«Curiosidades FCP» - O trio Futre-Gomes-Madjer

O futebol abrasivo do actual tridente ofensivo Rodriguez-Hulk-Lisandro (entretanto desfeito, devido à constante pancada de que Hulk era alvo) remete-nos para outro trio que representou o FC Porto na década de 80: Futre-Gomes-Madjer.

Hoje, recuperamos algumas estatísticas associadas a este trio, o melhor 'tridente' ofensivo de toda a história do futebol português.

Apesar de só se terem cruzado no FC Porto durante duas épocas, a verdade é que acabaram por marcar a história recente do clube e do futebol português. Futre, Gomes e Madjer encontraram-se pela primeira vez no FC Porto durante o reinado de Artur Jorge, época 1985/86. Logo na 1ª época, foram os melhores marcadores da equipa. Os 3 juntos marcaram 38 golos (Futre marcou 7 golos, Gomes marcou 20 e Madjer marcou 11), ou seja, mais de metade dos golos do FC Porto nesse campeonato (o trio benfiquista Manniche-Nené-Rui Águas, por exemplo, ficou-se pelos 31 golos, ainda assim um óptimo registo).

Além de ter sido o primeiro ano em que este trio de avançados representou o FC Porto, essa época também marcou a estreia no futebol português de um suplente de luxo: Juary (Walsh e Vermelhinho passaram a ser utilizados esporadicamente). No final da época, o FC Porto sagrou-se campeão nacional com 64 golos marcados.

Em 1986/87, o trio Futre-Gomes-Madjer voltou a deixar a sua marca nas balizas adversárias. Nessa época, os 3 foram responsáveis por 37 golos (Futre marcou 10 golos, Gomes marcou 21 e Madjer marcou 6). Apesar do FC Porto ter sido 2º classificado na Liga (o Benfica, de John Mortimore, foi campeão) o tridente ofensivo voltou a ser responsável por mais de metade dos golos do FC Porto nesse campeonato, deixando pouca margem ao trio de suplentes Juary-Casagrande-Vermelhinho. Nesse ano, é de destacar o registo goleador de Paulo Futre que, no campeonato nacional, acabou por marcar mais golos que o próprio Madjer. Além de 'alimentar' Fernando Gomes, o extremo-esquerdo do FC Porto também finalizava com alguma facilidade.

Uma curiosidade: nesse ano, Fernando Gomes atingiu a 5ª época consecutiva a marcar mais de 20 golos no campeonato nacional. Fantástico!

No total, e contabilizando apenas os jogos do campeonato, o trio Futre-Gomes-Madjer foi responsável por 75 (!) golos em apenas duas épocas. No entanto, este famoso tridente ofensivo também deixou a sua marca noutras competições, a nível nacional (Taça de Portugal e Supertaça) e a nível internacional (Taça dos Clubes Campeões Europeus). Nas outras competições nacionais, merece destaque o jogo da 2ª mão da Supertaça Cândido de Oliveira, época 1986/87. Nesse jogo, o trio de ataque do FC Porto fez estremecer a Luz!

Depois do empate (1-1) registado no jogo da 1ª mão, o FC Porto foi à Luz vencer o Benfica por 4-2 (Madjer aos 32', Futre aos 57', Diamantino aos 67', Futre aos 72', Gomes aos 81' e Dito aos 88'), num jogo em que o tridente ofensivo do FC Porto deixou os defesas benfiquistas (Veloso, Dito, Oliveira, Álvaro, Nunes,...) atordoados. Um assombro!

Na Europa, o trio acabou por ficar mais ligado à campanha que levou o FC Porto a Viena, isto porque, em 1986/87, não houve uma única eliminatória que não tivesse golos de um destes três jogadores.

Logo no primeiro jogo, Fernando Gomes brindou os malteses do Rabat Ajax com um 'poker' (4 golos), tendo ainda Madjer marcado um golo (9-0 no final). Na 2ª eliminatória, foi a vez de Paulo Futre intervir. O extremo-esquerdo do FC Porto marcou o terceiro golo na vitória (3-0) sobre os campeões da Checoslováquia, o Vitkovice. Nos Quartos-de-final, foi Madjer a desbloquear o complicado jogo frente ao Brondby. O argelino marcou a Peter Schmeichel o único golo do jogo da 1ª mão (1-0). As meias-finais trouxeram novamente os golos de Fernando Gomes e Paulo Futre. Enquanto que Futre inaugurou o marcador no jogo das Antas (2-1), o eterno nº 9 fechou a eliminatória em Kiev (2-1), ao marcar o segundo golo do FC Porto nessa partida. Na final, o calcanhar de Madjer manteve o tridente ofensivo associado a todas as eliminatórias.

Infelizmente, este fabuloso trio seria desfeito na época seguinte (1987/88), com a transferência de Paulo Futre para o At. Madrid. Conclusão: só desfrutámos dos 3, em simultâneo, durante 2 épocas. Foi rápido, mas também foi intenso!

Na foto, em cima, surgem os 3 num «onze» do FC Porto da época 1986/87.

Em cima (da esq. p/ dta): Mlynarczyk, Celso, Eduardo Luís, Jaime Magalhães, Lima Pereira e João Pinto;

Em baixo (da esq. p/ dta): Quim, André, Fernando Gomes, Madjer e Futre;