Aproveitando a presença de Portugal no «play-off» de acesso ao próximo Campeonato do Mundo, recordamos hoje a estreia da dupla Futre-Gomes no «onze» inicial da Selecção portuguesa que disputou a fase final do Mundial 'México 86'.
O seleccionador nacional de então, José Torres, começou por utilizar apenas Fernando Gomes na frente de ataque de Portugal, com o Bi-Bota d'Ouro a ter o apoio de 5 (!) médios: André, Sousa, Carlos Manuel, Diamantino e Jaime Pacheco. Curiosamente, e apesar de terem sido ambos utilizados logo no jogo de estreia na competição, frente à Inglaterra (de Bobby Robson), Futre e Gomes não se cruzaram no relvado do Estádio Tecnológico (Monterrey), pois o antigo nº 9 do FC Porto cedeu o seu lugar precisamente a Paulo Futre, aos 73 minutos de jogo, um pouco antes de Carlos Manuel apontar o único golo dessa partida (vitória de Portugal, por 1-0).
No segundo jogo, Futre e Gomes voltaram a não ter oportunidade de jogar em simultâneo, pois Torres optou por fazer exactamente a mesma substituição que tinha efectuado no jogo frente à Inglaterra. A única diferença é que a troca entre Gomes e Futre se deu logo ao intervalo.
Gomes ficou no balneário e Futre ficou sozinho na frente de ataque portuguesa. Nessa ocasião, a troca acabou por não resultar, pois a Polónia (de Mlynarczyk) venceu essa partida (1-0, golo de Smolarek, aos 68 minutos), que marcou a primeira derrota de Portugal na prova.
A estreia no «onze» da fantástica dupla do FC Porto ocorreu no último jogo de Portugal na competição, frente à Selecção de Marrocos. Nesse jogo, disputado em Guadalajara, a mais de 1600 metros acima do nível do mar, o seleccionador nacional optou por retirar do «onze» um centro-campista (Diamantino) e colocar Paulo Futre ao lado de Fernando Gomes.
Apesar de um empate ser suficiente para garantir a qualificação das duas selecções para os Oitavos-de-final, Portugal deixaria fugir a possibilidade de avançar para a fase seguinte ao ser derrotada (1-3) frente à frágil selecção marroquina.
Lamentavelmente, as derrotas portuguesas na prova não tiveram apenas como causa os maus desempenhos em campo, pois o célebre 'caso Saltillo' (uma rebelião, seguida de ameaça de greve, que marcou a estadia dos jogadores portugueses na cidade mexicana de Saltillo) terá condicionado toda a preparação da equipa para o jogo decisivo frente a Marrocos.
Além de terem ameaçado fazer greve se os prémios de jogo não fossem aumentados, os jogadores portugueses também se queixaram de serem obrigados a fazer publicidade para empresas (a Adidas e a cerveja Cristal, entre outras) que tinham contratos com a Federação e não receberem qualquer remuneração adicional em troca.
Apesar da polémica, todos os jogadores portugueses mantiveram o propósito de participar nos 3 jogos da 1ª fase. Contudo, a dupla Futre-Gomes só seria utilizada no «onze» inicial de Portugal no jogo que marcou o adeus da Selecção ao Mundial.
Segundo relatos da época, José Torres pretendia que Futre assumisse o papel de «arma secreta», ou seja, o seleccionador deixou logo bem claro que a dupla do FC Porto não teria muitas oportunidades de repetir no México as exibições que encantavam os adeptos portistas na liga portuguesa e na Europa. Mais tarde, veio-se a saber que a dupla Futre-Gomes não jogava junta para se obter um equilíbrio entre os jogadores dos 'três grandes' e evitar conflitos no balneário.
De facto, é um pouco inexplicável que Futre e Gomes não tenham sido utilizados mais cedo no «onze» da Selecção. A dupla do FC Porto coleccionava golos na liga portuguesa e havia sido fundamental nos dois títulos (1984/85 e 1985/86) que o FC Porto conquistara durante a fase de qualificação para o 'México 86'.
De facto, é um pouco inexplicável que Futre e Gomes não tenham sido utilizados mais cedo no «onze» da Selecção. A dupla do FC Porto coleccionava golos na liga portuguesa e havia sido fundamental nos dois títulos (1984/85 e 1985/86) que o FC Porto conquistara durante a fase de qualificação para o 'México 86'.
Depois do regresso a Portugal, José Torres acabou por se demitir e ser substituído por Rui Seabra, enquanto que a maior parte dos jogadores que ameaçaram fazer greve foram excluídos dos jogos seguintes da Selecção, incluindo os jogos de apuramento para o Campeonato da Europa de 1988.
Felizmente, a dupla Futre-Gomes ainda teve oportunidade de realizar mais uma época ao serviço do FC Porto. A extraordinária cumplicidade entre os dois jogadores foi fundamental na caminhada que levou o FC Porto à final da Taça dos Clubes Campeões Europeus, em Viena.
Em cima, recuperámos duas fotos onde surgem Fernando Gomes e Paulo Futre em acção nos jogos frente a, respectivamente, Inglaterra e Marrocos.
Em baixo, recuperámos o «onze» que defrontou a selecção marroquina no último jogo de Portugal no 'México 86'.
Em cima (da esq. p/ dta): Frederico, Jaime Magalhães, Oliveira, Álvaro e Vítor Damas;
Em cima (da esq. p/ dta): Frederico, Jaime Magalhães, Oliveira, Álvaro e Vítor Damas;
Em baixo (da esq. p/ dta): Inácio, Jaime Pacheco, Sousa, Fernando Gomes, Paulo Futre e Carlos Manuel;
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