domingo, 31 de maio de 2009

Obrigado rapaziada!

Pois é, a «nova era» do futebol português pós-Apito Dourado abre com uma «dobradinha» do FC Porto. Depois de termos sido os primeiros campeões de Portugal, em 1935, voltamos a marcar um novo 'virar de página' no futebol português. E se ao Campeonato nacional e à Taça de Portugal juntarmos a próxima Supertaça, a disputar em Agosto, temos o FC Porto a monopolizar os novos tempos do futebol nacional. Agora, ficará apenas a faltar a pouco motivadora Taça da Liga, que tanto apreço mereceu por parte dos nossos rivais de Lisboa.
Ainda assim, esta foi apenas a 14 ª vitória do FC Porto na Taça de Portugal (continuamos a ser o clube português com mais finais perdidas: 12). Uma marca ainda relativamente curta para um clube que dominou o futebol português nos últimos 30 anos (compensamos as poucas vitórias na Taça de Portugal com um número brutal de Supertaças conquistadas: 15!).
É curioso que todos os últimos treinadores do FC Porto que representaram o clube durante mais de uma época acabaram por vencer o Campeonato e a Taça de Portugal: Jesualdo Ferreira, Co Adriaanse, José Mourinho, Fernando Santos, António Oliveira e Bobby Robson.
Hoje, o FC Porto valeu-se de uma velha máxima para vencer mais um troféu: 'as finais são para se ganhar'!
Não foi um jogo brilhante dos tetracampeões. Há muito tempo que não víamos o FC Porto vencer fora de casa por apenas 1 golo de diferença (1-0). Mérito do adversário? Talvez, mas pareceu-nos mais consequência da época desgastante que o FC Porto realizou. Fisicamente, a equipa está espremidíssima! Hulk, Lisandro e Rodriguez, por exemplo, terminaram o jogo de rastos. O Paços apresentou-se bem mais fresco, mas levou ao Jamor uma manta demasiado curta, pois nunca conseguiu colocar em causa a vitória do FC Porto. Mesmo nos últimos minutos de jogo, a bola andou sempre longe da baliza de Nuno.
O Paços não surpreendeu porque joga sempre um futebol positivo e ambicioso. Perante a postura das duas equipas, até julgávamos que o jogo tería mais golos. No entanto, teve apenas um, que premiou o altruísmo e dedicação de Lisandro Lopez.
Hoje, o meio-campo e o ataque do FC Porto não conseguiram massacrar os adversário como noutras ocasiões. Lá atrás é que ninguém vacila. Absolutamente notável a época realizada por Bruno Alves, Rolando e Fernando. Assim é muito difícil marcar golos ao FC Porto.
No final, só faltou vermos Lucho Gonzalez a erguer o troféu na tribuna de honra. Que pena 'El Comandante' não ter estado presente no relvado do Jamor. Para o compensar, dedico-lhe uma bela foto (em cima).
Mas como a «dobradinha» já é passado, agora é preciso pensar em novas conquistas. Depois das férias, e enquanto outros vão andar pelas pré-eliminatórias europeias, o FC Porto começa a preparar a 'Peace Cup' (é a 'Champions' da pré-época) e a Supertaça Cândido de Oliveira, duas competições que vamos querer vencer.
Nota final para a renovação de contrato de Jesualdo Ferreira. Foi previsível, porque Jesualdo está agora a desfrutar daquilo que é ser treinador do FC Porto. Além disso, o FC Porto devia-lhe um gesto de gratidão. Quanto ao 'timing' do anúncio da renovação, foi aquele que o FC Porto pensou ser o mais adequado. Não foi cedo nem foi tarde. O FC Porto é que marca a agenda!

O «cromo do dia» - Walsh

Michael Anthony Walsh nasceu em Chorley Lancashire (Irlanda), a 13 de Agosto de 1954. Este avançado irlandês foi muito útil ao FC Porto durante aquele período de dois anos em que Fernando Gomes representou o Sp. Gijón.
Walsh era um jogador fisicamente robusto e com excelente jogo de cabeça, ou seja, era um típico avançado britânico. Este ex-jogador do FC Porto possuía algumas semelhanças físicas com outro avançado irlandês do seu tempo, o conceituado John Aldridge.
Walsh tinha 19 anos quando iniciou a carreira profissional no Blackpool (Inglaterra). Depois do FC Porto, este foi o clube que o avançado irlandês mais tempo representou, 5 épocas. Também foi ao serviço deste clube britânico que se tornou um inesperado goleador, chegando mesmo a ser um dos melhores marcadores da segunda liga inglesa quando, em 1976/77, marcou 26 golos com a camisola do Blackpool. Essa foi a melhor época da sua carreira, que lhe valeu, dois anos depois, a transferência para o histórico Everton, onde chegou com um excelente cartão de visita: 72 golos marcados em 180 jogos pelo Blackpool.
Uma curiosidade: em 1974/75, venceu o prémio "Goal of the Season", instituído por um programa da BBC sobre futebol, o 'Match of the Day'. Walsh marcou o mais belo golo da época numa vitória do Blackpool sobre o Sunderland, por 3-2.
No entanto, as coisas no Everton não lhe correram tão bem (marcou apenas 1 golo na 'Premier League'), acabando por regressar à segunda liga inglesa para representar o Queens Park Rangers.
Estávamos em 1979 e essa foi a última época de Walsh no futebol britânico. No Verão de 1980, surgiu o convite do FC Porto, que levou Walsh, já com 25 anos, a deixar a Inglaterra. Com a saída de Gomes para Espanha, o Presidente Américo de Sá sentiu necessidade de contratar um jogador conceituado que fizesse esquecer o «eterno nº 9». O avançado irlandês tornou-se assim a grande contratação do FC Porto versão 1980/81, acabando por permanecer nas Antas durante 6 épocas. Logo na primeira época ao serviço do FC Porto foi o melhor marcador da equipa, com 14 golos, e terminou o campeonato como 3º melhor marcador da prova, atrás de Nené (20 golos) e Jacques (17 golos). Nesse ano, o avançado irlandês foi, ao lado de Romeu e Costa, um dos eleitos de Hermann Stessl para a frente de ataque do FC Porto (que foi 2º classificado no campeonato, a 2 pontos do Benfica). No entanto, e apesar do técnico austríaco se ter mantido na orientação da equipa, Walsh teve menos oportunidades de jogar no «onze» titular do FC Porto na época seguinte, isto porque Jacques trocou Braga pelo Porto e acabou por ser o avançado que Stessl privilegiou durante toda a época 1981/82 (marcou 27 golos!).
Em 1982/83, e já com Gomes e Pedroto de regresso ao FC Porto, Walsh acabaría por fazer a sua melhor época nas Antas. O irlandês e o Bi Bota d'Ouro foram os dois homens que Pedroto mais utilizou no ataque, acabando essa parcería por ser das mais rentáveis de sempre da história do clube. Os dois juntos marcaram 51 (!) golos nesse campeonato nacional (Gomes marcou 36 golos e Walsh marcou 15), ainda assim uma marca que não possibilitou a conquista do título (o FC Porto foi 2º classificado a 4 pontos do Benfica de Sven-Goran Eriksson).
Essa foi a última época em que o avançado irlandês foi utilizado com regularidade no «onze». No ano seguinte, Walsh ainda conseguiu ser o 2º melhor marcador da equipa, com 9 golos, mas José Maria Pedroto e António Morais apostavam mais no trio Jacques-Gomes-Vermelhinho. Ainda assim, o avançado irlandês acabou por ficar associado a um golo histórico, talvez o mais importante da sua carreira. O FC Porto disputava os Quartos-de-final da Taça dos Vencedores das Taças, frente ao Shakthar Donetsk, e Walsh acabou por ser o herói do jogo da 2ª mão, ao apontar o golo do empate do FC Porto nessa partida. Depois do 3-2 das Antas, o FC Porto esteve fora da competição até aos 72 minutos de jogo, altura em que Walsh empatou a partida. Depois, seguiu-se o Aberdeen e a final de Basileia, contra a Juventus (Walsh participou nessa partida depois de substituir Jaime Magalhães, aos 64 minutos de jogo). A nível internacional, também merece destaque o golo que marcou à Roma (de Bruno Conti e Nils Liedholm), na Taça dos Vencedores das Taças 1981/82. O FC Porto eliminou os italianos com uma vitória nas Antas, por 2-0 (Walsh, aos 41', e Costa, aos 46'), e um empate no Olímpico de Roma (0-0).
Depois da final de Basileia, e já com 29 anos, Walsh ainda permanecería no FC Porto durante mais 2 épocas. Em 1984/85 e 1985/86, o fabuloso naipe de jogadores que Artur Jorge dispunha na frente de ataque (Gomes, Futre, Jacques, Vermelhinho, Madjer, Juary...), não lhe permitiu participar em mais do que 17 jogos nesses dois campeonatos, quase sempre como suplente utilizado.
Ainda assim, contribuiu com 4 golos para a conquista desse bi-campeonato, que marcou o regresso do FC Porto às vitórias na Liga depois dos títulos com José Maria Pedroto.
No FC Porto, Walsh venceu 2 campeonatos, 1 Taça de Portugal e 1 Supertaça Cândido de Oliveira.
O avançado irlandês também foi internacional pelo seu país em 21 ocasiões (marcou 3 golos). A sua carreira na Selecção ficou marcada pelo golo apontado à União Soviética (URSS), em Setembro de 1984, que garantiu uma preciosa vitória (1-0) na qualificação para o campeonato do Mundo do México.
Walsh deixou o FC Porto com 31 anos, mas continuou em Portugal nas épocas seguintes, em representação do Salgueiros, do Sp. Espinho e do Rio Ave.
Outra curiosidade: o irlandês também foi notícia fora dos relvados, depois da esposa dar à luz 4 gémeos!
Actualmente, Walsh é agente de jogadores. Ouvimos falar dele recentemente, quando surgiram notícias na imprensa portuguesa que o associaram á ida de Jardel para o Bolton. Em cima, na foto, Walsh surge num «onze» do FC Porto da época 1980/81.
Em cima (da esq. p/ dta): Walsh, Gabriel, Simões, Freitas, Romeu e Tibi;
Em baixo (da esq. p/ dta): Sousa, Albertino, Frasco, Teixeira e Lima Pereira;

