quinta-feira, 30 de abril de 2009

Chegou a vez de Farías e Mariano

A quatro jornadas do final da Liga, e com Jesualdo a suspirar por Hulk e Lucho Gonzalez, há dois habituais suplentes do FC Porto que, algo surpreendentemente, vão ter um papel decisivo na possível revalidação do título: Mariano Gonzalez e Ernesto Farías.
Apesar de terem chegado ao FC Porto vindos de dois clubes históricos do futebol mundial (Inter de Milão e River Plate), os argentinos ainda não convenceram totalmente a super-exigente massa adepta portista.
É curioso que, quando jogavam na Argentina, foram ambos colegas de outros dois argentinos que reencontraram no FC Porto. Farías foi companheiro de Lucho Gonzalez, no River Plate, enquanto que Mariano Gonzalez foi colega de Lisandro Lopez, no Racing de Avellaneda. Actualmente, passam ambos pelo seu melhor momento desde que chegaram ao FC Porto. A maior utilização e os golos que têm conseguido marcar também têm contribuído para a maior confiança que têm revelado.
No entanto, e apesar das coisas estarem agora a correr melhor a ambos, não é certo que permaneçam no plantel na próxima época. Aliás, o bom momento que ambos atravessam parece ser mais consequência da boa dinâmica da equipa do que das aptidões de cada um. Nota-se que estão ambos mais desinibidos, mas isso ainda é pouco tendo em conta o valor que o FC Porto pagou pelos seus passes. Os dois argentinos juntos custaram ao FC Porto, aproximadamente, 7 milhões de euros.
Mariano faz, em Maio, 28 anos, enquanto que Farías completa, no mesmo mês, 29 anos. Assim, vai ser difícl a SAD efectuar mais valias com a venda dos seus passes. Ou seja, a alternativa passa mesmo por convencerem Jesualdo a mantê-los no plantel para amortizarem os seus passes com mais alguns golos e boas exibições.
Farías é um caso curioso. O ponta-de-lança argentino foi, ao serviço do Estudiantes, o melhor marcador do 'Torneo Apertura 2003'. No total, Farías apontou 96 golos em 205 jogos ao serviço deste histórico clube argentino.
A sua veia goleadora foi aperfeiçoada ao serviço do River Plate, clube que representou antes de chegar ao FC Porto e onde atingiu a impressionante marca de 129 golos em 270 jogos na liga argentina. Ou seja, um jogador que, num campeonato como o argentino, marca tantos golos, tem que possuir alguma qualidade.
Então, o que tem faltado a 'Farígol'? Essencialmente, tempo de jogo e um sistema que se adapte melhor ás suas características. Farías não é o jogador ideal para acompanhar as transições rápidas do FC Porto, mas é muito útil quando a equipa precisa de furar barreiras defensivas muito densas. O ponta-de-lança argentino tem-se revelado uma óptima alternativa a Hulk e tem sido um suplente (quase) perfeito. Mais útil que Adriano? Nunca vamos saber, mas foi mais caro que o ponta-de-lança brasileiro que Jesualdo nunca apreciou. Os 4 milhões de euros que o FC Porto pagou pelo seu passe têm mesmo que ser correspondidos com alguns golos. Vamos lá ver se, até final da época, 'Farígol' nos consegue convencer definitivamente. Mariano Gonzalez é um caso diferente. Continuo a pensar que, face ao seu peso excessivo, vai ser difícil jogar com regularidade num clube como o FC Porto. Jesualdo tem confiança ilimitada nas suas capacidades, mas o médio argentino tem sido apenas útil, o que é pouco para o valor (aproximadamente 3 milhões de euros) que o FC Porto despendeu com o seu passe.
Mariano é um jogador esforçado e generoso, mas que depende demasiado da (pouca) convicção que, por vezes, parece ter no seu próprio valor. Da falta de confiança do treinador é que o médio argentino não se pode queixar!
Estamos curiosos para ver a atitude e rendimento destes dois argentinos até final da época. É neste momento difícil (mas ao mesmo tempo excitante, pela proximidade da conquista do título), em que a equipa se vê privada de dois jogadores fundamentais (Hulk e Lucho), que melhor poderemos avaliar a postura de alguns jogadores. Será que Mariano e Farías vão correr pelo tetra?

«Curiosidades FCP» - Os programas oficiais da Supertaça europeia

Recuamos ás 3 participações do FC Porto na Supertaça europeia com os 3 programas oficiais das finais que o FC Porto disputou na competição.
A Supertaça europeia foi criada em 1972 por Anton Witkamp, jornalista holandês do jornal 'De Telegraaf'. Numa primeira fase, de 1972 até 1997, havia necessidade de se disputarem duas eliminatórias para se apurar o vencedor do troféu, mas, a partir de 1998, só é realizado um jogo, sempre no 'Estádio Luís II', no Mónaco.
O FC Porto é dos poucos clubes europeus que experimentaram os dois formatos da competição, tendo jogado a final a duas mãos, frente ao Ajax, em 1988, e em apenas um jogo, frente ao AC Milan, em 2003, e frente ao Valência, em 2004.
Actualmente, o FC Porto é o 6º clube europeu com mais presenças na final da prova (ex-aequo com Manchester United e Real Madrid). O AC Milan é o primeiro clube desta lista, com 7 presenças. Seguem-se Barcelona (6), Liverpool (6), Bayern de Munique (4), Ajax (4), FC Porto (3), Manchester United (3) e Real Madrid (3).
No entanto, e apesar de ter disputado 3 finais, o FC Porto venceu a competição em apenas uma ocasião. Depois da vitória frente ao Ajax (2-0 no total das duas mãos), seguiram-se as recentes derrotas com AC Milan (0-1) e Valência (1-2).

domingo, 26 de abril de 2009

Teremos sempre Lisandro Lopez!

