempre enfrentam quando chegam à Europa. No FC Porto, só nos recordamos de um caso semelhante, o de Lucho Gonzalez. O nosso ex-nº 8 também não teve dificuldade em garantir um lugar no «onze» logo nos primeiros jogos que realizou com a camisola do FC Porto.
Apesar de ainda ser cedo para conclusões definitivas, a verdade é que Radamel Falcao García Zarate já mostrou que poderá fazer esquecer Lisandro dentro de muito pouco tempo. O novo avançado colombiano do FC Porto tem feito o que lhe tem sido pedido pelo colega Bruno Alves. «Falcão, 'no perdona'» é a frase que o 'capitão' escolheu para motivar o homem responsável por marcar os golos do FC Porto.
Com a facilidade e competência com que o Prof. Jesualdo integra e adapta os novos reforços aos métodos do FC Porto, dentro de pouco tempo será possível encurtar a diferença de 20 milhões de euros entre o custo de Falcão (4 milhões de euros) e a mais-valia realizada com a venda de Lisandro (24 milhões).
Falcão sempre marcou golos com regularidade ao serviço do River Plate e da Selecção da Colômbia. Apesar disso, o ponta-de-lança colombiano nem sempre era titular no «onze» do histórico clube de Buenos Aires. Durante a sua estadia no River, os argentinos sempre possuíram várias opções para a frente de ataque (Fernando Cavenaghi, Maxi López, Federico Higuáin, Marcelo Salas, Luciano Figueroa, Ernesto Farías, Rolando Zárate,...), o que impedia o jovem Falcão de realizar vários jogos consecutivos no «onze», nunca marcando mais de 10/15 golos por época.
Com a confiança e responsabilidade que o FC Porto lhe pretende atribuir, espera-se que a sua média de golos suba um pouco (na Liga portuguesa, a média de golos de um bom ponta-de-lança titular do FC Porto deveria rondar os 15/20 golos por época).
Agora, falta resolver a questão do complemento/alternativa a Falcão. Jesualdo já garantiu que confia em Farías para ser opção ao avançado colombiano (Orlando Sá continua a recuperar de uma lesão grave), mas o avançado argentino é agora um jogador na curva descendente da carreira.
Além disso, as dúvidas quanto ao seu futuro têm deixado 'Farígol' com ainda menos desenvoltura, o que mostra que a possibilidade de regressar à Argentina também não lhe desagrada.
Se a aquisição de Kléber (apresenta uma média de quase 1 golo por jogo ao serviço do Cruzeiro) ainda se confirmar, o FC Porto fica com dois avançados jovens e conceituados. Se lhes juntarmos Hulk, ficamos bem servidos!

PS: apesar de ter dois adversários conceituados no seu grupo, o FC Porto não se pode queixar do calendário da Liga dos Campeões. Se não perder em Londres logo na 1ª jornada, o FC Porto tem tudo para seguir em frente, pois logo a seguir realiza 3 jogos em casa e apenas 1 fora (com o 'outsider' APOEL). Ou seja, temos tudo para chegar a Madrid (última jornada) com o acesso aos Oitavos garantido.