«Curiosidades FCP» - A Taça de Portugal 1993/94

Hoje, recuamos à 2ª Taça de Portugal que o FC Porto conquistou durante os anos 90. Foi a única Taça conquistada durante o reinado de Bobby Robson. O treinador inglês, apesar de também ter vencido dois campeonatos nacionais, não conseguiu atingir a desejada «dobradinha». No entanto, conseguiu vencer todos os troféus nacionais (Campeonato, Taça de Portugal e Supertaça) durante os dois anos e meio que permaneceu nas Antas.
As fotos que hoje recuperamos registam dois momentos distintos dessa edição prova. A primeira, mostra-nos um lance, junto à área do FC Porto, em que intervêm Fernando Couto, Juskowiak e João Pinto. A segunda, regista o momento em que João Pinto, Vítor Baía e Pinto da Costa aguardavam que estivessem reunidas as condições de segurança para se proceder à entrega do troféu.
Esta foi a célebre edição da Taça de Portugal que ficou marcada pelo arremesso de vários objectos (garrafas, isqueiros,...) durante a entrega da Taça ao 'capitão' João Pinto e que, inclusivamente, obrigou a polícia a proteger Manuela Ferreira Leite, na altura Ministra da Educação e, nesse dia, responsável pela entrega do troféu. Infelizmente, essas cenas lamentáveis não tiveram o devido eco na imprensa indígena, vá-se lá saber porquê...
Essa edição da Taça de Portugal só foi decidida após uma Finalíssima. Depois de empatarem (0-0) na Final, FC Porto e Sporting (de Carlos Queiroz), encontraram-se novamente no Jamor para o decisivo encontro. Uma vitória do FC Porto por 2-1 (golos de Rui Jorge, Vujacic e Aloísio) terminou com as dúvidas sobre o vencedor do único troféu que os dois clube poderiam conquistar nessa época (o campeonato tinha fugido para a Luz).

quinta-feira, 28 de maio de 2009

A importância de celebrar nas ruas

O FC Porto regressou às ruas. Finalmente! Depois de vários anos a celebrar os títulos no altíssimo varandim do Estádio do Dragão, já era altura de voltar às velhinhas ruas da cidade Invicta. A iniciativa foi um sucesso!
Já tínhamos saudades de ver as multidões rodearem um autocarro do clube. O FC Porto nunca devería ter levado o conflito com Rui Rio ao extremo de privar os adeptos do contacto com os jogadores em pleno centro da cidade. Esse capricho tinha como objectivo enfraquecer o actual Presidente da Câmara, tentando virar contra Rui Rio os potenciais «eleitores portistas», mas que acabou por ter o efeito contrário, ou seja, acabou por afastar o FC Porto da sua cidade. Saúde-se, por isso, o regresso do FC Porto à 'downtown'!
No passado, já tínhamos colocado reticências à opção de levar os «campeões» ao varandim do Estádio do Dragão. Afinal, não fazia muito sentido prolongar uma festa exactamente no mesmo local onde a mesma se tinha iniciado.
Além de obrigar os adeptos a uma prolongada espera, essa solução não permitia uma verdadeira proximidade com os jogadores.
Agora, o FC Porto provou que, com um acto relativamente simples, se pode criar momentos de grande alegria no centro da cidade. Só foi pena a festa não ter o apoio da autarquia local e de outras instituições públicas e privadas da cidade. Os preconceitos de Rui Rio em relação ao Futebol (e à própria Cultura) tornaram as coisas mais difíceis de concretizar. Ainda assim, o FC Porto devería ter tomado esta iniciativa mais cedo. Ninguém saiu a ganhar do «braço de ferro» com o actual Presidente da Câmara.
Ao deslocar-se à Baixa, e ao mesmo tempo que celebra o título, o FC Porto dinamiza a cidade e promove a participação dos cidadãos em futuras actividades desportivas e culturais.
Festejar os títulos na Baixa da cidade permite ao FC Porto:
- aproximar-se do povo anónimo e dos jovens que não são associados do clube;
- potenciar a cumplicidade entre a cidade e o seu clube mais representativo;
- aproximar os adeptos dos jogadores, que estão quase sempre no longínquo e inacessível Centro de Estágio do Olival;
- dar a conhecer aos novos jogadores a realidade do (FC) Porto e, ao mesmo tempo, assegurar a sua responsabilidade e vinculação aos futuros êxitos do clube;
- deixar bem vincado, perante os jogadores, que a festa é consequência do trabalho realizado durante a época e as futuras vitórias serão premiadas de forma idêntica;
Por isso, venham mais festas na Baixa da cidade!

A «foto do dia» - Custódio Pinto e Américo Tomás

Antecipamos o jogo do próximo Domingo, entre o FC Porto e o Paços de Ferreira, com uma foto histórica, que regista a 3ª vitória do FC Porto na Taça de Portugal.
Estávamos em 1968 e o FC Porto atravessava uma das fases mais complicadas da sua história. Nesse ano, o clube teve a ousadia (!) de atingir a final do Jamor. Como a governação do «Estado Novo» privilegiava os clubes da capital, essa vitória do FC Porto na final da Taça acabou por ser uma autêntica proeza.
Uma vitória por 2-1 (golos de Valdemar e Nóbrega), sobre o Vit. Setúbal, marcou um intervalo no longo jejum do FC Porto, no que a vitórias no campeonato nacional e na Taça de Portugal diz respeito (o FC Porto não vencia um campeonato há 9 anos e a última vitória na Taça havia ocorrido em 1958).
Na foto, vemos o último Presidente da República do regime salazarista, Almirante Américo Tomás (foi o candidato escolhido pela União Nacional para suceder a Craveiro Lopes, tendo como adversário nas eleições o popular General Humberto Delgado) a entregar o troféu ao 'capitão' do FC Porto, Custódio Pinto.
O FC Porto também venceu em pleno «Estado Novo»!

domingo, 24 de maio de 2009

Siga a festa!

