sábado, 31 de outubro de 2009

É só pontapé prá frente!

Há umas semanas atrás, tinhamos aqui referido que, perante o favorável calendário que lhe estava reservado (com 6 jogos no Dragão e apenas 1 fora de casa!), não haveria desculpas para o FC Porto não entrar numa dinâmica de vitória. Isso foi uma realidade, pois nesses últimos 7 jogos o FC Porto conseguiu 6 vitórias e apenas 1 empate. No entanto, a qualidade de jogo do FC Porto foi diminuindo à medida que este pequeno ciclo de jogos se aproximava do fim. Além disso, a equipa nunca conseguiu realizar uma daquelas exibições de "encher o olho" (apesar de, durante esse período, a vitória sobre o At. Madrid ter sido importante e inequívoca).
Curiosamente, a única partida que o FC Porto realizou fora de casa (vitória em Olhão, por 0-3) foi aquela em que a sua dinâmica de jogo foi mais constante e também foi aí que o FC Porto se sentiu mais confortável com os seus princípios de jogo. Ou seja, o FC Porto 2009/10 vai continuar a expor alguns dos seus defeitos nos jogos realizados no Dragão e a guardar grande parte das suas virtudes para os jogos fora de casa. Nas épocas anteriores resultou! E agora?
Hoje, no jogo frente ao Belenenses, a equipa pregou mais uma rasteira no discurso do «processo de crescimento» em que Jesualdo Ferreira tem insistido durante as suas conferências de imprensa. Foi o pior jogo da época até ao momento!
Mas o que aconteceu hoje não foi nada que não se adivinhasse depois das fraquinhas exibições frente ao APOEL e frente à Académica. O FC Porto andava-se a pôr a jeito!
Os optimistas vão dizer que nas últimas épocas o FC Porto atravessou sempre estes períodos de indefinição e que, ainda assim, conseguiu chegar ao fim em primeiro. No entanto, além de nesta época as circunstâncias serem completamente diferentes, também não é admissível que a equipa mostre tantas dificuldades para vencer um adversário que se apresentou no Dragão com 3 defesas adaptados (Mano, Diakité e Barge) e que viu o 'patrão' da sua defesa (Rodrigo Arroz) sair do jogo lesionado ainda durante a primeira-parte.
Ainda assim, tudo isso seria atenuado se o FC Porto tivesse criado oportunidades de golo e estivesse a jogar bem. O futebol que a equipa está a praticar é demasiado básico, especialmente nos jogos disputado em casa. Inadmissível numa SAD com um orçamento para o Futebol superior a 81 milhões de euros!
Julgo que, tal como na época passada, o jogo do FC Porto só vai ser empolgante em alguns jogos disputados longe do Estádio do Dragão. Apesar do nosso próximo jogo na Liga ser na Madeira, frente ao Marítimo, e de se realizar após mais uma desgastante jornada europeia (em Chipre, frente ao APOEL), é provável que o FC Porto se sinta mais confortável a jogar no 'Caldeirão' do que se sentiu nos últimos jogos realizados no Dragão frente a equipas demasiado defensivas.
Ainda assim, jogar fora de casa não será suficiente para vencer. Pelo que vimos hoje, alguma coisa vai ter que melhorar para ser possível derrotar os cipriotas e os madeirenses. Não basta despejar bolas para a área e esperar que Farías ou Falcão resolvam!
Positivo (+):
- a constante entrega ao jogo de Bruno Alves;
- Farías, pelo golo de difícil execução;
Negativo (-):
- o "chuveirinho" do FC Porto durante todo o jogo (foi quase um 'salve-se quem puder' com tanta bola bombeada sem qualquer nexo e convicção!);
- a táctica do FC Porto na segunda-parte (que confusão!);
- aquela pequena desatenção de Álvaro Pereira, que colocou Lima "em jogo" no lance do golo do Belenenses;
- Jesualdo Ferreira, o maior responsável pelo actual futebol trapalhão e cheio de equívocos tácticos do FC Porto (alguém acredita que a equipa está a crescer?);

O «cromo do dia» - Fernando Gomes

O Armando Pinto voltou a aceitar o meu desafio e desta vez enviou-me um texto sobre o "outro Fernando Gomes do FC Porto", o ex-basquetebolista e actual administrador da SAD. Aqui fica o texto e algumas fotos de Fernando Gomes enquanto basquetebolista do clube.
"Fernando Soares Gomes da Silva, antigo e carismático basquetebolista do FC Porto, integrou a célebre equipa portista do tempo de Dale “Flash” Dover, em cujo ano da “revelação desse Flash”, a equipa foi sucessivamente vencedora do Campeonato Regional da ABP, Campeonato Metropolitano e Campeonato Nacional – formando conjunto com outros valores como Esteves, Babo, Benjamim, Leite, Gaspar, Portela, Manuel António, José Manuel, Ivo e Assunção.
Nascido em 21 de Fevereiro de 1952, praticante desde Juvenil na modalidade, como atleta do clube, começou o Fernando Gomes do “basquete” (como se dizia popularmente, então para distinguir do futebolista que já despontava nos juniores), por se distinguir ainda nas camadas jovens e ainda muito jovem ascendeu ao plantel sénior.
Tornou-se inicialmente conhecido e valorizado como “base” da equipa de basquetebol azul e branco, sobretudo na década de setenta, havendo então atingido posição de relevo na modalidade, a pontos de ter merecido honras de internacionalização, algo nesse tempo pouco habitual entre atletas da camisola listada das nossas cores alvi-anil…
No seu percurso como basquetebolista, foi galardoado em 1971 com o Troféu Pinga (distinção clubista, antecedente do Dragão de Ouro).
Foi um dos atletas de atracção no festival de inauguração do Pavilhão Gimnodesportivo das Antas, em 1973 - em cujo programa houve imposição de faixas aos campeões das diversas modalidades, entre as quais o basquete de Dover e Gomes - tendo ele integrado uma equipa universitária que defrontou a representação do FC Porto nessa jornada festiva, na materialização desse velho anseio que era o clube possuir casa própria para as modalidades amadoras, na chamada Cidadela Desportiva das Antas. Algo aí tornado possível com a contribuição associativa, cortejos de oferendas e diversas outras iniciativas de angariação de meios (entre os quais um sorteio monumental, a que respeita imagem de um bilhete respectivo, adquirido nesse tempo pelo autor destas linhas).
Gomes da Silva, como também era referido, foi campeão nacional em 1971/72, 1978/79 e 1979/80, nos títulos conquistados pelo FC Porto nessas eras, tal como em 78/79 esteve também na conquista da Taça de Portugal, pelo clube das Antas.
Economista formado, entretanto, exerceu funções como quadro superior na área administrativa do FC Porto, tendo depois, desde 1994, passado a Vice-Presidente da Direcção, bem como mais tarde passou a integrar o elenco de administradores do FC Porto – Futebol SAD.
De permeio, em 1996, recebeu o Dragão de Ouro respeitante à categoria de “Dirigente do Ano”. Como, em representação do clube, em 2004, foi nomeado membro do Comité Interclubes da UEFA."
Fontes: Jornal “O Porto” e livro “FC Porto – Figuras e Factos / 1893-2005”.
Armando Pinto
Em cima, na foto, recuperámos o plantel de Basquetebol do FC Porto da época 1971/72.
No 1º plano (da esquerda para a direita): Esteves, Alberto Babo, Benjamim, Alfredo Leite, Fernando Gomes e Gaspar;
No 2º plano (da esquerda para a direita): Dale "Flash" Dover, Portela, Manuel António, José Manuel, Ivo e Assunção;

terça-feira, 27 de outubro de 2009

O pior meio-campo da 'era Jesualdo'?

