sábado, 26 de setembro de 2009

Falcão resolve!

Depois de terminado o jogo frente ao Sp. Braga, julgo que todos os portistas (jogadores incluídos) desejavam que o clássico frente ao Sporting se realizasse logo no dia seguinte, pois essa seria a forma mais rápida de apagar a exibição e o resultado de Braga. No entanto, e tal como referimos no 'post' relativo à partida com o Sp. Braga, os «tetracampeões» surgiram nesse jogo tão desgastados, devido ao esforço realizado frente ao Chelsea, que defrontar o Sporting logo no dia seguinte até poderia produzir os efeitos contrários aos desejados. Ou seja, os 7 dias que separaram esses dois jogos acabaram por ser o bálsamo ideal para recuperar o FC Porto a nível físico e mental.
O resultado e a exibição no jogo de hoje confirmam isso mesmo, ou seja, não era necessário fazer nenhuma revolução no «onze» para vencer o nosso 2º maior rival. Só foi pena Falcão não ter concretizado a grande-penalidade, pois o jogo teria certamente outro final. Não foi assim, acabando o FC Porto por revelar grandes dificuldades em "agarrar" no jogo quando esteve em superioridade numérica (11 contra 10). Nesse período, o FC Porto sentiu a ansiedade resultante do seu actual 3º lugar na classificação. Foi hesitante e confuso, quando se pedia que continuasse a ser autoritário e seguro como foi nos primeiros 20 minutos da segunda-parte. Mas isso também não é mau de todo, pois significa que a equipa percebeu a importância do jogo de hoje.
No final, sobrou a vitória pela diferença mínima, que se ajusta ao que as duas equipas fizeram (o 2-1 ou o 3-2 também se aceitavam).
Jesualdo resolveu (e bem) emendar o «onze» que defrontou o Sp. Braga (quem dispõe a sua equipa em campo num 4-3-3 precisa de um médio criativo como Belluschi) de forma a dar mais profundidade e criatividade ao futebol do FC Porto. A verdade é que Jesualdo tem sido justo, dando oportunidades a todos os jogadores. Como Guarín e Mariano já tiveram a sua...
Hoje, com o que o treinador do FC Porto não contava era que o técnico do Sporting desse uma pequena ajuda. Enquanto que Paulo Bento se preocupava em esmiuçar a arbitragem, Jesualdo Ferreira optava por esmiuçar os erros do treinador do Sporting. Paulo Bento cometeu duas 'gaffes': deu a titularidade a Grimi, um jogador sem ritmo, e, na segunda-parte, "tirou" Miguel Veloso do jogo, colocando-o a defesa-esquerdo.
Assim, o FC Porto demorou apenas 2 (!) minutos a perceber onde estavam as fraquezas do adversário. Bastou um "sopro" de Hulk e um "bater de asas" de Falcão para o FC Porto passar para a frente e não mais largar a vantagem.
Conclusão: os erros do treinador do Sporting tiveram mais peso na derrota da sua equipa dos que os erros da equipa de arbitragem. Já ninguém tem paciência para as queixas de Paulo Bento! De facto, a tradição continua a não ser nada favorável ao nosso rival em jogos disputados nas Antas e no Dragão. Nos últimos 30 anos, o Sporting venceu apenas 2 vezes. Um 'score' quase... embaraçoso!
Com a vitória no jogo de hoje, o FC Porto pode enfrentar o At. Madrid com outro estado de espírito. Mas atenção, o At. Madrid também vem para ganhar!
Positivo (+):
- os primeiros 20 minutos do FC Porto em cada uma das partes;
- o instinto de Falcão no lance do golo;
- a alegria que o FC Porto colocou em jogo;
- o futebol vertical de Belluschi, que permite à equipa respirar de outra forma;
- a atenção de Helton;
- o regresso do «Incrível Hulk»;
Negativo (-):
- o jogo desastrado de Raúl Meireles e Mariano Gonzalez;
- as ausências de Varela e Cristian Rodriguez, que foram pretexto para mais um voto de confiança de Jesualdo em Mariano Gonzalez;
- a intranquilidade do FC Porto nos últimos 20 minutos;
- o pouco rigor do FC Porto a defender os lances de bola parada;

«Curiosidades FCP» - Os 'totalistas' de Yustrich

Hoje, nas «Curiosidades FCP», recuamos ao campeonato nacional que o FC Porto conquistou em 1955/56 recordando os 3 jogadores que o técnico brasileiro Dorival Yustrich utilizou em todos os jogos desse campeonato: Osvaldo Cambalacho, Virgílio e Gastão.
Estes 3 ex-jogadores do FC Porto participaram nos 26 jogos (em 1955/56 o campeonato disputou-se com apenas 14 clubes) dessa edição da liga portuguesa, que marcou o regresso do FC Porto à conquista do título depois do seu primeiro grande jejum sem vitórias no campeonato (o último título havia sido conquistado 16 anos antes, em 1939/40, com Mihaly Siska).
Dorival Yustrich utilizou 19 jogadores nessa edição do campeonato, que terminou com o FC Porto e o Benfica empatados no topo da classificação (o FC Porto levou a melhor no 'goal-average'). Desses 19 jogadores, apenas aqueles 3 foram utilizados em todos os jogos que o FC Porto efectuou nessa edição da prova.
Um lateral-direito (Virgílio), um lateral-esquerdo (Osvaldo Cambalacho) e um médio-ofensivo (Gastão) foram os 'totalistas' no «onze» do polémico e irascível técnico brasileiro.
Enquanto que Virgílio e Osvaldo Cambalacho foram os mais utilizados na defesa (o guarda-redes Pinho e o defesa-central Miguel Arcanjo ficaram logo atrás, com apenas menos um jogo realizado), Gastão foi o mais utilizado no meio-campo (Pedroto e Hernâni surgem logo a seguir na lista dos centro-campistas do FC Porto com mais jogos realizados nessa época).
Destes 3 jogadores, Virgílio continua a ser o mais recordado pelos adeptos do FC Porto. O «Leão de Génova» é um dos símbolos do clube e teve o privilégio de representar o FC Porto durante aquele período em que o clube registou um grande desenvolvimento a nível de infra-estruturas (com a construção do Estádio das Antas) e a nível desportivo (com as conquistas com Yustrich e, mais tarde, também com Béla Guttmann).
Este histórico defesa-direito do FC Porto começou por ser utilizado no meio-campo e só depois da chegada ao clube do técnico Alejandro Scopelli é que recuou para a posição que o celebrizou.
Quanto a Osvaldo Cambalacho, chegou ao FC Porto de forma muito discreta (vindo do Seixal, em 1951/52, salvo erro) e, algo surpreendentemente, tornou-se num dos pilares da equipa de Yustrich. Segundo relatos da época, foi o técnico brasileiro que "fez" do lateral-esquerdo um jogador que os adversários começaram a ter em conta.
Por último, Gastão. Apesar de ter sido um dos protagonistas dessa célebre equipa do FC Porto, não abundam as informações a seu respeito. Este médio-ofensivo brasileiro chegou ao FC Porto (provavelmente por indicação de Yustrich) depois de ter representado dois históricos clubes brasileiros, o Fluminense e o Atlético Mineiro.
Além de ter sido um dos grandes responsáveis por "alimentar" a frente de ataque, Gastão também se revelou um excelente finalizador, tendo apontado 9 golos nessa edição do campeonato nacional (só foi superado por Jaburu, com 21 golos, e por António Teixeira, que apontou 14).
Em cima, na foto, recuperámos um «onze» do FC Porto (da equipa que nessa época também venceu a Taça de Portugal) onde surgem aqueles 3 jogadores.
Em cima (da esq. p/ dta): Pinho, Pedroto, Monteiro da Costa, Miguel Arcanjo, Osvaldo Cambalacho e Virgílio;
Em baixo (da esq. p/ dta): Hernâni, Gastão, Jaburu, Carlos Duarte e Perdigão;

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Obrigatório regressar às vitórias!