A contagem decrescente não pára. Agora, ficam a faltar 8 pontos para o tetra! Apesar de não ter realizado uma exibição que contagiasse os adeptos presentes no Dragão, o FC Porto foi seguro e nunca vacilou. A verdade é que a postura ultra defensiva do Vitória também não incitava ao futebol espectáculo. O Vit. Setúbal apresentou-se em campo com 5 (!) defesas centrais no «onze» inicial. Perante a estratégia do adversário, o FC Porto nem necessitou de fazer uma exibição vistosa, bastou pressionar um pouquinho mais para 'abrir' a muralha do Vitória.
Depois da vitória (2-0) de hoje, e perante os resultados dos rivais, o FC Porto passou a ter o melhor ataque (52 golos marcados) e a melhor defesa da Liga (16 golos sofridos). No entanto, Jesualdo tem um problema para resolver: sempre que é utilizado como médio-interior, Mariano Gonzalez não revela a mesma clarividência e qualidade de passe de Lucho Gonzalez.
Hoje, valeu o instinto de Lisandro Lopez que, depois de duas belas jogadas de futebol colectivo, finalizou com classe. O FC Porto soube interpretar bem o que o jogo pedia: paciência e eficácia.
Quem continua a não entender muito bem as vicissitudes do futebol português é Quique Flores. Esta semana, o espanhol concluiu que o FC Porto, depois de derrotado pelo E. Amadora, não é imbatível. Mas o FC Porto não pretende ser imbatível, quer apenas vencer mais vezes que os adversários, o que tem conseguido! Felizmente, nós temos um treinador que entendeu que no FC Porto não há projectos a médio-prazo. É preciso ganhar... hoje! A imprensa indígena até se tem esforçado por destacar um ou outro erro de arbitragem que possa ter favorecido o FC Porto, mas não é por aí. O FC Porto está forte! Os 'faits-divers' ficam para quem já anda a preparar a próxima época (onde, e quantas vezes, é que já vimos este filme!?). O mais engraçado é que os cronistas da imprensa indígena que agora idolatram Rui Costa são exactamente os mesmos que elogiavam Vale e Azevedo. Que incoerência!
Mas vamos ao que interessa, o tetra! Na próxima semana, será importantíssimo vencer o Marítimo para tentarmos chegar à penúltima jornada em condições de, matematicamente, garantir o título. O FC Porto deve evitar ter de deixar tudo para a última jornada. Depois da visita à Madeira, segue-se a recepção ao Nacional e, na penúltima jornada, a visita ao Trofense. Será que a Trofa (terra de muitos portistas) vai ser o berço do tetra?

Virgílio, 1927-2009

Esta semana faleceu a última 'bandeira' do FC Porto da década de 50: Virgílio. Este antigo lateral-direito do FC Porto era um dos jogadores que mais estima e consideração recebia da massa associativa e dos adeptos, principalmente daqueles que acompanharam o FC Porto durante esse período (hoje, durante o minuto de silêncio, o Estádio do Dragão dedicou-lhe uma longa e comovente salva de palmas).
O «Leão de Génova» (hoje sería apelidado de «Dragão de Génova», certo?) foi um dos vários jogadores que, nessa altura, davam mostras de um apego e afeição ao clube muito difíceis de encontrar nos dias de hoje. Arrisco a dizer que Virgílio deveria ser considerado uma inspiração para o que hoje constitui a mística do FC Porto. Não por ter recusado vários convites para deixar o seu clube de sempre e rumar ao estrangeiro (Virgílio chegou a ser assediado por Barcelona e Real Madrid), mas por ter servido o FC Porto com tanta entrega e dedicação. Este foi um jogador «à FC Porto»!
Além do carácter que sempre demonstrou, Virgílio também ficou ligado aos títulos que o FC Porto conquistou durante a década de 50. Depois da conquista da dobradinha, em 1955/56, com Dorival Yustrich, seguiu-se a Taça de Portugal de 1957/58, com Otto Bumbel, e o campeonato nacional da época seguinte, já com Béla Guttmann.
O antigo defesa-direito do FC Porto também teve o privilégio de ter participado na inauguração do Estádio das Antas, em 1952. É curioso que, aquando da inauguração do Estádio do Dragão, Virgílio não esqueceu aqueles que já não tiveram oportunidade de conhecer o novo estádio e que com ele partilharam a alegria de ver nascer o velhinho Estádio das Antas. «Quando penso naquele dia lembro-me daqueles que estavam comigo e já não estão cá. Gostava que ainda estivéssemos todos aqui», comentou Virgílio, em 2003.
Das Antas guardou uma «enorme saudade» por tudo o que lá viveu: «Passei naquele recinto tardes boas e más. Por isso, a despedida vai custar-me muito. Mas o novo estádio é lindo...», afirmou aquando da inauguração do Dragão. «Basta que o FC Porto jogue bem para me adaptar à nova casa. Isto é como embalar uma criança...».
Na homenagem ao Virgílio, recuperamos um desenho do Francisco Zambujal, que retratou o antigo lateral-direito do FC Porto nas suas famosas caricaturas, e um «onze» do FC Porto campeão nacional com Bela Guttmann, em 1958/59.
Em cima (da esq. p/ dta): Acúrcio, Luís Roberto, Miguel Arcanjo, Monteiro da Costa, Barbosa e Virgílio;
Em baixo (da esq. p/ dta): Carlos Duarte, Hernâni, Noé, Teixeira e Osvaldo Silva;

