quarta-feira, 15 de agosto de 2007

O «cromo do dia» - Dorival Yustrich

Dorival Knipel nasceu em Corumbá a 28 de Setembro de 1917 e ganhou o apelido de Yustrich pelas semelhanças físicas com Juan Elias Yustrich, famoso guarda redes argentino do Boca Juniors. Dorival Yustrich notabilizou-se por ser um técnico exigente, disciplinador e arrogante. Na década de 1950, já como treinador com fama de disciplinador, não permitia que os seus atletas fumassem, deixassem a barba por fazer e usassem cabelo comprido. Não tolerava atrasos e falta de empenho nos treinos. No Brasil, ganhou a alcunha de "Durão" porque, além da arrogância que exibia, tinha uma compleição física que impunha respeito. Envolvia-se em constantes atritos com jogadores, colegas, dirigentes e até com a imprensa. Ainda no Brasil, em 1953, foi expulso do Atlético Mineiro pelos próprios jogadores, descontentes pela forma como Yustrich tratava alguns atletas.
Completamente surrealista a foto em cima, publicada no jornal A BOLA em 1958, em que Yustrich, já como treinador do FC Porto, salta do banco para insultar um árbitro acabando por espezinhar Hernâni (um ídolo do FC Porto na altura) que tinha acabado de ser expulso. Mas os atritos entre Yustrich e Hernâni já vinham de longe. Em 1958, o FC Porto goleou o Oriental por 5-0 e Yustrich mandou os jogadores agradecerem ao público o apoio que lhes tinha sido dado. Hernâni foi o único a não cumprir a ordem porque não estava para "alimentar as palhaçadas do treinador", foi o suficiente para se iniciar uma discussão que culminou com um troca de socos. No final da temporada Yustrich foi dispensado.
Apesar do mau feitio, foi Dorival Yustrich que levou o FC Porto ao título nacional (1955/56) após um jejum de 16 anos."O FC Porto é um elefante adormecido que não sabe a força que tem" comentou Yustrich depois de ser campeão.
Yustrich terminou no Cruzeiro a sua carreira de treinador. Retirou-se para o mais completo anonimato e só foi notícia novamente em 1990, ano do seu falecimento.
A verdade é que para o FC Porto voltar aos êxitos, depois de um jejum de 16 anos, foi necessário contratar...um louco!!!

1 comentário:

Unknown disse...

Amigo Ricardo Vara:


Não posso concordar com o seu pessoal conceito de que o FC Porto tinha contratado... um louco.

Lá que o homem («Homão») era por vezes irrascível, é verdade, mas sempre e sempre em defesa do FC Porto.

Além de estar enganado de que foi dispensado no final da época de 1957/58. Foi a «meia dúzia» de jornadas do final e, por isso, se calhar, não foi de novo campeão.

Seria substituido por Otto Bumbel (que seria recrutado ao Lusitano de Évora) a tempo de vencer a... Taça de Portugal (a única final ganha ao Benfica, 1-0, com golo de Hernâni).

Também não é verdade que acabasse os seus dias, 1990, num «completo anonimato», já que, em 1988, dois antes, a convite de Pinto da Costa viria passar uns dias ao Porto, sendo homenageado com um jantar (na «Varanda da Barra», na Foz) a que aderi, como acto de gratidão.

Uma justissima homenagem prestada pelo Clube que serviu com paixão e que o tinha «apunhalado»...

Na pessoa de um seu ex-presidente (Dr. Paulo Pombo) foi o Yustrich
«utilizado» para ganhar umas... eleições, prometendo aos sócios o seu regresso, em 1957.

Sucederia, depois, as lamentáveis
«cenas», é verdade, com Hernâni, provocando a intrncional divisão com a massa associativa.

Foi um Homem que, chegado ao FC Porto, em 1955, a primeira medida que impôs foi a colocação, que até aí inexistia, do... símbolo nas camisolas dos jogadores.

Já não lembrando a disciplina férrea que implantou que, isso sim, «prov ocou» a conquista de um campeonato... 16 anos depois.

Que o digam, na altura, Barrigana, Carvalho e Pourcell, e que deixou o «mundo portista» de boca aberta.

A frase «UM ELEFANTE ADORMECIDO» foi, e É AINDA, verdade... Foi necessário ser um estrangeiro verificá-lo? Só nos dignificou.

E, depois de sair (pela segunda vez), sempre que solicitado, se recusou a treinar outro Clube em Portugal, como foram os casos do Boavista (antes de Aimoré Moreira) e do Sporting (antes de Paulo Emilio) nos princípios dos anos 70).

Possúo uma longa entrevista de Yustrich, em 1968, dada no Brasil ao, na altura, director do jornal
«Norte Desportivo» Alves Teixeira, onde este testemunha que a sua casa está toda decorada a azul e branco, de homenagem ao FC Porto.


Mantém a mesma ideia de Yustrich?

Recomendo que o «estude» melhor.

Um abraço