Parece chegada aquela altura da época em que para o FC Porto «ou vai ou racha». Tal como já tinha acontecido no passado, o próximo jogo frente ao Sporting pode marcar um novo ciclo para o FC Porto. É precisamente nestas alturas, quando as equipas estão sob maior pressão, que nascem os alicerces para as boas épocas. Além de ser obrigatório vencer o Sporting, também é preciso recuperar depressa o «discurso do Penta», que nos últimos tempos parece andar um pouco esquecido na agenda dos «tetracampeões».
No Sábado, referi aqui que o jogo menos conseguido que o FC Porto realizou em Braga se ficou mais a dever à falta de frescura física do que à postura técnico/táctica da equipa (embora aqui também tenha havido um ou outro desacerto por parte de Jesualdo Ferreira na formação do «onze» inicial). Neste momento, o pior que o FC Porto poderia fazer seria colocar tudo em causa devido a uma derrota na Liga. Assim, talvez não se justifique nenhuma revolução no «onze», pois a equipa está num processo natural de entrosamento.
Os 7 dias que separam o jogo de Braga do clássico frente ao Sporting são, neste momento, o melhor remédio para o FC Porto. Depois de recarregar baterias, o FC Porto só vai precisar de confiança e responsabilidade, com ou sem Guarín no «onze».
É curioso que a equipa revelou exactamente a mesma dificuldade quando, na época passada, foi colocada muito cedo perante os jogos exigentes da Liga dos Campeões (derrota com o Dinamo de Kiev) e do campeonato (derrota com Leixões e Naval). Ou seja, Jesualdo sabe o que é preciso para o FC Porto regressar às vitórias.
Do calendário é que os «tetracampeões» não se podem queixar. Dos próximos 7 jogos que o FC Porto vai realizar, 6 (!) deles serão no Estádio do Dragão. O único jogo que o FC Porto vai disputar fora de casa, desta série de 7 jogos, será em Olhão, logo após o jogo com o At. Madrid. Depois, seguem-se 4 jogos consecutivos no Dragão (Sertanense, APOEL, Académica e Belenenses).
Numa altura em que o FC Porto ainda não encontrou o equilíbrio, seria impossível beneficiar de melhor calendário do que este (talvez seja mesmo inédito um calendário tão favorável). Ou seja, não há desculpas para não entrarmos numa dinâmica de vitória:
26 Setembro: FC Porto-Sporting
30 de Setembro: FC Porto-Atlético Madrid
4 de Outubro: Olhanense-FC Porto
18 de Outubro: FC Porto-Sertanense
21 de Outubro: FC Porto-APOEL
25 de Outubro: FC Porto-Académica
1 de Novembro: FC Porto-Belenenses

«Curiosidades FCP» - Sporting - FC Porto, época 1991/92

Aproveitando o facto do FC Porto-Sporting estar aí à porta, vamos recordar o jogo que as duas equipas disputaram em Alvalade, na época 1991/92, numa altura em que alguns clássicos ainda eram disputados ao Domingo à tarde e sem transmissão televisiva. Esse é, ainda hoje, um dos jogos mais marcantes que FC Porto realizou em Alvalade no campeonato nacional.
Estávamos na 1ª época de Carlos Alberto Silva nas Antas e o FC Porto tentava recuperar o título conquistado no ano anterior pelo Benfica. Do outro lado, o Sporting, de Marinho Peres, continuava à procura de conquistar o campeonato nacional que lhe fugia desde 1981/82 (o jejum durou 18 épocas!). Era o Sporting de Ivkovic, Venâncio, Douglas, Figo, Balakov e Jorge Cadete, entre outros.
Logo no início dessa época, o FC Porto de CAS começou por revelar uma inusitada consistência defensiva (sofreria apenas 11 golos no campeonato, uma das melhores marcas de sempre do clube na liga portuguesa) que, aliada à fantástica cumplicidade entre a dupla Domingos/Kostadinov, tornaria o FC Porto numa equipa que privilegiava as transições rápidas e o contra-ataque.
Isso ficou bem evidente nesse jogo, disputado num lotadíssimo Estádio de Alvalade.
Apesar de ter jogado mais de 1 hora com menos um jogador (Fernando Couto foi expulso logo aos 22 minutos), o FC Porto acabaria por vencer o Sporting por 0-2 (golos de Kostadinov e Bandeirinha) numa perfeita demonstração de força e querer. Foi nesse jogo que o FC Porto, de Vítor Baía, Aloísio, Fernando Couto, Domingos e Kostadinov, entre outros, arrancou definitivamente para a conquista do título.
Apesar de ter ficado desde muito cedo reduzido a 10 jogadores, o FC Porto colocou-se em vantagem ainda na primeira-parte, quando uma oferta de Venâncio (esse erro marcaria o final da sua carreira em Alvalade) permitiu ao rapidíssimo Kostadinov isolar-se perante Ivkovic e fazer o primeiro golo do FC Porto. A partir desse momento, a equipa de Marinho Peres nunca mais conseguiu colocar Vítor Baía em dificuldades. Além de esbarrar numa muito organizada defesa do FC Porto, o Sporting também acusou o erro do seu defesa central e nunca mais se tranquilizou.
Na segunda-parte, manteve-se a excelente disposição táctica do FC Porto em campo e o inconsequente domínio territorial do Sporting, acabando o FC Porto por "matar" o jogo com o segundo golo, da autoria de Bandeirinha.
No final do jogo, o Presidente do Sporting optou por resumir a derrota leonina a um erro do seu defesa-central: «foi uma tarde infeliz do Venâncio», afirmou Sousa Cintra à imprensa.
Depois de vencer em Alvalade, o FC Porto voltaria a Lisboa umas jornadas mais tarde para vencer o Benfica (de Sven-Göran Eriksson) naqueles épicos 2-3 (com os 5 golos a serem marcados nos últimos 25 minutos de jogo), e colocar um ponto final no campeonato.
O FC Porto terminaria a prova com 10 pontos de vantagem sobre o Benfica (2º classificado) e 12 pontos de vantagem sobre o Sporting (4º).
Em cima, a ilustrar o 'post', recuperámos 3 fotos desse clássico entre FC Porto e Sporting. Na primeira foto, vê-se Jaime Magalhães a perseguir o sportinguista Lima; na segunda, os intervenientes são Kostadinov e o brasileiro Douglas; enquanto que na terceira, vemos Jaime Magalhães e Bandeirinha a festejarem o segundo golo do FC Porto nessa partida.

sábado, 19 de setembro de 2009

Amarrados!