O «cromo do dia» - Gabriel

Recordamos outro herói da célebre equipa comandada por José Maria Pedroto que garantiu a conquista do bi-campeonato em finais da década de 70. O «cromo» é Gabriel, um dos defesas-direitos da história do FC Porto mais acarinhados pela massa associativa e pelos adeptos, e que comandou o lado direito da defesa do FC Porto antes da chegada ao clube do carismático 'capitão' João Pinto.
Gabriel Azevedo Mendes nasceu em Miragaia (Porto), a 30 de Maio de 1954. Apesar de também ter representado o Sporting, foi no FC Porto onde se notabilizou, continuando hoje a ser uma referência do FC Porto de finais dos anos 70 e de início da década de 80.
Gabriel ingressou no plantel principal do FC Porto na época 1974/75. Tinha apenas 20 anos e a sua chegada ao clube coincidiu com o final de carreira de uma geração de defesas do FC Porto que, entretanto, abandonou o clube. Guedes, Gualter, Valdemar, Ronaldo e Armando Manhiça, entre outros, foram alguns dos jogadores do sector defensivo do FC Porto que, a meio da década de 70, deram lugar a uma nova geração que ficaría ligada ao regresso do clube à conquista do campeonato nacional.
No total, Gabriel representou o FC Porto durante 9 épocas consecutivas, tendo, em 8 delas, sido utilizado com regularidade no «onze» inicial do FC Porto. Todos os treinadores que orientaram o FC Porto durante esse período lhe atribuíram a titularidade. Aimoré Moreira, Monteiro da Costa, Branko Stankovic, José Maria Pedroto e Hermann Stessl confiaram a Gabriel o lado direito da defesa do FC Porto durante a sua estadia no clube. Logo na primeira época em chegou ao FC Porto foi dos mais utilizados por Aimoré Moreira (e, mais tarde, por Monteiro da Costa) no sector defensivo do FC Porto, ao lado de Rolando, Alfredo Murça, Adelino Teixeira e Simões.
Três anos depois, em 1976/77, conquistou o seu primeiro troféu ao serviço do FC Porto, a Taça de Portugal. Contudo, foi a época 1977/78 que marcou a consagração do saudoso quarteto defensivo de José Maria Pedroto, constituído por Gabriel, Simões, Freitas e Alfredo Murça. Foram eles os pilares da consistente linha defensiva à frente do guarda-redes Fonseca. O FC Porto voltava a ser campeão nacional, após 19 anos de jejum, e Gabriel a ser um dos responsáveis pelo reduzido número de golos sofridos pela equipa de José Maria Pedroto, que revalidaría o título no ano seguinte.
No FC Porto, Gabriel venceu 2 Campeonatos nacionais, 1 Taça de Portugal e 2 Supertaças Cândido de Oliveira. Apesar de não ter sido um defesa goleador, durante os anos em que representou o FC Porto marcou 5 golos no campeonato nacional, estreando-se a marcar na época 1977/78. A nível europeu, merece destaque o golo que marcou ao Colónia, na 1ª mão da 1ª eliminatória da Taça dos Vencedores das Taças, época 1977/78. Foi Gabriel a igualar o jogo de Colónia, quando, aos 60 minutos, marcou o primeiro golo do FC Porto nessa partida (2-2 no final, com Octávio a igualar novamente o jogo, aos 69'). O FC Porto garantiu a qualificação para a 2ª eliminatória depois de vencer os alemães, nas Antas, por 1-0 (golo de Alfredo Murça). Depois da conquista dos títulos, Gabriel ainda chegou a ser nomeado 'capitão' de equipa (sucedeu a Rodolfo). O antigo lateral-direito do FC Porto viu ser-lhe atribuída a braçadeira de 'capitão' no reinado de Hermann Stessl, durante a época 1981/82. Na época seguinte, Gabriel já esteve na 'sombra' de João Pinto, tendo realizado apenas 8 jogos. Era altura de outro quarteto defensivo marcar a história recente do clube: João Pinto, Eurico, Lima Pereira e Inácio.
Com 29 anos, e face à ascensão de João Pinto, Gabriel optou por abandonar o clube, pois já não teria possibilidades de jogar com regularidade. Ainda assim, continuou a representar outro grande do futebol português, o Sporting. Gabriel chegou a Alvalade no início da época 1983/84. Apesar de não ter vencido nenhum troféu ao serviço dos 'leões', permaneceu em Alvalade durante 4 épocas.
Gabriel também foi internacional por Portugal. O antigo defesa-direito do FC Porto participou na fase de qualificação para o 'Euro 80' e para o 'Mundial 82'.
Em cima, a ilustrar o 'post', dois «onzes» onde Gabriel surge em representação do FC Porto (época 1977/78) e da Selecção nacional (1981).
«Onze» do FC Porto: Em cima (da esq. p/ dta): Duda, Gabriel, Freitas, Simões, Murça e Fonseca;
Em baixo (da esq. p/ dta): Rodolfo, Octávio, Ademir, Gomes e Oliveira;
«Onze» de Portugal: Em cima (da esq. p/ dta): Humberto Coelho, Simões, Gabriel, Jordão, Oliveira e Bento;
Em baixo (da esq. p/ dta): Pietra, Shéu, Sousa, Alves e Carlos Manuel;

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Mais uma final!

Aí vamos nós para a 26ª presença no Jamor! O Paços será, surpreendentemente, o nosso adversário no Jamor. Um prémio justo para uma das poucas equipas da nossa Liga que privilegia o futebol de ataque. E, se o FC Porto for campeão, ainda vão à Taça UEFA!
Quanto ao FC Porto, acabou por ter um percurso relativamente sossegado. Depois da visita ao Sertanense (4-0), seguiu-se a única eliminatória realmente complicada, em Alvalade, frente ao Sporting, mas que acabou por ser a que nos deu confiança para enfrentar o resto da época. Após as dramáticas grandes-penalidades de Alvalade, seguiu-se a visita a Cinfães (4-1) e a recepção ao Leixões (1-0).
Com as meias-finais a serem disputadas a duas mãos, só uma grande surpresa retiraría ao FC Porto a possibilidade de estar no Jamor. No entanto, o E. Amadora tudo fez para colocar dúvidas quanto ao segundo finalista da Taça (e Xistra também ajudou!). Depois de inaugurar o marcador, o FC Porto entrou num ritmo preguiçoso e, naturalmente, foi castigado com dois golos sofridos.
Apesar das várias alterações no «onze» inicial, e com um triângulo de meio campo inédito (Andrés Madrid, Tomás Costa e Freddy Guarín), a má primeira-parte do FC Porto ficou a dever-se, fundamentalmente, ao desleixo de alguns jogadores (Guarin, Tarik,...). O pior é que Hulk continua a levar pancada e desta vez ficou mesmo KO. Já se adivinhava! Ainda assim, só por mera infelicidade é que o FC Porto não marcou mais um ou dois golos durante o primeiro tempo. Na segunda-parte, e sabendo que o E. Amadora tería de marcar mais dois golos para estar no Jamor, o FC Porto conseguiu controlar o jogo, mas pedia-se mais aos tricampeões. Mas tudo bem, perdemos (2-1) o jogo mas garantimos o essencial: poupar alguns jogadores e marcar presença no Jamor. Nos últimos 12 anos, o FC Porto esteve presente em 8 finais. Notável!
Vamos lá ver se é desta que conquistamos a 6ª dobradinha da nossa história. Jesualdo merece ver o seu nome acrescentado à lista de treinadores que garantiram a dobradinha para o FC Porto: Dorival Yustrich, Tomislav Ivic, António Oliveira, José Mourinho e Co Adriaanse.

