Hoje, nas «Curiosidades FCP», recuamos ao início dos anos 80 e ao momento mais importante e decisivo da história do FC Porto: a demissão de Pinto da Costa do cargo de Chefe de Departamento do Futebol e a sua posterior candidatura à presidência do clube.
Apesar de ter deixado o FC Porto em conflito com Américo de Sá, Pinto da Costa continuou a acompanhar o dia-a-dia do clube após as polémicas que deram origem ao «Verão Quente» de 1980 e que também originaram a saída de Pedroto do comando técnico da equipa.
Na altura, o austríaco Hermann Stessl tinha sido o escolhido por Américo de Sá para substituir Pedroto. No entanto, o «Mestre» aguardava, em Guimarães, que o seu amigo Jorge Nuno regressasse ao FC Porto. Segundo relatos da época, Pedroto terá mesmo chegado a receber um convite de Fernando Martins para deixar o Vitória e assumir a liderança do Futebol do Benfica. Pedroto recusou, pois acreditava que o seu regresso ao FC Porto estaria para breve.
A cada vez maior insatisfação dos sócios, com a postura subserviente de Américo de Sá para com o centralismo, levou à criação de um movimento que defendia a mudança da política desportiva do clube. Assim, em 1981, um grupo de associados elabora um programa que tinha como lema e objectivo «devolver o clube aos sócios». Apesar de não ter nenhum nome previsto para encabeçar uma possível lista concorrente ás eleições, no pensamento deste grupo de sócios já havia um nome, Jorge Nuno Pinto da Costa.
O objectivo deste movimento de sócios era claro: apresentar uma personalidade que reunisse o consenso e a unanimidade da massa associativa, e que, ao mesmo tempo, levasse á desistência eleitoral da lista de Afonso Pinto de Magalhães.
O programa elaborado por este grupo de sócios era muito simples e claro: - contribuir para que a massa associativa esteja unida em torno da sua Direcção; - dimensionar o Futebol com a importância que é devida à modalidade nº 1; - procurar manter e, se possível, melhorar o nível do Basquetebol e do Hóquei em Patins; -manter com todos os clubes e organismos as melhores relações, mas sempre em pé de igualdade, ou seja, sem subserviência para com os grandes clubes ou os donos do poder concentrados em Lisboa, e sem a arrogância e superioridade ridículas perante os pequenos clubes;
Inicialmente, foi difícil a este grupo convencer Pinto da Costa a encabeçar a lista, pois o actual Presidente da SAD do FC Porto só se mostrava disponível para integrar um futuro elenco directivo. Só depois de várias reuniões, e algumas desistências, foi possível convencer Pinto da Costa a avançar como nº1 da 'Lista B'. O passo seguinte foi a elaboração de uma lista com os objectivos a que Pinto da Costa se propunha, quase todos destinados a fortalecer a principal modalidade do clube, o Futebol:
- contratar José Maria Pedroto;
- fazer regressar ao FC Porto dois jogadores: Fernando Gomes e António Oliveira (nota: só Gomes regressaría, após duas épocas no Sp. Gijon);
- rebaixar o Estádio das Antas (em cima, na foto), aumentando-lhe a capacidade para mais 20 mil lugares;
- lutar por uma presença constante nas provas da UEFA e procurar atingir uma final europeia;
- vencer o campeonato nacional de Hóquei em Patins (nota: a primeira vitória do FC Porto no campeonato ocorreu em 1982/83);
- substituir o jornal 'O Porto' por uma revista mensal de grande qualidade;
- inserir publicidade nas camisolas (nota: o FC Porto foi o primeiro dos 3 grandes a ter patrocínio nas camisolas);
- criar uma sala de bingo;
Já depois de divulgados os objectivos da candidatura, Pinto da Costa foi confrontado com um convite para ser nº2 da lista liderada por Afonso Pinto de Magalhães. No entanto, a 'Lista A' não desejava o regresso de Pedroto ao clube e, naturalmente, não tinha o apoio da maior parte dos sócios. Assim, Afonso Pinto de Magalhães acabou por abdicar de ir a votos e entregar o seu apoio à 'Lista B'. Estava aberto o caminho para o regresso de Pinto da Costa ao clube, agora como Presidente.
1 comentário:
Mas falta o "outro lado da moeda".
E algo de mt importante... CORAGEM!
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