E pronto, terminou a Liga! Logo agora que estávamos a desfrutar cada vez mais deste FC Porto versão 2008/09. O que nos vale é que ainda há mais uma competição para vencer. Uma vitória na final do Jamor colocará um ponto final quase perfeito na época em crescendo que o FC Porto realizou. O jogo de hoje foi apenas uma interrupção momentânea na espectacular série de vitórias consecutivas que levaram o FC Porto ao título.
Este 2º tetra da nossa história marca o regresso do FC Porto aos festejos na baixa da cidade. Só não sabemos se o 'autocarro-do-tetra' vai passar pela histórica e mítica Ribeira (um bastião portista e, ao mesmo tempo, uma das zonas da cidade do Porto com maior taxa de desemprego e carências sociais). De qualquer forma, saúda-se o regresso do FC Porto ao coração da Invicta. É ali que a cumplicidade entre a cidade e o seu clube mais representativo ganha maior força e expressão.
Quanto ao jogo de hoje, notou-se claramente que os tetracampeões não quiseram forçar. De qualquer forma, e depois de realizadas mais de 50 partidas, não é fácil continuar a abordar os jogos com uma postura dominadora e sempre a assumir as despesas do jogo. Ao longo da época, os tetracampeões nunca fugiram a essa responsabilidade e, mesmo nos jogos mais difíceis e disputados fora de casa (Manchester ou Madrid, por exemplo), jogaram sempre para ganhar.
Sendo assim, estão perdoados pelo ritmo de treino que colocaram em campo no jogo (1-1) de hoje. Só depois do golo do Sp. Braga é que os tetracampeões "entraram" em campo. Ou seja, só houve FC Porto durante 20 minutos. Mas, caramba, era a festa dos tetracampeões!
Como as contas se fazem no fim, é altura de olharmos com mais cuidado para a classificação final. Com o golo marcado hoje por Farías, o FC Porto ultrapassou os 60 golos marcados na Liga (marcou mais 16 golos que o segundo classificado, o Sporting).
A nível de golos consentidos, o FC Porto também foi a única equipa a ficar abaixo da barreira dos 20 golos sofridos (consentiu apenas 18), enquanto que o terceiro classificado (Benfica), por exemplo, sofreu 32 golos!
Outro dado curioso tem a ver com as derrotas que o FC Porto sofreu na Liga. Foram apenas duas (contra Leixões e Naval) e tiveram lugar na mesma semana. Quatro dias depois vencemos em Kiev. A partir daí, foi sempre a somar!
Agora, é tempo de juntar a Taça de Portugal ao campeonato. Dorival Yustrich, Tomislav Ivic, António Oliveira, José Mourinho e Co Adriaanse foram os únicos técnicos que levaram o FC Porto à dobradinha. Depois de 3 épocas de sucesso (apesar de não ter vencido nenhuma Taça de Portugal), e defrontando um adversário acessível (Paços de Ferreira), sería quase indesculpável se o FC Porto de Jesualdo não conseguisse agarrar esta oportunidade de garantir a dobradinha. Pode não haver outra (oportunidade). Para Jesualdo, claro!

«Curiosidades FCP» - O nascimento do Hóquei em Patins

O Armando Pinto enviou-nos mais um texto sobre o FC Porto. Desta vez, escolheu o Hóquei em Patins como modalidade a abordar, elaborando um breve resumo da história da secção, desde os primórdios até aos dias de hoje.
"O Hóquei em Patins entrou no FC Porto na década de quarenta, tendo sido em 1944 que o clube «tomou parte em provas oficiais, inscrevendo-se em todos os torneios regionais…» Constituíam a “equipa da fundação” os hoquistas António Castro Lacerda, Álvaro Almeida, António Joaquim Costa, António Brandão, Gualdino Leite, José Arches Carvalho, Delmiro Silva e Alberto Lima Ruella». Contudo, a sua existência sofreu, de permeio, uma interrupção nas actividades, tendo a secção sido depois reactivada já a meio da década de cinquenta, por exigência dos sócios, «a pedido do público e até dos clubes adversários», devido ao fascínio que sua prática despertava no pais a nível da selecção nacional e por reconhecimento de necessidade «da presença duma equipa portista nas competições, com vista a poder ser desenvolvida a modalidade…» Assim, só na década de cinquenta foram obtidos os primeiros títulos, tendo em 1955 sido conquistado o Metropolitano da 2ª Divisão, ascendendo por isso à 1ª Divisão (do campeonato dos clubes do continente, havendo depois uma fase final com as equipas do Ultramar). Constituíam a equipa da época (do Metropolitano da II Divisão), entre outros, Campos (que veio do Paço de Rei), Luís Sousa Mota (do Paredes), Acúrcio Carrelo, Ruben Lopez, Morais e Abílio Moreira.
Com a curiosidade de então estarem incluídos dois hoquistas-futebolistas, Acúrcio Carrelo e António Morais, os quais acumulavam a prática hoquista com o futebol (sendo então Acúrcio guarda-redes da equipa principal e Morais reservista também da formação futebolística do FC Porto), mais um aderente hoquista-basquetebolista, Ruben Lopez (este por sinal até jogador-treinador do basquetebol portista, nesse tempo). Acúrcio Carrelo foi, ainda, o 1º internacional do clube nesta modalidade, tendo em 1957 feito parte da selecção portuguesa presente no Torneio de Montreux, marcando inclusive 6 golos; e depois no Europeu, nesse mesmo ano em Barcelona, onde fez 2 golos; sendo por fim seleccionado para a Equipa da Europa que defrontou a Espanha, em cujo prélio contribuiu com 3 dos cinco golos dessa turma do chamado “Resto da Europa”. A carreira desse avançado Carrelo do hóquei não foi mais além, porém, por entretanto ter acabado essa dupla função com a chegada do profissionalismo ao futebol, enveredando Acúrcio apenas pela sua prestação como guarda-redes do futebol portista, entre outras situações, como aconteceu também com Morais (e ainda Pinho, igualmente “nosso” guardião de futebol, que ao tempo também acumulara na defesa da baliza do Andebol azul e branco).
Evoluiu a modalidade no clube com reforço da equipa já nos inícios da década de sessenta, ingressando na modalidade Joaquim Leite, oriundo do hóquei em campo do clube e durante algum tempo também atleta que acumulou as duas modalidades, mais Alexandre Magalhães, Brito, e outros, até que a meio da mesma década apareceram jovens valores como Hernâni e Cristiano. Começando a afirmar-se o hóquei portista no panorama nacional, sobremaneira ao atingir alto patamar com a conquista do “Metropolitano” da 1ª Divisão em 1969.
É dessa fornada a formação perpetuada na imagem que se junta, em cujo verso da mesma foto ficaram impressos os respectivos autógrafos (em cima). Equipa que posou à posteridade, vendo-se no 1º plano, a contar da esquerda: J. Leite, João de Brito, Cristiano, Castro e Ricardo. Em pé, a partir da esquerda: Hernâni, Zé Fernandes e António Júlio. A partir daí o hóquei foi crescendo dentro do clube, sempre na disputa dos primeiros lugares, até que, depois de sucessivos anos em que o título nacional fugira por “uma unha negra”, em 1981/82 houve conquista da europeia Taça dos Vencedores das Taças e em 1982/83 foi obtido o 1º lugar no Campeonato Nacional, acrescentando nesse ano mais outra Taça das Taças da Europa. Desde então o clube habituou-se a ser Campeão Nacional, com forte hegemonia (quantos os demais títulos nacionais, a totalizar 17… até ao próximo). Juntando mesmo títulos de Campeão Europeu (1985/86 e 89/90), Taça CERS (1993/94 e 95/96), Supertaça Europeia/Taça Intercontinental (1985/86), mais Taças de Portugal (12 até ver…), Supertaça Nacional (16, por ora), etc. e tal…!
Tendo passado pelas fileiras de Campeões grandes nomes da modalidade, atletas que de Dragão ao peito deram grandioso contributo para tal galeria de troféus, tais foram, entre tantos, uns Domingos, Vale, Vítor Hugo, Vítor Bruno, Franklim, Tó Neves, Realista, António Alves, Filipe Santos, Reinaldo Ventura, etc. etc. etc."
Armando Pinto, 24 de Maio de 2009