Ao contrário do que se tem escrito e comentado, não é a ausência de Belluschi que está a condicionar o jogo do FC Porto. O mau futebol que a equipa apresentou nos últimos jogos é apenas consequência de uma opção (de Jesualdo ou da SAD?) por centro-campistas com características que um plantel de um clube como o FC Porto não deveria privilegiar.
O que têm em comum jogadores como Fernando, Freddy Guarín, Tomás Costa, Raúl Meireles, Mariano Gonzalez ou Cristian Rodriguez? São todos dedicados, é um facto, mas nenhum deles tem criatividade para, na posse da bola, poder servir com qualidade os avançados.
Sobram Belluschi e Valeri. O primeiro, quando inserido no actual quadro de jogadores que constituem o meio-campo do FC Porto, destaca-se naturalmente. Mesmo não sendo um típico nº 10, o ex-jogador do Olympiakos já parece quase imprescindível. Pudera, perante a força e músculo dos seus colegas de sector... Quanto a Valeri, nos poucos minutos que foi utilizado deu a sensação de ser um jogador inteligente na posse da bola, mas o argentino é, neste momento, um jogador sem ritmo e preso de movimentos. Ou seja, a sua intensidade de jogo ainda não se ajusta à do futebol europeu. Quando Belluschi não joga, o meio-campo do FC Porto torna-se vulgaríssimo. Nessa alturas, só correndo mais do que o adversário é que o FC Porto consegue "agarrar" no jogo. Um mau sinal, pois a 'inspiração' dos jogadores deveria ser suficiente para derrotar determinado tipo de adversários. Não é suposto um meio-campo de uma equipa como o FC Porto necessitar de utilizar a força e correr quilómetros para se impor ao seu adversário.
Com um meio-campo de músculo e 'transpiração' nunca vamos ver o FC Porto produzir grandes espectáculos quando actua no Estádio do Dragão. Perante adversários bem posicionados e extremamente defensivos, como se revelou a Académica no último Domingo, e sem um homem, como Belluschi, que possa efectuar um passe de ruptura ou garantir a posse da bola, os avançados do FC Porto bem podem desesperar por 'bolas para golo'.
Nessas circunstâncias, quem poderá servir a frente de ataque do FC Porto? O musculado Freddy Guarín? O desengonçado Mariano Gonzalez? O vulgar Tomás Costa? O "ausente" Raúl Meireles?... E pensar que o FC Porto já teve, em simultâneo, jogadores como Anderson, Ibson e Lucho no seu plantel!
O FC Porto de Jesualdo Ferreira já nos habituou a ser uma equipa que privilegia o futebol prático e sem aqueles rendilhados que, por vezes, só atrapalham o futebol de transições rápidas que o Professor aprecia. O problema é que no passado, além de ter tido centro-campistas que aliavam força e técnica (como Lucho e Anderson), o FC Porto não tinha a concorrência que esta época o Benfica lhe está a oferecer. Ou seja, em anos anteriores, aqueles empates no Estádio do Dragão, quando o FC Porto defrontava adversários demasiado "fechados", raramente faziam mossa, pois o FC Porto possuía sempre uma "almofada" pontual que lhe dava margem para desperdiçar pontos em sua casa.
Actualmente, o FC Porto já não se vai poder dar a esse luxo. Para quebrar barreiras defensivas demasiado densas é preciso criatividade. Não basta lançar Ernesto Farías a 20 minutos do final do jogo e esperar que o golo chegue aos trambolhões.
Talvez seja chegada a altura do FC Porto rever a sua política de contratações no que a centro-campistas diz respeito. Neste momento, só Belluschi se sente à vontade na posse da bola. Quanto aos outros, é só "partir pedra"!

A «foto do dia» - As 'caricaturas' do FC Porto 1955/56

Aproveitando a entrevista que os adeptos do Flamengo realizaram com Dorival Yustrich, e aqui publicada na semana anterior, hoje recordamos a equipa do FC Porto que venceu o campeonato nacional de 1955/56, numa altura em que o FC Porto era orientado por aquele carismático técnico brasileiro.
Na foto, surgem as caricaturas de alguns jogadores que contribuíram decisivamente para o regresso ao FC Porto aos títulos. O autor do 'cartoon' recuperou os 13 jogadores que Yustrich mais utilizou durante aquela campanha (os habituais suplentes Carlos Duarte e José Maria também foram muito utilizados nessa época).
Em baixo, pode ler-se: «Equipa de honra de Futebol do FC Porto - 1955/56, Glorioso Campeão Nacional»!

domingo, 25 de outubro de 2009

Sofrível!

Aquele minuto 58', altura da entrada de Farías em campo, marcou o jogo de hoje. Apesar de se terem ouvido muitos assobios (a plateia do Dragão preferia a saída de Mariano Gonzalez em vez de Cristian Rodriguez), essa substituição foi fundamental, não por ter entrado Farías (a propósito, a sua postura continua irrepreensível!), mas por ter tido como consequência a alteração do sistema táctico ('4-3-3') com que o FC Porto iniciou o jogo.
Foi o ofensivo '4-2-4' que permitiu ao FC Porto quebrar aquela muito bem posicionada barreira defensiva da Académica. Essa foi uma opção com algum risco por parte de Jesualdo Ferreira, porque a Académica estava muito bem no jogo. Mas alargar a frente de ataque era a única solução para compensar a autêntica exibição aos trambolhões que o FC Porto estava a realizar. A partir daí surgiram os golos, que terminaram no período de compensação com a 'Briosa' a levar do Dragão uma inglória, mas justa, desvantagem de apenas um golo: 3-2!
Agora o jogo. Não era propriamente esta a exibição que esperávamos do FC Porto perante o último classificado da Liga. Hoje, voltou a não dar prazer ver o FC Porto jogar. A primeira-parte, então, foi miserável! Foram os piores primeiros 45 minutos da época. Nesse período, o FC Porto jogou sem pressão, sem criatividade, sem alegria,... Enfim, um primeiro tempo para esquecer. Nem um remate com convicção!
Mais uma vez, ficou notório o que tínhamos referido ainda antes do início da época. Sem um nº 10 com qualidade de passe e criatividade, o FC Porto tem muitas dificuldades em quebrar barreiras defensivas demasiado densas.
O desgaste da jornada europeia não pode ser usado como desculpa. Aliás, na primeira-parte a Académica nem precisou de realizar uma exibição rigorosa a nível defensivo, pois bastou-lhe colocar um grande número de jogadores em frente à sua área e jogar com as linhas muito próximas.
Se já tinhamos notado a ausência de Belluschi no jogo frente ao APOEL, isso hoje foi ainda mais evidente. O esquema que o Professor utiliza, privilegiando os centro-campistas com mais músculo do que criatividade, continua a ter muitas virtudes (os resultados das últimas épocas provam-no!), mas o FC Porto fica com o seu jogo de ataque mais condicionado sempre que defronta adversários demasiado "fechados" (Belluschi, volta depressa!).
Hoje, frente a Académica, o FC Porto demorou mais de 60 minutos para criar uma oportunidade clara de golo. Notou-se algum cansaço mental na equipa (natural depois do jogo da 'Champions'), mas isso deveria ter sido compensado com uma fluidez de jogo de uma equipa que já leva mais de 3 meses de trabalho pela frente. O FC Porto recorreu à 'transpiração' num jogo que pedia 'inspiração'.
Agora, será muito importante o FC Porto vencer os 3 jogos seguintes. Como nas próximas jornadas o nosso maior rival terá de disputar dois jogos complicados, frente a Sp. Braga (fora) e Sporting (fora), seria importante o FC Porto vencer os jogos que vai disputar, durante esse mesmo período, frente a Belenenses (casa), Marítimo (fora) e Rio Ave (casa).
Positivo (+):
- Mariano Gonzalez (terá sido apenas um intervalo nas constantes más exibições que vem realizando?);
- a perseverança e motivação do utilíssimo Ernesto Farías, que teima em marcar golos decisivos;
- a mudança táctica do FC Porto, para um arriscado, mas ambicioso, '4-2-4';
- a exigência dos adeptos, que assobiaram (e com razão!) a exibição do FC Porto;
Negativo (-):
- aqueles primeiros 60 minutos de jogo, com um FC Porto irreconhecível;
- o jogo desastrado de Hulk;
- a péssima qualidade de passe do FC Porto (foi apenas cansaço mental?);
- a lesão de Fucile, que passava um excelente momento de forma;

