quinta-feira, 4 de junho de 2009

«Curiosidades FCP» - O Andebol do FC Porto

Aproveitando a presença do FC Porto na final do 'play-off' de Andebol, o Armando Pinto enviou-nos um breve texto sobre a história da modalidade no FC Porto.
"O Andebol (“Hand-ball”, como inicialmente era referido nas crónicas) nasceu como versão de futebol jogado à mão, em campos grandes, desporto colectivo cujo primeiro jogo internacional de que há notícia se desenrolou em 1925.
Não se conhecem, porém, registos dos primeiros tempos do Andebol no nosso país e sobretudo no FC Porto. Apenas há referências de ter começado na cidade do Porto antes de ser divulgado em Portugal, segundo testemunhos escritos dos seus alvores haverem tido origem num jogo que ficou conhecido por Malheiral, nome alusivo ao seu criador, Prof. Malheiro, da secção de ginástica do FC Porto, nesse tempo.
Sendo o Handebol (como se escrevia aportuguesadamente) então praticado em campos de futebol, com marcações próprias e por equipas de onze elementos - mais tarde chamado Andebol de Onze, por tal motivo, para distinção quando surgiu o de Sete.
Entretanto, o início oficial ocorrera em 1932, ano da criação da Associação de Andebol do Porto, num jogo empatado entre equipas do FC Porto e do Sport Club do Porto, aquando da inauguração da Casa do Jornalista, criada pela Associação de Jornalistas e Homens de Letras do Porto. Ora, sabendo-se que foi em 1928 a criação da respectiva Federação Internacional e em 1938 que teve fundação a Federação Portuguesa de Andebol, fácil se verifica que o FC Porto foi pioneiro na modalidade, tendo inclusive sido o primeiro campeão nacional, ao ter conquistado o inicial campeonato disputado em 1938/39.
Depressa se tornou a colectividade nº 1 do Andebol português, tal a soma de sete títulos averbados nas sete primeiras épocas de disputa do mesmo campeonato, qual campeão crónico, depois com 12 vitórias máximas ao cabo de 14 anos da prova. Com a curiosidade de ter havido dois atletas que fizeram parte da equipa nas doze primeiras conquistas, Alberto e Fabião. Ídolos desse tempo que se juntavam a antigos nomes vivenciados no afecto clubista, como Gomes dos Santos, Lopes Martins, Teófilo, Bastos, Joaquim e António Mota, além da acção de Arestes Amaro, treinador que era a grande alma nesses primórdios do andebol portista.
De permeio, tal valor de supremacia extravasou além-fronteiras, surgindo algumas vitórias do FCP a nível internacional, a primeira das quais diante da Selecção da Suíça, em 1951, aequipa na altura considerada melhor da Europa, a quem o FCP venceu por 7-6 (na única derrota helvética na digressão em que vencera antes as Selecções de França, Suécia, Espanha, Portugal e Misto de Lisboa). Tal qual em 1953 venceu a Selecção da Suécia por 6-4, em prélio que colocou a formação azul e branca com a equipa ao tempo vice-campeã mundial.
É desse período a equipa que se dá à estampa, perpetuando os campeões da época de 1952/53. No primeiro plano, a contar da esquerda: Reis, Hernâni, Serafim, Luís, Pires, Rui e Bastos. De pé, pela mesma ordem: Vareta, Antero, Teixeira, Augusto, Paulo, Campos, Fabião e Madeira.
De permeio, a importância do Andebol no clube foi-se traduzindo na participação da grande maioria dos atletas das Antas na selecção portuguesa, onde Henrique Fabião (na foto), capitão da equipa da camisola de duas listas azuis e brancas, verdadeira glória do emblema do Dragão, capitaneou também o grupo luso nas prestações desses anos.
E a embalagem foi sendo mantida, depressa chegando a conta de 20 campeonatos ganhos, em 1959/60, ocasião em que houve oferta de um galardão alusivo, dedicado aos Campeoníssimos, nome do escultural troféu (em cima). Acabando o clube, através de suas sucessivas equipas, na aí já vertente conhecida como Andebol de Onze, por averbar depois até o seu 30º título nacional do Onze em 1974/75, no último ano da correspondente prática - concluindo o FCP com 30 títulos em 37 campeonatos disputados. Chegara entretanto a variante de sete, concorrente que acabou por vingar, passando a jogar-se inicialmente em rinques ao ar livre e depois em pavilhões fechados, com sete jogadores por equipa, cujo primeiro campeonato nacional se disputou em 1951/52 e no qual o FC Porto se inscreveu como vencedor no de 1953/54. Daí em diante foi-se mantendo acesa a chama de sua representação, havendo conseguido amealhar até agora mais 13 títulos, além de outras provas, como a Taça de Portugal, a Supertaça e a mais moderna Taça da Liga, no escalão sénior. Em cujo percurso foram ficando na História celebrizados nomes, ao longo das diversas fases do historial portista, como Henrique Fabião, Armando Campos, Fernando Dias, Augusto Costa, Carlos Teixeira, Joaquim Reis, Teófilo Tuna, Manuel Varela, Paulo Claro, Mário Castro,José Dias Leite, Adalberto, Pacheco, Ferra, Capela, António Cunha, Borges, Leandro Massada, Tavares da Rocha, Maia, Madureira, Coelho, etc… Até aos mais recentes, Carlos Resende, Eduardo Filipe, Inácio Carmo, Tiago Rocha, etc. etc."
Armando Pinto, 3 de Junho de 2009