«Curiosidades FCP» - O 'capitão-adepto'

Foi o mais carismático 'capitão' de equipa em toda a história do FC Porto e um elo de ligação muito pouco comum entre os adeptos e a equipa de futebol. Falamos de Fernando Gomes, o 'capitão' perfeito.
Mais do que um jogador 'à FC Porto', Gomes foi um 'capitão' 'à FC Porto'. Além de ter sido um jogador que adorava o clube, o Bi-Bota d'Ouro reagia com incontida alegria, aquando das vitórias, e com profunda tristeza, após as derrotas. Gomes era o 'capitão-adepto'. Uma extensão perfeita dos anseios e esperanças da massa associativa que acompanhou o FC Porto durante o período mais excitante da história do clube, os anos 80.
No entanto, o eterno nº 9 não se limitava apenas a amar o clube que representava. Gomes era um 'capitão' que respeitava os adversários, os dirigentes, os adeptos e a imprensa. Uma postura que contrastava com a de outros 'capitães' de equipa do seu tempo, bem mais severos e inquietos. Nesse aspecto, Gomes apresentava uma postura idêntica à do actual 'capitão' do FC Porto. Lucho Gonzalez também é um 'capitão' sereno e responsável. Tal como Gomes, é muito raro ver 'El Comandante' em atritos com árbitros ou adversários. Contudo, ainda lhe falta atingir o carisma e poder de sedução que Gomes gozava junto da massa associativa. Características que não foram fáceis de encontrar nos 'capitães' que lhe sucederam e que parecem inatingíveis para um argentino que chegou há poucos anos ao clube e que nem sequer é um goleador.
A empatia de Gomes com o FC Porto começou a ser construída logo no primeiro ano em que chegou ao clube. Era um jovem com apenas 18 anos e, apesar de ainda não ter o estatuto de jogadores como Rodolfo ou Rolando, deixou logo a sua marca ao apontar 14 golos no campeonato nacional 1974/75 (um registo superior aos dos consagrados António Oliveira e Teófillo Cubillas, por exemplo). O miúdo foi o melhor marcador da equipa, e logo num altura em que o clube atravessava uma das piores fases da sua história. Notável! Quando Gomes chegou ao FC Porto, em 1974/75, era Rolando o portador da braçadeira de 'capitão'. Como ainda era um jovem, houve necessidade de aguardar mais alguns anos para ser designado como 1º 'capitão' de equipa. Depois de Rolando, seguiram-se Cubillas, Oliveira, Rodolfo (foi 'capitão' durante 4 épocas) e Gabriel. Gomes só assumiría, definitivamente, a braçadeira no início da época 1983/84, após a sua breve passagem por Espanha, onde representou o Sp. Gijón. Foi a primeira vez que o nº 9 foi nomeado 1º 'capitão' de equipa durante a presidência de Pinto da Costa.
Gomes tinha 26 anos e ainda foi a tempo de ser 1º 'capitão' sob a orientação técnica de José Maria Pedroto (nesse ano, Gomes levantaría a Taça de Portugal, no Jamor, já sob o comando de António Morais).
José Maria Pedroto, António Morais, Artur Jorge e Tomislav Ivic (com quem manteve uma relação atribulada) foram os treinadores que confiaram a Gomes a braçadeira de 'capitão' durante a sua passagem pelo FC Porto.
Ao excelente perfil para desempenhar a função, Fernando Gomes juntava a empatia dos adeptos, a cumplicidade dos colegas, a confiança da Direcção e o respeito da imprensa. Se a isto juntarmos uma pouca habitual e inédita veia goleadora, estão encontrados os ingredientes que o tornaram no mais carismático 'capitão' de equipa em toda a história do clube.
Gomes despediu-se da função, que tão bem exerceu, um ano antes de deixar o FC Porto. Era altura do consensual, e ainda jovem, João Pinto passar a ostentar a braçadeira. Um ano depois, já com 32 anos, o Bi-Bota d'Ouro despedia-se do FC Porto, acabando por realizar apenas 15 jogos no campeonato nacional 1988/89 (Madjer, Rui Águas e Domingos foram todos mais utilizados que o eterno 'capitão').
Em cima, nas fotos, Gomes surge na habitual troca de galhardetes antes dos jogos. Recuperámos três momentos que marcaram a sua função de 'capitão' em jogos internacionais. Na primeira foto, surge ao lado do 'capitão' de equipa do Dinamo de Kiev, Demianenko, antes do jogo da 1ª mão das meias-finais da Taça dos Clubes Campeões Europeus 1986/87 (vitória do FC Porto, por 2-1); na segunda, surge ao lado de um mítico 'capitão' de equipa do Barcelona, Bernd Schuster, antes de um Barcelona-FC Porto, da 2ª eliminatória da Taça dos Clubes Campeões Europeus, época 1985/86 (derrota do FC Porto, por 2-0); e na terceira, surge ao lado do 'capitão' do Ajax, John Van 't Schip, momentos antes do início do jogo da 2ª mão da Supertaça europeia, em 1988 (vitória do FC Porto por 1-0).

sábado, 16 de maio de 2009

Manter as boas sensações!

E vão 11 vitórias consecutivas fora de casa. Imparáveis! Hoje, mais do que o bom jogo, regista-se a boa atitude do FC Porto. Os tetracampeões continuam insaciáveis, mesmo depois da celebração do título. E o que dizer da série consecutiva de jogos fora de casa ganhos por mais de dois golos de diferença? Notável!
O FC Porto foi um (tetra) campeão autoritário. Não fosse aquele início titubeante e a diferença pontual para o segundo classificado seria agora superior a 10 pontos.
Hoje, depois de garantido o «tetra» e com vários habituais titulares fora da convocatória, temia-se que o FC Porto não mostrasse a mesma disponibilidade que em jogos anteriores. Afinal, a motivação e auto-estima do plantel continua em alta. Além disso, o aflito Trofense acabou por ser o adversário ideal para curar a ressaca resultante da festa do fim-de-semana anterior. Parece que este ano é pra ganhar até ao fim!
O único reparo na exibição de hoje do FC Porto vai para a permissividade revelada em alguns lances aéreos, resultantes de cantos ou livres directos próximos da área (uma especialidade do Trofense). Muito pouco para fazer os tetracampeões perderem o vício de ganhar.
No FC Porto, merecem destaque as belas exibições de Tomás Costa, Mariano Gonzalez, Lisandro Lopez (marcou um golo portentoso!) e Ernesto Farías (merece ficar no plantel!). Ah, e o incrível Hulk regressou!
Nesta recta final, também já se pode começar a falar em possíveis saídas (definitivas ou por empréstimo) do plantel. Pelo que vimos até agora, e pelas contratações já asseguradas (Miguel Lopes, Varela e Orlando Sá), Sapunaru, Benitez, Andrés Madrid e Guarín vão ter algumas dificuldades em fazer parte do FC Porto 2009/10. No entanto, a perder não ficaram: saem como campeões!
Mas Jesualdo tem razão, pois ainda é cedo para falar nestas coisas quando temos uma dobradinha pra conquistar. Faltam duas semanas para o jogo do Jamor e é preciso garantir que o FC Porto vai manter a intensidade e a fome de golos. E a Liga ainda não acabou. Em caso de vitória sobre o Sp. Braga, na última jornada, o FC Porto terminará o campeonato com uma sequência de 10 vitórias consecutivas. É bonito!

