Hoje vamos recordar aquele que os mais velhos consideram o grande craque do FC Porto na década de 50 e um dos melhores jogadores de sempre da história do clube, Hernâni.
Este antigo centro-campista do FC Porto era daqueles jogadores que percorria com relativa facilidade todo o espaço entre as duas áreas do campo. Um ‘box-to-box’ perfeito que foi fundamental naqueles dois títulos de campeão que o FC Porto conquistou na década de 50, primeiro com Dorival Yustrich, em 1955/56, e depois com Bela Guttmann, em 1958/59.
Curiosamente, também foi ele o autor dos golos que permitiram ao FC Porto conquistar as duas primeiras Taças de Portugal do seu historial (Hernâni marcou os únicos golos do FC Porto nas finais da Taça frente ao Torreense, em 1955/56, e frente ao Benfica, em 1957/58).
Jogador generoso e altruísta, Hernâni seria nos dias de hoje um perfeito nº 8, o tal “híbrido” que Jesualdo Ferreira tanto tem procurado para substituir Lucho Gonzalez e complementar o futebol geométrico e rectilíneo da dupla Fernando-Raul Meireles. Vamos aqui recordar alguns excertos do texto que foi publicado sobre este fantástico médio-centro do FC Porto num dos destacáveis de desporto do «Cavaleiro Andante», uma saudosa publicação da literatura infanto-juvenil que surgiu nas bancas em 1952, em substituição de outra popular publicação da altura, o «Diabrete».
«Este Hernâni, atleta voluntarioso e um poço de habilidade para o futebol, nasceu em Águeda, no dia 1 de Setembro de 1931. Iniciou-se no Recreio Desportivo de Águeda – realmente para se recrear… Mas as suas faculdades revelaram-se em tão alto grau, que cedo pensou no FC Porto, sonho da sua adolescência futebolística.
«Este Hernâni, atleta voluntarioso e um poço de habilidade para o futebol, nasceu em Águeda, no dia 1 de Setembro de 1931. Iniciou-se no Recreio Desportivo de Águeda – realmente para se recrear… Mas as suas faculdades revelaram-se em tão alto grau, que cedo pensou no FC Porto, sonho da sua adolescência futebolística.
Na grande equipa nortenha se manteve dois anos, até que o serviço militar o trouxe a Lisboa – e foi cedido ao Estoril Praia, onde as suas exibições confirmaram o seu valor, colocando-o na linha das grandes promessas do futebol português. O Estoril ficou a dever-lhe bons serviços, ao mesmo tempo que Hernâni encontrou no clube da Costa do Sol um meio excelente para trabalhar, sem soluções de continuidade que poderiam afectar a sua real propensão para o futebol.
A crítica, sempre atenta aos novos valores, acarinhou o futebolista de Águeda, acompanhando a sua carreira. E, lá no Norte, os dirigentes e técnicos portuenses estavam também atentos à evolução das qualidades de Hernâni. E foi com júbilo natural que o acolheram, de novo, no FC Porto.
De regresso ao FC Porto, Hernâni Ferreira da Silva afirmou-se definitivamente como jogador de classe. As suas qualidades, o seu excepcional domínio de bola, poder de arranque (são famosos os seus ‘sprintes’) e a sua aplicação fizeram dele elemento indiscutível na equipa nortenha, onde alinhou a interior, extremo e até avançado-centro.
Sem conquistar nenhum título (nota: o texto é anterior ao primeiro título conquistado pelo FC Porto na década de 50), Hernâni tem conhecido momentos grandes no FC Porto, vitórias retumbantes, para que contribuiu em boa escala.
Não é Hernâni um jogador do qual se possa dizer que tem sete fôlegos; mas é, sem dúvida, um homem que não regateia o esforço, conquanto prefira jogar mais em jeito que em força. Mesmo no limite da sua capacidade física, Hernâni luta, luta sempre – e nunca termina um encontro com a camisola enxuta.»
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