«Curiosidades FCP» - O FC Porto e a Taça de Portugal

Ao ultrapassar o E. Amadora, o FC Porto garantiu a 26ª presença no Jamor, para disputar a final da Taça de Portugal.
É curioso que, apesar do FC Porto, nos últimos 30 anos, deter a hegemonia do futebol português, continua atrás dos seus dois maiores rivais no que a conquistas da Taça de Portugal diz respeito. O FC Porto venceu apenas 13 títulos desde que a competição substituiu o antigo Campeonato de Portugal, em 1938/39. Ou seja, vencemos apenas metade das finais que disputámos, o que nos torna no clube com mais finais perdidas na prova. O Jamor não é sagrado para o FC Porto!
Ainda assim, nos últimos 30 anos o FC Porto tem conseguido inverter essa tendência. O clube venceu 10 Taças de Portugal após a «Revolução de Abril», ou seja, em 38 anos, de 1939 a 1977, o FC Porto venceu apenas 3 troféus!
Também foi durante esse período que o FC Porto passou mais tempo sem vencer a competição. Depois da vitória com Otto Bumbel, em 1958, houve necessidade de esperar 10 anos para voltar a conquistar a Taça de Portugal, com José Maria Pedroto.
Esse período marcou o maior jejum do FC Porto na competição, isto se exceptuarmos os 16 anos que foi necessário aguardar até à primeira vitória na prova, com Dorival Yustrich, em 1956.
A grande quantidade de finais perdidas também tem consequências no número de treinadores do FC Porto que já venceram o troféu. Foram apenas 10 os técnicos que ergueram a Taça no Jamor: Dorival Yustrich, Otto Bumbel, José Maria Pedroto (3), Tomislav Ivic, Artur Jorge, Bobby Robson, António Oliveira, Fernando Santos (2), José Mourinho e Co Adriaanse.
A lista revela-nos um dado ainda mais curioso: apenas 5 treinadores portugueses conquistaram a Taça de Portugal ao serviço do FC Porto, tendo José Maria Pedroto, em três ocasiões, e Fernando Santos, em duas, conquistado a Taça de Portugal mais do que uma vez quando orientavam o FC Porto.
O ainda reduzido número de troféus conquistados pelo FC Porto na competição pode dar a ideia que a Taça de Portugal não teve a mesma importância para o clube do que os campeonatos e troféus internacionais conquistados até hoje. No entanto, esta competição foi importantíssima para o FC Porto no momento mais complicado da vida do clube, naqueles 19 anos que passou sem vencer o campeonato nacional. Esse longo jejum foi intervalado com a conquista da Taça de Portugal, em 1967/68, com José Maria Pedroto.
Além desse registo, a Taça de Portugal continuará a ter um significado especial para o FC Porto, isto porque continuamos a ser o único clube português a conseguir vencer, na mesma temporada, o Campeonato, a Taça de Portugal e a competição europeia em que estivémos envolvidos (Taça UEFA, em 2003).
Apesar de ser o clube com mais finais perdidas (12) na competição, nos últimos 20 anos o FC Porto venceu a prova por 8 vezes e esteve presente em 11 finais, ou seja, o FC Porto disputou uma Final da Taça de Portugal a cada dois anos. Nada mau!

A «foto do dia» - Dois bilhetes do Ajax - FC Porto, Liga dos Campeões 1998/99

Recuamos à primeira (e única!) vitória do Ajax sobre o FC Porto com dois bilhetes do último confronto europeu entre os dois clubes, relativo à 2ª jornada da fase de grupos da Liga dos Campeões 1998/99.
Foi a terceira vez que FC Porto e Ajax se cruzaram em eliminatórias europeias, tendo essa visita a Amesterdão marcado a única derrota do FC Porto em jogos frente a este histórico clube holandês.
Depois de vencer o Ajax (de Johan Cruyff e Marco Van Basten) por 2-0 (golos de Laureta e Celso), na 1ª mão da 1ª eliminatória da Taça dos Clubes Campeões Europeus 1985/86 (0-0 em Amesterdão), o FC Porto voltou a derrotar os holandeses (novamente orientados por Johan Cruyff) em 1987/88, nas duas mãos da Supertaça europeia. Depois de vencer 1-0 (golo de Rui Barros) em Amesterdão, o FC Porto voltou a repetir o resultado nas Antas (golo de Sousa).
A derrota acabou por surgiu ao quinto confronto com os holandeses. Depois de ter saído invicto nos dois jogos que realizou no antigo Estádio De Meer, o FC Porto, de Fernando Santos, foi derrotado no novo ArenA de Amesterdão, por 2-1 (Rudy aos 57', Zahovic aos 69' e Litmanen aos 86'), em jogo da 2ª jornada da fase de grupos da Liga dos Campeões 1998/99.
Nessa época, FC Porto e Ajax foram sorteados no Grupo A, juntamente com Olympiakos e Croácia Zagreb. Apesar de ter sido derrotado no ArenA, o FC Porto vencería o Ajax, nas Antas, por claros 3-0 (Zahovic aos 55', Zahovic aos 73' e Drulovic aos 82'), na última jornada da fase de grupos.
No entanto, o FC Porto acabou por ficar de fora dos Quartos-de-final. Nessa época, só o 1º classificado de cada um dos grupos avançou para a fase seguinte, cabendo ao Olympiakos a vaga nos Quartos.

domingo, 19 de abril de 2009

E passou mais uma jornada...

Este já passou! Estava a ser um jogo difícil e, perante a postura demasiado defensiva da Académica, adivinhava-se que só num lance individual ou de bola parada o FC Porto conseguiría marcar. Assim foi, com um cabeceamento de Rolando a desbloquear um jogo complicado, não tanto pela qualidade da Académica mas mais pela difícil gestão emocional que sempre envolve uma dolorosa eliminação da 'Champions'. A ressaca do FC Porto correu bem! Quem não pode dizer o mesmo é o nosso adversário de Quarta-feira passada. O Manchester United foi eliminado pelo Everton na meia-final da Taça de Inglaterra. Mesmo com um plantel de luxo, não é fácil disputar várias competições até ao final da época. Isto ainda valoriza mais a época do FC Porto, que mantém o primeiro lugar da Liga e chega à 2ª mão da meia-final da Taça de Portugal com a presença na final quase garantida. Se vencer os próximos 7 jogos, o FC Porto faz a dobradinha!
Hoje, e apesar da vitória por 3-0, encontrámos um adversário muito fechado. A postura da Académica foi algo surpreendente porque a equipa de Domingos está num lugar tranquilo da tabela e nunca estendeu o jogo, preferindo deixar muitos jogadores atrás da linha da bola.
No entanto, deu sempre a sensação que a Académica não tinha muitas alternativas: ou tentava aguentar o 0-0 até ao limite ou jogava taco-a-taco, podendo sofrer um golo a qualquer momento. A equipa de Domingos preferiu jogar muito recuada e, até ao golo do FC Porto, fez-se de facto sentir a ausência de Lucho Gonzalez. A lucidez e qualidade de passe de 'El Comandante' seriam uma arma para o FC Porto poder 'rasgar' a numerosa defensiva da Académica. Sem Lucho, foi necessário convocar a paciência dos tricampeões. Apesar do 0-0 se ter prolongado por 58 minutos, o FC Porto nunca perdeu a lucidez e manteve a confiança no seu jogo. O jogo acabou por se tornar um passeio depois do primeiro golo!
Sem ninguém ter deslumbrado, são de destacar as exibições de Fernando, Rolando, Bruno Alves (já repararam que ele agora se preocupa em deixar a bola jogável depois de um desarme de cabeça?) e Mariano Gonzalez (o seu futebol não foi atraente mas teve objectividade e durou 90 minutos).
Depois da meia-final da Taça, segue-se a recepção ao Vit. Setúbal. Faltam 11 pontos para o tetra!

