Hoje, nas «Curiosidades FCP», recuamos a um dos momentos mais marcantes da história do FC Porto: a desavença entre Américo de Sá (em cima, na foto) e Pinto da Costa, que deu origem à saída do segundo do cargo de Chefe do Departamento de Futebol, isto por alturas da segunda passagem de Pedroto pelo clube, como treinador.
Estávamos no início da década de 80 e o bi-campeonato (1977/78 e 1978/79) conquistado pelo FC Porto provocou algum incómodo e apreensão nos clubes de Lisboa, sobretudo por terem sido colocados em causa alguns interesses que, nessa altura, favoreciam os clubes da capital.
O FC Porto há muito que deixara de ser visto apenas como um clube simpático e a dupla Pedroto/Pinto da Costa tinha consciência que só seria possível continuar a vencer se as denúncias contra os 'lobbies' de Lisboa se intenssificassem. Contudo, o Presidente do FC Porto, Américo de Sá, não aprovava esse espírito conflituoso da dupla que mudou o rumo do futebol português.
A ruptura entre o Presidente e o Chefe do Departamento de Futebol teve início quando o FC Porto se deslocou ao Jamor para disputar a final da Taça de Portugal 1979/80 (vitória do Benfica, sobre o FC Porto, por 1-0).
Esse jogo ficou marcado por vários incidentes, não só nas bancadas mas também junto da comitiva do FC Porto, o que levou Pinto da Costa a desabafar: «A falta de cobertura do Presidente à minha luta contra as forças da capital, o vir a saber que, enquanto cercados por uma multidão enfurecida, na Tribuna de Honra do Estádio Nacional, Américo de Sá confraternizava, entre outros, com o Dr Martins Canaverde, influente deputado do CDS e dirigente histórico do Benfica, leva-me a pensar que não valerá a pena continuar, quase sozinho, a luta contra os interesses do centralismo».
É também por esta altura que surgem as primeiras referências ao dragão presente no emblema do FC Porto. Em entrevista à RTP, Pinto da Costa afirma que «o dragão era símbolo de uma cidade adormecida, mas que poderia a qualquer momento levantar-se em defesa do seu clube».
O discurso de Pinto da Costa leva Américo de Sá a alertar o homem responsável pelo Departamento de Futebol para não fazer mais referências ao Dragão, pois isso «poderia representar um espírito muito guerreiro».
É também devido a essa postura algo submissa do Presidente que Pinto da Costa perde a vontade de continuar a "guerra", acabando por deixar o Departamento de Futebol. O actual Presidente da SAD do FC Porto comunicou a Américo de Sá que não estaria disponível para continuar como Director num novo mandato, sugerindo, ao mesmo tempo, um nome para lhe suceder: Luís Telles Roxo (Director do Andebol). Quem não se conformou com a renúncia de Pinto da Costa foi a equipa técnica de Pedroto, que atacou violentamente o Presidente. A relação entre Américo de Sá e Pedroto tornou-se tão tensa que acabou por desunir a própria equipa, levando alguns jogadores a ficar ao lado do Presidente e outros (a grande maioria) a acompanhar o seu treinador.
Esse "braço de ferro", entre jogadores/equipa técnica e o Presidente, deu origem ao célebre «Verão Quente», de 1980.
2 comentários:
Como Portista, que já começava a saborear as vitórias e tinha argumentos contra os adptos dos outros, não perdoo o Américo Sá pela traição que fez ao meu Porto, quando fez aquilo que tanto prazer deu aos adversários e tanto prejudicou o F. C. do Porto. E o tempo deu razão a Pinto da Costa e aos simpatizantes que sempre estiveram do lado dele.
Pinto da Costa ... SEMPRE !!!
Enviar um comentário