O «cromo do dia» - Carlos Carvalho

Hoje, e novamente com a preciosa colaboração do Armando Pinto, voltamos a recordar outro nome lendário do ciclismo do FC Porto, Carlos Carvalho.
"Esteve o ciclismo recentemente em foco, através da Volta a Portugal em bicicleta que percorreu estradas de partes do país e deteve atenções usuais na época de Verão. Modalidade esta que granjeia interesse particular nas preferências desportivas de muita gente e teve grande historial dentro do FC Porto, sendo hoje uma das secções extintas mas sempre em espera no clube da Invicta.
Entre a galeria de notáveis do ciclismo e atletas de estirpe que defenderam a camisola azul e branca, contou-se Carlos Carvalho, vencedor da Volta a Portugal de 1959, cuja consagração ocorreu em 15 de Agosto desse longínquo ano. Fez a meio deste mês 50 anos, precisamente, que Carvalho chegou à derradeira etapa vestido de amarelo naquela que foi a 22ª edição da importante prova velocipédica do país.
José Carlos Pereira de Carvalho nasceu a 2 de Janeiro de 1933 na freguesia de Vermoim, tendo porém vivido grande parte da sua vida na vizinha freguesia de Pousada de Saramagos, do concelho de Famalicão. Havendo começado a destacar-se nas corridas populares de bicicletas no início da década de cinquenta, começou depois a competir a sério e logo venceu em 1953 o Campeonato Nacional em Amadores/Seniores. Volvidos tempos ingressou no Futebol Clube do Porto, em 1955, marcando a estreia pelos azuis e brancos na Volta a Portugal, naquela que foi também a sua própria entrada na mais importante prova ciclista portuguesa. Foi então 2º na terceira etapa, venceu o Prémio da Montanha, ajudando ainda o FC Porto a alcançar a vitória na Classificação Geral Colectiva. Depois disso, a sua primeira vitória em etapas na Volta a Portugal ocorreria em 1957, na 17ª tirada com chegada a Lisboa. De imediato, o ano 1958 foi um dos melhores períodos de Carlos Carvalho. Venceu a Clássica Porto-Lisboa, foi 3º da Geral na Volta a Portugal, vencendo duas das suas etapas. Em cujo final o FCP voltou a conquistar o 1º lugar Colectivo.
O seu maior feito seria, porém, alcançado no ano seguinte. Carlos Carvalho foi o vencedor da 22ª Volta a Portugal em Bicicleta, prova disputada ao longo de 26 etapas, num total de 2643,5 quilómetros, à média horária de 33,715 Km/hora. Assim Carlos Carvalho ganhou a "prova rainha" do ciclismo nacional, numa disputada sequência em que diversos ciclistas vestiram a camisola amarela, entre os quais também os seus colegas de equipa Sousa Cardoso e Agostinho Brás, tendo Carvalho alcançado a liderança após uma fuga iniciada pelo também colega portista Artur Coelho (devido ao percurso conter passagens por Felgueiras e Vizela, terras da naturalidade e residência de Coelho, respectivamente, numa tirada até Braga, para depois durante dias ter suportado fortes ataques de Alves Barbosa e ter visto a amarela mudar para o dorso do tavirense Jorge Corvo, até que numa grande demonstração de força na etapa de contra-relógio voltaria depois a vestir definitivamente a camisola talismã de 1º classificado, chegando com ela ao final em apoteose acontecida a 15 de Agosto de 1959, secundado por Jorge Corvo, do Tavira a 5 segundos. A esta vitória, somou-se novamente o 1º lugar por equipas da formação do Futebol Clube do Porto, na classificação geral colectiva.
Nesse ano de 1959, destaque ainda para o 3º lugar geral alcançado na “Corrida dos Seis Dias”, na Uberlandia, Brasil. País onde anteriormente, em 1957, competira na clássica “9 de Julho”, colaborando no trabalho de equipa ao respectivo triunfo individual do colega Artur Coelho nessa Volta a São Paulo, cujas prestações contribuíram para Carlos Carvalho ainda ter participado na Volta à Espanha, integrando a selecção portuguesa juntamente com Alves Barbosa, João Marcelino, Joaquim Carvalho, Sousa Santos, Agostinho Ferreira, José Firmino, Artur Coelho e Manuel Graça.
Nos anos seguintes, fazendo jus às suas características de trepador, Carlos Carvalho voltou a ser o rei da Montanha na Volta a Portugal em 1960 e 1961, vencidas individualmente pelos colegas portistas Sousa Cardoso e Mário Silva, nas respectivas edições.
Mantendo destacável posição dentro da equipa portista ao longo de 10 anos ao serviço do FC Porto, e depois de contribuir para mais uma vitória colectiva na Volta a Portugal em 1964, aos 31 anos deu novo rumo à sua vida, para terminar a carreira na equipa CEDEMI, de Viana do Castelo, simultaneamente como ciclista e Director Desportivo. Na Volta desse ano, ficou para a história ter ainda vestido a camisola amarela episodicamente, obtida graças a uma fuga isolada para passagem na dianteira em etapa que atravessou suas terras de Famalicão.
Após ter deixado o ciclismo como actividade profissional, continuou ligado à promoção do desporto, através da formação dos mais jovens, motivo porque a Associação Desportiva Outeirense, sediada em Pousada de Saramagos, criou em 1999 uma escola de ciclismo com o seu nome, tendo por objectivo a formação das crianças e dos jovens do ciclismo. Também esta associação lhe promoveu uma homenagem em 2003, entre as muitas jornadas de preito de que tem sido alvo, como, já no início da mesma década de 90 a Associação de Ciclismo do Minho promoveu uma homenagem a C. Carvalho, tendo organizado uma exposição onde foi exibida, por exemplo, a bicicleta com que ele vencera a Volta a Portugal, e em 1993 a Câmara Municipal de Famalicão lhe atribuiu a Medalha de Mérito Municipal Desportivo.
Em 2008, a Associação de Ciclismo de Pousada de Saramagos, depois da extinção da secção de ciclismo da ADRO, criou uma outra Escola de Ciclismo a que deu o nome de Carlos Carvalho. Nesse mesmo ano surgiu anual corrida de ciclismo Troféu Carlos Carvalho – Cidade de Vila Nova de Famalicão, numa iniciativa da referida associação e em colaboração com a Câmara Municipal do respectivo concelho.
E no mesmo ano foi um dos homenageados na Festa do Ciclismo de Alcobaça, no âmbito duma mostra/ Exposição “Reminiscências do Ciclismo”.
Desaparecido fisicamente a 11 de Janeiro de 2004, Carlos Carvalho permanece como um dos maiores desportistas nacionais e, particularmente, ciclista de envergadura na História do FC Porto.
Recentemente, a meio deste mês de Agosto ainda corrente, o seu feito-mor, triunfo na Volta de 1959, foi relembrado na sua terra-natal, tendo a Câmara Municipal de V. N. de Famalicão, através do Pelouro do Desporto, relembrado a passagem do cinquentenário sobre essa vitória do ciclista em apreço, numa alusão dessa conquista feita com colocação de pendões na cidade e outros pontos do seu concelho, mais organização duma próxima exposição retrospectiva da carreira deste famoso corredor.
Ilustra-se este artigo com inicial imagem de Carlos Carvalho vestido com a camisola de vencedor da Volta a Portugal em 1959, depois uma foto duma das equipas que integrou no FC Porto (sendo o segundo a contar da esquerda), mais uma gravura de album desenhado "Heróis da Estrada" (publicação de JN e O Jogo) e uma pose oficial que circulou nos jornais, com a camisola do FC Porto.
Em cima, a equipa do FC Porto que iniciou e terminou completa a Volta a Portugal de 1964, tendo vencido a classificação colectiva, conquistado o 1º lugar individual através de Joaquim Leão, e colocado ainda três dos seus homens nos seis primeiros lugares da tabela. Eis os nomes dessa célebre turma, a contar da esquerda: José Pinto, Sousa Cardoso, Carlos Carvalho, Mário Silva, Joaquim Freitas, Onofre Tavares (orientador técnico), J. Leão, Ernesto Coelho e Mário Sá. Então quatro deles já haviam ganho a Volta, o que era quase um hábito…!"

Armando Pinto, Agosto de 2009

domingo, 23 de agosto de 2009

Estamos de volta!

Vamos começar pelo lance que deu vantagem ao FC Porto. Não se compreendem os protestos dos jogadores do Nacional quando a decisão do árbitro já estava (bem) tomada. Depois de na 1ª parte já ter havido um lance idêntico dentro da área do Nacional que não foi sancionado, e estando o FC Porto a ser claramente superior no jogo, ainda é mais incompreensível a reacção dos jogadores da equipa de Manuel Machado. O árbitro limitou-se a seguir a decisão do seu auxiliar...
Apesar desse lance ter dividido o jogo em duas partes distintas, a verdade é que o FC Porto foi claramente superior ao Nacional. Depois da má exibição da Mata Real, e com a ausência de Hulk a condicionar o jogo de ataque dos «tetracampeões», até acabou por ser surpreendente a forma constante e segura como o FC Porto se apresentou. 3-0 e bela exibição!
Foi o regresso ao Estádio do Dragão, mais de um mês depois da última partida ali realizada, frente ao Mónaco, na apresentação aos sócios.
O jogo frente à equipa de Manuel Machado até nem veio em má altura, pois o Nacional chegou ao Dragão algo desgastado pelo jogo de Quinta-feira passada, frente ao Zenit. Os madeirenses jogaram na Quinta, fizeram um treino de recuperação na Sexta, viajaram para o Porto no Sábado e jogaram no Domingo. É o preço a pagar por disputar as provas europeias e algo de que o FC Porto também se vai lamentar um pouco lá mais para a frente. Mas isso não retira mérito ao jogo que o FC Porto realizou. Fomos uma equipa alegre e desinibida!
Sem Hulk, o FC Porto poderia perder alguma profundidade no ataque. Além disso, o rápido e potente avançado brasileiro obriga o adversário a jogar com um bloco um pouco mais baixo, o que também permite ao FC Porto posicionar-se em campo de outra forma. Assim, a equipa foi obrigada a procurar outra forma de atacar. Foi um ataque com mais paciência e menos imprevisibilidade. Faltou a agressividade e repentismo de Hulk, mas houve a força de Varela (que injusta a sua substituição!) e a espontaneidade de Falcão.
Agora que o jogador colombiano já está mais integrado nos métodos do FC Porto, parece-me exagerado dizer-se que é «outro Farías». Falcão é muito mais móvel, agressivo e dinâmico do que 'Farígol'. Temos ponta-de-lança!
Mas para o óptimo jogo que o FC Porto realizou muito contribuiram os homens do meio-campo, principalmente Fernando e Belluschi. O trinco brasileiro voltou a ser o "bombeiro" de serviço, enquanto que o ex-jogador do Olympiakos fez meia-dúzia de passes teleguiados que romperam a defesa do Nacional.
Hoje, o FC Porto 2009/10 provou que com mais algum tempo e paciência pode vir a ter um «onze» tão forte e consistente como o da época passada. É preciso confiar no trabalho diário que Jesualdo Ferreira realiza com os novos jogadores. Como se viu hoje, a "procissão ainda vai no adro"!