«Curiosidades FCP» - O 'tridente' Cubillas-Gomes-Oliveira

Hoje, recordamos um trio de jogadores que constituiu um dos melhores 'tridentes ofensivos' da história do FC Porto e do futebol português: Teófilo Cubillas, Fernando Gomes e António Oliveira.
Este trio de ataque foi determinante no futebol ofensivo que o FC Porto privilegiou a meio da década de 70, ou seja, imediatamente antes do clube regressar aos títulos, em 1976/77.
Apesar de Oliveira e Cubillas já representarem o FC Porto em 1973/74, foi apenas na época seguinte que se lhes juntou Gomes. Ou seja, a época 1974/75, além de ter sido especial para o miúdo Fernando Gomes (aos 18 anos já era titular do «onze» do FC Porto), também foi marcante para aquele trio de jogadores. Foram duas épocas e meia em que Cubillas, Gomes e Oliveira jogaram juntos na frente de ataque do FC Porto, desde o início da época 1974/75 até meio da época 1976/77, altura em que Teófilo Cubillas deixou o FC Porto para regressar ao "seu" Alianza Lima, do Perú.
O 'tridente' Cubillas-Gomes-Oliveira começou por ser utilizado no FC Porto pelo técnico brasileiro Aymoré Moreira, que acabou por não comandar a equipa até final da época, sendo substituído por Monteiro da Costa já muito perto do final do campeonato. Nesse ano, o FC Porto foi 2º classificado a apenas 5 pontos do Benfica. Ainda assim, o FC Porto igualou o seu maior rival em número de golos marcados na competição (62), tendo o trio Cubillas-Gomes-Oliveira contribuído com mais de metade daquela soma (35 golos).
Fernando Gomes, logo na sua época de estreia nos séniores do FC Porto, marcou 14 golos no campeonato, enquanto que Oliveira e Cubillas apontaram, respectivamente, 12 e 9 golos. De referir também que o surpreendente Lemos, com 13 golos, também foi importante para aquela marca de 62 golos apontados pelo FC Porto na liga.
Na época seguinte (1975/76), o trio Cubillas-Gomes-Oliveira atingiria o seu melhor registo a nível da concretização. Curiosamente, foi nesse ano que o FC Porto registou a sua pior classificação na liga durante o período em que aqueles três jogadores representaram o clube.
Nessa época, o FC Porto, de Branko Stankovic (até à 18ª jornada) e Monteiro da Costa, foi 4º classificado no campeonato. No entanto, aquele trio de jogadores foi responsável por mais de 60% dos golos que o FC Porto marcou na prova. Cubillas (28 golos), Gomes (10 golos) e Oliveira (7 golos) foram os maiores responsáveis pelo FC Porto ter sido o 2º melhor ataque da competição, com 73 golos.
Tal como já tinha acontecido com Lemos no ano anterior, nessa época houve um novo "intruso" na tabela de melhores marcadores do FC Porto no campeonato: Seninho, com 10 golos.
Por fim, a época 1976/77. Esse ano, apesar de ter ficado assinalado pelo regresso do FC Porto aos títulos depois de 9 anos de jejum (conquistou a Taça de Portugal, com José Maria Pedroto), também ficou marcado pela separação do trio Cubillas-Gomes-Oliveira.
Infelizmente, o nosso ex-nº 10 optou por regressar ao Perú a meio dessa época, acabando por já não estar presente na final da Taça de Portugal (salvo erro, Cubillas ainda participou nas primeiras eliminatórias da prova).
Nessa época, e apesar de não ter conquistado o campeonato (foi 2º classificado a 10 pontos do Benfica), o FC Porto seria o melhor ataque da prova, com 72 golos (impressionante média de 3,8 golos marcados nos jogos disputados nas Antas).
Fernando Gomes (26 golos), António Oliveira (11 golos) e Cubillas (7 golos) voltaram a ser determinantes na frente de ataque do FC Porto no último ano em que os três, em simultâneo, representaram o clube.
No total, este fantástico 'tridente ofensivo' foi responsável por 124 (!) golos do FC Porto no campeonato nacional, e em apenas 2 épocas e meia. Notável!
Na Europa, este trio também deixou a sua marca. Neste particular, merecem destaque duas eliminatórias que o FC Porto disputou na Taça UEFA durante aquele período. Em 1974/75, os ingleses do Wolverhampton foram eliminados pelo FC Porto logo na 1ª eliminatória da prova, com dois golos de Cubillas (um em cada uma das mãos da eliminatória) e outro de Fernando Gomes, enquanto que em 1975/76, o Avenir Beggen seria a maior vítima da cumplicidade entre Cubillas, Gomes e Oliveira. O FC Porto venceu os luxemburgueses por 7-0 e o jogo ficou marcado pelos golos daquele 'tridente' de jogadores («hat-trick» de Cubillas, 1 golo de Oliveira e 1 golo de Gomes).
A saída de Cubillas, a meio da época seguinte, colocaria um ponto final naquele extraordinário 'tridente ofensivo'. Provavelmente, com o perúano na equipa teria sido mais fácil ao FC Porto conquistar o título na época seguinte (nota: em 77/78, o FC Porto foi campeão nacional em igualdade pontual com o Benfica). Ainda assim, o seu substituto, o brasileiro Ademir, acabou por fazer esquecer o génio perúano ao tornar-se o 3º melhor marcador da equipa no campeonato, com 12 golos (foi ele o autor do golo do empate naquele super-decisivo clássico que o FC Porto disputou nas Antas, frente ao Benfica).
Quanto à dupla Gomes-Oliveira, em 1977/78 manteve a mesma cadência dos anos anteriores, apontando, em conjunto, 44 (!) golos no campeonato.
Em cima, na foto, recuperámos um «onze» do FC Porto, da época 1976/77, onde surge aquele fantástico trio de jogadores.
Em cima (da esq. p/ dta.): Teixeirinha, Freitas, Celso, Simões, Tibi, Teixeira;
Em baixo (da esq. p/ dta.): Taí, Octávio, Gomes, Cubillas, Oliveira;

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Ter Hulk ajuda muito!