Parece que encalhámos em novo ciclo de derrotas. Nada que não tivesse acontecido em anos anteriores. Na época passada, a sequência de 3 derrotas consecutivas (Dinamo de Kiev, Leixões e Naval) também colocou o FC Porto sob muita pressão. No entanto, a consistência e entusiasmo que este ano o Benfica está a revelar oferece menos margem de erro ao FC Porto. Perder pontos dará ainda mais 'elan' ao nosso maior rival.
Depois da exibição empolgante (durante 45 minutos) frente ao Leixões e da exibição consistente (durante 90 minutos) frente ao Chelsea, certamente que muitos portistas não prognosticavam um mau resultado do FC Porto no jogo de hoje. De facto, além de ter crescido como equipa, o FC Porto colocou alegria e ambição nos jogos que realizou anteriormente. Assim, foi algo surpreendente a derrota (1-0) frente ao Sp. Braga.
O que correu mal? Julgo que a maior frescura física da equipa de Domingos foi fundamental no jogo de hoje. Não querendo tirar mérito à vitória do Sp. Braga, julgo que a derrota se ficou mais a dever ao facto do FC Porto ter acusado o esforço de Terça-feira. Isso ficou bem evidente naquele período antes do FC Porto sofrer o golo. Apesar de Alan ter tido muita sorte nesse lance (o cruzamento raspou em Varela e traiu Helton, que até nem estava mal colocado), nessa altura o Sp. Braga já estava por cima no jogo.
O FC Porto nunca conseguiu mandar no jogo (excepto nos últimos 5 minutos). O Sp. Braga é uma equipa confiante e organizada, mas hoje o FC Porto jogou feio e jogou mal!
Defrontando uma equipa muito menos potente (a nível físico) do que o Chelsea, Jesualdo voltou a optar por um «onze» bem mais consentâneo com a confiança e fluidez de jogo que a equipa vinha exibindo. Contudo, e ao contrário do que aconteceu frente ao Chelsea, o adversário de hoje pedia outras soluções técnicas e tácticas. Desta vez, julgo que a partida pedia mais a certeza de passe e visão de jogo de Belluschi do que o músculo de Freddy Guarín. Mas também não foi por aí que o FC Porto perdeu. Não houve discernimento colectivo.
Uma última palavra para Bruno Alves e Raúl Meireles. Estes dois «tetracampeões» não começaram a época da melhor maneira. Quem exibe, respectivamente, as camisolas nº2 e nº3 do FC Porto não pode jogar com os níveis de motivação nos mínimos. Se lhes foram atribuídos aqueles números, é porque estamos habituados a que sejam eles os primeiros a dar o exemplo. Para quando o regresso ás exibições e posturas que os celebrizaram?
Agora, segue-se o Sporting, na próxima jornada. Se os dois rivais de Lisboa vencerem os seus jogos, o FC Porto chegará ao clássico sem qualquer margem de erro. Se calhar é melhor assim, para separar águas: ou nos levantamos ou caímos ainda mais.
Positivo (+):
- a concentração de Rolando, o melhor do FC Porto;
Negativo (-):
- o mau momento de Hulk e Raúl Meireles;
- a enorme quantidade de passes errados do FC Porto;
- FC Porto sem jogo nos últimos 30 metros;
- equipa com "falta de pilhas" na 2ª parte;

A «foto do dia» - A 'Soccer Star' de 13 de Junho de 1959

Hoje, na «foto do dia», voltamos a recordar alguma da 'memorabilia' associada ao nosso FC Porto. Recuperamos uma primeira página da 'Soccer Star', uma prestigiada publicação britânica que esteve nas bancas durante os anos 50 e 60 (foi editada pela última vez em Junho de 1970).
A 'Soccer Star' nasceu a 20 de Setembro de 1952, em Londres, e começou por acompanhar o dia-a-dia dos principais clubes britânicos. Mais tarde, e aproveitando o facto de ter passado a ser editada semanalmente, começou também a dar destaque aos principais clubes e campeonatos europeus.
Nesta edição, de 13 de Junho de 1959, a publicação londrina trouxe à capa um dos «onzes» do FC Porto que Béla Guttmann utilizou durante a época (1958/59) que marcou o nosso regresso à conquista do campeonato nacional, depois do título conquistado 3 anos antes, com Dorival Yustrich.
Em cima (da esq. p/ dta): Acúrcio, Virgílio, Miguel Arcanjo, Monteiro da Costa, Luís Roberto e Barbosa;
Em baixo (da esq. p/ dta): Carlos Duarte, Hernâni, Noé, Teixeira e Perdigão; Na capa daquela edição pode ler-se: «Here are the 1959 champions of Portugal». Logo depois, entre parêntesis, a 'Soccer Star' chama a atenção para o facto do FC Porto ter sido primeiro classificado devido à melhor diferença entre golos marcados e sofridos («on goal average only»).
Nessa época, o FC Porto superou o Benfica numa última e dramática jornada (a tal que celebrizou Inocêncio Calabote, o árbitro do Benfica-CUF), que terminou com os dois clubes separados por apenas um golo no «goal-average» (81-22 do FC Porto contra 78-20 do Benfica).
No texto que acompanha a foto do «onze» do FC Porto, os ingleses estranham o facto do título ter sido atribuído através de um sistema que, pelos vistos, ainda não era utilizado em Inglaterra («...a different system in this country»).
Em cima, recuperámos também uma edição de 1962 da 'Soccer Star', que trouxe à capa o super-Manchester United, de Matt Busby. Nessa altura, a 1ª página já cruzava a 'cor' com o 'preto-e-branco'.