«Curiosidades FCP» - A aprovação dos primeiros estatutos

Hoje, recuamos à 3ª Assembleia Geral da história do FC Porto, realizada no longínquo mês de Outubro de 1909. Essa reunião teve um objectivo muito claro: fazer aprovar os primeiros estatutos e o regulamento interno do «Foot Ball Club do Porto».
De entre todos os artigos discutidos na AG, vamos destacar 3: o que definiu o eclectismo como "bandeira" do clube, o que determinou a vinculação dos sócios e o que regulamentou as práticas da equipa de «football».
A AG começou com um pedido algo insólito do secretário da Direcção. Aquele dirigente propôs a mudança do nome do clube, em virtude do FC Porto ter cada vez mais modalidades a serem praticadas no Campo da Raínha. 'Club Atlético do Porto' e 'Sociedade Atlética' foram os nomes propostos e desde logo recusados pela Direcção de José Monteiro da Costa (em cima, na foto), que determinou que se conservasse o nome «Foot Ball Club do Porto».
Foi então altura de se avançar para a discussão dos estatutos. Depressa se chegou à conclusão que o primeiro artigo deveria evidenciar o eclectismo que, nessa altura, o clube já exibia e que tinha como objectivo «a educação física dos seus associados pelo estudo e prática de exercícios e jogos adequados ao desenvolvimento e conservação do seu organismo, como sejam: o 'football', a gymnástica, a esgrima, o 'lawn-ténis', a natação, o pedestrianismo (marchas a pé), o remo e quaisquer outros de natureza e vantagem semelhantes».
Outro artigo discutido na AG foi o da vinculação dos sócios ao «Foot Ball Club do Porto». Os sócios passaram a ser obrigados a pagar uma quota mensal de 300 réis e determinou-se que deixariam de ser associados do clube todos aqueles que violassem os estatutos ou incorressem contra a moral e a boa ordem. Além disso, qualquer associado que se demitisse ou fosse demitido pela Direcção, seria obrigado a entregar o distintivo (uma simples bola azul de 'cautchú' que lhes era atribuída), «sob pena de ser tornado público que o indivíduo em causa o retinha indevidamente em seu poder»!
A equipa de 'football' também viu um importante artigo ser discutido na AG, aquele que regulamentava a postura e o comportamento dos jogadores em campo. Assim, determinou-se que, além dos jogadores serem obrigados a «comportar-se no campo com toda a cortesia, evitando polémicas e discussões sobre qualquer assunto ou decisões do 'referee', seriam também obrigados a usar o «uniforme ou distintivo do clube que consta de camisa de malha azul ás faixas verticais, calção preto e calçado próprio».
Foram estes os principais artigos a serem votados nos primeiros estatutos do FC Porto. Em virtude do adiantar da hora, não foram aprovados no dia em que se realizou a AG, ficando desde logo estabelecida uma nova data para a sua aprovação: 16 de Outubro de 1909.

«Curiosidades FCP» - A Supertaça europeia 2003

Aproveitamos o jogo da Supertaça europeia 2009, a realizar na próxima Sexta-feira, entre o Barcelona e o Shakhtar Donetsk, para recordarmos a 2ª presença do FC Porto na final da competição. Depois de ter defrontado o Ajax, em 1988 (vitórias em Amesterdão e no Porto, ambas por 1-0), o FC Porto defrontou o campeão da Europa de 2002/03, o AC Milan. Recordamos essa partida com a 1ª página do jornal «Record», que no dia do jogo antecipava o duelo entre Deco e Rui Costa, e o ingresso que deu acesso ao jogo do Estádio Luís II, no Mónaco.
O FC Porto ganhou o direito de disputar a Supertaça europeia 2003 depois de vencer (3-2) o Celtic naquela épica Final da Taça UEFA, em Sevilha, enquanto que o AC Milan garantiu a presença no Estádio Luís II depois de derrotar (3-2 após gp) a Juventus, na Final da Liga dos Campeões 2002/03.
É curioso que ambos os treinadores fizeram apenas duas alterações nos «onzes» que tinham disputado essas duas finais europeias. Mourinho trocou Nuno Valente e Capucho por, respectivamente, Ricardo Costa e McCarthy, enquanto que Ancelotti colocou Simic e Pancaro nos lugares de, respectivamente, Costacurta e Kaladze.
Os italianos chegaram ao Mónaco com menos dias de preparação do que o FC Porto, que nessa altura já tinha iniciado a Liga portuguesa.
Assim, Carlo Ancelotti, sabendo que a sua equipa se poderia ressentir do esforço, optou por tentar surpreender o FC Porto logo no início da partida. E assim foi, com o ucraniano Shevchenko a bater Vítor Baía, logo aos 10 minutos de jogo. A partir desse momento, o FC Porto lançou-se numa autêntica corrida contra o tempo.
A equipa de José Mourinho realizou uma exibição em crescendo e só com muita sorte o AC Milan conseguiu manter o 1-0 até ao final da partida. Nos últimos minutos de jogo, o FC Porto chegou mesmo a dispor de duas ou três claras oportunidades de golo, mas o 'gigante' Dida conseguiu manter a sua baliza inviolável.
Aqui ficam os «onzes» da Supertaça europeia 2003:
Estádio Luís II (Mónaco), 29 de Agosto de 2003
Árbitro: Graham Barber (Ing)
FC Porto: Vítor Baía, Paulo Ferreira, Jorge Costa, Ricardo Carvalho, Ricardo Costa, Costinha (Bosingwa aos 67'), Deco, Alenitchev (Ricardo Fernandes aos 75'), Maniche, Derlei e Benni McCarthy (Jankauskas aos 60');
Treinador: José Mourinho
AC Milan: Dida, Maldini, Nesta, Simic, Pancaro, Gattuso, Rui Costa (Cafu aos 85'), Seedorf (Ambrosini aos 71'), Pirlo, Shevchenko (Rivaldo aos 76') e Inzaghi;
Treinador: Carlo Ancelotti
Golos: Shevchenko aos 10'