«Curiosidades FCP» - Fernando Couto

Hoje, o «Curiosidades FCP» é um autêntico «descubra as diferênças». O alvo do 'post' é Fernando Couto, que, ultimamente, tem sido visto com alguma regularidade na tribuna do Estádio do Dragão, ao lado do seu amigo Vítor Baía (será prenúncio de um regresso?). O antigo defesa central do FC Porto é um dos futebolistas portugueses que mais tempo andou imigrado. No total, foram 14 (!) épocas em representação de 3 clubes estrangeiros: Parma, Barcelona e Lazio.
Além de possuir um vasto palmarés, o antigo nº 5 do FC Porto é dos poucos futebolistas que se pode orgulhar de ter vencido o Campeonato, a Taça e a Supertaça em todos os países onde jogou. Em Portugal, Espanha e Itália, Couto venceu essas 3 competições ao serviço de, respectivamente, FC Porto, Barcelona e Lazio. No entanto, o antigo defesa central do FC Porto também se pode orgulhar de ter vencido títulos em todos os clubes que representou (excepto quando esteve emprestado ao Famalicão e à Académica), pois ao serviço do Parma também conquistou uma Taça UEFA.
A nível internacional, só lhe faltou vencer a Liga dos Campeões (venceu 2 Taças das Taças, uma pelo FC Barcelona, em 96/97, e outra pela Lazio, em 98/99, e 1 Taça UEFA, pelo Parma, em 94/95).
É curioso que também foi no clube que representou durante mais tempo que Fernando Couto marcou mais golos. Nas 7 épocas em que representou a Lazio, Couto marcou 12 golos, um registo que supera os golos marcados ao serviço do FC Porto (10), Parma (6), e Barcelona (1).
Fernando Couto chegou ás camadas jovens do FC Porto depois de ter representado o Espinho e o Lusitânia de Lourosa. A sua chegada ao clube também coincidiu com as primeiras referências elogiosas ao seu impressionante físico e excelente jogo de cabeça. O Prof. Hernâni Gonçalves foi dos primeiros a reparar no jovem central, caracterizando-o de 'excêntrico'!
A partir dessa altura, e em cada clube que representava, sucediam-se as alcunhas. No Parma, a sua farta cabeleira valeu-lhe a alcunha de 'Sansone' (Sansão), enquanto que no Barcelona foi apelidado de 'Tarzan de Camp Nou'. No entanto, foi em Itália que melhor o caracterizaram, ao atribuirem-lhe a alcunha de 'Il Dolce Gladiatore' (O Doce Gladiador), pois ao perfil rebelde e de constante atrito com os adversários juntava um comportamento cordial para com colegas e adeptos.
No FC Porto, Fernando Couto teve o privilégio de encontrar alguns defesas centrais que marcaram a história mais recente do clube. Aloísio, José Carlos e Jorge Costa foram os 3 companheiros com quem partilhou o centro da defesa da FC Porto. Das várias parcerias, destaca-se a que manteve com Aloísio, durante o reinado de Carlos Alberto Silva. Nessas duas épocas, a dupla chegou a ser considerada uma das mais fortes da Europa.

A «foto do dia» - Os campeões nacionais 1939/40

Recuamos ao primeiro «bi-campeonato» da história do FC Porto com duas fotos, uma com um dos «onzes» do FC Porto mais utilizados por Mihaly Siska durante a época 1939/40 e outra que regista a despedida do maior responsável pelo bom futebol que o FC Porto praticou durante esse período, o insubstituível Artur de Sousa 'Pinga' (reparem que, na foto, em baixo, é visível o joelho de Pinga (ao centro) envolto numa ligadura, após a delicada operação ao menisco).
Apesar de nos anos 30 o FC Porto já dominar o futebol regional (o clube venceu todos (!) os Campeonatos do Porto disputados nessa década), a nível nacional ainda só tinha conquistado 3 títulos (1 campeonato nacional, em 1934/35, e 2 campeonatos de Portugal, em 1931/32 e 1936/37). Ou seja, no que ao campeonato nacional diz respeito, o FC Porto andava afastado do título desde a vitória em 1934/35, com o húngaro Joseph Szabo.
Para o regresso do clube à conquista do campeonato nacional muito contribuíram 4 estrangeiros que nessa altura representavam o FC Porto: dois húngaros, o treinador Mihaly Siska e o guarda-redes Bela Andrasik, e dois croatas, o avançado Slavko Kordnya e o extremo-esquerdo Franjo Petrack.
Além dos estrangeiros, o plantel do FC Porto também era constituído por alguns jogadores portugueses que marcaram uma época no futebol nacional. Pereira da Silva, Vítor Guilhar, Gomes da Costa, Pinga, Carlos Nunes e Soares dos Reis, entre outros, formavam a base da equipa que garantiu o primeiro bi-campeonato (1938/39 e 1939/40) da história do FC Porto. É curioso que, no final da época 1939/40, os dois croatas receberam ordens para regressar ao seu país, de forma a cumprirem o serviço militar, pois a II Guerra Mundial começava a alastrar. Esse foi um dos grandes motivos para o FC Porto não ter renovado o título no ano seguinte, pois os dois croatas eram responsáveis por mais de metade dos golos da equipa.
Contudo, a chegada ao clube desta conceituada dupla croata também teve um custo, com o FC Porto a investir mais de 600 contos no reforço do plantel. Assim, o défice atingiu valores exorbitantes para a época, com o clube a registar dívidas superiores a 200 contos. Essa crise financeira marcou o início do primeiro grande jejum do FC Porto a nível nacional. O clube só voltaría a conquistar o campeonato nacional, e a Taça de Portugal, na saudosa época de 1955/56, com Dorival Yustrich.

sábado, 18 de abril de 2009

Volta depressa!

Antes de falarmos em possíveis alternativas ou mudanças de sistema de jogo, deve ficar claro que não concebo o «FC Porto de Jesualdo» sem Lucho Gonzalez. Fico mais descansado quando vejo 'El Comandante' em campo, porque sei imediatamente que nem ele nem a equipa vão fugir ás suas responsabilidades.
No entanto, se há lesões que não trazem apenas apreensão, esta é uma delas. Tudo indica que, se o período de recuperação da lesão se prolongar pelas férias, Lucho vá permanecer no FC Porto. Menos mau!
Agora, não sei se o final da época vai ser mais difícil sem Lucho (calculo que sim!). Se lhe deram a alcunha de 'El Comandante', por algum motivo terá sido!
Co Adriaanse referia-se a Jorge Costa como o «senhor FC Porto». Neste momento, Lucho é o meu «senhor FC Porto».
Além de ser o «capitão», o argentino é um jogador humilde. Para ele, é indiferente vigiar um jogador jovem, como João Moutinho, ou um jogador conceituado, como Paul Scholes. Se o treinador necessita dele nessas funções...
A questão não é quem o vai substituir. Lucho é insubstituível! Ele é o protótipo do «capitão» do FC Porto do séc XXI e a prova que também é possível formar jogadores «à FC Porto» que não tenham passado pelos escalões jovens de formação do clube.
É curioso que Lucho apresenta uma forma de actuar muito diferente da dos anteriores «capitães» de equipa do FC Porto. O médio argentino não precisa de berrar nem de gesticular com os colegas para se fazer ouvir. 'El Comandante' prefere um estilo mais discreto. Em vez de ser autoritário com os colegas, Lucho é solidário com a equipa.
Sem ele, é provável que Jesualdo mantenha o 4-3-3. Rodriguez e Lisandro são as minhas apostas para recuarem no campo e «fazerem de Lucho».
Quando estou mais atento a um jogador, gosto de aplicar o critério das «boas ou más decisões» quando o mesmo está em posse da bola. Se repararem, é muito raro vê-lo tomar uma má decisão. E, ainda assim, consegue surpreender o adversário!
Para mim, há um critério que deve ser fundamental para determinar se um jogador deve ou não ser nomeado «capitão» de equipa. Mais do que a experiência, os anos de clube, a aprovação do balneário ou os caprichos do treinador, é o altruísmo que deve condicionar a atribuição da 'braçadeira'. Lucho coloca sempre em primeiro lugar os interesses da equipa. Se repararem, até a forma como se coloca em campo é reveladora desta virtude no médio argentino. Lucho está sempre onde a equipa mais precisa dele. No jogo de Quarta-feira passada, era ele a minha esperança para anular a lucidez e força de Anderson. Lucho saiu e o médio brasileiro espalhou classe e simplicidade.
Esperemos que 'El Comandante' volte depressa!