Este era um daquele tipo de jogos que deixava os adeptos do FC Porto algo apreensivos, não tanto pelo valor do adversário, pois o APOEL é de facto inferior ao FC Porto, mas pela postura pouco cautelosa que o FC Porto poderia colocar em campo. Um FC Porto demasiado convicto da sua superioridade poderia colocar em causa a vitória no jogo de hoje.
Antes do jogo, recordei-me daquela estranhíssima derrota (2-3) frente ao também acessível Artmedia, da Eslováquia. Nesse jogo, o FC Porto, de Co Adriaanse, subestimou o seu adversário e foi derrotado por 2-3 (depois de estar a vencer por 2-0)!
Felizmente, o 'FC Porto de Jesualdo' é bem mais consistente e compacto do que aquela imprevisível e romântica equipa comandada pelo técnico holandês. Na Europa, o 'FC Porto de Adriaanse' era capaz do melhor e do pior: venceu o Inter de Milão, por 2-0, e perdeu com os eslovacos, por 2-3! Por isso, honra seja feita a Jesualdo Ferreira, que tornou o FC Porto numa das equipas mais difíceis de derrotar na prova.
Hoje, o FC Porto soube dar a melhor resposta depois de ter ficado em desvantagem no marcador numa altura em que já estava por cima no jogo. Na 'Champions', jogando em casa ou fora, é sempre complicado correr atrás do prejuízo. O FC Porto deu a volta e venceu 2-1!
Mas apesar do APOEL ser uma equipa solidária e organizada, a desvantagem do FC Porto no marcador ficou mais a dever-se a alguma apatia que a equipa mostrou na primeira-parte do que às virtudes do adversário, que não possui jogadores que possam desequilibrar um jogo.
Ainda assim, no início da segunda-parte houve necessidade do FC Porto fazer 20 minutos de constante pressão para chegar definitivamente à vantagem. Durante esse período, o APOEL foi asfixiado!
No entanto, essa correria do FC Porto só foi premiada com um golo, mas a vitória nunca esteve em causa, mesmo depois da expulsão de Mariano Gonzalez. Neste momento, já nem sabemos o que condicona mais o jogo da equipa, se a ausência de Belluschi ou se a inclusão de Mariano no «onze». Apesar de ser na posição de médio-interior direito que melhor disfarça os seus defeitos (é lento no transporte da bola e pouco esclarecido), Mariano Gonzalez está muito longe de poder oferecer aquilo que se pede a um titular do «onze» do FC Porto.
Ainda assim, no jogo de hoje o FC Porto nunca esteve dependente da entrada no «onze» do jogador 'x' ou do jogador 'y', pois o APOEL é uma equipa demasiado previsível, principalmente quando ataca. De facto, só um At. Madrid em sub-rendimento é que não consegue vencer os cipriotas no Vicente Calderon. Mas atenção, porque o APOEL não vai querer sair da prova de mãos a abanar. O FC Porto não pode subestimar o seu adversário quando se deslocar a Nicósia.
Esta época, nos jogos europeus disputados em sua casa, o APOEL foi derrotado pela margem mínima (0-1), frente ao Chelsea, e venceu os dois jogos que realizou nas eliminatórias de acesso à fase de grupos (2-0 frente ao Partizan de Belgrado e 3-1 frente ao Copenhaga). É preciso respeitar os cipriotas!
No início da competição, tinhamos referido que o objectivo do FC Porto passava por chegar a Madrid, na última jornada, com a qualificação para os Oitavos-de-final garantida. Agora, isso pode ser uma realidade já na próxima jornada. Para isso, o FC Porto necessita de vencer em Nicósia e esperar que o At. Madrid não vença o Chelsea.
Positivo (+):
- Hulk, marcou 2 golos e começa a fazer das suas arrancadas uma imagem de marca;
- o jogo massacrante (para os adversários!) de Cristian Rodriguez;
- Fernando, que foi autoritário a defender e exuberante a sair para o ataque;
- a pressão altíssima do FC Porto no início da segunda-parte;
- o resultado do At. Madrid, que deixa o grupo partido em dois: os primeiros, Chelsea e FC Porto, e os últimos, At. Madrid e APOEL;
Negativo (-):
- Mariano, claro!
- o excesso de confiança do FC Porto na primeira-parte;
- aquela pequena imprecisão de Falcão (fez um óptimo jogo!) que, na resposta a um cruzamento de Hulk, podia ter dado o terceiro golo ao FC Porto;