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

A época mais difícil para Jesualdo

Ainda mal começou, mas não será precipitado considerá-la a época mais complicada que Jesualdo vai enfrentar no FC Porto. Curiosamente, esta é a primeira vez em que o treinador do FC Porto começa a época com a conquista de um troféu, a Supertaça Cândido de Oliveira.
Ainda assim, logo aí houve sinais das dificuldades que o FC Porto vai enfrentar até encontrar um «onze» tão forte como o de 2008/09. É que além de ter ficado sem dois 'capitães' de equipa (e poder vir a perder o terceiro, se Bruno Alves também sair), o Professor também perdeu 3 dos jogadores com mais carácter e personalidade no plantel (Lucho, Lisandro e Pedro Emanuel).
Jesualdo já confessou que lhe dá um grande gozo construir novas equipas, e até já o provou, pois ficou sem Anderson, Pepe, Bosingwa, Quaresma e Paulo Assunção, entre outros, e ainda assim conseguiu vencer a Liga e esteve muito perto de eliminar o campeão da Europa na edição do ano passado da Liga dos Campeões. Mas atenção, porque num clube habituado a ganhar e com uma massa associativa super-exigente, a margem de erro e o tempo de que um treinador dispõe são curtíssimos. No FC Porto é obrigatório ganhar... hoje!
Neste momento, o Professor tem um importante trunfo, pois conseguiu alargar a sua margem de erro depois de ter perdido 3 jogos consecutivos durante a época passada (frente a Leixões, Dinamo de Kiev e Naval), mas sem nunca perder o rumo e as ideias que queria pôr em prática. A forma como a equipa saiu dessa sequência de derrotas acabou por lhe garantir a confiança e respeito dos adeptos.
Além disso, o Professor tem crédito junto da SAD do FC Porto, pois foi ele o maior responsável pelo encaixe financeiro e mais-valias que o FC Porto realizou com as recentes transferências de jogadores. O trabalho específico (táctico e mental) que realizou com alguns jogadores (Fernando, Cissokho, Bruno Alves, Hulk,...) permitiu valorizar (e muito) os seus passes e, ao mesmo tempo, permitiu-lhe ganhar legitimidade junto da SAD para pedir tempo ao seu novo FC Porto 2009/10.Esperemos que, se os resultados demorarem a surgir, os adeptos não coloquem pressão sobre o treinador. Até ao momento, o 'Paixão pelo Porto' só lamenta uma ou outra decisão (a dispensa de Adriano, a obsessão por Mariano Gonzalez,...) tomada pelo Professor. Como se vê, muito pouco para quem tão bom trabalho tem realizado.
Nas actuais circunstâncias, com o natural desgaste provocado pela conquista de vários títulos, com a fasquia a manter-se lá bem em cima e com um plantel que perdeu as suas principais figuras, a pressão sobre o treinador vai ser ainda maior do que em épocas anteriores.
Se perder, o Professor será um fracasso. Se ganhar, fará apenas igual ás épocas anteriores, mas em circunstâncias bem mais difíceis. Jesualdo sabe-o, mas, ainda assim, prefere adoptar um discurso optimista e ambicioso, nunca lamentando a opção da SAD em transferir jogadores. Se o FC Porto 2009/10 ficar tão forte como o da época passada, tiro o meu chapéu ao trabalho do Professor.

O «cromo do dia» - Hermann Stessl

Hoje, recordamos o primeiro treinador da presidência de Pinto da Costa, o austríaco Hermann Stessl. Apesar de ter sido escolhido por Américo de Sá, que abandonou a presidência do clube após o acto eleitoral de 1982, Stessl ainda permaneceu no FC Porto após a eleição de Pinto da Costa, ou seja, até final da época 1981/82. No FC Porto, o austríaco acabou por ser vítima do período conturbado e de indefinição que o clube viveu após o célebre «Verão Quente» de 1980, e que originou a saída de José Maria Pedroto e de alguns jogadores preponderantes, como Fernando Gomes ou António Oliveira.
Hermann Stessl nasceu em Graz (Áustria), a 3 de Setembro de 1940. Este ex-treinador do FC Porto acabou por ser mais bem sucedido como treinador do que como jogador.
Stessl iniciou a sua carreira nas camadas jovens do Grazer AK, em 1952. Depois, ainda representou mais dois clubes austríacos, o FC Dornbin e o SV Leibnitz, onde iniciou a carreira de treinador. Apesar de ter sido um jogador modesto, Stessl foi convidado a orientar a equipa júnior do SV Leibnitz. Foi assim que, no início dos anos 70, iniciou a sua longa carreira de treinador.
É curioso que, apesar de ter orientado vários clubes europeus, Stessl só conseguiu ser campeão ao serviço do Áustria de Viena, e logo em 4 (!) ocasiões. Foi neste histórico clube austríaco que passou os melhores momentos da sua carreira de treinador, sagrando-se campeão austríaco em 1978, 1979, 1986 e 1993.
Também foi ao serviço do Áustria de Viena que Stessl conseguiu os seus melhores registos nas competições europeias, tendo, inclusive, atingido a Final da Taça das Taças, em 1977/78. O Áustria de Viena eliminou, consecutivamente, o Cardiff City (País de Gales), o Lokomotiv Kosice (Checoslováquia), o Hadjuk Split (Jugoslávia) e o Dínamo de Moscovo (URSS). Os austríacos só foram derrotados na final da competição pelo super-Anderlecht, de Raymond Goethals, que, curiosamente, eliminou o FC Porto nos Quartos-de-final da prova.
Na época seguinte, Stessl voltaria a colocar o Áustria de Viena entre os melhores da Europa, ao atingir as meias-finais da Taça dos Clubes Campeões Europeus (foi eliminado pelo Malmo, da Suécia).
Depois da conquista dos títulos no seu país, seguiu-se a primeira experiência fora da Áustria, ao ser convidado para orientar o AEK de Atenas, em 1979/80. O convite do FC Porto chegou logo na época seguinte, tornando-se Stessl no último treinador da presidência de Américo de Sá. Devido ao momento tumultuoso que o FC Porto vivia, Stessl acabou por não ter sucesso na sua segunda experiência no estrangeiro.
Em 1980/81, o FC Porto foi 2º classificado no campeonato nacional e foi derrotado (3-1) pelo Benfica na final da Taça de Portugal, enquanto que em 1981/82, o FC Porto ficou-se pela 3ª posição no campeonato e na Taça não foi além dos Quartos-de-final (derrota nas Antas, com o Benfica, por 1-0).
Quanto ás competições europeias, a participação do FC Porto foi ainda mais decepcionante, não ultrapassando, nas duas épocas, a 2ª eliminatória da Taça UEFA (eliminado pelo Grasshoppers), em 1980/81, e da Taça das Taças (eliminado pelo Standard de Liége), em 1981/82.
A Supertaça Cândido de Oliveira acabou por ser o único troféu que o austríaco conquistou nos dois anos que permaneceu nas Antas. Foi a primeira Supertaça da história do clube. Depois de ter sido derrotado, por 2-0 (dois golos de Néné), no jogo da 1ª mão, disputado no Estádio da Luz, o FC Porto derrotaria o Benfica (de Lajos Baroti), nas Antas, por esclarecedores 4-1 (com «hat-trick» de Jacques).
O treinador austríaco deixaria o FC Porto no final da época 1981/82, logo após a eleição de Pinto da Costa, que já tinha acordado com Pedroto o seu regresso ao clube. Ainda assim, Stessl permaneceria em Portugal durante mais duas épocas, primeiro ao serviço do Boavista e, em 1983/84, ao serviço do Vit. Guimarães (em ambos, o austríaco não chegou ao final da época).
Depois da (má) experiência em Portugal, Stessl voltaria à Áustria para orientar o Sturm Graz. O seu regresso a casa também coincidiu com o regresso aos títulos, pois em 1985/86 foi convidado a orientar novamente o Áustria de Viena, sagrando-se campeão austríaco 7 anos depois de ter deixado o seu país.
Apesar de sempre ter sido considerado um 'gentleman', a verdade é que Stessl só teve sucesso naquele histórico clube austríaco (voltaria a repetir a conquista do título em 1992/93).
Em Portugal, a sua postura cordial e afável não teve correspondência nos resultados das equipas que orientou. É curioso que, quando deixou o seu país pela segunda vez, para orientar o Racing de Santander, em 1987/88, os jornalistas espanhóis classificaram a sua passagem pelo clube como um «simpático desastre», o que ilustra bem o modo como, apesar dos maus resultados, o austríaco era visto.
Actualmente, o ex-treinador do FC Porto gere uma academia para jovens jogadores, a 'Hermann Stessl Football School'. A última vez que ouvimos falar deste treinador austríaco foi quando o próprio confirmou à imprensa portuguesa que Jesualdo Ferreira quis levar o seu compatriota Roland Linz para o FC Porto.
Em cima, recuperámos algumas fotos onde surge este ex-treinador do FC Porto. Na terceira foto, surge entre o Prof. Hernâni Gonçalves e o já falecido Telles Roxo. Recuperámos também um «onze» do FC Porto, orientado por Stessl, da época 1980/81.
Em cima (da esq. p/ dta): Walsh, Gabriel, Simões, Freitas, Romeu e Tibi;
Em baixo (da esq. p/ dta): Sousa, Albertino, Frasco, Teixeira e Lima Pereira;

