Os organizadores da prova optaram por colocar o campeão da Europa (FC Porto) no caminho da equipa da casa (Barcelona) logo no primeiro dia da prova, ficando a outra meia-final reservada a Ajax e Bayern de Munique. Os dois jogos disputaram-se no 'Camp Nou', a 18 de Agosto de 1987. Começaram por se defrontar Ajax e Bayern de Munique, dois clubes com quem o FC Porto se cruzou por duas vezes nesse ano (defrontámos o Bayern em Viena e no 'Joan Gamper', e cruzámo-nos com o Ajax no Torneio de Amesterdão e na Supertaça europeia).
Alemães e holandeses levaram a discussão da meia-final até ás grandes penalidades, depois do jogo ter terminado empatado (1-1) no fim dos 90 minutos.
Vamos recordar os «onzes» e os marcadores dessa partida:
Vamos recordar os «onzes» e os marcadores dessa partida:
Treinador: Jupp Heynckes
Ajax: Stanley Menzo, Danny Blind, Spelbos, Ian Wouters, Sonny Silloy, Johnny Bosman (Witschge aos 65'), Frank Rijkaard, Sorensen (Scholten aos 58'), Boeve, Dennis Bergkamp, (Aron Winter aos 60') e Neyer;
Treinador: Johan Cruyff
Golos: Johnny Bosman aos 18' e Roland Wohlfart aos 42'.
Penaltis: 4-2
O jornalista do 'El Mundo Deportivo' que assistiu à partida testemunhou a melhor exibição do Bayern de Munique, que, apesar de só ter garantido a presença na final através das grandes penalidades, foi mais forte que o Ajax durante os 90 minutos. Nos penaltis, valeu Pfaff, que deteve dois castigos máximos.
«Fue más equipo el Bayern y en la tanda de penalties consiguió una justa classificación gracias a su portero», escreveram os espanhóis no rescaldo da partida. Quanto ao Ajax, «solo Rijkaard y poco más», garante o 'El Mundo Deportivo', que lamentou a saída de Marco Van Basten do clube holandês: «Se marchó Van Basten al Milán».
Quanto ao Barcelona, mantinha a dependência de Bernd Schuster, que chegou ao 'Joan Gamper' totalmente recuperado de uma lesão que o afastou dos relvados durante algum tempo. Depois das más exibições no Torneio de Amesterdão e no Torneio de Foggia, o FC Porto apresentou-se no 'Camp Nou' com outra atitude, acabando por vencer o 'Barça', de Terry Venables, por 2-1. Estava garantida a presença na final, que Ivic desejava quando falou aos jornalistas ainda no Aeroporto 'El Prat'. Dois meses depois de Viena, o FC Porto voltava a defrontar o Bayern. Aqui ficam os «onzes» e os marcadores da 2ª meia-final do 'Joan Gamper':
Barcelona: Zubizarreta, Cristobal, Migueli, Julio Alberto (Vinyals aos 80'), Víctor, Salva, Hughes (Carrasco aos 62'), Bernd Schuster, Roberto (Urbano aos 62'), Gary Lineker e Caldere;
Treinador: Terry Venables
FC Porto: Mlynarczyk, João Pinto, Eduardo Luís (Inácio aos 45'), Celso, Eurico, Semedo, Jaime Magalhães, Madjer, Fernando Gomes (Jorge Plácido aos 45'), Sousa (Jaime Pacheco aos 59') e André;
Treinador: Tomislav Ivic
Golos: 1-0 (Madjer, aos 12'). Cruzamento de João Pinto e Madjer, de cabeça, bateu Zubizarreta. 1-1 (Schuster, aos 28'). Depois de uma falta à entrada da área do FC Porto, Schuster, de livre directo, enganou Mlynarczyk. 1-2 (Jorge Plácido, aos 49'). Contra-ataque perfeito do FC Porto, com Madjer a solicitar Jorge Plácido que, com um remate fortíssimo, bateu Zubizarreta.
Além da vitória do FC Porto ter marcado a primeira derrota do 'Barça' na pré-época 1987/88, também permitiu que a equipa ganhasse confiança e começasse a acreditar em nova vitória sobre o Bayern de Munique. O 'El Mundo Deportivo' definiu bem aquilo que se passou no 'Camp Nou', com o título: «El Oporto se subio a la cabeza».