«Curiosidades FCP» - Encontraram-se em Marselha

Apesar de pertencerem à mesma geração de jogadores do FC Porto, e de terem ficado ambos associados aos troféus internacionais que o FC Porto conquistou na década de 80, nunca jogaram juntos com a camisola azul-e-branca. Falamos de Rui Barros e Paulo Futre, dois jogadores que nunca partilharam o mesmo «onze» do FC Porto, mas que marcaram uma época no clube, acabando ambos por se cruzar um pouco mais tarde, em Marselha.
Futre e Rui Barros tinham exactamente a mesma idade (há apenas 3 meses de diferença entre os dois) quando, no Verão de 1987, trocaram o FC Porto e o Varzim por, respectivamente, At. Madrid e FC Porto. Ou seja, já não tiveram oportunidade de jogar juntos naquela famosa equipa que, sob o comando de Tomislav Ivic, venceu 4 dos 5 troféus que disputou em 1987/88 (ao campeonato, à Taça de Portugal, à Supertaça europeia e à Taça Intercontinental faltou apenas juntar a Taça dos Clubes Campeões Europeus).
Curiosamente, Futre e Rui Barros estabeleceram ambos um novo 'record' nos montantes envolvidos em transferências de jogadores portugueses para o estrangeiro. Tal como acontece actualmente, também na década de 80 o FC Porto foi pioneiro e recordista nas transacções de jogadores.
Depois de colocar a fasquia em 650 mil contos, montante auferido com a transferência de Futre para o At. Madrid, o FC Porto voltaria a pulverizar o 'record' no ano seguinte, garantindo 900 mil contos com a transferência de Rui Barros para a Juventus. Um valor altíssimo para a época, até para os abastados clubes do 'Calcio'.
Mesmo marcando um ciclo no FC Porto, Rui Barros permaneceria nas Antas apenas durante uma época (na sua primeira passagem pelo clube). Tal como Futre, o rapidíssimo avançado do FC Porto não hesitou quando colocado perante uma proposta irrecusável, que lhe garantiria também um novo desafio desportivo.
Mas enquanto que Paulo Futre prolongou a sua estadia em Madrid por 6 épocas, Rui Barros preferiu dividir o seu tempo por Turim (2 épocas na Juventus) e pelo Mónaco (3 épocas).
Foi no início da época 1993/94 que estes dois conceituados ex-jogadores do FC Porto se cruzaram no mesmo clube, o Marselha. Apesar de possuir um plantel, construído durante a «fase Bernard Tapie», muito vasto e rico, o OM resolveu contratar dois jogadores conceituados para fortalecer ainda mais a equipa que, uns meses antes, tinha garantido a primeira Taça dos Clubes Campeões Europeus para o futebol francês (o Marselha derrotou o AC Milan na final da competição).
Apesar de terem encontrado um plantel em fim de ciclo, Futre e Rui Barros ainda partilharam o balneário com alguns jogadores que ficaram ligados à melhor equipa de sempre do OM.
Fabien Barthez, Marcel Desailly, Basile Boli, Jocelyn Angloma, Dragan Stojkovic, Didier Deschamps, Alen Boksic e Rudi Völler, entre outros, foram alguns dos que tiveram o privilégio de jogar ao lado daqueles dois ex-jogadores do FC Porto.
Infelizmente, Futre e Rui Barros só partilharam o mesmo clube durante uma época, pois, nesse mesmo ano, rebentou em França um escândalo que ficou conhecido como o caso Valenciennes-Olympique de Marseille («l'affaire VA-OM»). A justiça francesa deu como provado o facto dos marselheses terem subornado alguns jogadores do Valenciennes, de forma a que o Olympique não tivesse dificuldade em garantir o seu quinto título consecutivo, isto uns dias antes de defrontar o AC Milan, em Munique, na final da 'Champions'.
Apesar de ter vencido o Valenciennes por 1-0, e conquistado o «Pentacampeonato», o Marselha viu ser-lhe retirado o título no ano seguinte, ou seja, durante a época em que Futre e Rui Barros representaram o clube.
Além de ter ficado sem o título correspondente à época 1992/93, o Marselha também foi condenado a descer à segunda divisão, o que, naturalmente, originou uma debandada da maior parte dos jogadores que constituíam o plantel de 1993/94.
Enquanto que Futre, com 30 anos, optou por experimentar o 'Calcio' (Reggiana), Rui Barros decidiu colocar um ponto final na sua aventura no estrangeiro, regressando ao "seu" FC Porto, onde terminou a carreira.
Uns anos mais tarde, Futre confessou que chegou a receber um convite de Pinto da Costa para terminar a carreira no FC Porto, o que também lhe possibilitaria voltar a encontrar Rui Barros. No entanto, o nosso ex-nº 10 optou por dar meia-volta ao mundo e experimentar a Liga japonesa, onde jogou ao serviço do Yokohama Flügels.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Ainda falta qualquer coisa

Sendo o clube com mais presenças (ex-aequo com o Manchester United) na Liga dos Campeões, o FC Porto não pode (e não deve) fugir à responsabilidade de se estrear na competição mais importante do mundo a nível de clubes com uma atitude e uma postura condizentes com a tradição que construiu na prova.
Apesar de ter estado muito perto de sair de Stamford Bridge com pelo menos 1 ponto, a verdade é que o FC Porto abordou o jogo da 1ª jornada como se de uma eliminatória se tratasse. Ou seja, foi uma equipa demasiado calculista e que demorou muito tempo a libertar-se a si própria. Talvez não se justificassem tantos cuidados na elaboração do «onze» inicial. Ainda assim, o FC Porto encostou o Chelsea ás cordas!
Com as duas equipas a revelarem uma qualidade de jogo bastante aceitável para este altura da época, não seria surpreendente se o jogo de Stamford Bridge se desequilibrasse a favor da equipa que, neste momento, apresenta melhores argumentos físicos (em função da estrutura fisiológica dos seus jogadores) e mentais (em função de jogar em casa, onde não perde há 18 jogos na prova), o Chelsea. De facto, o FC Porto é uma equipa com força e potência, mas hoje encontrou pela frente a equipa que, na Europa, melhor conjuga essas duas aptidões.
Nesse aspecto, compare-se a estrutura física dos 3 jogadores que, habitualmente, constituem o meio-campo das duas equipas. No Chelsea, Michael Essien, Frank Lampard e Michael Ballack medem mais de 1,80m e superam os 75kg de peso, enquanto que no FC Porto, apenas Fernando (1,83m e 76kg) se aproxima desse perfil físico, enquanto que Raúl Meireles e Belluschi nem aos 70kg chegam. Diferença brutal!
Talvez por esse motivo, Jesualdo tenha optado por promover ao «onze» Rodríguez, Mariano e Guarín. Se a entrada do primeiro era previsível, e até aconselhável, a opção pelos outros dois é (bastante) discutível (Mariano e Guarían até têm força, mas estão ambos pesadíssimos e sem dinâmica para enfrentar a intensidade que o Chelsea coloca em campo quando joga em Stamford Bridge). Algo surpreendentemente, Guarín até acabou por ser dos melhores do FC Porto. Quanto a Mariano, começa a ser irritante a insistência de Jesualdo Ferreira num jogador que está no FC Porto há quase 3 (!) anos e ainda não convenceu ninguém.
Teoricamente, Jesualdo até leu bem as virtudes do adversário, mas correu demasiados riscos com estas opções (o mesmo já tinha acontecido com o Arsenal no jogo da época passada, em Londres). Apesar da boa colocação da equipa em campo, o FC Porto só se libertou depois de estar em desvantagem. Já era tarde!
Hoje, não foi aquele FC Porto penoso e submisso que, na época passada, perdeu (4-0) com o Arsenal, mas também não foi aquele FC Porto empolgante e desinibido que empatou (2-2) em Old Trafford. Ou seja, ainda estamos a meio caminho. Este FC Porto 2009/10 ainda não é suficientemente adulto para vencer em Inglaterra. Mas pelo que vimos hoje, lá chegaremos!
Positivo (+):
- o "coração" que o FC Porto revelou nos últimos 20 minutos;
- as exibições de Guarín, Fernando e Álvaro Pereira;
- a "defesa impossível" de Helton que evitou o 2-0;
- a disposição táctica do FC Porto;
- o apoio dos adeptos;
- o empate do APOEL em Madrid;
Negativo (-):
- a lentidão de Bruno Alves no lance do golo;
- o individualismo de Hulk;
- o receio do duelo individual que alguns jogadores do FC Porto revelaram nos primeiros minutos de jogo;
- as limitações ofensivas que Jesualdo impôs à equipa na primeira-parte;
- a má entrada do FC Porto no segundo-tempo;

Armando Manhiça, 1943-2009

Armando Manhiça, antigo jogador do FC Porto e do Sporting, nas décadas de 60 e 70, faleceu no passado Domingo, em Maputo, vítima de doença prolongada.
Este antigo defesa central representou o FC Porto entre 1970/71 e 1972/73, tendo, nessa altura, jogado ao lado de outros grandes nomes da história do clube, como Rolando, Pavão, Abel ou Nóbrega, entre outros.
Recentemente, Armando Manhiça teve vários problemas de saúde, nomeadamente ao nível dos diabetes, e uma trombose, o que fez com que necessitasse de acompanhamento médico regular.
Este ex-jogador do FC Porto já tinha sido aqui recordado no «cromo do dia». Hoje, o 'Paixão pelo Porto' presta-lhe mais uma homenagem recordando-o numa antiga colecção de cromos.
Armando Manhiça era Membro Honorário do Núcleo Sportinguista de Moçambique e da Casa do FC Porto de Maputo.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