O «cromo do dia» - Rui Filipe

Hoje, e a pedido do Diogo Fernandes, recordamos Rui Filipe, um dos mais promissores jogadores do FC Porto da década de 90. Tinha 26 anos quando perdeu a vida num trágico acidente de automóvel, a 28 de Agosto de 1994.
Rui Filipe Tavares de Bastos nasceu em Vale de Cambra (Distrito de Aveiro) a 8 de Março de 1968. Este antigo médio-centro do FC Porto era um jogador altruísta e que ao excelente porte físico aliava uma grande certeza no passe e um bom remate de meia-distância. No entanto, a sua maior virtude era a generosidade que colocava em campo.
Depois de ter iniciado o seu percurso juvenil no clube da terra, o Valecambrense, Rui Filipe chegaría ás camadas jovens do FC Porto na época 1984/85 (onde começou por ser utilizado como avançado!). Depois de concluída a formação juvenil, foi altura do antigo centro-campista do FC Porto ser emprestado ao Sp. Espinho (época 1989/90) e ao Gil Vicente (época 1990/91).
Com 23 anos, viu chegada altura de regressar ás Antas para a definitiva afirmação.
Foi o técnico brasileiro Carlos Alberto Silva que começou por confiar nas capacidades do jovem Rui Filipe. Como no meio-campo do FC Porto havia gente com mais anos de casa e com mais experiência (Jorge Couto, Semedo, André, Jaime Magalhães, Timofte,...), Rui Filipe acabou por realizar poucos jogos durante a sua época de estreia na Antas. Contudo, depressa passou a surgir com regularidade no 'novo' meio-campo do FC Porto, acabando por ser um dos protagonistas do «onze» de Bobby Robson, que, em vez dos centro-campistas demasiado musculados (André, Paulinho Santos, Jaime Magalhães,...), preferia os 'híbridos' Vasili Kulkov, Emerson e Rui Filipe. Ao serviço do FC Porto, Rui Filipe conquistou 3 campeonatos nacionais, 1 Taça de Portugal e 2 Supertaças Cândido de Oliveira.
O jogador que chegou a vestir a camisola nº 10 do FC Porto ainda é hoje lembrado como o autor do primeiro golo do «Penta». Foi Rui Filipe o responsável pelo primeiro golo do primeiro campeonato da histórica sequência de 5 consecutivos que o FC Porto conquistou na década de 90.
Estávamos na 1ª jornada da época 1994/95 e o FC Porto recebia o Sp. Braga. Uma vitória por 2-0 (golos de Rui Filipe e Kostadinov) marcou o arranque da brilhante caminhada do FC Porto de Bobby Robson (que nessa época marcou 73 golos no campeonato nacional e sofreu apenas 15).
Depois da estreia no campeonato nacional, e ainda no início da época, seguiu-se a disputa da Supertaça Cândido de Oliveira, frente ao Benfica, no Estádio da Luz. Foi nesse jogo que Rui Filipe marcou o último e mais belo golo da sua carreira. O antigo médio-centro do FC Porto inaugurou o marcador depois de, com uma finta de corpo, 'sentar' Michel Preud'Homme.
No entanto, esse jogo também acabaría por ter outro momento marcante: a expulsão de Rui Filipe, que o afastou do próximo jogo do campeonato, frente ao Beira-Mar (disputado, precisamente, no dia do seu falecimento). O jogo da Luz terminou empatado (1-1) e com 4 (!) expulsões (Secretário, Nelo, Rui Filipe e João Vieira Pinto), havendo necessidade dos jogadores cumprirem 1 jogo de suspensão na jornada seguinte do campeonato.
Na manhã do jogo frente ao Beira-Mar, surgiu a notícia que confirmava o despiste da viatura que Rui Filipe conduzia. O automóvel despistou-se na Estrada Nacional 223, em Gândar, Santa Maria da Feira. Apesar do ambiente de grande consternação que se vivia no Estádio Mário Duarte, o jogo ainda assim realizou-se (incompreensível!), tendo o FC Porto vencido os aveirenses por 2-0 (golos de Rui Barros e Emerson). Mais tarde, como forma de homenagem, o FC Porto colocaría um busto de Rui Filipe nas imediações do Estádio das Antas.
Além dos históricos golos que marcou ao Braga e ao Benfica, Rui Filipe também deixou a sua marca na célebre goleada (5-0) com que o FC Porto brindou o Werder Bremen, no 'Weserstadion'. O promissor médio-centro marcou, aos 11 minutos, o primeiro dos cinco golos do FC Porto nessa partida. Uma 'bomba' a 30 metros da baliza de Oliver Reck.
Ainda antes da afirmação definitiva no «onze» do FC Porto, Rui Filipe também foi chamado a representar a Selecção nacional em 6 ocasiões, estreando-se frente à Itália, numa partida disputada nos Estados Unidos, a 31 de Maio de 1992.
Em cima, a ilustrar o ´post', recuperámos algumas fotos onde surge o antigo médio-centro do FC Porto. Na primeira, surge ao lado de Luís Figo, num clásssico frente ao Sporting, disputado em Alvalade; na segunda, surge ao lado de Vítor Paneira, precisamente no momento em que se preparava para marcar o fantástico golo que deixou Michel Preud'Homme 'sentado'; na terceira, surge ao lado de Emerson, momentos depois do FC Porto ter garantido a conquista da Supertaça Cândido de Oliveira, disputada em Coimbra, também frente ao Benfica (vitória por 4-3 nas grandes penalidades); e na última, surge no «onze» do FC Porto que empatou (1-1) na Luz, no tal jogo em que Rui Filipe marcou o seu último golo com a camisola do FC Porto. Foi também a última vez que surgiu numa foto de um «onze» portista (reparem que nos deixou com um sorriso!).
Em cima (da esq. p/ dta): Vítor Baía, Emerson, Zé Carlos, Rui Filipe, Aloísio e João Pinto;
Em baixo (da esq. p/ dta): Secretário, Folha, Paulinho Santos, André e Kostadinov;

A «foto do dia» - O bilhete do FC Porto - Dundalk, Taça UEFA 1980/81

Recuamos à edição de 1980/81 da Taça UEFA com o bilhete do jogo entre o FC Porto e os irlandeses do Dundalk, relativo à 1ª mão da 1ª eliminatória da competição.
Este jogo marcou a estreia de Hermann Stessl no comando técnico do FC Porto em jogos das competições europeias. Apesar de ter 'entrado' na Europa com uma vitória, o técnico austríaco acabou por ver o FC Porto vencer os acessíveis irlandeses por apenas um golo de diferença. Um golo solitário de António Sousa, marcado aos 16 minutos, deixou um ligeiro sabor a decepção, reforçada com o empate (0-0) no jogo da 2ª mão.
Depois de vencer os irlandeses no jogo das Antas, disputado a 17 de Setembro de 1980, o FC Porto trouxe apenas um nulo da viagem à Irlanda. Salvou-se a passagem à 2ª ronda.
Depois do Dundalk, seguiu-se o Grasshoppers, na 2ª eliminatória.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

O clube da cidade do Porto, sempre!