«Curiosidades FCP» - A homenagem da torcida do Flamengo a Dorival Yustrich

O 'Paixão pelo Porto' vai continuar a recordar um dos técnicos mais carismáticos de sempre da história do FC Porto: Dorival Yustrich.
Hoje, publicamos uma entrevista efectuada ao ex-treinador do FC Porto por um 'blog' (butecodoflamengo.blogspot.com) de adeptos afectos ao Flamengo. A torcida do clube do Rio de Janeiro ainda hoje não esquece Yustrich, um dos mais marcantes e conceituados guarda-redes (e também treinador) de toda a história daquele clube brasileiro.
Apesar das referências ao FC Porto serem muito breves (na entrevista, Yustrich recorda apenas o regresso do clube aos títulos, em 1955/56, e também se associa à conquista da Taça de Portugal de 1957/58, apesar do FC Porto, no Jamor, já ter sido orientado por Otto Bumbel), a iniciativa dos adeptos do Flamengo merece o nosso elogio e apreço.
Aqui fica a entrevista (em português do Brasil) e algumas fotos de Yustrich enquanto guarda-redes do Flamengo (reparem que era um 'keeper' altíssimo!):
Natural de Corumbá, Mato Grosso, Dorival Knippel herdou esse sobrenome porque por parte de pai descendia de avós alemães. E aos 6 meses de idade, apenas, foi trazido pelos pais, ao Rio e entregue aos seus tios, que passaram a criá-lo e educá-lo.
Ao atingir os 7 anos, o menino Dorival já era órfão de pai e mãe. Começou a estudar no colégio 'José de Alencar', no Largo do Machado, onde completou o primário. Depois fez os dois primeiros anos ginasiais, no Ginásio Lafaiete e os restantes como interno do Instituto João Alfredo.
- Yustrich, quando foi que você deixou de ser o Dorival Knippel para se tornar simplesmente o Yustrich que hoje o Brasil inteiro conhece?
- Aconteceu aos 15 anos quando, trocando de posição, comecei a jogar como goleiro (guarda-redes) pelo Andaraí.
- E a origem do apelido?
- Pouco antes tinha passado pelo Rio uma equipa argentina com um goleiro que o meu técnico, Hermógenes, achou que eu parecia. Fosse pelo porte, fosse pelo facto de que resolvi usar também um boné de pano parecido com o que ele usara, naquela época. Não importam os detalhes, pois o importante foi que o apelido pegou e eu passei a ser Yustrich para todos e para sempre...
Sócio do Flamengo desde menino, ainda da época da Rua Paissandu, Yustrich foi escuteiro rubro-negro e aos 13 anos tornou-se 'center-half' titular do quadro infanto-juvenil. Nessa época, era 'pivot', jogava no meio do campo e ainda nem pensara em se tornar o goleiro que mais tarde conquistaria o campeonato de 1939 pelo Flamengo e alcançaria também a façanha do primeiro tricampeonato rubro-negro. Durante todo o tempo em que defendeu o Flamengo, Yustrich teve a dirigi-lo apenas dois técnicos: Flávio Costa e Doris Kruschener e nos 8 meses de Vasco da Gama, seu único treinador foi Ondino Viera.
O que pouca gente sabe é que Yustrich chegou a cursar até ao terceiro ano de Agronomia.
- Enquanto eu cursava Agronomia, Heleno de Freitas fazia Direito. Ambos estudávamos em Niterói e ele se formou, mas eu tive que desistir e mudar afinal de profissão.
- Porquê?
- Porque depois do 3º ano eu teria, obrigatoriamente, que me transferir para completar o curso em Viçosa. E como jogava futebol no Rio, preferi não ir e cursei, então, a Escola Nacional de Educação Física da Praia Vermelha, pela qual me diplomei.
- E o início da sua carreira de técnico? Como foi?
- Fui convidado pelo Coronel Macedo Soares, àquela época Director Técnico da Companhia Siderúrgica Nacional, para organizar o Parque Esportivo de Volta Redonda. E passei exactamente 1 ano organizando tudo. Quando o Parque Esportivo estava em pleno funcionamento, cessaram os meus compromissos e retornei ao Rio. Era Polícia Especial, aqui, mas como esse não era o meu ideal, já que desejava seguir carreira como técnico de futebol, aceitei um convite que me foi feito pelo meu velho e grande amigo Fernando César Pereira (também compositor famoso), para ser o representante comercial da firma Carlos Pereira Produtos Químicos, em Belo Horizonte. Aceitei e assim já em 1948 iniciava como técnico do América, na capital mineira.
Desde então, diversos têm sido os clubes pelos quais Yustrich passou, como treinador, sempre calcando a sua filosofia de trabalho em dois pontos básicos: uma disciplina rígida e uma preparação física o mais próxima possível da perfeição, com seus comandados tendo de levar a vida regrada de atletas profissionais que se dedicam integralmente à observância de todas as suas obrigações contratuais.
- Em Minas Gerais só não dirigi o Cruzeiro. Levei o América à conquista do campeonato, em 1948, depois de longos 17 anos divorciado do título, como se encontrava o tradicional clube mineiro. Dirigi o Atlético ao qual dei dois títulos, o Vila Nova, e levei também o Siderúrgica, ao qual tive a felicidade de conduzir ao título máximo, depois de 27 anos que ele não era campeão.
Pequena pausa e uma referência directa sobre a primeira experiência internacional que fez como técnico:
- Foi em 1955, quando me transferi para o FC Porto, que havia 17 anos não era campeão de Portugal e conquistou o título na temporada de 55-56 e também a Taça de Portugal. Voltei para a temporada de 57-58 e estava na liderança do certame até quando só já nos faltavam dois jogos, para alcançarmos o título. Infelizmente, não o logramos, mas alcançamos logo em seguida a conquista da Taça de Portugal.
- E no Rio, Yustrich?
- Aqui eu dirigi o América na época em que Wolnei Braune era o presidente. Recuperei alguns jogadores e lancei outros, acreditando que valia a pena recordar alguns nomes como os do goleiro Ari, do zagueiro Jorge, do meio-campo Amaro e dos atacantes Calazans e Canário, este até vendido ao futebol da Espanha, por bom preço. Essa mesma equipa rubra, por sinal, acabou por se sagrar campeã carioca no ano seguinte, em 1960.
- E depois?
- Dirigi o Bangu, mas somente durante uma excursão ao exterior. O alvir-rubro precisava de um técnico diplomado para viajar para a Europa e os Estados Unidos, contratando os meus serviços.
- Esquecia-me que, antes disso, quando saí do América fui para o Vasco, clube ao qual dirigi tecnicamente durante apenas 8 meses, deixando-o pronto com a sucessão presidencial.
A maior satisfação
- Se outra coisa eu não tivesse conseguido ou não vier a alcançar, no futebol carioca, a minha maior satisfação foi a de haver provocado uma profunda modificação na forma de sua disputa. O futebol carioca era extremamente lento, até que eu cheguei para o Flamengo. Então a velocidade com que a equipa rubro-negra começou a jogar a todos assustou e não houve outro caminho a seguir, para os outros clubes, senão o de se prepararem para jogar do mesmo jeito, na base da extrema rapidez exigida pelo futebol moderno. De resto, a minha consciência me assegura que tentei dar o máximo de mim, diariamente, para proporcionar ao clube e à massa de torcedores do rubro-negro — já que ninguém é mais Flamengo do que eu, como torcedor! — tudo o que eles merecem.
Yustrich passava seis dias da semana trabalhando em regime de tempo integral no Flamengo, mas no dia 26 de Maio acabou deixando a Gávea. Seu nome continuará sendo discutido, pois afinal assim tem sido toda sua vida.

domingo, 18 de outubro de 2009

Um treino mais animado!

O sorteio da Taça de Portugal não poderia ter sido mais simpático para o FC Porto. Além de nos ter proporcionado o reencontro com o Sertanense, um adversário da II Divisão, ainda nos possibilitou jogar no Dragão (também temos direito, depois de dois anos consecutivos a jogar na Sertã para a Taça!).
Assim, era difícl encontrarmos melhor 'élan' 4 dias antes de defrontarmos o APOEL para a Liga dos Campeões e 3 dias depois de mais uma jornada de apuramento para o Mundial da África do Sul (houve jogadores do FC Porto que só treinaram ontem!). Além disso, este foi o primeiro de quatro jogos consecutivos que o FC Porto vai realizar no Dragão.
Perante este quadro, o jogo da Taça não poderia assumir grande protagonismo na agenda dos «tetracampeões». Ainda assim, havia alguns motivos de interesse: observar a postura da equipa perante um adversário menos cotado, confirmar em que fase de adaptação/evolução se encontra Diego Valeri, avaliar a motivação de Farías, observar pela primeira vez Sebastian Prediger na 'posição 6', confirmar as expectativas sobre o prometedor Yero,...
Depois de ter goleado o Sertanense pelo mesmo resultado (0-4) nas duas edições anteriores da Taça de Portugal, também havia a curiosidade de saber se, jogando em casa, o FC Porto seria agora capaz de vencer por mais golos de diferença do que naquelas duas ocasiões em que visitou a Sertã. Afinal, foi tudo igual: 4-0 (e novamente com 'bis' de Farías)! Hoje, houve uma meia-surpresa logo de início, pois o FC Porto apresentou-se em campo num sistema de apenas 3 defesas, 'à Co Adriaanse'!. No entanto, essa opção terá tido mais a ver com a fragilidade do adversário e com os jogadores disponíveis na convocatória do que com uma experiência para ter em conta no futuro.
Destaque também para a prova de confiança que Jesualdo Ferreira demonstrou ao convocar 8 (!) jogadores dos sub-19. Mesmo correndo alguns riscos, só dessa forma é que o Prof. pode avaliar mais a sério os jovens da 'cantera'. Uma coisa é treinar com os séniores, outra coisa é disputar um jogo oficial no Estádio do Dragão. Este foi o 'timing' certo!
Quanto ao jogo, há muito pouco a dizer. O FC Porto entrou muito forte e resolveu as coisas nos primeiros 10 minutos. Depois disso, limitou-se a gerir o jogo. Resumindo: foi um bom treino 4 dias antes de mais uma excitante jornada da 'Champions'. Agora, será importantíssimo vencer o APOEL na próxima Quarta-feira. Se assim for, e se o At. Madrid for derrotado em Stamford Bridge (esperemos que seja!), o FC Porto "cava" uma diferença de 5 pontos para espanhóis e cipriotas. Excelente cenário!
Quanto á Taça de Portugal, o meu único desejo é que a próxima eliminatória nos reserve novo jogo no Dragão (não escolho adversário!), pois isso permite-nos poupar alguns jogadores mais utilizados e evitamos ter que jogar em campos de dimensões reduzidas e com relvados em mau estado.
Positivo (+):
- as iniciativas (oferta de convites às escolas, ingressos a preços reduzidos,...) que o FC Porto promoveu e que levaram mais de 30 mil pessoas ao Dragão;
- os bons pormenores de Prediger (porquê tanto tempo para se estrear?);
- a intensidade e "fome de bola" de Nuno André Coelho e Hulk;
- o 'bis' de Farías, um suplente que insiste em deixar a sua marca;
- o futebol adulto de Sérgio Oliveira (bela surpresa!), o mais jovem de sempre a vestir a camisola do FC Porto em jogos oficiais;
- as estreias de 4 jovens dos sub-19;
Negativo (-):
- a exibição de Valeri (não comprometeu mas também não correspondeu às expectativas);
- a natural pouca fluidez de jogo que o FC Porto mostrou na segunda-parte (ainda assim, pediam-se mais um ou dois golos perante um adversário que jogou em inferioridade numérica);

