sábado, 20 de junho de 2009

O «cromo do dia» - Juary

Hoje, o «cromo do dia» leva-nos aos anos 80 para recordarmos um dos protagonistas da Final de Viena, Juary.
Juary Jorge dos Santos Filho nasceu a 16 de Junho de 1959, em São João do Meriti (Rio de Janeiro - Brasil). Este ex-jogador do FC Porto era o típico avançado que podia jogar ao lado do ponta-de-lança ou sozinho na frente de ataque. Jogador rápido e de baixa estatura (1,69m), Juary procurava os espaços para poder potenciar as suas características. No FC Porto, era a primeira alternativa ao trio Futre-Gomes-Madjer, tendo sido importantíssimo na caminhada que levou o FC Porto à Final da Taça dos Clubes Campeões Europeus, em Viena. Um suplente de luxo, portanto!
Juary iniciou o seu percurso juvenil no Santos, tendo sido também no clube de Péle que se estreou no campeonato paulista, em 1976. Foi neste histórico clube brasileiro que, com apenas 19 anos, realizou a sua melhor época no Brasil. Essa equipa do Santos, apelidada de 'Meninos da Vila', venceu o campeonato paulista em 1978, tendo Juary sido o melhor marcador da prova, com 29 golos. Nessa altura, o Santos (de Juary) rivalizava com o Flamengo (de Zico), com o Vasco da Gama (de Roberto Dinamite) e com o Internacional (de Falcão).
A boa época que Juary realizou no Santos valeu-lhe um convite para se mudar para o México, onde jogou uma temporada ao serviço da Universidade de Guadalajara.
Também foi nessa altura, em 1979, que o ex-avançado do FC Porto fez a sua estreia na principal selecção do Brasil, tendo sido internacional em duas ocasiões, em jogos contra a Argentina e contra a Bolívia. Foi depois de se estrear na «canarinha» que surgiu o convite para vir para a Europa, tendo chegado a Itália no início da época 1980/81, para representar o Avellino. Foi neste modesto clube italiano que, no ano seguinte, realizou a melhor época da sua carreira, apontando 8 golos na Série A (uma curiosidade: no Avellino, Juary foi colega de Stefano Tacconi, o célebre guarda-redes italiano que se cruzou com Rui Barros, na Juventus).
Foi então que surgiu o convite do Inter para Juary se mudar para Milão. Apesar de ter assinado o melhor contrato da sua carreira, em Milão as coisas não lhe correram tão bem, em parte devido à concorrência de Alessandro Altobelli e de Hans Muller, na frente de ataque dos milaneses.
Nessa época (1982/83), Juary marcou apenas 2 golos com a camisola do Inter. Devido à pouca utilização do avançado brasileiro, o Inter decidiu emprestá-lo, sucessivamente, ao Ascoli (1983/84), à Cremonese (1984/85) e ao FC Porto (1985/86 e 1986/87).
No FC Porto, o brasileiro era o suplente preferido de Artur Jorge, pois apesar de ter chegado às Antas ainda jovem (tinha apenas 26 anos), encontrou no trio Futre-Gomes-Madjer um forte obstáculo à titularidade.
Em 1985/86, participou em 21 jogos do campeonato nacional, mas quase sempre como suplente utilizado (16 partidas). Nessa época, ficou-se pelos 3 golos marcados no campeonato. É curioso que na época 1986/87, apesar de ter sido menos utilizado que no ano anterior, acabou por marcar mais golos (8), sagrando-se o terceiro melhor marcador do FC Porto no campeonato (atrás de Fernando Gomes e Paulo Futre).
Nessa duas épocas, a 'arma secreta' de Artur Jorge foi o 12º jogador do FC Porto.
Apesar de Juary ter marcado alguns golos nas provas nacionais, na memória de todos os portistas ficaram os golos que marcou nas competições europeias. E estreou-se logo com um «hat-trick», frente ao Barcelona!