domingo, 16 de agosto de 2009

Estava-se a adivinhar!

E lá se foram as 12 vitórias consecutivas fora de casa... O empate (1-1) não foi surpreendente e também não foi dramático. Depois da fraquinha exibição no jogo da Supertaça, adivinhava-se que o FC Porto tivesse muitas dificuldades para vencer em Paços de Ferreira. Nota-se que é um FC Porto de início de época, com muita indefinição e hesitação no momento de definir as jogadas.
O início do campeonato é sempre complicado, mas o FC Porto está claramente a pagar o preço de ter deixado sair Lucho Gonzalez e Lisandro Lopez. Nada que não tenha sucedido em anos anteriores. Os reforços precisam de tempo!
Ainda assim, no jogo de hoje, depois do «golo-ressalto» do adversário e da expulsão de Hulk, o FC Porto ainda teve ânimo e coragem para ir à procura do empate. Curiosamente, a equipa jogou melhor com apenas 10 homens, porque além da (natural) ausência de automatismos e fluidez de jogo, o FC Porto também se pode lamentar da postura de alguns jogadores.
Falamos, principalmente, em Raúl Meireles (foi displicente e está, nitidamente, a abusar do estatuto que tem no plantel) e Hulk (demasiado conflituoso e a discutir constantemente com o árbitro e os adversários). No pólo oposto, é de elogiar a atitude de Bruno Alves (que diferença para a postura de Ricardo Quaresma há um ano atrás). Apesar de ter consciência que pode estar iminente a sua saída do plantel, o central do FC Porto continua com uma postura exemplar. Grande profissional!
Quanto aos outros, não há muito a dizer, pois fizeram o que podiam nas actuais circunstâncias. Fica apenas uma nota para o entusiasmo de Falcão e para as exibições de Mariano Gonzalez e Ernesto Farías, que continuam a alternar os jogos bons com os sofríveis. Os dois argentinos teimam em não esclarecer os adeptos se têm ou não qualidade para assumir a titularidade no «onze» do FC Porto. Como oportunidades não lhes têm faltado...
Depois da estreia na Liga, Jesualdo terá agora uma semana para preparar a recepção ao Nacional. Desta vez, já poderá treinar toda a semana com os internacionais que estiveram ao serviço das Selecções.
Tal como em anos anteriores, o FC Porto vai voltar a enfrentar o problema das viagens intercontinentais dos internacionais sul-americanos. Esta semana, foram Guarín e Falcão a chegar atrasados à preparação do jogo com o Paços. Se no final da época contabilizarmos o nº de ocasiões em que os jogadores são chamados a representar as suas Selecções, chegamos à conclusão que haverá jogadores sul-americanos que poderão perder 5 ou 6 jogos por época. A reflectir...
Mas agora, é altura de pensar em vencer o Nacional para afastarmos o fantasma do mau início de época.

«Curiosidades FCP» - A edição de 1991 do 'Troféu Teresa Herrera' (Parte II)

