Hoje analisamos aquilo que tem sido um dos grandes fundamentos do FC Porto do séc. XXI na constituição dos plantéis: a preponderância da estrutura sobre o treinador.
O que temos assistido
num passado recente é uma espécie de acordo de cavalheiros entre o treinador e
a estrutura: o técnico troca a pouca influência que tem na constituição do
plantel pela protecção e estabilidade garantidas pela estrutura (Pinto da Costa
e Antero Henrique) que gere o futebol. Esse acordo até tem tido consequências
muito vantajosas (em termos monetários e de reconhecimento) para os treinadores,
veja-se o caso de Jesualdo Ferreira e André Villas-Boas, hoje treinadores com
reconhecimento internacional e contas bancárias bem mais recheadas.
No entanto, e como se
viu na época passada, nem sempre esse acordo de cavalheiros é respeitado. O
‘caso dos pontas-de-lança’ é sintomático: numa altura crítica da época Vítor
Pereira desfez-se em elogios a Jackson Martinez (um dos poucos jogadores que o
treinador do FC Porto terá escolhido e reivindicado à SAD), enquanto que
Liedson (uma escolha da ‘estrutura’) fazia a sua travessia do deserto. Será que
nessa altura VP se sentiu de alguma forma desprotegido pela estrutura e teve
necessidade de valorizar algo seu? É provável que sim, o plantel que lhe
disponibilizaram era escasso e os reforços de Inverno pouco acrescentaram….
O último treinador que terá
“combatido” com maior vigor a influência da ‘estrutura’ terá sido José
Mourinho, que chamou a si várias decisões e impôs alguns nomes (Derlei, Nuno
Valente, Paulo Ferreira,….) a Pinto da Costa (Antero Henrique era bem menos
influente por essa altura). Desde então temos assistido à maior preponderância
da ‘estrutura’ sobre o treinador. E apesar de uma ou outra desavença, devemos
reconhecer que esta maior influência que a estrutura do FC Porto tem na
constituição do plantel nos tem trazido mais benefícios do que prejuízos. Ao
reivindicar para si a constituição do plantel, a ‘estrutura’ garante a
continuidade do ‘ADN FC Porto’ ao mesmo tempo que evita ruturas naquilo que tem
sido a política de contratações e recrutamento do clube (perfil do jogador,
país de origem, idade,…). Tem funcionado, mas atenção às gaffes da última época: plantel curto (13 jogadores: os 11 habituais
titulares, Defour e Atsu) e más opções no mercado de Inverno. Nem tudo foi
gerido com rigor e antecipação!
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