A «foto do dia» - FC Porto 1967/68

Hoje, na «foto do dia», recuamos à época em que a vitória do FC Porto na Taça de Portugal fez interromper um longo jejum sem triunfos no campeonato nacional. Essa Taça de Portugal acabou por ser um "oásis" naqueles 18 anos que marcaram o pior período da nossa história, entre o campeonato nacional conquistado em 1958/59, com Béla Guttmann, e a Taça de Portugal conquistada em 1976/77, com José Maria Pedroto.
Infelizmente, àquele triunfo na Taça de Portugal, em 1967/68, não corresponderam prestações idênticas da equipa na liga portuguesa e nas provas europeias. No campeonato nacional, o FC Porto foi 3º classificado a 5 pontos do Benfica (Campeão) e a 1 ponto do Sporting (2º), enquanto que nas competições europeias (nessa época o FC Porto disputou a antiga Taça das Cidades com Feiras) o FC Porto não foi além da 1ª eliminatória, sendo eliminado pelo Hibernian, da Escócia (derrota em Edimburgo por 3-0 e vitória, insuficiente, nas Antas, por 3-1).
Esta foto foi captada no antigo Estádio das Antas e nela merecem destaque as ausências de Rolando e Manuel António, que, apesar de terem sido dos mais utilizados por Pedroto nessa época, acabam por não surgir neste «onze».
Em cima (da esq. p/ dta): Valdemar, Atraca, Pavão, Bernardo da Velha, Sucena e Américo;
Em baixo (da esq. p/ dta): Jaime, Djalma, Custódio Pinto, Gomes e Nóbrega;

«Curiosidades FCP» - Os nossos estrangeiros no 'México 86'

Aproveitando o apuramento (sofrível!) da Selecção portuguesa para o play-off de acesso ao próximo campeonato do mundo, recordamos os jogadores estrangeiros do FC Porto que estiveram presentes no Mundial 'México 86': Jozef Mlynarczyk (Polónia), Rabah Madjer (Argélia) e Walter Casagrande (Brasil). Acrescentámos o avançado brasileiro a esta pequena lista porque Casagrande chegou ao FC Porto, vindo do Corinthians, logo após o final da competição.
Começamos pelo 'mestre de Vítor Baía'. Mlynarczyk acabou por ficar no mesmo grupo de Portugal durante a 1ª fase da competição. Apesar de ter vencido (1-0, golo de Smolarek) o jogo frente à nossa Selecção, a Polónia acabou por se qualificar para os Oitavos-de-final da prova em 3º lugar do grupo (Portugal foi último!).
Os polacos apuraram-se num grupo que incluía ainda as selecções de Inglaterra e Marrocos. Essa foi a segunda participação de Mlynarczyk numa fase final de um campeonato do mundo, pois o ex-guarda-redes do FC Porto já tinha estado presente no 'Espanha 82' (jogava ainda no Widzew Lódz), tendo a Polónia, nessa altura, atingido o 3º lugar na competição (venceu a França no apuramento dos 3º e 4º lugares).
No México, e tal como no mundial disputado 4 anos antes, o ex-guarda-redes do FC Porto manteve a titularidade na baliza polaca, relegando para o banco de suplentes os seus compatriotas Jacek Kazimierski (Légia de Varsóvia) e Jozef Wandzik (Górnik Zabrze).
Apesar de não ter sofrido nenhum golo nos jogos com Portugal (1-0) e Marrocos (0-0), Mlynarczyk seria batido por 3 vezes no jogo frente à Inglaterra (1-3), de Bobby Robson. O carismático Gary Lineker, com um «hat-trick», tornou-se no único jogador a marcar golos ao 'Mly' na 1ª fase da competição. Contudo, a Polónia seria eliminada da prova logo a seguir, nos Oitavos-de-final, pelo Brasil (em cima, na foto, um dos 4 golos que os brasileiros marcaram a Mlynarczyk nessa partida).
Quanto à Argélia, de Rabah Madjer, teve no 'México 86' a sua última aparição em campeonatos do mundo.
Na 1ª fase da prova, os argelinos foram sorteados no Grupo D, juntamente com Brasil, Espanha e Irlanda do Norte.
Apesar de ter chegado ao México como segundo melhor marcador do FC Porto na liga portuguesa, com 11 golos, e de ter sido sempre titular nos 3 jogos que a sua selecção realizou na fase final da prova, Madjer acabou por não marcar qualquer golo na competição.
Nos 3 jogos que realizou na prova, a frágil selecção argelina marcou apenas um golo, precisamente o que lhe deu o único ponto que conquistou na fase de grupos (1-1, frente à Irlanda do Norte). Ainda assim, a Argélia criou imensas dificuldades ao Brasil no seu segundo jogo na fase de grupos.
Os brasileiros venceram por apenas 1-0 (golo de Careca), num jogo que marcou o primeiro encontro de Madjer com o seu futuro colega Walter Casagrande, pois os dois jogadores do FC Porto foram ambos utilizados nessa partida (em cima, na foto, vemos Madjer e o brasileiro Edinho a disputarem um lance durante esse jogo).
O adeus da Argélia ao Mundial ficou consumado no último jogo da fase de grupos, que terminou com a derrota da selecção de Madjer, frente à Espanha, por 3-0.
Por fim, o Brasil, de Walter Casagrande. Apesar da experiência nas Antas não lhe ter corrido bem (lesionou-se gravemente no jogo frente ao Brondby, da 2ª mão dos Quartos-de-final da Taça dos Campeões Europeus 1986/87), este ex-avançado do FC Porto realizou uma grande época ao serviço do Corinthians, em 1985/86, acabando por ser um dos avançados escolhidos por Telê Santana para estar presente no Mundial do México.
Mesmo enfrentando uma concorrência fortíssima (que incluía, entre outros, Zico, Muller e Careca), Casagrande foi titular da «canarinha» em dois jogos desse Mundial (ambos na fase de grupos), mas acabou por não marcar nenhum golo na competição (em cima, na foto, vemos o ex-avançado do FC Porto no jogo frente à Argélia).
Além destes três jogadores, o FC Porto contou ainda com 9 portugueses convocados para o Mundial 'México 86': João Pinto, Inácio, Jaime Magalhães, André, Fernando Gomes, Paulo Futre, Jaime Pacheco (ex-Sporting), Sousa (ex-Sporting) e Bandeirinha (ex-Académica).