Depois de termos recordado os jogos das meias-finais da edição de 1991 do 'Teresa Herrera', hoje é a vez de recuperármos, novamente com a ajuda do 'El Mundo Deportivo', o jogo de atribuição do 3º e 4º lugares (Ajax - Real Madrid), e a final da prova (Deportivo - FC Porto).
Curiosamente, o 'El Mundo Deportivo' acabou por dar mais destaque à derrota do Real Madrid frente aos holandeses do que à vitória do FC Porto no torneio. Depois de na véspera ter reservado duas páginas ao FC Porto - Real Madrid, o diário catalão fez apenas uma pequena referência ao 'Depor' - FC Porto nas páginas dedicadas ao último dia do 'Teresa Herrera' (talvez por não ter sido uma equipa espanhola a conquistar o troféu...).
Depois da má exibição do Real Madrid frente ao FC Porto, o 'El Mundo Deportivo', sendo um diário desportivo sediado na Catalunha, não perdeu a oportunidade de criticar mais uma derrota do eterno rival do Barcelona. Os madrilenos voltaram a realizar uma má exibição e foram derrotados pelo Ajax, por 2-1. Vamos recordar os «onzes» e os marcadores dessa partida, que deu aos holandeses um lugar no pódio do 'Teresa Herrera':
Estádio Riazor (Corunha), 17 de Agosto de 1991
Ajax: Stanley Menzo, Danny Blind, Vink, Hansen, Krek (Frank De Boer aos 70'), Ian Wouters, Aron Winter, Petterson (Jonk aos 46'), Groendijk, Dennis Bergkamp, Van Loen (Willens aos 81');
Treinador: Leo Beenhakker;
Real Madrid: Buyo, Chendo (Maqueda aos 65'), Villarroya, Tendillo, Sanchis, Hierro, Míchel (Luís Henrique aos 65'), Prosinecki, Hagi (Jaro aos 33'), Aldana e Emílio Butragueño;
Treinador: Radomir Antic;
Golos: Ian Wouters aos 15' e Dennis Bergkamp aos 67';
Para o 'El Mundo Deportivo', «el Madrid tuvo que conformarse con el último puesto de esta edición del Teresa Herrera». Tal como já tinha acontecido no jogo das meias-finais, frente ao FC Porto, a imprensa espanhola voltou a ser muito crítica com a exibição da equipa de Radomir Antic. O croata Prosinecki foi o único jogador a merecer elogios dos jornalistas presentes no Riazor. «Prosinecki, el único que arrancó aplausos», titulava o diário catalão na crónica dedicada ao jogo de atribuição do 3º e 4º lugares do torneio.
«El Madrid fue una auténtica caricatura de equipo, falto de ambición y con errores más próprios de un conjunto "ascensor" que de un equipo que aspira al título de Liga», concluiu o jornalista do 'El Mundo Deportivo' presente no Riazor.
O principal visado pelas críticas da imprensa acabou por ser um dos mais conceituados jogadores do plantel, o centro-campista Míchel.
No final, o jogador espanhol evitou falar da partida e dos assobios de que foi alvo por parte do público («Míchel no quiso hablar de la unánime bronca de Riazor»). Era o início do declínio da famosa 'Quinta del Buitre'...
Perante a excelente oportunidade de colocar pressão no maior rival do 'Barça', o 'El Mundo Deportivo' acabou por dar pouco destaque à final do torneio. Para isso, também terá contribuído o facto do 'Depor' não ter conseguido vencer o FC Porto.
Depois de ter derrotado (2-1) o Real Madrid nas meias-finais, a equipa de Carlos Alberto Silva venceu (1-0) o Deportivo, na final, com um golo marcado já nos descontos, por Aloísio.
Aqui ficam os «onzes» da final do 'Teresa Herrera':
Estádio Riazor (Corunha), 17 de Agosto de 1991
Deportivo: Yosu, Albistegui, Sabin Bilbao, Gustavo, Djukic, Aspiazu (Kanatlarovski aos 45'), López Recarte, Kiriakov, Stojadinovic, Fran (José Ramón aos 45'), Villa;
Treinador: Marco Antonio Baronat;
FC Porto: Vítor Baía, João Pinto, Aloísio, Fernando Couto, Vlk, Zé Carlos, Jaime Magalhães, Ion Timofte, Kiki, Mitharsky e Kostadinov (Jorge Andrade aos 83');
Treinador: Carlos Alberto Silva;
Golos: Aloísio aos 92' (livre de Timofte, sobre a direita do ataque do FC Porto, e Aloísio, de cabeça, bateu Yosu);
Para o 'El Mundo Deportivo', «el partido fue muy disputado pero con poucas ocasiones de gol». Contudo, os espanhóis também reconheceram que «el Oporto hizo lo justo para ganar». Com essa vitória, o FC Porto impediu que o 'Depor' conquistasse o seu 5º 'Teresa Herrera' até então. Actualmente, os galegos já são o clube com mais troféus conquistados, principalmente devido ao facto da competição se ter começado a disputar em apenas uma partida.
Este ano, o At. Madrid impediu, com uma vitória nas grandes penalidades, que o Deportivo conquistasse o seu 10º (!) 'Teresa Herrera' consecutivo.

A «foto do dia» - 6 figuras do FC Porto 1984/85

Hoje, a «foto do dia» é um «6 em 1». Recordamos 6 jogadores do plantel do FC Porto da época 1984/85: os avançados Jacques, Walsh e Vermelhinho; os guarda-redes Zé Beto e Barradas; e o defesa Lima Pereira.
Destes 6 jogadores, apenas Zé Beto foi totalista na campanha que levou o FC Porto à conquista do título, 6 anos depois da última vitória no campeonato, no final dos anos 70, com José Maria Pedroto. Dos outros 5 homens da foto, só Lima Pereira e Vermelhinho foram tão utilizados por Artur Jorge. O central do FC Porto esteve presente em 27 jogos, sempre como titular (e com o inseparável Eurico a seu lado), enquanto que o avançado (17 jogos a titular e 9 jogos como suplente utilizado) era muitas vezes o escolhido para, no ataque, acompanhar a dupla Futre-Gomes.
Quanto aos outros 3, Jacques e Walsh eram quase sempre utilizados nos últimos minutos daqueles jogos em que era necessário colocar mais um avançado em campo, enquanto que Barradas (ex-Salgueiros) foi vítima da regularidade de Zé Beto, assistindo quase sempre aos jogos no banco de suplentes.
Destes 6 jogadores, apenas Jacques e Barradas não permaneceram no plantel da época seguinte.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Um novo estímulo para o FC Porto

Numa altura em que a motivação dos «tetracampeões» ainda está algo morna (e o entusiasmo dos adeptos também, depois de 4 campeonatos consecutivos conquistados) nada melhor do que um novo desafio para estimular as tropas. Com a conquista da Supertaça Cândido de Oliveira, o FC Porto aumentou para 64 o nº de troféus (nacionais e internacionais) conquistados durante toda a sua história.
Apesar de dizer muito pouco aos mais desatentos, este nº está quase a "queimar" os 66 troféus que o Benfica conquistou até hoje. Será que era esta a verdadeira «nova era» com que a imprensa indígena baptizou o futebol português pós-Apito Dourado?
Depois de várias décadas a ouvir os adeptos do nosso maior rival a vangloriarem-se com o nº de troféus e o vasto palmarés do seu clube, parece chegada a hora de acabar com aquela velha lenga-lenga do «Benfica, melhor clube português».
Se pensarmos que até à «Revolução de Abril» o Benfica possuía mais do triplo dos troféus conquistados pelo FC Porto (41 contra 12!), chegamos à conclusão que, nesse aspecto, o FC Porto realizou uma autêntica corrida de trás para a frente.
O Sporting há muito que ficou para trás. Actualmente, o clube de Alvalade soma 45 títulos/troféus conquistados, ou seja, está a quase 20 (!) títulos de distância do FC Porto.
Quando se pensava que seria muito difícil o FC Porto manter o ritmo dos últimos 30 anos, somos surpreendidos por um quase exponencial conquistar de títulos. Se olharmos apenas para os últimos 4 anos, verificamos que o FC Porto conquistou uma média de 2 troféus por época (4 campeonatos, 2 Taças de Portugal e 2 Supertaças). Bela média!
Apesar da imprensa manter o tema fora da agenda, a verdade é que a possibilidade do FC Porto ultrapassar o Benfica no nº total de troféus conquistados pode ser uma realidade já esta época. Para isso, será necessário vencermos 3 das 4 competições que ainda vamos disputar (Campeonato, Taça de Portugal, Taça da Liga e Liga dos Campeões) e, ao mesmo tempo, esperar que o nosso maior rival não conquiste nenhuma.
Não será fácil, pois teriamos de realizar uma época ainda melhor do que a anterior. Contudo, se olharmos para a cadência com que os dois clubes venceram troféus nas últimas épocas, é legítimo esperar que o FC Porto ultrapasse o Benfica muito brevemente. Está a cair mais um mito!

