sábado, 12 de setembro de 2009

«Curiosidades FCP» - Sousa, 'o bom filho a casa torna'

Hoje, recordamos o regresso ás Antas, depois de duas épocas a representar o Sporting, de um dos jogadores que mais jogos efectuaram pelo FC Porto em toda a história do clube, António Sousa.
Além de ter sido o primeiro jogador do FC Porto a marcar um golo numa final europeia, este ex-médio centro também ficou na história por ter sido dos poucos jogadores a estar presente em todas as finais europeias que o FC Porto disputou na década de 80. Sousa foi sempre titular nos «onzes» do FC Porto que defrontaram a Juventus (Final da Taça das Taças, em 1984), o Bayern de Munique (Final da Taça dos Clubes Campeões Europeus, em 1987) e o Ajax (nos dois jogos da Supertaça europeia, em 1987).
Sousa chegou ao FC Porto, vindo do Beira-Mar, logo após a conquista do bi-campeonato (77/78 e 78/79), com José Maria Pedroto. Antes de se afirmar no «onze» do FC Porto, esteve envolvido no polémico «Verão Quente» de 1980. O ex-médio centro foi um dos jogadores que se mantiveram ao lado de Pedroto e Pinto da Costa no "braço de ferro" que a dupla manteve com o Presidente Américo de Sá, e que originou a saída de ambos do clube. Sousa foi um dos que subscreveu o polémico comunicado que alguns jogadores emitiram e no qual consideravam que a saída de Pinto da Costa fora para eles uma autêntica "facada nas costas" por parte de Américo de Sá.
Para esse grupo de jogadores, «a mudança reflectia a rendição de alguns directores ao poder que estava concentrado em Lisboa.»
Logo nessa altura, Sousa mostrou fidelidade aos ideais que o FC Porto viría a assumir com mais determinação depois do regresso de Pinto da Costa e José Maria Pedroto ao clube. No entanto, a ligação de Sousa ao FC Porto não foi uma história perfeita, isto porque o jogador esteve envolvido numa polémica transferência que ocorreu no Verão de 1984. Sousa deixou o FC Porto para, juntamente com Jaime Pacheco, assinar pelo Sporting. João Rocha, na altura Presidente sportinguista, não apreciou a forma como Pinto da Costa foi a Alvalade resgatar Paulo Futre e respondeu a essa afronta aliciando os dois médios centros do FC Porto a mudarem-se para Alvalade. Alegando que o FC Porto lhe devia os ordenados de Junho e Julho, e mais alguns prémios, Sousa rescindiu com o FC Porto e assinou pelo Sporting, a troco de 30 mil contos!
«O único dirigente portista com quem falei, para eventual revalidação de contrato, foi Teles Roxo. Estivemos durante quatro dias em contacto permanente, as nossas relações foram sempre amistosas e cordiais. A determinada altura, Teles Roxo aconselhou-me, inclusivamente, a ir para o Sporting, alegando que o FC Porto não estava a atravessar um grande momento financeiro», confirmou Sousa à imprensa.
Apesar da melhoria salarial, Sousa nunca se sentiu em casa em Alvalade. Além de não ter conquistado nenhum título ao serviço do Sporting, o jogador tinha saudades do FC Porto e da sua terra natal, São João da Madeira.
Segundo relatos da época, Sousa até se chegou a queixar que, em Alvalade, faziam chacota da sua pronúncia e que nunca deixara de ser visto como um homem ligado ao FC Porto. Assim, não foi surpreendente que, dois anos depois, e novamente com Jaime Pacheco a seu lado, o jogador tenha optado por regressar ao FC Porto.
Quem não se conformou com a decisão dos dois jogadores foi João Rocha, que acusou ambos de terem pedido uma fortuna (60 mil contos) ao Sporting por 3 anos de contrato, e acusando, ao mesmo tempo, o FC Porto de ter adquirido Sousa e Jaime Pacheco com o dinheiro que o Governo lhe dera para obras nas suas instalações. Perante as insinuações que vinham de Alvalade, Pinto da Costa não perdeu oportunidade para, ironicamente, se referir á falsa moralidade de um clube (o Sporting) que recebera milhares de contos do erário público para uma piscina olímpica que nem projecto tinha! Curiosamente, nos dois anos em que Sousa representou o Sporting, o campeão acabou por ser o FC Porto (em 1984/85 e 1985/86). Foi esse um dos grandes motivos para o jogador só ter sido campeão uma vez (em 1987/88) nas 8 épocas em que vestiu de azul-e-branco. Contudo, ficou ligado a todos os troféus (nacionais e internacionais) que o FC Porto conquistou na década de 80.
Em cima, na foto, recuperámos o «onze» do FC Porto que venceu o Ajax (1-0, com golo de Sousa) na 2ª mão da Supertaça europeia de 1987.
Em cima: Mlynarczyk, Geraldão, Inácio, Jaime Magalhães, Lima Pereira e João Pinto;
Em baixo: André, Fernando Gomes, Sousa, Rui Barros e Bandeirinha;

2 comentários:

Rogério Paulo Almeida disse...

Amigo Ricardo Vara,

"João Rocha, na altura Presidente sportinguista, não apreciou a forma como Pinto da Costa foi a Alvalade resgatar Paulo Futre e respondeu a essa afronta aliciando os dois médios centros do FC Porto a mudarem-se para Alvalade."

A contratação de Futre por parte do F. C. Porto é posterior à saída de Sousa e Jaima Pacheco para Alvalade. Pelo que se houve uma resposta a alguma afronta foi de Jorge Nuno Pinto da Costa a João Rocha e não o contrário.

No Europeu de 1984 já sabíamos da partida de Sousa e Jaime Pacheco para Alvalade. A contratação de Futre efectuou-se durante o defeso, umas semanas depois.

Um abraço,


Rogério paulo Almeida

Armando Pinto disse...

Segundo o blog Portal dos Dragões,de que se respiga com a devida vénia, «Faleceu Armando Manhiça, antigo jogador do FC Porto, vítima de doença. O seu funeral está marcado para amanhã, dia 15 de Setembro, pelas 14h00, na cidade de Maputo, em Moçambique.
...Armando António dos Santos Manhiça nasceu a 12 Abril de 1943 em Maputo. Iniciou a sua carreira em Moçambique, jogando pelo Académica de Chamanculo e Sporting de Lourenço Marques.
Manhiça foi um defesa central que esteve ao serviço do Sporting e do FC Porto, em finais da década de 60 e início dos anos 70.
Actuou pelo FC Porto nas épocas de 1970/71 e 72/73, evoluindo ao lado de jogadores tais como Rolando, Abel, Nóbrega ou Pavão (nota do coment.: tendo vindo para o F C Porto a par com o também ex-sporting Manuel Duarte, o ex-benf. Abel, mais o guarda-redes Armando, ex-Braga). Fez dupla com Rolando. Era conhecido por ser um jogador leal e de boa técnica. A sua carreira terminou precocemente devido a um acidente de viacção, ocorrido umas semanas antes da tragédia que se abateu sobre Pavão.
Armando Manhiça também foi internacional por Portugal em duas ocasiões(quando jogava no Sporting - nota do coment... na senda da tradição desses tempos, em que do F C Porto os que iam à selecção tinham de ser mesmo muito superiores aos demais... senão)...
Depois da carreira de jogador, enveredou pela carreira de treinador. Chegou a ser seleccionador da Guiné-Bissau.»