«Curiosidades FCP» - A candidatura de Pinto da Costa

Hoje, nas «Curiosidades FCP», recuamos ao início dos anos 80 e ao momento mais importante e decisivo da história do FC Porto: a demissão de Pinto da Costa do cargo de Chefe de Departamento do Futebol e a sua posterior candidatura à presidência do clube.
Apesar de ter deixado o FC Porto em conflito com Américo de Sá, Pinto da Costa continuou a acompanhar o dia-a-dia do clube após as polémicas que deram origem ao «Verão Quente» de 1980 e que também originaram a saída de Pedroto do comando técnico da equipa.
Na altura, o austríaco Hermann Stessl tinha sido o escolhido por Américo de Sá para substituir Pedroto. No entanto, o «Mestre» aguardava, em Guimarães, que o seu amigo Jorge Nuno regressasse ao FC Porto. Segundo relatos da época, Pedroto terá mesmo chegado a receber um convite de Fernando Martins para deixar o Vitória e assumir a liderança do Futebol do Benfica. Pedroto recusou, pois acreditava que o seu regresso ao FC Porto estaria para breve.
A cada vez maior insatisfação dos sócios, com a postura subserviente de Américo de Sá para com o centralismo, levou à criação de um movimento que defendia a mudança da política desportiva do clube. Assim, em 1981, um grupo de associados elabora um programa que tinha como lema e objectivo «devolver o clube aos sócios». Apesar de não ter nenhum nome previsto para encabeçar uma possível lista concorrente ás eleições, no pensamento deste grupo de sócios já havia um nome, Jorge Nuno Pinto da Costa.
O objectivo deste movimento de sócios era claro: apresentar uma personalidade que reunisse o consenso e a unanimidade da massa associativa, e que, ao mesmo tempo, levasse á desistência eleitoral da lista de Afonso Pinto de Magalhães.
O programa elaborado por este grupo de sócios era muito simples e claro: - contribuir para que a massa associativa esteja unida em torno da sua Direcção; - dimensionar o Futebol com a importância que é devida à modalidade nº 1; - procurar manter e, se possível, melhorar o nível do Basquetebol e do Hóquei em Patins; -manter com todos os clubes e organismos as melhores relações, mas sempre em pé de igualdade, ou seja, sem subserviência para com os grandes clubes ou os donos do poder concentrados em Lisboa, e sem a arrogância e superioridade ridículas perante os pequenos clubes;
Inicialmente, foi difícil a este grupo convencer Pinto da Costa a encabeçar a lista, pois o actual Presidente da SAD do FC Porto só se mostrava disponível para integrar um futuro elenco directivo. Só depois de várias reuniões, e algumas desistências, foi possível convencer Pinto da Costa a avançar como nº1 da 'Lista B'. O passo seguinte foi a elaboração de uma lista com os objectivos a que Pinto da Costa se propunha, quase todos destinados a fortalecer a principal modalidade do clube, o Futebol:
- contratar José Maria Pedroto;
- fazer regressar ao FC Porto dois jogadores: Fernando Gomes e António Oliveira (nota: só Gomes regressaría, após duas épocas no Sp. Gijon);
- rebaixar o Estádio das Antas (em cima, na foto), aumentando-lhe a capacidade para mais 20 mil lugares;
- lutar por uma presença constante nas provas da UEFA e procurar atingir uma final europeia;
- vencer o campeonato nacional de Hóquei em Patins (nota: a primeira vitória do FC Porto no campeonato ocorreu em 1982/83);
- substituir o jornal 'O Porto' por uma revista mensal de grande qualidade;
- inserir publicidade nas camisolas (nota: o FC Porto foi o primeiro dos 3 grandes a ter patrocínio nas camisolas);
- criar uma sala de bingo;
Já depois de divulgados os objectivos da candidatura, Pinto da Costa foi confrontado com um convite para ser nº2 da lista liderada por Afonso Pinto de Magalhães. No entanto, a 'Lista A' não desejava o regresso de Pedroto ao clube e, naturalmente, não tinha o apoio da maior parte dos sócios. Assim, Afonso Pinto de Magalhães acabou por abdicar de ir a votos e entregar o seu apoio à 'Lista B'. Estava aberto o caminho para o regresso de Pinto da Costa ao clube, agora como Presidente.

sábado, 12 de setembro de 2009

"Fome de bola" durou 45 minutos

Não foi difícil vencermos (4-1) o Leixões. Perante os 4-0 que se verificavam ao intervalo, haverá sempre tendência a desvalorizar a exibição do FC Porto, e a verdade é que este Leixões é demasiado macio para os «tetracampeões». Aliás, isso já tinha ficado evidente no jogo de preparação que as duas equipas realizaram em Agosto. Nessa altura, ficámos logo com a sensação que muito dificilmente a equipa de José Mota faria uma época tão boa como a anterior. Ainda assim, hoje houve muito mérito do FC Porto. O Leixões foi abalrroado!
O FC Porto regressou à Liga Sagres com alegria e desenvoltura, principalmente nos primeiros 45 minutos de jogo. Nesse período, destaque para a dinâmica de toda a ala esquerda do FC Porto. Álvaro Pereira, Raúl Meireles, Hulk e Varela foram os maiores responsáveis pelo bom futebol que sufocou o Leixões até ao intervalo. Naturalmente, a 2ª parte não teve história. Nem podia ter, depois do grande primeiro tempo do FC Porto!
Hoje, a "fome de bola" rendeu 4 golos, enquanto que a poupança não rendeu nenhum. Com um jogo exigente marcado para a próxima Terça-feira, é perfeitamente natural o relaxamento exibido pelo FC Porto na 2ª parte.
Só foi pena a poupança também ter trazido uma ou outra desconcentração, que o Leixões aproveitou para marcar o golo de honra. 'No pasa nada!'
Também queremos destacar a iniciativa que o FC Porto promoveu a meio da semana: fretar um avião para trazer os seus internacionais sul-americanos. A vantagem originada por este custo adicional pode ser difícil de detectar, mas estes pormenores podem fazer a diferença. Não basta ser um grande clube, é preciso parecer!
Apesar de Jesualdo, neste momento, só estar a recorrer a 1 dos 3 jogadores (Hulk, Lisandro e Rodriguez) que constituíam a abrasiva frente de ataque do FC Porto na época passada, a verdade é que o novo trio de ataque (Varela-Falcão-Hulk) mantém a força e a agressividade do tridente ofensivo da época passada. Jesualdo tinha confirmado isso mesmo numa recente entrevista a um diário desportivo: «o FC Porto continua a ser uma equipa com muita potência».
No jogo de hoje, o Professor foi justo e manteve Varela no «onze», em prejuízo de Mariano Gonzalez. O argentino continua a apresentar um peso excessivo e os colegas não podem estar constantemente sujeitos à sua irregularidade exibicional. Parece que Mariano é um bom rapaz e excelente profissional, mas isso não chega!
Algo surpreendentemente, e ao contrário do que aconteceu na época passada, desta vez o FC Porto foi mais rápido a encontrar um «onze» base.
No entanto, a melhoria física de Cristian Rodriguez vai trazer uma boa dor de cabeça a Jesualdo Ferreira. Com o tempo de jogo que o 'Cebola' acumulou nos jogos que disputou ao serviço da Selecção do Uruguai, até nem seria surpreendente que viesse a ser utilizado de início frente ao Chelsea. Ao contrário de Varela e Hulk, o uruguaio é um jogador que permite a Jesualdo mudar rapidamente do 4-3-3 para o 4-4-2, mudança que se torna fundamental nos jogos da Liga dos Campeões. Estamos curiosos para saber qual será o trio de ataque do FC Porto no jogo frente aos ingleses.
Agora, esperemos é que o FC Porto não acuse a diferença de potencial entre o 'macio' Leixões e o 'agressivo' Chelsea. Só faltam 3 dias para o nosso primeiro grande exame de 2009/10...