«Curiosidades FCP» - A vitória na Supertaça 1993/94

Aproveitamos a mais recente vitória do FC Porto na Supertaça Cândido de Oliveira para recordarmos um dos troféus que Bobby Robson conquistou durante a sua passagem pelas Antas.
Além de 2 campeonatos nacionais e 1 Taça de Portugal, Robson também venceu 2 Supertaças. Hoje, recuamos a uma dessas duas conquistas, a relativa à época 1993/94.
FC Porto e Benfica começaram por se defrontar no Estádio da Luz, a 24 de Agosto de 1994. Apesar de ter ficado em desvantagem no marcador já muito perto do final do jogo, depois de um golo de Vítor Paneira, marcado aos 75 minutos, o FC Porto restabeleceria o empate 3 minutos depois, com um golo de Rui Filipe (nota: esse jogo terminou com 5 expulsões!).
Nessa altura, a Supertaça ainda era disputada em duas mãos e no sistema de pontos, ou seja, o FC Porto teria de vencer nas Antas para garantir a conquista do troféu.
O jogo da 2ª mão disputou-se um mês depois da primeira partida e também terminou empatado (0-0). Como os golos obtidos fora de casa não davam vantagem em caso de empate, houve necessidade de se jogar uma Finalíssima.
O jogo foi disputado em Paris, a 20 de Junho de 1995, num lotadíssimo Parque dos Príncipes. Os emigrantes portugueses presentes na capital francesa compareceram em peso no jogo que marcou a conquista da 8ª Supertaça do nosso historial (o FC Porto venceu o Benfica por 1-0, com um golo de Domingos).
A ilustrar o 'post', recuperámos duas fotos do jogo da Finalíssima (a primeira, com Bandeirinha e Emerson na posse do troféu; e a segunda, com Paulinho Santos e Tavares a disputarem um lance no decorrer da partida) e o ingresso (custou 85 francos) que deu acesso ao jogo do Parque dos Príncipes.
Aqui ficam os intervenientes nessa partida:
Paris (Parque dos Príncipes), 20 de Junho de 1995
Árbitro: Lucílio Baptista (Setúbal)
Benfica: Neno; António Veloso (cap.) (Edgar Pacheco aos 65'), Paulo Madeira, Paulo Pereira e Dimas; Paulo Bento, José Tavares (Akwá aos 46'), Abel Xavier, Hélder e Daniel Kenedy; Mário Stanic;
Treinador: Artur Jorge
FC Porto: Vítor Baía; Bandeirinha (cap.), Zé Carlos, Aloísio e Paulinho Santos; Emerson, Secretário, Vassili Kulkov (Latapy aos 77') e António Folha; Rui Barros (Semedo aos 85'); Domingos;
Treinador: Bobby Robson
Golos: Domingos aos 51'

A «foto do dia» - Bobby Robson

Quase duas semanas depois do seu falecimento, voltamos a recordar 'Sir' Bobby Robson.
Desta vez, recuperamos uma foto do ex-treinador do FC Porto com a camisola do Fulham, clube que representou enquanto jogador. A foto foi captada em Agosto de 1953 (Robson tinha apenas 20 anos), num dos primeiros jogos de pré-época que o Fulham realizou em Craven Cottage.
Apesar de ter sido mais bem sucedido como treinador, Robson também foi um jogador conceituado. O ex-treinador do FC Porto foi um excelente médio-ofensivo que marcou mais de 100 golos com as camisolas do Fulham, do West Bromwich Albion e da Selecção de Inglaterra.

domingo, 9 de agosto de 2009

Mais uma!

É bom começar a época com a conquista de um troféu. A 16ª Supertaça Cândido de Oliveira do nosso historial (o FC Porto volta a ter mais troféus conquistados que os outros adversários todos juntos) permite continuar a manter lá em cima a auto-estima dos «tetracampeões».
Esta foi a 18ª presença do FC Porto na final da Supertaça nos últimos 20 anos. Ou seja, 90% das últimas edições da prova foram disputadas pelo FC Porto. Notável!
Com a vitória de hoje, ficam a faltar apenas 3 títulos para ultrapassarmos o Benfica no nº total de troféus (nacionais e internacionais) conquistados pelos dois clubes em toda a sua história. Se isso for uma realidade já esta época, o FC Porto tem toda a legitimidade para se poder auto-intitular como «o melhor clube português». Aquilo que há 20 anos atrás era quase impensável, é hoje uma realidade: o FC Porto prepara-se para ultrapassar o seu maior rival!
A vitória (2-0) no jogo de hoje também acabou por ser uma boa resposta à excitante pré-época realizada pelo Benfica. Ao entusiasmo vindo da Luz, respondemos hoje com a conquista de mais um troféu. É preciso marcar território!
Mas não foi um FC Porto brilhante, longe disso. O Paços entrou bem melhor no jogo. Notou-se que a equipa de Paulo Sérgio tem a preparação mais adiantada. Aliás, pelo que vimos hoje, não vai ser nada fácil vencermos em Paços de Ferreira no próximo Domingo.
Hoje, o Paços foi derrotado pelos pormenores. Primeiro, num gesto felino de Farías (o ponta-de-lança argentino teima em "manter-se vivo"), que antecipou um disparate de Cássio. E no segundo, numa impressionante elevação de Bruno Alves. Que potência!
Avaliando apenas o jogo de hoje, fica a sensação que não vai ser fácil substituir Lucho, Lisandro e Cissokho.
Belluschi, Varela e Álvaro Pereira mostraram que ainda estão longe de poder oferecer ao FC Porto aquilo que os 3 homens que abandonaram o Dragão ofereciam. O FC Porto 2009/10 ainda não está tão forte. Aliás, nem podia estar. Quem perde dois habituais convocados para a Selecção da Argentina e o defesa-esquerdo mais cobiçado da Europa não pode estar tão forte. A boa notícia é que há muita margem para a equipa crescer.
Ainda assim, e apesar de ter havido pouquíssimo tempo para integrar alguns novos reforços, o FC Porto conseguiu entrar a ganhar na época 2009/10. Foi pena alguns jogadores terem chegado demasiado tarde ao estágio de pré-época. Agora, reforços como Valeri, Falcão e Prediger, por exemplo, vão ter que esperar um pouco mais para entrarem no «onze».
No entanto, ainda faltam quase dois meses para atingirmos aquela fase da época em que o «FC Porto de Jesualdo» se tem apresentado no máximo das suas capacidades.
Lá para Outubro/Novembro, em plena fase de grupos da Liga dos Campeões, já saberemos melhor o que valem os novos reforços e o FC Porto 2009/10.