Já se tornou uma tradição: sempre que o FC Porto conquista um novo título, lá vem a imprensa indígena lembrar-nos que «o FC Porto é um clube regional, sem dimensão nacional e que vive fechado sobre si próprio». Um discurso gasto e que serve apenas para tentar condicionar a cultura desportiva do clube. Os cães ladram e a caravana passa!
Ao utilizar estes argumentos de forma depreciativa (como se ser regional fosse um defeito!), a imprensa indígena pretende enfraquecer e, de alguma forma, tentar subalternizar o FC Porto junto da opinião pública que tem outras preferências clubístas. Comete um erro, porque é exactamente a cultura de clube regional que dá coesão e identidade ao FC Porto. O Barcelona, por exemplo, também tem uma base regional e isso não o impede de ser um clube de sucesso.
Nas actuais circunstâncias em que vivem a maior parte dos clubes portugueses, em perda de identidade e sem valorizar uma história própria, é motivo de orgulho ser adepto de um clube que olha para a sua dimensão regional como uma virtude (a propósito, para quando o festejo de um título em plena Ribeira?). O FC Porto há muito que perdeu os preconceitos!
Querer tornar o FC Porto num clube de dimensão nacional (partindo do princípio que a dimensão nacional é a preconizada pela imprensa indígena, ou seja, a que implica possuir 6 milhões de adeptos) seria 'contra-natura', isto porque a génese do clube é a defesa dos ideais e da cultura da cidade que representa, ao mesmo tempo que prestigia o nome de Portugal no estrangeiro. Foi sob essas premissas que o FC Porto foi fundado.
Nestas alturas, gosto de recordar o discurso de José Monteiro da Costa, no início do século XX: «tenho esperança de que o FC Porto haverá de ser grande, não se limitando a defender o bom nome da cidade, mas também o de Portugal em pugnas desportivas contra estrangeiros». Assim foi!
Aliás, o que não faltam é cidades europeias que apresentam o mesmo tipo de cumplicidade entre o seu clube mais representativo e os seus cidadãos: Barcelona, Liverpool, Marselha, Amesterdão, Munique,... Esta simbiose é algo que Lisboa, com a sua bipolarização clubista, nunca conseguirá atingir. Estará aqui uma das explicações para esta insistência no discurso do «clube regional».
O FC Porto nunca teve tantos sócios como tem actualmente e nunca viu o seu estádio com assistências tão numerosas como nos últimos anos (a média de espectadores no Estádio das Antas era de, aproximadamente, 25 mil pessoas, enquanto que no Estádio do Dragão subiu para, aproximadamente, 40 mil pessoas, a melhor média a nível nacional). Ao mesmo tempo, o FC Porto já é o clube preferido junto dos escalões etários mais jovens. Um registo que terá consequências nas próximas gerações.
Conclusão: não devemos ceder a este tipo de discurso que tem como único objectivo condicionar uma mística própria, construída entre o FC Porto e a cidade que representa. Espero, e desejo, que o FC Porto não perca a sua identidade em detrimento de uma pretensa expansão nacional que não terá qualquer consequência no dia-a-dia do clube e na sua orientação.
O FC Porto é o clube da cidade do Porto. Ponto final!

«Curiosidades FCP» - As vitórias de Joaquim Leão

Depois de ler o meu mais recente 'post' sobre o Cilcismo do FC Porto, o Armando Pinto enviou-me um pequeno texto sobre uma lenda portista da modalidade, que já tínhamos recordado no «cromo do dia»: Joaquim Leão.
"Joaquim Leão, apesar do apelido familiar e “nome de guerra”, foi um autêntico Dragão, tendo sido ciclista do FC Porto que, entre outros de estaleca, contribuiu para a hegemonia que o grandioso Clube da Invicta deteve no ciclismo nacional em boa parte da segunda metade do século XX.
Nascido a 18 de Abril de 1943, em Sobrado-Valongo, Joaquim da Silva Leão, apaixonado pelas corridas de bicicletas, ingressou jovem na colectividade das Antas que, nesse tempo, dava cartas nas provas ciclistas. Revelando-se atleta que com brilho representou a gloriosa camisola azul e branca, alvo de tantas paixões despertadas pelas estradas do país. Logo no início de carreira conquistou honrarias, que lhe valeram respeito no pelotão e depois inscreveu seu nome na galeria dos triunfadores de grandes provas, entre as quais a Volta a Portugal e a clássica Porto-Lisboa, além de ter incluído representações da selecção nacional e participado em provas estrangeiras.
Venceu a “Volta” com 21 anos, fazendo parte de equipa composta por Sousa Cardoso, Mário Silva, Carlos Carvalho, Mário Sá, Ernesto Coelho, José Pinto e Joaquim Freitas, formação portista essa orientada por Onofre Tavares.
Joaquim Leão, entre os mimos que então recebeu, teve direito a reportagens jornalísticas que o fizeram saltar ao estrelato e lhe deram maior reconhecimento público, tal qual conhecimento de pormenores particulares, como foi o encorajamento abençoado por uma sua irmã, ao tempo religiosa no Hospital Novo de Famalicão.
Durante a sua carreira, em plena década de sessenta, Joaquim Leão Venceu a Volta a Portugal em 1964 (estabelecendo, à época, novo recorde na média da longa prova), fez parte da Selecção portuguesa que participou no Mundial de Estrada de 1965 e 1966, correu a Volta a Espanha também em 1965 e 1966, triunfou no Porto-Lisboa de 1966 e colaborou, além da entreajuda para outros triunfos de colegas de clube, também nas vitórias colectivas, na classificação por equipas, que o FC Porto alcançou nas muitas corridas e provas de envergadura em que se impôs.
Na imagem principal recorda-se o seu grande triunfo, ostentando a coroa de louros de conquistador da Volta a Portugal. Podendo ver-se ainda, em respigo de uma publicação de banda desenhada («Os Heróis da Estrada», edição JN), um “recorte” alusivo a esse seu triunfo individual, com referência acrescida à vitória colectiva da equipa, no mesmo ano."
Armando Pinto, 12 de Maio de 2009

A «foto do dia» - A festa dos campeões 1995/96

Hoje, na «foto do dia», recuamos ao segundo título da primeira sequência de quatro campeonatos consecutivos (tetra) que o FC Porto conquistou na sua história.
A vitória no campeonato, em 1995/96, marcou o segundo título do reinado de Bobby Robson. O inglês orientou o FC Porto durante duas épocas e meia, e foi um dos grandes responsáveis pela conquista do 4º bi-campeonato da história do clube e pelo «futebol espectáculo» que o FC Porto praticou durante esse período. Nessa altura, o FC Porto começava a sonhar com o inédito «tri» (o «tetra» era apenas uma miragem...), que já tinha visto fugir-lhe em três ocasiões.
A imagem foi captada na última jornada da época 1995/96, em pleno balneário do Estádio das Antas. Na foto, é possível identificar alguns dos jogadores que ficaram ligados a esse título: Drulovic (um dos tetracampeões), João Pinto, Domingos, João Manuel Pinto e Quinzinho.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

1, 2, 3,... tetra!

Já está, nasceu o 24º! Um título que marca a conquista do 2º tetra da nossa história (3º da história do futebol português). Julgo que não será nada prematuro falar-se na possibilidade de ultrapassagem ao Benfica no nº de títulos conquistados no campeonato português. Agora, ficam a faltar 7 campeonatos para atingir os 31 que, actualmente, o Benfica ostenta. Ou seja, se o FC Porto mantiver a cadência dos últimos 30 anos, pode ultrapassar o Benfica dentro de, aproximadamente, 10 a 12 anos. Já faltou mais!
Jesualdo tinha comentado que cada vez é mais difícil bater recordes no FC Porto, pois aí está mais um: o FC Porto é o primeiro clube português a vencer, por duas vezes, quatro campeonatos consecutivos, um «duplo-tetra» inédito no futebol português (o Sporting também venceu o tetra, com os «cinco violinos»).
No início da época, além de exultar com o Apito Dourado, a imprensa indígena também baptizou a nova temporada de «ano zero» do futebol português, ou seja, uma espécie de «nova era» pós-Apito Dourado. Tudo bem, pensámos nós. Para o FC Porto até podería estar aqui um novo estímulo para vencer mais um campeonato. À falta de motivação...
Afinal, essa «nova era» começa exactamente da mesma forma que terminou a anterior, com o FC Porto campeão. Pouco mudou! Somos o primeiro campeão do «novo futebol português». Nós, que até tínhamos demorado algum tempo (4 anos) a sagrar-nos campeões após a «Revolução de Abril», desta vez fomos pioneiros. Somos o primeiro campeão da «nova era»!!!
Agora a sério e sem ironias: queremos outro PENTA! É essa a sina dos campeões, pensar sempre nas próximas vitórias.
Hoje, os tetracampeões fizeram uma exibição calculista. O tetra falou mais alto! Sabendo que defrontava uma equipa que joga bom futebol, o FC Porto preferiu não correr riscos e garantir o título. Nada de romantismos, era preciso não deixar fugir o 24º!
Em determinados aspectos, o jogo de hoje acabou por ser um reflexo da época do FC Porto. Uma equipa que privilegiou o rigor defensivo e que nunca se desposicionou. Por vezes, o FC Porto deu demasiada posse de bola aos seus adversários, mas a equipa foi sempre irrepreensível a nível defensivo. Se a isto juntarmos uma média de dois golos marcados por jogo, chegamos ao «cocktail» do tetra.
Excelente ocupação do espaço, muita concentração, grande rigor táctico,... Assim, não é fácil marcar golos ao FC Porto. Isto é trabalho de casa do Prof. Jesualdo. O FC Porto foi uma verdadeira equipa. No entanto, destaco a época fantástica realizada por Rolando, Bruno Alves, Fernando e Raúl Meireles. Eles foram o garante da fiabilidade da «máquina»! Aqui chegados, só podemos lamentar o momento físico de alguns jogadores. É difícil realizar mais de 60 jogos por época, mas ainda mais difícil é jogá-los para ganhar. O FC Porto jogou sempre para ganhar!
Para o Domingo ser perfeito, só faltou a vitória no Basquetebol (o FC Porto foi derrotado pelo Benfica no 4º jogo do play-off). Além do tetra no Futebol, o FC Porto também garantiu importantes vitórias no Hóquei em Patins (vitória sobre o Benfica, por 4-3) e no Andebol (vitória sobre o Madeira SAD, por 30-29), ambas a garantirem presença na final dos respectivos campeonatos. Não basta dizer que somos um clube ecléctico, é preciso vencer!
«Este clube alimenta-se de títulos», comentou Fucile no final do jogo frente ao Nacional.