«Curiosidades FCP» - Sousa, 'o bom filho a casa torna'

Hoje, recordamos o regresso ás Antas, depois de duas épocas a representar o Sporting, de um dos jogadores que mais jogos efectuaram pelo FC Porto em toda a história do clube, António Sousa.
Além de ter sido o primeiro jogador do FC Porto a marcar um golo numa final europeia, este ex-médio centro também ficou na história por ter sido dos poucos jogadores a estar presente em todas as finais europeias que o FC Porto disputou na década de 80. Sousa foi sempre titular nos «onzes» do FC Porto que defrontaram a Juventus (Final da Taça das Taças, em 1984), o Bayern de Munique (Final da Taça dos Clubes Campeões Europeus, em 1987) e o Ajax (nos dois jogos da Supertaça europeia, em 1987).
Sousa chegou ao FC Porto, vindo do Beira-Mar, logo após a conquista do bi-campeonato (77/78 e 78/79), com José Maria Pedroto. Antes de se afirmar no «onze» do FC Porto, esteve envolvido no polémico «Verão Quente» de 1980. O ex-médio centro foi um dos jogadores que se mantiveram ao lado de Pedroto e Pinto da Costa no "braço de ferro" que a dupla manteve com o Presidente Américo de Sá, e que originou a saída de ambos do clube. Sousa foi um dos que subscreveu o polémico comunicado que alguns jogadores emitiram e no qual consideravam que a saída de Pinto da Costa fora para eles uma autêntica "facada nas costas" por parte de Américo de Sá.
Para esse grupo de jogadores, «a mudança reflectia a rendição de alguns directores ao poder que estava concentrado em Lisboa.»
Logo nessa altura, Sousa mostrou fidelidade aos ideais que o FC Porto viría a assumir com mais determinação depois do regresso de Pinto da Costa e José Maria Pedroto ao clube. No entanto, a ligação de Sousa ao FC Porto não foi uma história perfeita, isto porque o jogador esteve envolvido numa polémica transferência que ocorreu no Verão de 1984. Sousa deixou o FC Porto para, juntamente com Jaime Pacheco, assinar pelo Sporting. João Rocha, na altura Presidente sportinguista, não apreciou a forma como Pinto da Costa foi a Alvalade resgatar Paulo Futre e respondeu a essa afronta aliciando os dois médios centros do FC Porto a mudarem-se para Alvalade. Alegando que o FC Porto lhe devia os ordenados de Junho e Julho, e mais alguns prémios, Sousa rescindiu com o FC Porto e assinou pelo Sporting, a troco de 30 mil contos!
«O único dirigente portista com quem falei, para eventual revalidação de contrato, foi Teles Roxo. Estivemos durante quatro dias em contacto permanente, as nossas relações foram sempre amistosas e cordiais. A determinada altura, Teles Roxo aconselhou-me, inclusivamente, a ir para o Sporting, alegando que o FC Porto não estava a atravessar um grande momento financeiro», confirmou Sousa à imprensa.
Apesar da melhoria salarial, Sousa nunca se sentiu em casa em Alvalade. Além de não ter conquistado nenhum título ao serviço do Sporting, o jogador tinha saudades do FC Porto e da sua terra natal, São João da Madeira.
Segundo relatos da época, Sousa até se chegou a queixar que, em Alvalade, faziam chacota da sua pronúncia e que nunca deixara de ser visto como um homem ligado ao FC Porto. Assim, não foi surpreendente que, dois anos depois, e novamente com Jaime Pacheco a seu lado, o jogador tenha optado por regressar ao FC Porto.
Quem não se conformou com a decisão dos dois jogadores foi João Rocha, que acusou ambos de terem pedido uma fortuna (60 mil contos) ao Sporting por 3 anos de contrato, e acusando, ao mesmo tempo, o FC Porto de ter adquirido Sousa e Jaime Pacheco com o dinheiro que o Governo lhe dera para obras nas suas instalações. Perante as insinuações que vinham de Alvalade, Pinto da Costa não perdeu oportunidade para, ironicamente, se referir á falsa moralidade de um clube (o Sporting) que recebera milhares de contos do erário público para uma piscina olímpica que nem projecto tinha! Curiosamente, nos dois anos em que Sousa representou o Sporting, o campeão acabou por ser o FC Porto (em 1984/85 e 1985/86). Foi esse um dos grandes motivos para o jogador só ter sido campeão uma vez (em 1987/88) nas 8 épocas em que vestiu de azul-e-branco. Contudo, ficou ligado a todos os troféus (nacionais e internacionais) que o FC Porto conquistou na década de 80.
Em cima, na foto, recuperámos o «onze» do FC Porto que venceu o Ajax (1-0, com golo de Sousa) na 2ª mão da Supertaça europeia de 1987.
Em cima: Mlynarczyk, Geraldão, Inácio, Jaime Magalhães, Lima Pereira e João Pinto;
Em baixo: André, Fernando Gomes, Sousa, Rui Barros e Bandeirinha;

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Estará o FC Porto preparado para o Chelsea?

E, num abrir e fechar de olhos, aí está a 'Champions' no horizonte do FC Porto. A estreia na competição é já na próxima Terça-feira, ou seja, logo após o regresso do FC Porto aos jogos da Liga Sagres, frente ao Leixões.
Estará o FC Porto preparado para defrontar o Chelsea? Talvez não, porque, tal como em anos anteriores, o «FC Porto de Jesualdo» ainda não encontrou o equilíbrio. Ou seja, a visita a Stamford Bridge não vem na melhor altura para o FC Porto. De qualquer forma, um resultado negativo em Londres não retirará ao FC Porto a possibilidade de se qualificar, até em 1º lugar do grupo.
Nas últimas épocas, o FC Porto também foi derrotado nas visitas a Inglaterra, durante a fase de grupos da competição, e, ainda assim, conseguiu qualificar-se para os Oitavos-de-final, ficando, em duas ocasiões, em primeiro lugar do grupo.
Em 2006/07, uma derrota (2-0) frente ao Arsenal, logo na 2ª jornada, também colocou dúvidas quanto ás reais possibilidades do FC Porto seguir em frente, no entanto, acabámos por terminar a fase de grupos em 1º lugar (em igualdade pontual com os ingleses);
Em 2007/08, nova derrota (4-1) em Inglaterra, desta vez frente ao Liverpool, voltou a colocar em causa o apuramento para os Oitavos. Curiosamente, o FC Porto voltaria a ser primeiro classificado do grupo, relegando os ingleses para o segundo posto;
Na época passada, os 4-0 de Londres, frente ao Arsenal, também coincidiram com um natural período de indefinição em torno da equipa e do «onze», que terminaria na última jornada da fase de grupos com o FC Porto em... 1º lugar!
Conclusão: perder em Inglaterra, durante a fase de grupos, tem significado o apuramento para os Oitavos.
Mas a questão que colocámos em relação ao FC Porto também pode ser colocada relativamente ao Chelsea. Estarão os ingleses preparados para defrontar o FC Porto? Se olharmos para as últimas prestações da equipa de Carlo Ancelotti, o Chelsea está preparadíssimo. Depois de terem conquistado a Supertaça inglesa (derrotaram o Manchester United nas g.p.), os londrinos venceram os 4 jogos que disputaram na 'Premier League' (2-1 ao Hull City, 3-1 ao Sunderland, 2-0 ao Fulham e 3-0 ao Burnley). O Chelsea está forte e confiante!
O FC Porto poderá fazer um bom resultado em Stamford Bridge, mas para isso terá de fazer bem melhor do que no último jogo frente à Naval.
Ao contrário do que aconteceu na época passada, no jogo frente ao Arsenal, em que Jesualdo ainda procurava um «onze» base, desta vez o FC Porto chega à capital inglesa com um «onze» praticamente definido. Hulk será um importante trunfo para essa partida, pois se o FC Porto for consistente a nível defensivo, poderá tirar partido da velocidade e potência do brasileiro.
No entanto, talvez ainda haja jogadores do FC Porto que não estão preparados para a agressividade e intensidade que os ingleses colocam em campo quando jogam em sua casa. Nesse aspecto, a exibição da época passada, em Old Trafford, que garantiu ao FC Porto um empate (2-2), será uma boa referência.
O problema é que o FC Porto 2009/10 ainda não teve tempo suficiente para atingir o nível que exibiu em Manchester, e falta menos de uma semana para defrontarmos o Chelsea. Ainda assim, sendo o jogo de Stamford Bridge correspondente à 1ª jornada da prova, o FC Porto tem pouco a perder e muito a ganhar!