Depois de ter vencido as 4 edições anteriores do torneio, o 'Barça' ficava fora da final (foi apenas a 5ª vez em 22 edições do 'Joan Gamper'). Apesar de não considerarem o FC Porto favorito, os espanhóis foram obrigados a reconhecer a superioridade portista, acabando por considerar que o teste talvez tenha sido demasiado exigente para o 'Barça': «El Oporto daba la impresión de ser uma prueba demasiado dura para los hombres de Venables».
Para o 'El Mundo Deportivo', o FC Porto demonstrou porque venceu a final da Taça dos Clubes Campeões Europeus. «Madjer y Plácido ejecutaran a los azulgrana y demostraron por que el Oporto es campeón de Europa». Para o diário catalão, Madjer foi o melhor em campo, pois «el autor del famoso taconazo deleito a los aficionados con su fútbol de seda y fue la figura del partido».
Quanto à exibição do Barcelona, foi considerada inconstante pelo jornalista espanhol que acompanhou a partida. Para o diário catalão, até Schuster se deixou adormecer: «Schuster marco un golazo y luego sufrio un eclipse».
Na conferência de imprensa após o jogo, Tomislav Ivic não escondeu o contentamento pela passagem à final do torneio: «Estoy contento de jugar bien y dar espectáculo», afirmou o croata aos jornalistas.
Os espanhóis aproveitaram também para questionar o treinador do FC Porto sobre a valia do maior rival do 'Barça', o Real Madrid (que o FC Porto tinha encontrado no Torneio de Foggia), estabelecendo, ao mesmo tempo, um paralelismo com a rivalidade entre FC Porto e Benfica. Para Ivic, o Real Madrid, além de nessa altura ser mais forte que o Barcelona, também era a melhor equipa da Europa.
Para o técnico do Barcelona, o FC Porto continuava a ser uma grande equipa, mesmo depois de ter perdido Paulo Futre. O treinador inglês também se refugiou no facto do 'Barça' ter estado envovido no melhor 'Joan Gamper' de sempre: «no hay que duvidar que el cartel del torneo era muy fuerte».
No final, a imprensa espanhola também ouviu alguns dos intervenientes na partida. «Todos se rendieron al campeón»., titulava o 'El Mundo Deportivo'. Para Gary Lineker, o FC Porto «se ha mostrado como el autentico campeón de Europa».
Do lado do FC Porto, destaque para as afirmações de Fernando Gomes, que realçou o facto de agora poder defrontar o Bayern (Gomes falhou a final de Viena, devido a lesão), garantindo também que a vitória sobre o Barcelona não foi a vingança da eliminatória da Taça dos Clubes Campeões Europeus disputada dois anos antes (derrota do FC Porto, em 'Camp Nou', por 2-0, e vitória, insuficiente, nas Antas, por 3-1).
«Ya que no estuve en la final de Viena, ahora podré enfrentarme al Bayern Munich. En ningún momento, contra el 'Barça', pensamos en tomarmos la revancha de hace dos años», afirmou o Bi-bota d'Ouro.
Na próxima semana, recordaremos os jogos da final e de atribuição do 3º e 4º lugares: FC Porto-Bayern e Barcelona-Ajax.
(Continua)
Ajax: Stanley Menzo, Danny Blind, Spelbos, Ian Wouters, Sonny Silloy, Johnny Bosman (Witschge aos 65'), Frank Rijkaard, Sorensen (Scholten aos 58'), Boeve, Dennis Bergkamp, (Aron Winter aos 60') e Neyer;
Treinador: Johan Cruyff
Golos: Johnny Bosman aos 18' e Roland Wohlfart aos 42'.
Penaltis: 4-2
O jornalista do 'El Mundo Deportivo' que assistiu à partida testemunhou a melhor exibição do Bayern de Munique, que, apesar de só ter garantido a presença na final através das grandes penalidades, foi mais forte que o Ajax durante os 90 minutos. Nos penaltis, valeu Pfaff, que deteve dois castigos máximos.
Na conferência de imprensa após o jogo, Jupp Heynckes enalteceu as qualidades do seu guarda-redes na altura de defender grandes penalidades («Pfaff es perfecto a la hora de detener penas máximas»), enquanto que Johan Cruyff se mostrou evasivo quando questionado sobre a possibilidade de vir a orientar o 'Barça' («Mejor no hablar del tema»).