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

O "descendente" de Falcão

Está a ser o grande destaque deste início de época do FC Porto e uma surpresa mesmo para aqueles que acompanharam a sua carreira no futebol sul-americano. Hoje, o 'Paixão pelo Porto' recorda a ascensão de Falcao e algumas curiosidades que têm surgido no percurso do nosso novo ponta-de-lança.
Falcao nasceu a 10 de Fevereiro de 1986, em Santa Marta (Colômbia). O seu pai, Radamel García, também foi futebolista, notabilizando-se como defesa no campeonato colombiano, durante a década de 80.
Como apreciava muito as qualidades do brasileiro Falcão (em baixo, na foto), o pai do actual nº 9 do FC Porto decidiu baptizar o filho com o apelido do conceituado médio-centro da selecção do Brasil e da AS Roma. Apesar de se ter notabilizado em Itália, ajudando a AS Roma a conquistar o 'scudetto', em 1983, foi no Mundial de Espanha, em 1982, que Paulo Roberto Falcão levou o colombiano Radamel García a baptizar o filho e actual ponta-de-lança do FC Porto com o apelido daquele mítico jogador brasileiro.
Apesar de não ter conseguido atingir as meias-finais dessa edição do campeonato do mundo, o Brasil (de Falcão, Zico, Sócrates, Júnior e Toninho Cerezo, entre outros) cativou de tal forma os adeptos que acompanharam a competição que essa equipa acabou por ficar na memória de todos como uma das mais talentosas de sempre na história dos mundiais.
Apesar do seu primeiro nome, tal como o do pai, ser Radamel, o ponta-de-lança do FC Porto começou desde muito cedo a insistir que o tratassem por Falcao, certamente por se sentir orgulhoso de possuir o mesmo nome do antigo craque do Brasil e da AS Roma.
Com a ajuda e os incentivos do pai, Falcão iniciou o seu percurso no futebol juvenil ao serviço do Millonarios, de Bogotá (Colômbia), clube onde foi descoberto pelo histórico River Plate, da Argentina. Apesar de nessa altura ter apenas 15 anos, o novo nº 9 do FC Porto já jogava no escalão acima (sub-17), o que valorizou ainda mais as observações que os responsáveis do River fizeram antes de avançarem para a sua contratação.
Falcao chegaria ao River com apenas 15 anos (em cima, na primeira foto), acabando por permanecer no clube de Buenos Aires durante 9 épocas consecutivas. Apesar da sua estreia como titular no «onze» do River ter sido um sucesso (tinha 20 anos e marcou 2 golos), Falcao seria obrigado a perder grande parte da temporada devido a uma lesão nos ligamentos do joelho direito.
Essa lesão marcou o pior período da sua carreira, pois as constantes recaídas obrigaram-no a adiar o regresso aos jogos e aos golos. O calvário do novo ponta-de-lança do FC Porto terminou nos primeiros meses de 2007, com a primeira chamada ao «onze» do River depois da longa recuperação que se seguiu à delicada lesão nos ligamentos.
A sua completa recuperação foi comprovada em Setembro de 2007, quando o River Plate derrotou o Botafogo nos Oitavos-de-final da 'Copa Sul-Americana'. Falcao contribuiu com um «hat-trick» para a vitória (4-2) do River sobre o histórico clube brasileiro.
A partir desse momento, o ponta-de-lança do FC Porto voltou a chamar a atenção dos adeptos e da imprensa, acabando, nesse ano, por ser eleito o 5º melhor futebolista sul-americano, numa votação realizada pelo jornal 'El Pais', de Montevideu (Uruguai).
O primeiro interesse oficial de um clube europeu no seu concurso ocorreu no Natal de 2007, com o Deportivo da Corunha a avançar com uma proposta de 8 milhões de euros pelo seu passe. Felizmente, o River Plate recusou a proposta dos espanhóis e fechou a porta à saída do jogador até Junho de 2009, altura em que terminou o 'Torneio Clausura'.
A venda de Lisandro López ao Lyon, e a abertura que os dirigentes do River demonstraram para transferir o jogador, "convidaram" o FC Porto a contratar o 'novo Falcão', caracterizado pela imprensa indígena, aquando do interesse do Benfica, como «um dos melhores avançados do mundo». Desta vez não se enganaram!

domingo, 11 de outubro de 2009

Naturalmente, perdeu!

Pois é, Rui Rio voltou a vencer. Aparentemente, isto seria uma má notícia para todos os portistas que viram o actual Presidente da Câmara hostilizar a instituição com maior notoriedade na cidade do Porto. No entanto, e tratando-se de uma eleição autárquica, a disputa acaba por não justificar todo o alarido feito por vários portistas em torno da votação de hoje.
O 'Paixão pelo Porto' também desejava a derrota do actual Presidente da Câmara, no entanto, isso não é motivo para envolver o clube em lutas partidárias e politizar as opções dos seus adeptos. Ou será que os simpatizantes do FC Porto que votaram em Elisa Ferreira são 'mais portistas' do que aqueles que votaram em Rui Rio?
De facto, Rui Rio foi pouco razoável, pois era possível evitar a promiscuidade entre a política e o futebol sem aquele discurso de confrontação com o FC Porto, mas isso não é nada perante os desafios que o FC Porto tem enfrentado nos últimos 30 anos. Afinal, o FC Porto não foi campeão da Europa com Rui Rio na presidência da autarquia? E o «tetracampeonato»?
Em vez de lamentarmos a eleição de Rui Rio, talvez seja melhor encontrarmos razões para mais uma derrota da candidatura do PS.
Lamentavelmente, Elisa Ferreira aceitou concorrer ao Parlamento Europeu (em lugar privilegiado, ou seja, com eleição garantida!) mesmo depois de saber que seria candidata à Câmara do Porto. Com essa opção entrou logo a perder. Imperdoável!
Bastava que alguém lhe tivesse lembrado o que aconteceu anteriormente com Fernando Gomes, que trocou a Câmara do Porto pelo lugar de Ministro. Depois, quando quis voltar ao Porto, já era tarde, pois os portuenses não apreciam este tipo de "sinuosidades". Não basta invocar o 'portismo'!
Mas esse não foi o único erro que marcou a candidatura de Elisa Ferreira, pois o seu nome nunca foi consensual para a concelhia do partido. O líder da concelhia do PS-Porto, Orlando Soares Gaspar, chegou mesmo a criticar Elisa Ferreira pela sua dupla-candidatura, o que obrigou José Socrates a deslocar-se ao Porto para terminar com um conflito embaraçoso para quem pretendia chegar à presidência da Câmara. Perdeu-se uma grande oportunidade de derrotar Rui Rio.
Ainda assim, a péssima estratégia do PS, e da sua candidata, não implica que Rui Rio tenha merecido voltar a comandar os destinos da Câmara.
Não é fácil compreender esta opção dos eleitores do Porto, pois a verdade é que a cidade, pelo menos a nível cultural (cinema, teatro, música, literatura,..), está completamente paralisada. E logo o Porto, que sempre foi uma referência a este nível. Infelizmente, isso parece não preocupar muito os eleitores que voltaram a confiar em Rui Rio. É legítimo! Num país que privilegia os centros-comerciais e as auto-estradas...
Enquanto que há concelhos, na área metropolitana do Porto, onde o progresso se mantém (Matosinhos, Gondomar, Gaia,...), o Porto parou! No entanto, é curioso que até nesse aspecto o FC Porto tem saído a ganhar, pois foi precisamente num desses concelhos (Gaia) que veio a ser edificado o seu centro de estágio.
Infelizmente, os eleitores do Porto (pelo menos os que votaram em Rui Rio) não aplicam aos políticos que governam a cidade o mesmo grau de exigência que os adeptos do FC Porto aplicam à sua equipa de futebol. Provavelmente, os portuenses têm o Presidente da Câmara que merecem!