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Estivemos quase...

Vai ser um 'post' mais curto porque não é fácil escrever na ressaca de uma derrota europeia. Depois do 2-2 de Old Trafford, talvez a fasquia tenha ficado demasiado alta. Estávamos naquela altura da competição em que um pormenor poderia decidir o vencedor da eliminatória. Ronaldo 'sacou' um pormenor, Hulk não!
O FC Porto entrou mal no jogo da 2ª mão. Tinhamos pedido agressividade para evitarmos ter de correr atrás do prejuízo, mas o FC Porto trocou-nos as voltas e entrou macio. Só depois de Ronaldo marcar (uma autêntica 'pastilha' a 30 metros da baliza!) é que o FC Porto começou a querer agarrar no jogo. Já foi tarde porque logo a seguir perdemos Lucho Gonzalez.
No entanto, frente ao segundo maior candidato a vencer a prova (parece ser consensual que o Barcelona é o primeiro), o FC Porto fez tudo o que podia, acabando por terminar a competição no lugar que merece, entre os 8 melhores da Europa.
O FC Porto venceu em Istambul, venceu em Kiev, derrotou o Arsenal, empatou no Vicente Calderón e em Old Trafford. Já ninguém apaga esses dois épicos empates (2-2). O FC Porto fez uma bela 'Champions'.
Depois da derrota de ontem, poderá ficar-se com a ideia que o United não fez o suficiente em sua casa. Uma ideia errada, porque o FC Porto foi muito forte em Old Trafford. Desta vez, foi o United a trazer a lição bem estudada. Nota-se que do outro lado também está um grande treinador. Se assim não fosse, sería difícil colocar uma equipa com tantas 'estrelas' a jogar em harmonia. Além de muito fortes fisicamente, os ingleses interpretaram na perfeição o ambicioso '4-4-2' de Alex Ferguson.
O FC Porto também merece um grande elogio porque conseguiu manter a incerteza no resultado até ao último minuto. O United nunca controlou o jogo e, já no final da partida, o FC Porto até teve um ou outro cruzamento bem tirado, mas faltou o tal detalhe que só Ronaldo conseguiu inventar.
E agora, como se sai de uma ressaca europeia? Com uma vitória, claro! Temos que ir a Coimbra resgatar a auto-estima dos tricampeões. A época não acabou (fica-se com essa sensação quando se é eliminado da 'Champions') e há uma dobradinha para conquistar.

O «cromo do dia» - Armando

Hoje, o «cromo do dia» é uma iniciativa do Armando Pinto, que teve a gentileza de me enviar o texto e as fotos do Armando, um guarda-redes que representou o FC Porto no final dos anos 50 e no início da década de 70.
"Armando foi um guarda-redes conhecido, entre a massa associativa portista, como um afeiçoado adepto da colectividade das Antas, e que passou pelo seu clube sem conhecer os êxitos que merecia, sendo reconhecido por seus pares como dos melhores valores dessas eras. Ele era um guardião «não espalhafatoso, mais eficiente do que artista voador». Guarda-redes que na Selecção A foi suplente, primeiro de Américo e depois de Damas, durante três anos em que foi escolhido como nº 2 na turma das quinas. Teve a curiosidade de ter chegado a ser considerado especialista a defender penaltis, especialmente do Eusébio, com a particularidade de, em consequência disso, ter sofrido uma lesão (de dois dedos partidos) numa ocasião em que o pantera negra não o conseguiu bater de pontapé da penalidade máxima.
Armando Pereira da Silva formou-se no FC Porto, começando nas Escolas e seguindo até aos juniores, em cujo último ano, 1958, na transição para sénior, foi escalado para suplente do jogo da final da Taça de Portugal, no Jamor, conquistada pelo FC Porto através de saborosa vitória sobre o Benfica por 1-0, com célebre golo de Hernâni. Logo a seguir, foi com a equipa principal em digressão a Angola e Moçambique, e durante dois anos fez parte do plantel sénior, tendo mesmo jogado três jogos na 1ª equipa e ainda sido suplente de Acúrcio, em 8 jogos. Com incorporação no serviço militar pelo meio, acabou por ser dispensado, em 1960, ingressando então no Gil Vicente, de Barcelos, para logo de seguida ter sido mobilizado para a guerra colonial, indo para Angola, onde ainda chegou a representar o Ferroviário de Malange, ajudando a conquistar o título provincial.
Após o regresso à vida civil, representou durante um ano o Salgueiros, para depois ingressar no Braga. Aí conquistou o seu maior triunfo como titular, ao serviço do Sp. de Braga, quando a turma arsenalista do Minho ganhou a final da Taça de Portugal, em 1966, por 1-0 (golo de Perrichon), contra o Setúbal.
Dez anos depois de ter saído das Antas, em 1970, regressou ao FC Porto, no início da temporada de 1970/71 (após a saída do Américo e, da época 1969/70, em que o clube experimentou diversos guarda-redes e acabou o campeonato em 9º lugar). Tendo começado como titular, viveu diversas fases, até que, vítima de algumas políticas (que não interessa agora dissecar), foi relegado para suplente, acabando por regressar a Braga dois anos depois, para acabar a carreira.
Entretanto, durante a sua carreira, havia sido seleccionado para diversas formações representativas, como foi o caso de ter jogado pela Selecção Militar do Norte (em desafio contra a do Sul), como também pela Selecção da Associação de Braga (contra a do Porto). E, internacionalmente, jogou pela Selecção B Nacional (diante da França B), até que na Equipa A foi suplente contra a Roménia (em Lisboa), Suíça (Lisboa e Berna), Roménia (Bucareste), Grécia (Antas-Porto) e México (Lisboa).
Após o abandono do futebol, foi reconhecido pela Federação Portuguesa de Futebol com a Medalha de Comportamento Exemplar, em virtude de nunca ter tido qualquer castigo. De permeio, nos últimos tempos de futebolista do FC Porto, começou a embrenhar-se no mundo dos negócios, no ramo do vestuário. Por fim, segundo algumas informações, depois de se haver instalado em Braga passou na cidade dos arcebispos a ter um negócio de restauração."
Armando Pinto, 13 de Abril de 2009
Em cima, a ilustrar o 'post', surge uma foto autografada pelo guarda-redes Armando e um «onze» do FC Porto de 1971.
Em cima (da esq p/ dta): Rolando, Pavão, Valdemar, Leopoldo, Gualter e Armando;
Em baixo (da esq p/ dta): Seninho, Bené, Flávio, Abel e Ricardo;

terça-feira, 14 de abril de 2009

Força rapaziada!