«Curiosidades FCP» - A edição de 1991 do 'Troféu Teresa Herrera' (Parte I)

Depois de termos recordado a vitória do FC Porto na edição de 1987 do 'Joan Gamper', hoje é a vez de recuarmos (novamente com ajuda do 'El Mundo Deportivo') a outra conquista portista num torneio de pré-época, no 'Troféu Teresa Herrera', em 1991.
Este troféu disputa-se desde 1946, na Corunha (Galiza), e é o 3º torneio de futebol mais antigo de Espanha, logo atrás da 'Copa San Pedro' e do 'Trofeo Playa y Sol'.
Inicialmente, o torneio surgiu como forma de obter fundos para os habitantes mais desfavorecidos da Galiza, daí ter sido baptizado de Teresa Herrera, a benfeitora dos pobres.
O FC Porto disputou pela primeira vez a prova em 1948, tendo sido derrotado (2-1) na final, pelo Barcelona. A vitória surgiu 43 anos depois, numa edição que também contou com as presenças do Deportivo, do Ajax e do Real Madrid.
Além do FC Porto, houve mais 3 equipas portuguesas que já venceram o torneio: o Sporting, em 1961, o Vitória de Setúbal, em 1968, e o Benfica, em 1987. Este ano, o troféu será disputado em apenas uma partida, a ser jogada na próxima Segunda-feira (10 de Agosto), entre o Deportivo e o At. Madrid.
Quanto à edição de 1991, disputou-se entre os dias 15 e 17 de Agosto e coincidiu, mais uma vez, com as festas da Galiza.
Hoje, recuperamos o primeiro dia da prova, com os jogos das meias-finais: FC Porto - Real Madrid e Deportivo - Ajax.
O FC Porto não poderia ter tido uma melhor estreia nessa edição do 'Teresa Herrera', pois começou logo por vencer o Real Madrid, por 2-1.
Aqui ficam os «onzes» e os marcadores dessa partida:
Estádio Riazor (Corunha), 15 de Agosto de 1991
FC Porto: Vítor Baía, João Pinto, Fernando Couto, Aloísio, Vlk, Jaime Magalhães (Morgado aos 78'), Semedo (Zé Carlos aos 22'), Kiki, Ion Timofte, Mitharsky e Kostadinov;
Treinador: Carlos Alberto Silva
Real Madrid: Buyo, Chendo, Villarroya (Gordillo aos 65'), Sanchis, Ricardo Rocha, Míchel, Hierro (Milla aos 79'), Prosinecki, Hagi, Luís Henrique (Alfonso aos 68') e Emílio Butragueño;
Treinador: Radomir Antic
Golos: Mitharsky aos 37', Kostadinov aos 46' e Prosinecki aos 56';
Para o 'El Mundo Deportivo', «los portugueses fueron la cruz del Real, e acabaron alcanzando un triunfo justo». Os espanhóis (imprensa da Catalunha!), apesar dos elogios realizados à vitória do FC Porto, também se mostraram muito críticos com a exibição do Real Madrid.
«Con sólo Prosinecki no se gana», titulava o diário catalão na página dedicada ao jogo. Segundo rumores com origem na capital espanhola, o croata era visto pela famosa 'Quinta del Buitre' (conjunto de conceituados jogadores do Real Madrid com grande influência no balneário) como uma espécie de intruso no plantel.
Além de ter criticado a exibição de jogadores como Chendo, Sanchis, Míchel e Butragueño, a imprensa espanhola também lamentou a ausência do jogo do mexicano Hugo Sanchez. O jornalista do 'El Mundo Deportivo' que acompanhou a partida confirmou que «al equipo de Antic le faltaron muchas cosas, pero sobre todo Hugo Sanchez». Já para a equipa do FC Porto não sobraram elogios. Os espanhóis destacaram a boa organização defensiva da equipa de Carlos Alberto Silva: «Vítor Baía, bien guarnecido por una seria y ordenada defensa en la que lució el ex-azulgrana Aloísio, formando un buen tánden con Fernando Couto».
Algo surpreendentemente, o búlgaro Mitharsky, que acabou por ter uma passagem algo discreta pelas Antas, viu a sua exibição ser muito elogiada pelo 'El Mundo Deportivo'.
Para os espanhóis, «lo mejor del Oporto fueran sus puntas, los búlgaros Kostadinov (por el suspira el Sevilla) y Mitharsky».
No final da partida, os jornalistas espanhóis presentes no Riazor também quiseram chegar à fala com Aloísio, que tinha chegado ao FC Porto na época anterior, vindo do Barcelona. O central brasileiro mostrou-se agradado com a exibição do FC Porto, confessando, ao mesmo tempo, que tinha por hábito realizar boas exibições sempre que o 'Barça' vencia os madrilenos: «ganamos con toda justicia. Yo siempre me lo paso en grande cuando gano al Real Madrid».
O diário espanhol também guardou um pequeno espaço nas páginas dedicadas ao torneio para publicar os ecos da vitória do FC Porto na imprensa portuguesa, recuperando alguns excertos das crónicas do jornal 'Record', do 'Público' e do 'Diário de Notícias' (em cima).
Quanto ao outro jogo das meias-finais, terminou com a vitória (1-0) do Deportivo sobre o Ajax. Também recordamos os «onzes» dessa partida:
Deportivo: Liaño, Gustavo, Sabin Bilbao, Djukic, Lasarte, José Ramon, Kanatiarovsky, Kiliakov, Fran, López Recarte (Mariano aos 53'), Claudio (Kirov aos 58');
Treinador: Marco Antonio Baronat
Ajax: Stanley Menzo, Danny Blind, Wink, Ian Wouters, Frank De Boer, Winters, Petersson, Gronendijk, Brian Roy (Peterssen aos 34'), Van't Schip (Willems aos 70') e Van Loen;
Treinador: Leo Beenhakker;
Golos: López Recarte aos 11';
Em cima, recuperámos duas fotos de dois lances do jogo entre FC Porto e Real Madrid, em que intervêm Aloísio e Hagi (na primeira), e Mitharsky e Prosinecki (na segunda).
Uma curiosidade: Fran (Deportivo) e Vítor Baía foram ambos utilizados nos jogos das meias-finais da Liga dos Campeões 2003/04, entre o FC Porto e o Deportivo. Ou seja, 13 (!) anos depois de se terem cruzado no 'Teresa Herrera'.
Na próxima semana, recuperamos os jogos de atribuição do 3º e 4º lugares (Real Madrid - Ajax) e o jogo da final (Deportivo - FC Porto).

(Continua)