«Curiosidades FCP» - A «revanche» do Bayern

Hoje, recuamos à primeira vez que Bayern de Munique e FC Porto se encontraram numa eliminatória europeia após a final de Viena. Os dois clubes cruzaram-se nas competições europeias da época 1990/91, temporada que marcou a última participação do FC Porto na extinta Taça dos Clubes Campeões Europeus.
Recordamos essa eliminatória com a capa da 'Bayern Magazin' (edição de Março de 1991), com o bilhete do jogo da 2ª mão (disputado nas Antas, a 20 de Março de 1991) e com o programa oficial do jogo do Olympiastadion (que na capa antecipava a vingança dos alemães com a frase: «Bayern's Revanche für Wien»). Os alemães não se enganaram! Quatro anos depois da noite mágica (dramática para o Bayern) de Viena, o FC Porto sofria a desforra.
Depois de, nos anos 80, ter defrontado uma mítica geração de jogadores do Bayern (Jean-Marie Pfaff, Andreas Brehme, Lothar Matthaus e Michael Rummenigge, entre outros), era chegada a vez do FC Porto medir forças com a promissora geração de 90 (Klaus Augenthaler, Stefan Reuter, Roland Wohlfarth, Stefan Effenberg e Christian Ziege, entre outros).
Apesar do Bayern, em 1987, ser uma equipa bem mais forte do que aquela que o FC Porto defrontou em 1991, a verdade é que a nova geração do FC Porto «pós-Viena» ainda estava longe da equipa que, quatro anos antes, encantou a Europa. A unir essas duas equipas, havia apenas o treinador (Artur Jorge, que sucedeu a Tomislav Ivic e Quinito) e mais quatro ou cinco jogadores (João Pinto, André, Jaime Magalhães, Madjer,...). Do outro lado, e logo após a final de 1987, o Bayern colocara em curso uma autêntica revolução. Além de uma nova geração de promissores jogadores, os alemães também renovaram a sua equipa técnica, com o jovem Jupp Heynckes a substituir o conceituado Udo Lattek.
Nessa época, e antes de defrontar o Bayern, o FC Porto eliminou o Portadown, da Irlanda do Norte, e o Dínamo de Bucareste, da Roménia, nas duas primeiras eliminatórias. O Bayern-FC Porto acabou por marcar o único confronto dos Quartos-de-final entre antigos campeões da Europa.
A 1ª mão jogou-se a 6 de Março de 1991 e terminou empatada 1-1 (Bender aos 31' e Domingos aos 65'). Depois de um primeiro tempo em que Bayern desperdiçou várias oportunidades para chegar ao intervalo com uma vantagem mais confortável, o FC Porto voltou para a segunda-parte decidido a marcar. Assim foi, com a cumplicidade entre Domingos e Kostadinov a garantir o adiar da eliminatória para o jogo das Antas. Apesar do bom resultado conquistado no Estádio Olímpico, a verdade é que o FC Porto só conseguiu adiar a vingança do Bayern durante mais 15 dias. Isto porque os alemães venceram nas Antas por 2-0 (Christian Ziege aos 19' e Bender aos 71') e mostraram que, nessa época, estavam mesmo mais fortes do que o FC Porto. Nem a entrada de Madjer (já com 31 anos), foi suficiente para o FC Porto discutir o jogo. Os alemães acabaram com a eliminatória aos 71 minutos!
Depois de eliminar o FC Porto, nos Quartos-de-final, o Bayern sería afastado da competição nas meias-finais, pelo campeoníssimo Estrela Vermelha (derrotou o Marselha, na final).

domingo, 10 de maio de 2009

«Curiosidades FCP» - Hernâni e a Taça de Portugal

Apesar da próxima final da Taça de Portugal marcar a nossa 26ª presença no Jamor, a verdade é que o FC Porto continua atrás dos seus dois maiores rivais no que a conquistas da Taça de Portugal diz respeito (contabiliza apenas 13 triunfos). Para esse registo, muito terá contribuído o jejum pelo qual o FC Porto passou depois da competição ter substituído o antigo Campeonato de Portugal. Isto porque só na década de 50 é que o FC Porto conquistou a sua primeira Taça.
Apesar de ter vencido 4 Campeonatos de Portugal (competição que antecedeu a Taça de Portugal), o FC Porto só conquistou pela primeira vez a Taça na época 1955/56, ou seja, 17 anos depois do início da competição.
Além de terem marcado a entrada do FC Porto na lista dos vencedores da prova, os anos 50 também testemunharam a segunda vitória do FC Porto na competição, em 1957/58. A unir estes dois triunfos, surge uma lenda do FC Porto das décadas de 50 e 60: Hernâni. Foi ele o autor dos golos com que o FC Porto derrotou o Torrense, em 1956, e o Benfica, em 1958.
Apesar de não ter sido um avançado, Hernâni surgia por diversas a finalizar perto da área adversária (marcou 136 golos em 277 jogos para o campeonato nacional). Este antigo médio-centro do FC Porto possuía todas a características que o futebol moderno mais valoriza: força, técnica, velocidade e entrega ao jogo. Um «todo o terreno» que, naquela altura, também servia de referência para colegas e treinadores que representavam o FC Porto. Uma responsabilidade que Hernâni sempre assumiu e que viu ser premiada com os golos que deram ao FC Porto as suas duas primeiras Taças de Portugal. Hernâni marcou dois golos ao Torreense, quando o FC Porto, de Dorival Yustrich, venceu pela primeira vez a prova, em 1955/56 (nessa época, Hernâni foi o 3º melhor marcador do FC Porto no campeonato, atrás de Jaburu e António Teixeira), e voltou a repetir a proeza dois anos mais tarde, marcando o único golo do FC Porto, de Otto Bumbel, na final do Jamor, frente ao Benfica.
Três golos importantíssimos e que marcaram o percurso deste extraordinário «box-to-box». Para muitos, o jogador mais completo da história do FC Porto.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

As contas (e a festa) fazem-se no fim!