Foi na 2ª eliminatória da extinta Taça dos Clubes Campeões Europeus, época 1985/86. Depois de eliminar o Ajax, o FC Porto cruzou-se com o campeão espanhol. Na 1ª mão, o FC Porto foi derrotado no 'Camp Nou' por 2-0 (golos de Marcos e Schuster). Ou seja, os espanhóis partiam para o jogo das Antas com a passagem aos Quartos-de-final quase assegurada. Com o que não contavam era com um 'super-Juary', que no jogo da 2ª mão 'sacou' a melhor noite europeia da sua carreira. O avançado brasileiro inaugurou o marcador aos 67 minutos e, 3 minutos depois, igualou a eliminatória! No entanto, o sonho do FC Porto terminou aos 78 minutos, quando o escocês Steve Archibald reduziu para 2-1 e 'arrumou' com a eliminatória. Um novo golo de Juary, aos 89 minutos, já não foi suficiente para o FC Porto aceder à fase seguinte. Ainda assim, fica a memória dos 3 golos de Juary ao Barça.
Apesar do feito que marcou a sua estreia a marcar nas competições europeias com a camisola do FC Porto, o seu momento alto na Europa ficou guardado para a época seguinte.
Além de ter sido ele a desbloquear a Final de Viena (marcou o golo da vitória do FC Porto, aos 80 minutos), também foi fundamental nos Quartos-de-final da competição, frente ao Brondby. O FC Porto tinha vencido os dinamarqueses, nas Antas, por apenas 1-0 (golo de Madjer) e, aos 36 minutos do jogo da 2ª mão, Steffensen igualou a eliminatória. Esse jogo ficou marcado pela grave lesão de Casagrande que, aos 15 minutos de jogo, cedeu o seu lugar a Juary. Esse infortúnio de Casagrande acabou por se revelar decisivo para o desfecho da eliminatória, pois Juary marcou (a Peter Schmeichel) o golo do empate, aos 70 minutos, e colocou o FC Porto nas meias-finais.
Depois da glória europeia, em Viena, Juary deixaria o FC Porto na época seguinte, tendo participado em apenas 2 jogos no campeonato, já sob a orientação de Tomislav Ivic. O avançado brasileiro regressou ao Brasil para jogar uma época na Portuguesa dos Desportos.
Ao serviço do FC Porto, Juary venceu 2 campeonatos nacionais (em 1987/88, ainda foi utilizado em duas partidas), 1 Supertaça Cândido de Oliveira e 1 Taça dos Clubes Campeões Europeus.
Com 30 anos, ainda regressou ao clube que o formou, o Santos, para depois terminar a carreira, em 1993, ao serviço do Moto Clube (de São José de Ribamar).
Recentemente, foi noticiado que regressou a Itália para orientar os juvenis ('Berretti') do Avellino.
Outra curiosidade: quando representava o Avellino, Juary chegou a ver a sua cara na capa de um disco (que recuperámos num 'post' anterior)! Foi uma forma dos adeptos o homenagearem pela forma entusiástica com que festejava os seus golos. Juary corria para um dos cantos do relvado e dançava um samba à volta da bandeirola (em cima, na foto)!
Em virtude de ter sido, quase sempre, suplente utilizado, não foi fácil encontrá-lo numa foto de um «onze» do FC Porto. Assim, recuperámos um «onze» do Santos, de finais dos anos 70, onde surge o avançado brasileiro (Juary é o terceiro, em baixo).
Em cima, também recuperámos algumas fotos com o antigo 'suplente de luxo' do FC Porto. Na primeira, surge a festejar um dos golos do célebre «hat-trick» ao Barcelona. Na segunda, surge a fazer o passe para o 'calcanhar de Madjer'. Na terceira, surge a festejar um golo com a camisola do Avellino. E na quarta, surge ao lado do falecido Teles Roxo, ainda no Estádio do Prater, após o FC Porto-Bayern.

1 comentário:

Anónimo disse...

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