7 comentários:

Anónimo disse...

«... No primeiro plano, a contar da esquerda: Reis, Hernâni, Seraf im, Luís, Pires, Rui e Bastos. De pé, pela mesma ordem: Vareta, Ante ro, Teixeira, Augusto, Paulo, Camp os, Fabião e Madeira ...»


Só duas precisões:

Onde diz Rui é... Dias (Fernando Dias), e, onde diz Madeira é... Augusto Madureira.

E ainda, para melhor percepção de algumas destas glórias, talvez re ferir que o Paulo era... Paulo Cla ro, o Campos era... Armando Campos o Augusto era o Dr. Augusto Costa, o Bastos era o Filipe Bastos, o Pi res era o... Fernando Pires,e o Fa bião era o... Henrique Fabião.

Todos estes já falecidos.

Pensamos até que de todos os outr os só o Serafim e o Luis são vivos (este último está todos os dias no Café Garça Real, na Praça D João I).

De resto, excelente post.

Parabéns ao Armando Pinto.


Já agora:

Lá descobrimos o "elogio"(dedicató ria) na vitória hoquista em 1972.

- "O Porto" de 25.05.72 (Valongo - 2 - FC Porto - 4)

"No fim do encontro os jogadores portistas ofereceram ao seu entu siástico adepto e nosso dedicado leitor, Armando Pinto, a vitória"

Sim senhor... que privilégio.

Parabéns e um abraço.

Anónimo disse...

meu Deus... Até parece que o andebol de 7 é o parente pobre do andebol... ou será que custa admitir que existem outros clubes com mais títulos? É este o seu conceito de desportivismo? Nem uma palavra para os adversários? Não há honra?

Anónimo disse...

Não tenho sermão encomendado nem comprometimento, mas sendo leitor deste site devo comentar que o segundo anónimo está a querer concerteza que lhe falem do seu clube, mas não devo errar dizendo que isto é dedicado às glórias do Porto e não a outros... E eu como Portista gostei! Qual honra qual carapuça, nos blogues deles falam bem dos demais???!!!

Anónimo disse...

Que anónimo bacano... não quer escrever aqui qualquer coisa sobre a mouraria?

Anónimo disse...

Como gostavamos de depressa, a curto prazo, voltarmos a ver este "escultural trofeu", com as bolas dos campeonatos conquistados no respectivo pé, de novo no museu do FCPorto!

Nuno Martins disse...

Amigos!Só para conhecimento dos leitores deste excelente blog, que o "Genial" Dr Augusto Costa está vivinho da Silva e envia uma especial saudação a todos os dragões.
Bem haja e obrigado pelas magnificas histórias que me conta dos seus tempos de atleta sinto-me um previligiado...Abraço
Nuno Martins

Manuela Vareta disse...

Boa noite
Para conhecimento dos leitores, informo que o Manuel Vareta(meu pai), hoje com 89 anos tb está "vivo".
Cumprimentos
Manuela Vareta

8 de Abril de 2014