sábado, 29 de novembro de 2008

«Curiosidades FCP» - Pedroto e o Belenenses

Antes de chegar ao FC Porto, clube ao qual ficou para sempre ligado, José Maria Pedroto representou outro histórico do futebol português, o Belenenses.
Foi o serviço militar obrigatório que alterou os planos do jovem Pedroto quando ainda representava os juniores do Leixões. Na altura, o ex-treinador do FC Porto foi obrigado a deixar o Norte do país e a fixar-se em Tavira, onde cumpriu o serviço militar na Escola de Sargentos Milicianos. Impossibilitado de efectuar grandes deslocações, Pedroto optou por representar um clube algarvio, o Lusitano de Vila Real de Santo António, que nessa altura disputava a antiga I Divisão nacional.
Segundo relatos da época, terá sido por influência do então Ministro da Marinha, o Almirante Américo Tomás, que Pedroto se vinculou ao Belenenses numa transferência que envolveu aproximadamente 50 contos, 25 contos para o jogador e outros 25 para o Lusitano, com quem Pedroto ainda tinha contrato.
Foi por essa altura que surgiram os primeiros sinais do interesse do FC Porto no jogador. Segundo a imprensa da época, um director do FC Porto ainda terá tentado aliciar o jogador com um cheque de 80 contos para o convencer a mudar-se para a Invicta. No entanto, como nessa altura o jovem José Maria Pedroto já dava mostras de grande personalidade e rectidão, recusou a proposta do FC Porto por já ter dado a sua palavra ao clube da cruz de Cristo. A experiência no Belenenses acabou por ser muito positiva para Pedroto e até para o próprio FC Porto porque o jogador chegaría às Antas com a formação completa e com as funções dentro de campo bem definidas, já que foi no Belenenses que Pedroto aperfeiçoou as aptidões que fizeram dele um dos melhores médios centro da história do futebol português.

Foi num jogo frente ao Sporting que o treinador de então do Belenenses, Fernando Vaz, deu ordens a Pedroto para deixar a zona mais avançada do campo e marcar o sportinguista Travaços. A experiência correu tão bem que Pedroto nunca mais largou as funções de centro campista, chegando ao FC Porto como um dos médios mais consagrados da liga portuguesa e já depois de se ter estreado na Selecção nacional. Foi em 1952 que o FC Porto voltou à carga para tentar convencer o jogador a mudar-se para as Antas. E não foi nada fácil convencê-lo. Como Pedroto se sentia bem no Belenenses, fez uma exigência aos dirigentes do FC Porto: só se mudava por 150 contos! Qual não foi a surpresa quando se soube que o FC Porto aceitou os montantes exigidos pelo jogador, e pelo Belenenses, e estabeleceu na altura um novo record nas transferências do futebol português. Foi o próprio Pedroto que o confirmou: «Eu estava satisfeito no Belenenses e, financeiramente, a minha situação não era nada má, pois também tinha um emprego bem remunerado na Hidro-Eléctrica do Zêzere. Portanto, quando fui abordado por emissários do FC Porto, fixei a verba astronómica de 150 contos para mim, convencido que não seria aceite tal pedido. Às contra-propostas que depois recebi não tirei nem um tostão. Despedi-me do emprego e do Belenenses com aquela quantia em meu poder». A chegada de Pedroto ao FC Porto coincidiu com o início da construção daquela fantástica equipa que foi campeã nacional com Dorival Yustrich e, mais tarde, com Bella Guttman.

1 comentário:

Anónimo disse...

«... A chegada de Pedroto ao FC Porto coincidiu com o início da construção daquela fantástica equipa que foi campeã com Dorival Yustrich e, mais tarde, com Bella Guttman ...»


Uma precisão.

Coincidiu mas demorou... 6 anos.

Para a equipa campeã de Yustricht, quando Pedroto chegou em 1952, no
FC Porto «já» estavam o Virgílio, o Hernâni,o Cambalacho, o Zé Maria Teixeira, o Eleutério, o Perdigão e o Monteiro da Costa.

Pelo que, todo o mérito vai para aquele mítico treinador brasileiro que sucedeu a consagrados como, entre outros, Fernando Vaz e Cândido de Oliveira.


PS. - O citado dinheiro ganho foi (parte) investido num Café,sabiam?
O «Apolo», que ainda existe, na Rua Ramalho Ortigão.