A «foto do dia» - O bilhete do Rosenborg - FC Porto, Liga dos Campeões 1996/97

Recuperamos mais um bilhete de um jogo do FC Porto nas competições europeias. Desta vez, recuamos ao Rosenborg-FC Porto, relativo à 3ª jornada da fase de grupos da Liga dos Campeões 1996/97, com o ingresso que deu acesso ao jogo do Estádio Lerkendal.
Nessa edição da 'Champions', o FC Porto foi sorteado no Grupo D, juntamente com o Rosenborg, o AC Milan e o IFK Gotemburgo.
O FC Porto deslocou-se à Noruega em primeiro lugar do grupo, isto depois de ter vencido o AC Milan (3-2 em San Siro) e o Gotemburgo (2-1 nas Antas). Ou seja, novo triunfo na 3ª jornada quase que garantiria ao FC Porto a qualificação para os Quartos-de-final da prova.
O jogo de Trondheim disputou-se a 16 de Outubro de 1996 e o FC Porto venceu o Rosenborg por 1-0 (golo de Jardel aos 90'). Com essa vitória, o FC Porto, de António Oliveira, manteve o 1º lugar do grupo, posição que já não abandonou até ao final da fase de grupos.
Algo surpreendentemente, o Rosenborg também se apurou para a próxima fase. Os noruegueses eram os 'outsiders' do grupo, mas venceram o AC Milan na última jornada, por 2-1 (grande surpresa!) e beneficiaram da vitória do FC Porto em Gotemburgo, por 2-0 (golos de Jardel e Artur). FC Porto e Rosenborg avançaram para os 'Quartos'.

domingo, 6 de setembro de 2009

É bom treinar o FC Porto

A presença de Jesualdo Ferreira em Nyon, para mais um Fórum de Treinadores da UEFA, é pretexto para abordarmos um facto a que muitos treinadores não dão o devido valor e reconhecimento, o do FC Porto ser uma grande mais-valia para os seus currículos.
Houve uma altura, principalmente nos anos 60 e 70, que acontecia exactamente o inverso, ou seja, era o FC Porto que, na ausência dos títulos, beneficiava do facto de técnicos muito conceituados, como Ettore Puricelli (campeão ao serviço do AC Milan), Ferdinand Daucík (bi-campeão no Barcelona), Janos Kalmar (orientou o campeoníssimo Honved de Budapeste, nos anos 50), Tommy Docherty (orientou o Manchester United, a Selecção da Escócia e o Chelsea, entre outros) e Aymoré Moreira (campeão do mundo pelo Brasil, em 1962), entre outros, sempre terem mostrado disponibilidade para orientar o clube sem aquela estabilidade e cultura de vitória que o FC Porto conquistou nos últimos 30 anos.
Infelizmente, nessa altura o FC Porto não conseguiu retribuir com aquilo que hoje em dia mais valoriza o currículo de um treinador, os títulos. Se recuarmos mais de 20 anos, chegamos à conclusão que houve treinadores que, ao serem escolhidos pelo FC Porto, lhes viram ser atribuídos autênticos 'jackpots'. Veja-se, por exemplo, os casos de Artur Jorge e José Mourinho.
Apesar de sempre ter sido muito elogiado por José Maria Pedroto, o treinador que levou o FC Porto a Viena chegou ás Antas depois de deixar o comando técnico do Portimonense, clube ao serviço do qual conquistou dois modestos 6º lugares nos campeonatos nacionais de 1981/82 e 1982/83, e uma presença nas meias-finais da Taça de Portugal, em 1982/83.
Quanto a José Mourinho, também não havia garantido nenhum título enquanto técnico principal. O único feito do treinador que levou o FC Porto a Gelsenkirchen foi ter colocado o atrevido U. Leiria no 3º lugar do campeonato. Ou seja, estes dois técnicos portugueses chegaram ao FC Porto sem nenhum troféu conquistado e sairam como campeões da Europa, o que lhes permitiu realizar contratos milionários com o Matra Racing de Paris, no caso de Artur Jorge, e com o Chelsea, no caso de Mourinho.
Apesar de estes serem os casos mais evidentes da mais-valia que os treinadores obtêm quando orientam o FC Porto, há exemplos a que podemos recorrer que provam que o FC Porto tem oferecido aos seus técnicos muito mais do que aquilo que estes lhe têm retribuído.
Aos exemplos dados anteriormente, podemos juntar Carlos Alberto Silva (apesar de ter chegado ao FC Porto com alguns títulos conquistados, pois foi campeão no Brasil, ao serviço do Guarani e do São Paulo, e no Japão, ao serviço do Yomiuri Kawasaki), Fernando Santos (foi o FC Porto que lhe abriu as portas do estrangeiro depois da conquista do «Penta»), Bobby Robson (chegou ao FC Porto já como um treinador conceituado e com vários títulos conquistados, mas conseguiu valorizar-se ainda mais e realizar o melhor contrato da sua vida, ao assinar pelo Barcelona, em 1996), Co Adriaanse (antes de chegar ao FC Porto garantira apenas a subida à Primeira Liga holandesa do PEC Zwolle e do FC Den Haag, e a presença nas meias-finais da Taça UEFA, com o AZ Alkmaar) e até Rui Barros (no único jogo oficial que efectuou como técnico principal venceu logo um troféu, a Supertaça Cândido de Oliveira).
É pena que alguns treinadores não reconheçam (não é o caso de Jesualdo!) que foi o FC Porto que lhes deu margem e condições para poderem treinar nos melhores campeonatos da Europa. Orientar o FC Porto tornou-se um "selo de garantia"!