Como já falta pouco, o nervoso miudinho começa a fazer-se sentir. Não mata mas mói! Depois daquela portentosa exibição em Old Trafford, é altura de confirmar no Dragão que o FC Porto tem 'mais futebol' que o Manchester United. Com tanta tensão, fica apenas uma certeza para os adeptos que vão estar no Dragão: não vai ser fácil desfrutar do jogo. Os ingleses continuam convictos que o United é favorito, mas 'Sir' Alex Ferguson já terá as suas dúvidas. Dizem que a 2ª mão não vai ser fácil para o FC Porto, mas mais difícil será para o Liverpool e para o Bayern de Munique, pois estão ambos praticamente eliminados. O discurso nunca ganhou jogos!
O Man United já visitou o Porto em 3 ocasiões e nunca venceu. Depois dos históricos 4-0, em 1977/78, seguiu-se um empate (0-0), em 1996/97, e nova vitória do FC Porto em 2003/04, por 2-1. Na Quarta-feira, era bom repetir um desses 3 resultados!
Além do historial de visitas do United nos ser favorável, há mais dois dados que alimentam o nosso nervoso miudinho: o FC Porto nunca perdeu em casa com equipas inglesas (já venceu o Wolverhampton, o Arsenal, o Manchester United e o Chelsea) e, sempre que atingiu as meias-finais de uma competição europeia, só por uma vez não chegou à final. Foi em 1993/94, quando foi derrotado (3-0) pelo Barcelona nas meias-finais da Liga dos Campeões. Em todas as outras ocasiões o FC Porto atingiu a Final. Foi assim em 1983/84, quando eliminou o Shakhtar Donetsk nos Quartos-de-final da Taça das Taças. Em 1986/87, quando afastou o Brondby nos Quartos-de-final da Taça dos Clubes Campeões Europeus. Em 2002/03, quando eliminou o Panathinaikos nos Quartos-de-final da Taça UEFA e, em 2003/04, quando afastou o Lyon, também nos Quartos-de-final da Liga dos Campeões.
Ou seja, em 5 presenças nas meias-finais, o FC Porto apurou-se para 4 finais e só foi derrotado numa delas (em Basileia, frente à Juventus). Maldita história que ainda nos faz ficar mais ansiosos!
Em cima, a ilustar o ´post', recuperámos a capa da revista 'United Review', que antecipava o jogo de Old Trafford com a frase 'Go get' em!', e o bilhete que deu acesso ao jogo de Terça-feira passada, entre Man United e FC Porto (é um convite da TEAM Marketing, a empresa que gere os direitos televisivos dos jogos da 'Champions').

domingo, 12 de abril de 2009

14 pontos para o tetra!

A contagem decrescente continua. A partir de hoje, ficam a faltar 14 pontos para a reconquista do título. Com mais 3 jogos fora de casa e outros tantos no Dragão, o FC Porto pode dar-se ao luxo de vencer apenas 4 partidas (se empatar as outras duas) até final do campeonato.
Apesar de Jesualdo Ferreira ter alertado para o excesso de euforia, não podemos deixar de registar que a cumplicidade entre os adeptos e a equipa é cada vez maior. A turba portista anda confiante. Há vibrações positivas no Dragão!
Hoje, frente ao E. Amadora, mais uma vitória (3-0) convincente e que deixa pouca margem para utilizar outros adjectivos. O FC Porto até nem entrou bem no jogo, mas fez um segundo tempo de grande qualidade. Muita pressão sobre o portador da bola e rápidas combinações de ataque aniquilaram o E. Amadora.
Com poucas oportunidades de golo criadas na primeira-parte, houve necessidade de convocar a precisão de Bruno Alves para, num livre directo, desbloquear o jogo. Foi a recompensa perfeita depois daquela oferta que Wayne Rooney não desperdiçou no jogo da 'Champions'.
A segunda-parte trouxe o FC Porto do futebol abrasivo e que não se contenta com a diferença mínima no marcador. Nesse período, foi altura de convocar o instinto goleador de Ernesto Farías. Um dos maiores goleadores da história do River Plate tem que ter alguma qualidade. Neste momento, não há nada a apontar ao ponta-de-lança argentino. Quando joga, Farías marca sempre!
Nas últimas semanas, o FC Porto tem aliado o bom futebol à eficácia na finalização. A equipa joga um futebol fluído e alegre. Vai ser difícil roubarem-nos pontos até ao final da Liga. Os nossos adversários directos dizem que o FC Porto está muito forte... E estamos mesmo!
Falta saber se o desgaste físico dos jogos da 'Champions' vai ou não condicionar o futebol dos tricampeões. Pela amostra de hoje, é pouco provável.
Com a equipa a não vacilar, perante a enorme quantidade de jogos das últimas semanas, têm surgido diversos elogios à qualidade do plantel e ao acerto nas contratações. Julgo que, neste particular, o FC Porto não faz melhores nem piores escolhas que os seus adversário directos. Na Luz e em Alvalade também há jogadores com potencial, a diferença é que o FC Porto cria condições para os seus profissionais evoluirem e atingirem determinado nível competitivo. Alguns chamam-lhe mística, eu prefiro chamar-lhe cultura de vitória. O FC Porto potencia a cultura de vitória!