«Curiosidades FCP» - O "exílio" de Fernando Gomes

Hoje, com a ajuda da imprensa desportiva espanhola, vamos recuar aquela que foi, muito provavelmente, a transferência mais dolorosa que os adeptos do FC Porto tiveram que enfrentar até hoje: a saída de Fernando Gomes, no Verão de 1980, para o Sporting de Gijón, de Espanha.
O nosso mítico nº 9 tinha apenas 23 anos e a sua saída, que muitos adeptos do FC Porto ainda hoje lamentam, acabou por ser consequência natural de um momento importante e fundamental da história do clube, o «Verão Quente» de 1980.
Com o plantel do FC Porto dividido em duas facções (a que estava ao lado do Presidente Américo de Sá e a que estava solidária com a dupla Pedroto/Pinto da Costa), acabou por ser natural que esse conflito gerasse uma pequena sangria no plantel, que se confirmou com a saída de José Maria Pedroto do comando técnico da equipa e de três jogadores fundamentais e marcantes na história do clube: Octávio Machado (para o Vit. Setúbal), António Oliveira (para o Penafiel) e Fernando Gomes (para o Sp. Gijón).
Os espanhóis também se referiram ao polémico «Verão Quente», que colocou o FC Porto em polvorosa pouco tempo antes da participação do clube no prestigiante Troféu Teresa Herrera. «Gomes formó parte del grupo de «rebeldes» que escindieron la plantilla poco antes del trofeo Teresa Herrera» (nota: o FC Porto participou nessa edição do 'Teresa Herrera' juntamente com o Real Madrid, o Flamengo e o Sp. Gijón).
As primeiras notícias do interesse do Sp. Gijón no nosso carismático ponta-de-lança surgiram na imprensa espanhola durante a primeira semana de Agosto de 1980. Os jornalistas espanhóis garantiam que o treinador de então do Sp. Gijón, Vicente Miera, estava muito interessado no «delantero internacional del Oporto». Aliás, a imprensa espanhola adiantava mesmo que as primeiras negociações pela compra do passe do jogador se iriam iniciar aquando da visita do FC Porto à Corunha para defrontar o Real Madrid, na 1ª jornada do 'Teresa Herrera' (vitória do Real Madrid por 2-1, com o golo do FC Porto a ser marcado por... Fernando Gomes!).
A imprensa desportiva do país vizinho garantia que o conflito entre alguns jogadores do FC Porto e a Direcção liderada pelo presidente Américo de Sá poderia facilitar a saída de Fernando Gomes do plantel. «Gomes está dentro de los once jugadores actualmente en conflito con su club al negarse a entrenar bajo las órdenes del nuevo técnico, el austríaco Hermann Stessl», escrevia o jornalista do 'El Mundo Deportivo' num artigo dedicado ao interesse do clube espanhol no nosso Bi-Bota d'Ouro.
Assim, não foi difícil os dois clubes chegarem a acordo uns dias depois do FC Porto participar no torneio galego. A imprensa espanhola confirmou a transferência («En la ciudad portuguesa de Oporto se ha llegado a un acuerdo para el traspaso del delantero centro Fernando Gomes») e garantiu também que o FC Porto receberia 35 milhões de pesetas pela transacção.
A estreia de Gomes com a camisola do Sp. Gijón deu-se na última semana de Agosto. Os adeptos espanhóis, ainda com algumas dúvidas sobre um jogador que coleccionava golos na liga portuguesa, ficaram completamente convencidos do valor do ponta-de-lança português logo no seu primeiro jogo, frente ao Oviedo. É que Gomes marcou "apenas" 5 golos nessa partida. Estreia sensacional!
O Sp. Gijón venceu o Oviedo por 5-1, num jogo que o ponta-de-lança do FC Porto dificilmente irá esquecer. «Gomes fue la gran estrella de la noche y en torno a su figura giró todo el equipa gijonés», escrevia o jornalista espanhol que assistiu à estreia do ex-jogador do FC Porto.
Em Portugal, Américo de Sá não perdia tempo e anunciava Mike Walsh (ex-Queens Park Rangers) como o substituto do fantástico ponta-de-lança. O avançado irlandês chegou ao FC Porto com a responsabilidade de fazer esquecer o nosso eterno nº 9, e a verdade é que apesar de ser um autêntico desconhecido, acabou por ser uma agradável surpresa, tornando-se o melhor marcador da equipa no campeonato, com 14 golos, logo no ano de estreia nas Antas.
Quanto a Fernando Gomes, veria a sua veia goleadora sofrer um revés depois de ser vítima de uma lesão no tendão de Aquiles, ainda durante a primeira época ao serviço do Sp. Gijón.
Perante a gravidade da lesão, houve mesmo necessidade do jogador ser operado no início de 1981, ou seja, cerca de 6 meses depois de Gomes ter chegado a Gijón.«Preguntado por el tiempo en que Gomes podía volver a jugar, el doctor indicó que hoy comenzaria a realizar ejercicios y que en un plazo de 30 o 34 dias podría estar totalmente recuperado», previam os espanhóis depois da operação.
Essa infelicidade, apesar de ter contribuído para uma menor utilização do ponta-de-lança português, também ajudou a abrir as portas do seu regresso ao FC Porto. Como a sua recuperação se prolongou por mais algum tempo, a sua afirmação no «onze» do Sp. Gijón foi mais complicada do que na época de estreia, acabando o ponta-de-lança português por marcar apenas 2 golos em 5 jogos durante a edição de 1981/82 da liga espanhola.
As negociações para trazer Gomes de volta ao FC Porto iniciaram-se com os responsáveis do clube espanhol a colocarem a fasquia nos 50 milhões de pesetas. No entanto, a capacidade negocial de Pinto da Costa e a vontade do jogador português (Gomes chegou a fazer chantagem com os dirigentes do Sp. Gijón, ameaçando deixar o futebol se a transferência para o FC Porto não se concretizasse), foram fundamentais para reduzir o valor da transferência para, aproximadamente, 30 milhões de pesetas, com o FC Porto a mostrar disponibilidade para também participar num torneio de pré-época organizado pelos espanhóis, o 'Trofeo Costa Verde'.
«Confesso que admiti vir a jogar pelo Real Madrid ou pelo Barcelona, mas... fui para Gijón sem qualquer lesão. Mas posso sair, o Gijón só quer o dinheiro que pagou pela minha transferência. Não engano ninguém dizendo que gostaria de voltar ao FC Porto, mas se for o Sporting ou o Benfica a contratar-me não deixarei de ser o mesmo profissional», confessou Gomes à imprensa portuguesa ainda antes de confirmada a sua transferência.
O regresso de Gomes ao FC Porto seria uma realidade pouco tempo depois, pois o seu resgate era uma promessa que constava no programa eleitoral de Pinto da Costa, aquando da sua primeira candidatura à presidência do clube.
Já no final da sua carreira, o Bi-Bota d'Ouro voltaria a trocar o FC Porto por outro Sporting, desta vez pelo de Lisboa. No entanto, isso nunca retirou valor à paixão e dedicação com que sempre serviu o seu clube do coração. Gomes é eterno!