Tendo em conta a euforia que já se faz sentir para os lados do Dragão, é preciso lembrar que ainda não ganhámos nada e que as contas se fazem no fim... ou quase! Aliás, é preciso não esquecer que o FC Porto de Jesualdo Ferreira já passou por uma situação de aperto quando, na última jornada da época 2006/07, se viu ultrapassado pelo Sporting a 45 minutos do final da Liga. O FC Porto, que nessa época chegou a ter um avanço considerável, esteve com o bi-campeonato em risco ao permitir que o jogo frente ao Desp. Aves fosse para o intervalo igualado (1-1).
Nos últimos dias, tem sido o tetra isto, o tetra aquilo... As contas fazem-se no fim! Sendo assim, vamos lá refrear os ânimos e concentrar energias no próximo jogo frente ao Nacional, que vem ao Dragão fazer de tudo menos de «bombo da festa». Sem Hulk e Lucho Gonzalez, e em natural perda física, sería prematuro o FC Porto estar a antecipar uma festa de um campeonato que foi tudo menos fácil.
Além de ir defrontar um adversário forte (o Nacional tem mais 7 golos marcados que o Sporting e apenas menos 1 golo que o Benfica, ou seja, é o 3º melhor ataque da Liga), o FC Porto deve ter presente que um possível empate no próximo jogo pode voltar a complicar as coisas e adiar tudo para as últimas duas jornadas. Por isso, cautela!
A vantagem (6 pontos) actual leva-nos a concluir que só muito difícilmente o FC Porto deixará escapar o tetra, mas... é preciso garanti-lo! A perda de pontos frente ao Nacional deixaría o tetra adiado para a penúltima jornada, no exíguo e sempre imprevisível Estádio do Clube Desportivo Trofense.
Um olhar ao passado e a ligas também equilibradas, leva-nos a concluir que, matematicamente, os títulos são sempre difícieis de garantir, ainda mais agora que a vitória equivale a 3 pontos.
Outras ocasiões houve em que o FC Porto só garantiu o título nas últimas jornadas. Foi assim em 1938/39, quando o FC Porto de Mihaly Siska foi campeão com 1 e 2 pontos de vantagem sobre, respectivamente, Sporting e Benfica; em 1955/56, quando o FC Porto de Dorival Yustrich terminou o campeonato em igualdade pontual com o Benfica; em 1958/59, numa dramática última jornada do campeonato, com o FC Porto de Béla Guttmann a superar o Benfica no 'goal-average'; em 1977/78, quando o FC Porto de José Maria Pedroto terminou a Liga em nova igualdade pontual com o Benfica; em 1985/86, quando um célebre Benfica-Sporting (1-2), disputado na penúltima jornada, permitiu ao FC Porto de Artur Jorge assumir o 1º lugar do campeonato; e em 2006/07, na tal primeira época de Jesualdo Ferreira, quando uma vitória (4-1) frente ao Desp. Aves levou o FC Porto a terminar o campeonato com 1 ponto de vantagem sobre o Sporting.
Por outro lado, e numa perspectiva mais optimista, o FC Porto também se pode sagrar tetracampeão antes de disputar o jogo do próximo Domingo. Para isso, sería necessário que o Vit. Setúbal vencesse em Alvalade (improvável face à necessidade que o Sporting tem de garantir um lugar na pré-eliminatória da Champions). A única certeza é que no próximo Domingo o Dragão vai fervilhar. Ao decisivo encontro com o Nacional junta-se o quarto jogo dos Quartos-de-final do 'play-off' da Liga de Basquetebol. Um FC Porto-Benfica disputado logo ali ao lado, no «Dragãozinho», e agendado para 4 horas antes do jogo de futebol. A tarde do próximo Domingo vai-nos fazer recuar aos saudosos tempos em que os adeptos assistiam aos jogos das modalidades amadoras, no Pavilhão Américo de Sá, imediatamente antes dos jogos de futebol, no Estádio das Antas. Domingo voltam esses tempos!
Em cima, a ilustrar o 'post', 3 momentos que registam outros tantos títulos conquistados: com Pedroto (na foto, com Rodolfo e Alfredo Murça), com Fernando Santos (a foto mostra-nos Esquerdinha e Drulovic a festejarem o Penta, em Alvalade) e com Mourinho (a foto mostra-nos Derlei, Deco, Maciel, Bosingwa e César Peixoto, num título celebrado à janela do hotel!).

O «cromo do dia» - Valdemar

O Armando Pinto aceitou o meu desafio e enviou-nos um texto sobre mais uma lenda portista dos anos 60: Valdemar. Este antigo defesa do FC Porto foi o autor do nosso primeiro golo na célebre final da Taça de Portugal 1967/68, que terminou com a vitória (2-1) do FC Porto sobre o Vit. Setúbal.
"Natural do lugar de Vinhal, freguesia de Lordelo e concelho de Paredes (Douro Litoral, distrito do Porto), Valdemar de Barros Pacheco nasceu a 26 de Outubro de 1943. Vindo, esse possante defesa, a fazer história no FC Porto com o célebre golo de livre directo que deu alento à vitória na Taça de Portugal em 1968.
Nos seus primeiros pontapés na bola, chegou a estar inscrito como júnior na equipa da sua terra, o Aliados de Lordelo, porém, não chegou a ser utilizado, indo depois treinar ao FC Porto, sendo logo convidado pelo técnico da categoria, Reboredo, a prender-se ao escalão jovem das Antas. E aí fez carreira, primeiro como júnior, onde depois de Reboredo conheceu também José Pedroto na sua formação, conseguindo seu primeiro título, de campeão regional, no caso (numa final com o Leixões, com resultado de 3-1, em que todos os “nossos” golos foram apontados pelo então colega Artur Jorge).
Esteve Valdemar então pré-convocado para a Selecção nacional de juniores (sabendo-se que eram tempos em que os do Norte tinham de ser muito superiores para terem hipóteses…), sendo apenas utilizado depois na selecção do Norte, em dois encontros com a congénere do Sul. Inclusive fez parte do lote dos convocados para a campanha de que resultou a vitória portuguesa no precursor do actual Europeu do respectivo escalão, o Torneio Internacional de Juniores da UEFA/61 (junto com Rui, Serafim e Faria, do FCP, dos quais tiveram utilização decisiva os dois primeiros). Até que então, em 1961, Valdemar ascendeu à categoria sénior, mas, devido à equipa estar aí bem servida no sector defensivo, passou duas épocas apenas na categoria de reservas. Indo por fim “rodar” para ganhar experiência, rumando então ao União de Lamas por empréstimo. Depois disso, regressou volvido um ano, em 1964, na entrada de Flávio Costa no comando da equipa principal portista. Contudo, a intromissão do serviço militar veio atrasar os intentos, motivando que só em 1965/66, novamente com Pedroto a treinador, se começasse a afirmar, nesse ano em que foi distinguido com o Prémio da Juventude, do jornal Mundo Desportivo. Depois, em 1967, apareceu ainda com mais regularidade, a pontos de ter substituído Almeida na equipa titular, ficando lançado no primeiro plano do futebol azul e branco.
O seu maior triunfo seria a conquista da Taça de Portugal (depois de nas meias finais o FCP ter eliminado o Benfica de Eusébio e do império centralista do Terreiro do Paço), na final disputada no Jamor, em Oeiras, com o inesquecível triunfo de 2-1 diante do Setúbal, para cuja vitória Valdemar contribuiu decisivamente com o primeiro golo desse jogo disputado em Junho de 1968.
Valdemar, que na sua entrada no plantel, da sagrada camisola alvi-anil, nesse tempo de duas listas azuis, teve como colegas de retaguarda Américo, Rui, Domingos, Atraca, Paula, Almeida, Rolando, entre diversos mais e conhecendo de permeio ainda outros, como Bernardo da Velha, Sucena, Fernando, ainda teve a companhia de alguns desses em finais de carreira, havendo jogado até à década de 70, mais precisamente à época de 1972/73, tendo como colegas do sector recuado os guarda-redes Rui, Armando e Tibi, e os defesas Gualter, Rolando, Manhiça, Guedes, Rodolfo, Ronaldo e Raúl."
Armando Pinto, 07/05/2009
Para ilustrar o texto sobre o Valdemar, recuperámos algumas fotos onde surge este antigo defesa do FC Porto. Na primeira, Valdemar (à esquerda) surge ao lado de Pavão e Sucena, e na segunda, surge no «onze» do FC Porto que disputou a célebre final da Taça de Portugal, época 1967/68.
Em cima: Bernardo da Velha, Atraca, Rolando, Pavão, Valdemar e Américo;
Em baixo: Jaime, Djalma, Custódio Pinto, Eduardo Gomes e Nóbrega;