A «foto do dia» - O programa oficial do Tottenham-FC Porto, Taça dos Vencedores das Taças 1991/92

Apesar de ter empatado duas vezes em Old Trafford, o FC Porto ainda não conseguiu vencer nenhum jogo das competições europeias em solo inglês.
Hoje, recordamos uma dessas visitas a Inglaterra com o programa oficial do Tottenham-FC Porto, relativo à 1ª mão da 2ª eliminatória da extinta Taça dos Clubes Vencedores das Taças, época 1991/92.
Tottenham e FC Porto encontraram-se na 2ª ronda, depois de na 1ª eliminatória terem afastado, respectivamente, Hajduk Split (ex-Jugoslávia) e Valletta FC (Malta).
O FC Porto, de Carlos Alberto Silva, deslocou-se ao White Hart Lane, em Londres, a 23 de Outubro de 1991 e acabou derrotado por 3-1 (Gary Lineker aos 14', Gordon Durie aos 32', Kostadinov aos 51' e Gary Lineker aos 83'). É curioso que Gordon Durie, o avançado escocês dos Spurs, além de ter sido capa do programa oficial também foi um dos protagonistas dessa partida, ao apontar um dos três golos dos ingleses (o conceituado Gary Lineker marcou os outros dois).
Na 2ª mão, manteve-se a tradição de não perdermos em casa com equipas inglesas, mas um empate (0-0) acabou por ser insuficiente para acedermos aos Quartos-de-final.
Quanto ao Tottenham, sería afastado da competição logo na eliminatória seguinte, pelo Feyenoord (Holanda).

«Curiosidades FCP» - Jozef Mlynarczyk

Hoje, prestamos uma pequena homenagem ao polaco que defendeu a baliza do FC Porto durante aquele excitante período da década de 80, que teve o seu epílogo na final de Viena, em 1987.
O «Mly» foi muito mais que «o mestre de Vítor Baía». Arriscamos a colocá-lo na lista dos 10 melhores guarda-redes de sempre do futebol português.
Depois de abandonar a carreira de futebolista, Mlynarczyk continuou a colaborar com o FC Porto, como treinador de guarda-redes. No entanto, uns anos mais tarde sería obrigado a regressar à Polónia devido a alguns problemas particulares.
Com 55 anos, continua ligado ao futebol, actualmente como treinador de guarda-redes do histórico Lech Poznan (Polónia).
Vamos recordar algumas curiosidades que ficaram associadas à carreira do «Mly»:
- estreou-se como futebolista profissional no Odra Opole (Polónia);
- representou o Widzew Lodz, clube de onde saíram outros dois conceituados futebolistas polacos: Boniek e Smolarek;
- chegou ao FC Porto vindo do Bastia (França);
- esteve presente em duas fases finais de Campeonatos do Mundo: 'Espanha 82' e 'México 86';
- no Mundial de Espanha, esteve presente na competição juntamente com outros dois guarda-redes que passaram pelo futebol português, os sportinguistas Bela Katzirz e Ferenc Meszaros, que representavam a Hungria;
- foi nomeado um dos melhores guarda-redes do 'Espanha 82', ao lado de Dino Zoff (Itália), Rinat Dasaev (ex-URSS), Jean-Marie Pfaff (Bélgica), Nery Pumpido (Argentina), Harald Schumacher(Alemanha) e Luis Arconada (Espanha);
- no 'México 86' defrontou 7 dos seus companheiros do FC Porto: Inácio, Sousa, Jaime Pacheco, André, Fernando Gomes, Jaime Magalhães e Paulo Futre;
- ao serviço da Polónia, venceu Portugal, no mesmo Mundial, por 1-0 (golo de Smolarek);
- aconselhou o FC Porto a adquirir o seu compatriota, e também guarda-redes, Andrzej Wozniak, que teve uma passagem fugaz pelas Antas;

sexta-feira, 10 de abril de 2009

A Europa em Old Trafford

Apesar da imprensa indígena não ter dado o devido valor ao empate e à exibição do FC Porto em Manchester (o 'Record' trouxe à capa Quique Flores, enquanto que 'A Bola' optou por trazer à 1ª página um vulgar e abstracto «Nada é impossível»), a imprensa europeia esteve bem atenta ao que se passou em Old Trafford. Além do devido destaque que o jogo mereceu por parte dos diários britânicos, também na restante imprensa desportiva europeia o Man Utd-FC Porto teve honras de 1ª página. Aliás, houve mesmo alguns diários desportivos europeus que, mesmo não tendo nenhuma equipa do seu país em prova, resolveram trazer à capa o frenético jogo de Old Trafford. É o caso do italiano 'La Gazzetta dello Sport', que não hesitou em colocar na capa uma foto com Mariano Gonzalez e Van der Sar. «Porto, gran 2-2 a Manchester» titulava este diário desportivo italiano na sua edição de Quarta-feira.
Quanto à generalidade da imprensa inglesa (mal habituada, tal como Alex Ferguson), em vez de dar mérito à exibição do FC Porto optou por criticar o comportamento do Man Utd. Ainda assim, o 'Daily Telegraph' soube reconhecer a superioridade do FC Porto, ao admitir que o United desceu à terra. O título «Down to earth» era acompanhado de uma foto do desolado Wayne Rooney.
Quanto ao conceituado 'The Times', que não tem o hábito de trazer à capa fotos relacionadas com o desporto-rei, desta vez colocou Carlos Tevez e Patrice Evra em primeiríssimo plano. A acompanhar a foto, uma declaração de esperança e, ao mesmo tempo, de aviso para o jogo da 2ª mão: «Clinging to the dream: United's dangerous game» (Agarrados ao sonho: o perigoso jogo do United).
Na página dedicada ao jogo, o jornalista presente em Old Trafford alerta o United para o facto de ser necessário fazer história em Portugal, em virtude do FC Porto ainda não ter perdido em casa com nenhuma equipa inglesa: «After a 2-2 draw at Old Trafford in the first leg of their Champions League quarter-final, United may have to make history in Portugal».
O cronista do 'The Times' também foi o que se mostrou mais atento à realidade do FC Porto, chamando a atenção para os vários jovens jogadores do FC Porto presentes no «onze» e admitindo que, ainda assim, o FC Porto merecia ter vencido a partida: «Seven of the XI who drew with Manchester United have been at the club for less than two years. And yet, Porto probably deserved to win at Old Trafford».
Quanto ao 'The Sun', trouxe à capa Adebayor e Wayne Rooney. Este tablóide britânico resumiu bem o que se passou na noite anterior nos dois jogos das equipas inglesas. «Drew it... Blew it», foram assim classificados o empate conseguido pelo Arsenal, em Espanha, e o comprometedor 2-2 do United, frente ao FC Porto.
Por fim, a imprensa espanhola. A 'Marca' foi o diário desportivo que deu maior destaque ao jogo de Old Trafford. Para os espanhóis, o FC Porto foi a Manchester apresentar a sua candidatura à 'Champions': «El Oporto presentó su candidatura a esta Champions con un partido para el recuerdo en Old Trafford. El conjunto luso maniató al Manchester United en la primera mitad y tomó ventaja en el marcador gracias al tanto del 'Cebolla' Rodríguez». O jornalista espanhol termina a sua crónica fazendo referência à justa recompensa de Mariano Gonzalez, que deixou Old Trafford 'abrumado': «Mariano González rescató la recompensa merecida y enmudeció a un estadio abrumado por el descaro rival».