terça-feira, 7 de abril de 2009

O «cromo do dia» - Nóbrega

Hoje, no «cromo do dia», recordamos um dos melhores extremos-esquerdos de sempre da história do FC Porto e do futebol português: Nóbrega.
Francisco Lage Pereira Nóbrega nasceu em Vila Real, a 14 de Abril de 1942. Este transmontano foi mais um dos fantásticos futebolistas do FC Porto que tiveram a infelicidade de representar o clube naquele longo período de 19 anos que o FC Porto passou sem vencer o campeonato nacional.
No entanto, e apesar de só ter festejado a conquista de uma Taça de Portugal, Nóbrega teve o privilégio de se cruzar com duas gerações de jogadores do FC Porto. É que este antigo extremo-esquerdo representou o FC Porto durante 12 (!) épocas consecutivas. Ou seja, no início dos anos 60 jogou com, entre outros, Américo e Hernâni, e, já a meio da década de 70, ainda foi colega de Cubillas e António Oliveira. Notável!
Depois de uma época emprestado ao Tirsense, Nóbrega chegou ao plantel principal do FC Porto em 1962/63.
Logo na segunda época de azul-e-branco, e com apenas 21 anos, foi o 2º melhor marcador do FC Porto no campeonato nacional, com 10 golos. Foi nesse ano que iniciou uma fantástica sequência de 7 épocas consecutivas a ser utilizado no «onze» titular do FC Porto. Uma regularidade impressionante! Em virtude do FC Porto, nessa altura, andar arredado dos títulos, o constante «entra e sai» de treinadores também lhe possibilitou trabalhar com técnicos conceituados ao longo de toda a sua carreira (no FC Porto, Nóbrega conheceu mais de 15 treinadores!). Otto Vieira, Janos Kalmar, Otto Glória, José Maria Pedroto, Tommy Docherty, Fernando Riera e Bela Guttmann, entre outros, foram alguns dos técnicos que orientaram o FC Porto durante as décadas de 60 e 70, e com quem Nóbrega se cruzou durante a sua permanência nas Antas.
Depois de, em 1963/64, garantir a titularidade no «onze» do FC Porto, Nóbrega sería chamado a representar a Selecção portuguesa (também foi utilizado na Selecção militar), fazendo a sua estreia na equipa nacional a 15 de Novembro de 1964, no Porto, contra a Espanha (2-1).
Ao serviço de Portugal, registou apenas 4 internacionalizações, despedindo-se da Selecção a 12 de Novembro de 1967, também no Porto, num jogo contra a Noruega (2-1).
Curiosamente, foi durante esse período que realizou as melhores exibições da sua carreira. Em 1966/67 e 1967/68, o antigo extremo-esquerdo do FC Porto foi um dos jogadores que mais assistências realizou para golo. Djalma, o ponta-de-lança do FC Porto, beneficiou das muitas assistências de Nóbrega para se sagrar o melhor marcador da equipa durante esse período.
O final da época 1967/68 marcou o ponto alto na carreira dessa geração de jogadores do FC Porto. O clube conquistou a Taça de Portugal e Nóbrega foi um dos protagonistas da final, ao marcar um dos dois golos com que o FC Porto derrotou (2-1) o Vit. Setúbal, no Jamor.
No início da década de 70, Nóbrega começaría a ser utilizado com menos regularidade no «onze». Era altura de jogadores como Flávio, Abel, Lemos ou António Oliveira, jogarem com mais frequência no ataque do FC Porto.
Ainda assim, Nóbrega permanecería nas Antas até ao final da época 1973/74. Com 31 anos, ainda realizou alguns jogos na sua última época ao serviço do FC Porto. A menor utilização de Flávio, e a chegada de Cubillas apenas a meio da época, permitiu-lhe ser dos mais utilizados por Bela Guttmann no último campeonato em que representou o FC Porto.
Depois de terminada a carreira de jogador, Nóbrega continuou ligado ao futebol, como treinador. Durante a década de 80, o antigo extremo-esquerdo do FC Porto orientou, entre outros, o Avanca e o Feirense, ambos das divisões secundárias.
Em cima, na foto, a equipa do FC Porto que venceu a Taça de Portugal 1967/68.
Em cima: Bernardo da Velha, Atraca, Rolando, Pavão, Valdemar e Américo;
Em baixo: Jaime, Djalma, Custódio Pinto, Eduardo Gomes e Nóbrega;

Nota: as 3 últimas fotos deste 'post' foram-me gentilmente cedidas pelo amigo Armando Pinto. Obrigado.

3 comentários:

Anónimo disse...

Gostei do post, está muito bom. Tenho honra em ter colaborado com as fotos, dentro do possível. E, sempre que seja necessária mais alguma, do que eu possa ter, como sabe, é só dizer.
A. P.

Anónimo disse...

Justa homenagem:


Sabe-se que o Nóbrega está desencan
tado com o futebol e, sobretudo, com o seu FC Porto.

Por motivos sabidos mas não vamos aqui publicitar.

Reside na Rua do Falcão (próximo da Curujeira).

Dos treinadores citados existe um esquecido. Jorge Horth que lhe chamava de «seu Surdito» («Idolos do Desporto»).

A primeira foto aqui reproduzida é de um outro (posterior) «Idolos do Desporto» a si dedicado.

Foi injustiçado na Selecção, sendo a terceira alternativa ao Simões (quem eram chamados eram os seus suplentes Yaúca e Serafim).

E para o «Mundial de 1966», já com fato pronto, foi preterido à últi ma hora.

Foi o grande extremo esquerdo (à
«moda antiga») que conhecemos. Quais «Toninhos Metralhas», quais
«Hulks»...

Obrigado pela recordação.

Anónimo disse...

Hoje desapareceu. Depois de uma doença prolongada teve finalmente paz. Um adeus com saudade