A «foto do dia» - A 'Kicker' de 31 de Março de 1994

Hoje, recuamos à estrondosa goleada imposta pelo FC Porto aos alemães do Werder Bremen, na edição de 1993/94 da Liga dos Campeões, com a 1ª página da conceituada revista 'Kicker', que no dia seguinte ao jogo não poupou o técnico dos alemães, Otto Rehhagel, pelo que se passou no Weserstadion.
«Grober reinfall fur Rehhagel» ("Sê sério Rehhagel") e «Die blamage in Bremen!» ("A vergonha em Bremen!") foram os títulos escolhidos pelos alemães para ilustrar uma foto onde surge Kostadinov e um jogador do Werder Bremen.
Apesar da equipa de Otto Rehhagel ter sofrido uma das maiores goleadas da sua história, a verdade é que nessa época o campeão alemão só foi derrotado no Weserstadion pelo FC Porto. Em Bremen, os alemães derrotaram o Dynamo de Minsk (por 5-2, na 2ª pré-eliminatória), o Levski de Sófia (por 1-0, na 3ª pré-eliminatória) e o Anderlecht (por 5-3, na fase de grupos), e empataram com o AC Milan (1-1, também na fase de grupos). Ou seja, no Weserstadion, o Bremen só perdeu uma vez, e logo por 0-5!

«Curiosidades FCP» - Os cromos dos «tetracampeões»

Com o FC Porto à procura de novo «Penta», olhamos para trás e recordarmos os «cromos» (pertencem a uma colecção da Liga dos Campeões) daqueles que ficaram ligados ao segundo «tetra» da nossa história.
Helton, Bruno Alves, Raúl Meireles, Lucho González e Lisandro López são os «cinco magníficos» que participaram nos últimos quatro campeonatos conquistados pelo FC Porto. Deste quinteto, Lucho González tem o mérito de ser o protagonista com mais jogos acumulados nestas quatro épocas, contabilizando um total de 111 desafios no campeonato. É uma marca histórica para "El Comandante" e que ilustra bem o facto do argentino ter sido o preferido do 'Paixão pelo Porto'. Logo atrás surge o seu compatriota Lisandro López, com 106 jogos realizados. Seguem-se Raúl Meireles (100), Helton (93) e Bruno Alves (92) no grupo dos mais utilizados.
Quanto ao número de golos, o inevitável Lisandro López lidera com 46 remates certeiros.
Da estrutura do Futebol da FC Porto SAD, também podemos acrescentar o nome de Antero Henrique. O Director Geral do Futebol iniciou as suas actuais funções na época 2005/06, ou seja, no início do primeiro campeonato conquistado pelo FC Porto desta série de 4 consecutivos.
Pedro Emanuel também merece uma referência especial. Apesar de não ter sido utilizado durante a época em que esteve em recuperação de uma lesão grave, o 'capitão' fez sempre parte dos plantéis do FC Porto durante estas 4 épocas e também podia integrar a lista dos «tetra-magníficos» se tivesse contabilizado minutos de competição durante o campeonato de 2006/07.
Uma lesão no tendão de Aquiles do pé esquerdo, contraída em plena pré-temporada (no aquecimento que antecedeu o jogo entre o Manchester City e o FC Porto) teve como consequência a realização de duas intervenções cirúrgicas no espaço de cinco meses, impedindo o 'capitão' de ser «tetra».
Os 5 jogadores do FC Porto que participaram nos últimos quatro campeonatos veêm o seu nome constar numa lista muito restrita que inclui 7 jogadores do FC Porto que conquistaram o «tetra» na década de 90 e 10 jogadores do Sporting que, na década de 1950, assinaram o primeiro «tetra» do futebol português. Ou seja, com o novo «tetra», o FC Porto conseguiu superar o Sporting no nº total de jogadores que ficaram associados à conquista de 4 campeonatos consecutivos.
Lucho Gonzalez, Lisandro Lopez, Helton, Raúl Meireles, Bruno Alves, Rui Barros, Jorge Costa, Folha, Rui Jorge, Paulinho Santos, Ljubimko Drulovic e Aloísio são, até ao momento, os 12 «tetra-magníficos» do FC Porto.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

O FC Porto e a responsabilidade social

A paragem da Liga para os compromissos das Selecções nacionais é uma boa altura para abordarmos outros temas que raramente constam da agenda do FC Porto e dos adeptos.
Hoje, vamos levantar a questão da responsabilidade social (ou da ausência dela) do FC Porto, clube e SAD.
Vem isto a propósito das grandes dificuldades por que passam actualmente dois clubes históricos da cidade do Porto, o Salgueiros e o Boavista (também poderiamos referir outro tipo de instituições e associações fora do âmbito desportivo).
O FC Porto não pode ficar indiferente aos problemas destes dois símbolos da cidade. Aliás, o FC Porto perde alguma legitimidade quando censura o actual Presidente da Câmara, e os seus caprichos, e depois vira as costas aos problemas de outras instituições da Invicta. O facto de Rui Rio estar de costas voltadas para o clube mais representativo da cidade não pode servir de pretexto para o FC Porto ficar indiferente aos problemas que afectam aqueles dois históricos clubes do Porto.
Actualmente, a gestão da SAD do FC Porto não deveria ser norteada apenas para o cumprimento de interesses económicos e desportivos, mas também para o desenvolvimento da comunidade em que se insere, a cidade do Porto e as suas instituições. Nem tudo deveria ter por base o lucro!
Apesar de já terem sido nossos adversários, o Salgueiros e o Boavista são dois clubes que muito fizeram pelo Desporto e pela cidade que representam (chegou a haver uma altura em que os 3 clubes disputavam, em simultâneo, as provas europeias).
Um clube que engloba uma SAD com um orçamento superior a 40 milhões de euros tem obrigação de ter maior sensibilidade para estas coisas. Será que não se encontra um "buraco" na agenda dos «tetracampeões» para um jogo amigável ou um torneio triangular que junte os 3 clubes?
Ainda recentemente, teve que ser o nosso maior rival, o Benfica, a deslocar-se ao Estádio do Bessa para um jogo amigável cujas receitas reverteram a favor do Boavista. Afinal, quantas iniciativas o FC Porto desenvolve ao longo do ano que tenham por objectivo o apoio social e o desenvolvimento de outras instituições da cidade? Muito poucas, certamente.
Os milhões de euros que o FC Porto tem movimentado nos últimos anos não podem, e não devem, levar a que o clube se torne numa espécie de «sr. feudal da cidade». O FC Porto não se pode afastar da sua génese e dos pressupostos que o viram nascer.
Se o FC Porto, em tempos, pediu o apoio e a cumplicidade da cidade, também deve retribuir e ser o primeiro a colaborar, sempre que isso se justifique, com instituições históricas da Invicta.
Infelizmente, os sucessivos responsáveis políticos não têm gerido os destinos da cidade com a mesma dedicação e astúcia que têm sido usados pelos responsáveis do FC Porto para gerir o clube.
Nos últimos 20 anos, o FC Porto cresceu muito mais do que a sua cidade. Aliás, se o crescimento (económico, social e cultural) da Invicta fosse proporcional ao do seu clube mais representativo, estariamos hoje a falar do Porto como uma das metrópoles com melhor qualidade de vida na Europa.
Isto levanta outra questão: estará, neste momento, o FC Porto em melhor posição para fazer mais pela sua cidade? Talvez, e poderia começar por ajudar dois clubes vizinhos. Já temos saudades do «Boavistão» e do «Velho Salgueiral»!