sábado, 16 de maio de 2009

O «cromo do dia» - Rui Filipe

Hoje, e a pedido do Diogo Fernandes, recordamos Rui Filipe, um dos mais promissores jogadores do FC Porto da década de 90. Tinha 26 anos quando perdeu a vida num trágico acidente de automóvel, a 28 de Agosto de 1994.
Rui Filipe Tavares de Bastos nasceu em Vale de Cambra (Distrito de Aveiro) a 8 de Março de 1968. Este antigo médio-centro do FC Porto era um jogador altruísta e que ao excelente porte físico aliava uma grande certeza no passe e um bom remate de meia-distância. No entanto, a sua maior virtude era a generosidade que colocava em campo.
Depois de ter iniciado o seu percurso juvenil no clube da terra, o Valecambrense, Rui Filipe chegaría ás camadas jovens do FC Porto na época 1984/85 (onde começou por ser utilizado como avançado!). Depois de concluída a formação juvenil, foi altura do antigo centro-campista do FC Porto ser emprestado ao Sp. Espinho (época 1989/90) e ao Gil Vicente (época 1990/91).
Com 23 anos, viu chegada altura de regressar ás Antas para a definitiva afirmação.
Foi o técnico brasileiro Carlos Alberto Silva que começou por confiar nas capacidades do jovem Rui Filipe. Como no meio-campo do FC Porto havia gente com mais anos de casa e com mais experiência (Jorge Couto, Semedo, André, Jaime Magalhães, Timofte,...), Rui Filipe acabou por realizar poucos jogos durante a sua época de estreia na Antas. Contudo, depressa passou a surgir com regularidade no 'novo' meio-campo do FC Porto, acabando por ser um dos protagonistas do «onze» de Bobby Robson, que, em vez dos centro-campistas demasiado musculados (André, Paulinho Santos, Jaime Magalhães,...), preferia os 'híbridos' Vasili Kulkov, Emerson e Rui Filipe. Ao serviço do FC Porto, Rui Filipe conquistou 3 campeonatos nacionais, 1 Taça de Portugal e 2 Supertaças Cândido de Oliveira.
O jogador que chegou a vestir a camisola nº 10 do FC Porto ainda é hoje lembrado como o autor do primeiro golo do «Penta». Foi Rui Filipe o responsável pelo primeiro golo do primeiro campeonato da histórica sequência de 5 consecutivos que o FC Porto conquistou na década de 90.
Estávamos na 1ª jornada da época 1994/95 e o FC Porto recebia o Sp. Braga. Uma vitória por 2-0 (golos de Rui Filipe e Kostadinov) marcou o arranque da brilhante caminhada do FC Porto de Bobby Robson (que nessa época marcou 73 golos no campeonato nacional e sofreu apenas 15).
Depois da estreia no campeonato nacional, e ainda no início da época, seguiu-se a disputa da Supertaça Cândido de Oliveira, frente ao Benfica, no Estádio da Luz. Foi nesse jogo que Rui Filipe marcou o último e mais belo golo da sua carreira. O antigo médio-centro do FC Porto inaugurou o marcador depois de, com uma finta de corpo, 'sentar' Michel Preud'Homme.
No entanto, esse jogo também acabaría por ter outro momento marcante: a expulsão de Rui Filipe, que o afastou do próximo jogo do campeonato, frente ao Beira-Mar (disputado, precisamente, no dia do seu falecimento). O jogo da Luz terminou empatado (1-1) e com 4 (!) expulsões (Secretário, Nelo, Rui Filipe e João Vieira Pinto), havendo necessidade dos jogadores cumprirem 1 jogo de suspensão na jornada seguinte do campeonato.
Na manhã do jogo frente ao Beira-Mar, surgiu a notícia que confirmava o despiste da viatura que Rui Filipe conduzia. O automóvel despistou-se na Estrada Nacional 223, em Gândar, Santa Maria da Feira. Apesar do ambiente de grande consternação que se vivia no Estádio Mário Duarte, o jogo ainda assim realizou-se (incompreensível!), tendo o FC Porto vencido os aveirenses por 2-0 (golos de Rui Barros e Emerson). Mais tarde, como forma de homenagem, o FC Porto colocaría um busto de Rui Filipe nas imediações do Estádio das Antas.
Além dos históricos golos que marcou ao Braga e ao Benfica, Rui Filipe também deixou a sua marca na célebre goleada (5-0) com que o FC Porto brindou o Werder Bremen, no 'Weserstadion'. O promissor médio-centro marcou, aos 11 minutos, o primeiro dos cinco golos do FC Porto nessa partida. Uma 'bomba' a 30 metros da baliza de Oliver Reck.
Ainda antes da afirmação definitiva no «onze» do FC Porto, Rui Filipe também foi chamado a representar a Selecção nacional em 6 ocasiões, estreando-se frente à Itália, numa partida disputada nos Estados Unidos, a 31 de Maio de 1992.
Em cima, a ilustrar o ´post', recuperámos algumas fotos onde surge o antigo médio-centro do FC Porto. Na primeira, surge ao lado de Luís Figo, num clásssico frente ao Sporting, disputado em Alvalade; na segunda, surge ao lado de Vítor Paneira, precisamente no momento em que se preparava para marcar o fantástico golo que deixou Michel Preud'Homme 'sentado'; na terceira, surge ao lado de Emerson, momentos depois do FC Porto ter garantido a conquista da Supertaça Cândido de Oliveira, disputada em Coimbra, também frente ao Benfica (vitória por 4-3 nas grandes penalidades); e na última, surge no «onze» do FC Porto que empatou (1-1) na Luz, no tal jogo em que Rui Filipe marcou o seu último golo com a camisola do FC Porto. Foi também a última vez que surgiu numa foto de um «onze» portista (reparem que nos deixou com um sorriso!).
Em cima (da esq. p/ dta): Vítor Baía, Emerson, Zé Carlos, Rui Filipe, Aloísio e João Pinto;
Em baixo (da esq. p/ dta): Secretário, Folha, Paulinho Santos, André e Kostadinov;

1 comentário:

Rogério Paulo Almeida disse...

Caro amigo Ricardo Vara,

Um dia de imensa tristeza esse, que se prolongou nos dias, semanas e meses seguintes. Eu sou de Vale de Cambra e Rui Filipe era para mim uma espécie de herói. Quando o via no estádio, ou pela televisão, com a camisola do F. C. Porto vestida, eu me sentia ainda mais próximo da equipa. Um orgulho imenso. Nessa triste manhã de Domingo, em que a trágica notícia da sua morte me chegou, chorei, chorei, não consegui almoçar. Foi um choque, um duplo choque, por ser jogador do meu clube e por ser da minha cidade. Conheço as pessoas que estavam com ele no automóvel no dia do acidente e que escaparam. Assisti e participei na sua despedida. De cortar o coração. O nosso loirinho era um jogador à nossa imagem, à imagem do nosso F. C. Porto. Daqueles que antes quebrar do que torcer. Rui Filipe faz parte da nossa mística. Que Deus o tenha em Paz.

Um abraço,

Rogério Paulo Almeida