Depois do Ajax-Bayern, seguiu-se o prato principal da noite, o Barcelona-FC Porto. O FC Porto apresentou-se no 'Camp Nou' com um «onze» muito semelhante ao que defrontou o Bayern, em Viena. Tomislav Ivic procedeu apenas a 3 alterações: Eurico jogou no lugar de Inácio (foi suplente utilizado), Semedo no lugar de Quim e Gomes no lugar de Futre (transferido para o At. Madrid).
Barcelona: Zubizarreta, Cristobal, Migueli, Julio Alberto (Vinyals aos 80'), Víctor, Salva, Hughes (Carrasco aos 62'), Bernd Schuster, Roberto (Urbano aos 62'), Gary Lineker e Caldere;
Treinador: Terry Venables
FC Porto: Mlynarczyk, João Pinto, Eduardo Luís (Inácio aos 45'), Celso, Eurico, Semedo, Jaime Magalhães, Madjer, Fernando Gomes (Jorge Plácido aos 45'), Sousa (Jaime Pacheco aos 59') e André;
Treinador: Tomislav Ivic
Além da vitória do FC Porto ter marcado a primeira derrota do 'Barça' na pré-época 1987/88, também permitiu que a equipa ganhasse confiança e começasse a acreditar em nova vitória sobre o Bayern de Munique. O 'El Mundo Deportivo' definiu bem aquilo que se passou no 'Camp Nou', com o título: «El Oporto se subio a la cabeza».
Depois de ter vencido as 4 edições anteriores do torneio, o 'Barça' ficava fora da final (foi apenas a 5ª vez em 22 edições do 'Joan Gamper'). Apesar de não considerarem o FC Porto favorito, os espanhóis foram obrigados a reconhecer a superioridade portista, acabando por considerar que o teste talvez tenha sido demasiado exigente para o 'Barça': «El Oporto daba la impresión de ser uma prueba demasiado dura para los hombres de Venables».
Quanto à exibição do Barcelona, foi considerada inconstante pelo jornalista espanhol que acompanhou a partida. Para o diário catalão, até Schuster se deixou adormecer: «Schuster marco un golazo y luego sufrio un eclipse».
Na conferência de imprensa após o jogo, Tomislav Ivic não escondeu o contentamento pela passagem à final do torneio: «Estoy contento de jugar bien y dar espectáculo», afirmou o croata aos jornalistas.
Para o técnico do Barcelona, o FC Porto continuava a ser uma grande equipa, mesmo depois de ter perdido Paulo Futre. O treinador inglês também se refugiou no facto do 'Barça' ter estado envovido no melhor 'Joan Gamper' de sempre: «no hay que duvidar que el cartel del torneo era muy fuerte».
No final, a imprensa espanhola também ouviu alguns dos intervenientes na partida. «Todos se rendieron al campeón»., titulava o 'El Mundo Deportivo'. Para Gary Lineker, o FC Porto «se ha mostrado como el autentico campeón de Europa».
«Ya que no estuve en la final de Viena, ahora podré enfrentarme al Bayern Munich. En ningún momento, contra el 'Barça', pensamos en tomarmos la revancha de hace dos años», afirmou o Bi-bota d'Ouro.
Na próxima semana, recordaremos os jogos da final e de atribuição do 3º e 4º lugares: FC Porto-Bayern e Barcelona-Ajax.
(Continua)
1 comentário:
Parabéns por (mais) esta recordação...
Acompanho este blog com atenção, embora nunca tenha antes comentado, mas vendo um post destes, cheio de qualidade e muito sentir portista estar tristemente a zeros em número de comentários não resisti a deixar um testemunho.
Ouço falar desta vitória desde miúdo, dela não me recordo pois tinha apenas 3 anos. Lembro-me de ver a Taça Juan Gamper no nosso museu junto à miniatura da TCE'87 e de ouvir dizer que este torneio (bem como o 2º lugar no Mundialito) confirmou o nosso estatuto de campeões da Europa, provando em definitivo que Viena não tinha sido um acaso.
Parabéns de novo e bem haja pelo trabalho. É sempre bom visitar sitios onde se sente o verdadeiro pulsar azul e branco, não se ficando por discussões estéreis sobre seguidismos ou não seguidismos, penalties ou afins. A nossa história faz-se destes momentos, estes felizes outros menos felizes e é de saudar este blog pela sua substância.
Fico à espera da parte IV!
Enviar um comentário